Pesquisadores debatem metodologia para identificar núcleos urbanos informais

Abrangência e atualização dos dados, além das unidades espaciais de análise, são importantes para mapear habitações precárias e irregulares

O desenvolvimento de uma metodologia baseada no uso e integração de dados de fontes diversas para auxiliar na identificação de núcleos urbanos informais (NUI) foi tema de um webinar realizado nesta quarta-feira (20) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os participantes do terceiro dia do Seminário de Pesquisa sobre Núcleos Urbanos Informais também discutiram a geração de novos planos de informação que indiquem a probabilidade de presença desses núcleos em seis polos pesquisados – Brasília, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Marabá e Juazeiro do Norte.

A professora da Universidade Federal do ABC e pesquisadora associada do Ipea, Flávia Feitosa, detalhou a metodologia utilizada na identificação de NUIs, de maneira a melhor captar as características e especificidades de cada núcleo, na respectiva região. Feitosa mencionou metodologias existentes que convergem em muitos pontos, como a abrangência nacional, tipo de dados e atualizações de resultados. Mas o objetivo da metodologia NUI foi explorar o uso de dados secundários para todo país, com o objetivo de identificar os assentamentos precários e esses núcleos com dados mais abrangentes.

Para tanto, os pesquisadores consideraram variáveis como forma urbana, características físico-territoriais, sociodemográficas, além de características das edificações, dos domicílios e famílias, assim como entornos relevantes para a identificação de NUI. A coordenadora de Projetos Especiais do Centro de Documentação e Disseminação de Informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Maria do Carmo Dias Bueno, avaliou as variáveis utilizadas, destacando as unidades de conservação estaduais, municipais e federais que devem ser levadas em conta no trabalho de identificação de NUIs.

Neste caso, o uso de dados do Cadastro Único (CadÚnico) foi considerado difícil pela ausência de endereços das famílias. Por isso, Bueno sugere o uso de dados censitários para facilitar a geração da informação. Para a gerente de pesquisa Habitacional da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), Mariana de Sylos Rudge, a metodologia NUI é importante para servir de base às cidades e municípios desenvolverem políticas para a regularização fundiária.

Rudge fez um breve relato do trabalho realizado na Baixada Santista, que deu condições aos municípios de identificarem os assentamentos precários e irregulares na região. “Comparando a metodologia para Identificação e Caracterização de Assentamentos Precários em Regiões Metropolitanas Paulistas (Mappa) e a NUI, temos um ponto de partida para alavancar um trabalho maior sobre o território e possibilitar insumos ao planejamento do desenvolvimento urbano. São metodologias que se somam”, ressaltou.

A professora do Departamento de Geografia da Birkbeck - University of London, Joana Barros, levantou questões como a falta de dados, que dificulta iniciativas de identificação dos núcleos e não é restrita ao Brasil. No entendimento da pesquisadora, o projeto requer um esforço imenso para a busca desses dados, considerados a chave para o trabalho de mapeamento dos assentamentos precários.

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