Meio Ambiente. Recursos Naturais

Mais de 70% das empresas brasileiras não realizam atividades ecoinovativas

Publicação do Ipea mapeou empresas no período de 2000 a 2017

O estudo “Ecoinovação no Brasil: o desempenho das empresas brasileiras no período 2000-2017”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mapeou a ecoinovação nas empresas brasileiras de 2000 a 2017 e concluiu que o cenário é preocupante. Poucas atividades econômicas se destacaram como ecoinovadoras ou pelo aumento da importância da ecoinovação. A análise publicada nesta segunda-feira (31/7), evidencia ainda que mais de 70% das empresas não realizam atividades ecoinovativas e seus investimentos em máquinas e equipamentos apresentam mais importância que aqueles direcionados para P&D (pesquisa & desenvolvimento). Outra constatação é de que essas mesmas empresas também alocaram equipes menores em P&D.

O papel fundamental da ecoinovação vem sendo reiterado pela literatura, por instituições e fóruns internacionais, além disso é considerado elemento central para a reversão da degradação ambiental e a implementação de um modelo de desenvolvimento sustentável. O levantamento foi realizado com base nas informações disponíveis na Pesquisa de Inovação (Pintec), nos registros de depósitos de patentes e nos dados de concessão de certificação internacional de empresas. A Pintec retrata as atividades ecoinovativas em produto e processo, com destaque para inovações com impactos ambientais e redução de consumo de recursos, como energia, matéria-prima, e adoção de técnicas de gestão ambiental.

De acordo com os pesquisadores do Ipea e autores do estudo Pedro Miranda e Priscila Koeller, a falta de estatísticas com foco em ecoinovação é um obstáculo, uma vez que não há um indicador único que retrate de forma completa todas as suas facetas. A publicação também conta com a autoria de Maria Cecília Lustosa, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Miranda destaca que “no momento em que o país tem a reinstalação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS), as estatísticas apresentadas sobre ecoinovação nas empresas brasileiras, ainda que referentes à 2017, por ser a última disponível, sinalizam que o governo está certo em priorizar essa agenda”.

O estudo identificou ainda que, ao contrário do apontado pela literatura internacional, a regulamentação ambiental e a busca por redução de custos de produção não foram os principais motivadores para a ecoinovação no Brasil. Por aqui, os fatores que mais motivaram foram a reputação da empresa e os códigos de boas práticas ambientais.

Na mesma linha, Priscila Koeller reforça a necessidade de adoção de um modelo de desenvolvimento sustentável e, consequentemente, da maior atenção aos investimentos em ecoinovação no setor produtivo. “A análise mostrou, por exemplo, que de 2015 a 2017, o número de empresas que adotaram técnicas de gestão ambiental foi proporcionalmente menor que nos períodos anteriores. A participação das certificações ambientais no total oscilou em nível abaixo daquele registrado em meados dos anos 2000”, disse a pesquisadora.

Entre as recomendações dos pesquisadores estão o aprimoramento da identificação dos distintos tipos de ecoinovadores e o mapeamento das diferentes estratégias das empresas como sendo de grande importância para a elaboração de novas políticas públicas ambientais.

Acesse a íntegra do estudo

Comunicação - Ipea
(61) 2026-5501
(21) 3515-8704 / (21) 3515-8578
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.