Produtos importados encarecem, em média, 89% com medidas não-tarifárias no Brasil

Pesquisa analisou as medidas protecionistas aplicadas por 81 países e revelou efeitos negativos sobre os preços e o livre comércio

As medidas não-tarifárias aplicadas sobre produtos importados no Brasil aumentam o valor final em 89%, na média. O dado foi apresentado, nesta segunda-feira (18), durante webinar promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). De acordo com o levantamento, realizado entre 2016 e 2018, as medidas não-tarifárias impactaram negativamente os preços, limitando a atividade de livre comércio entre países.

A pesquisa analisou as medidas não-tarifárias adotadas em 81 países e aplicadas em 5.321 produtos. Os resultados mostram que o comércio mundial foi encarecido em 104,89%, em média, por medidas não-tarifárias no período analisado. Os países mais impactados com altas nos preços foram Paraguai (134%), Luxemburgo (118%), Argélia (116%), Camarões (116%), Peru (115%) e Canadá (112%).

No Brasil, os produtos manufaturados, além de materiais elétricos, máquinas e aparelhos, sofreram as maiores altas pelas medidas de protecionismo comercial. Apesar da alta diagnosticada nos preços, a economia brasileira figura entre os países com menor impacto pelas medidas não-tarifárias. Lideram esse ranking Japão (82%), Índia (83%) e Estados Unidos (87%).

O estudo foi realizado por Krisley Mendes, professora adjunta na Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora visitante do Ipea. Segundo ela, o diagnóstico mostra os resultados questionáveis das medidas não-tarifárias para a atividade comercial brasileira. “Essas medidas resultam em impactos negativos, como o aumento de preços. Os efeitos positivos se limitam a poucos setores da economia, conforme observado”, argumentou a pesquisadora.

Webinar

Na abertura do webinar, o diretor da área de estudos internacionais do Ipea (Dinte), Ivan Oliveira, destacou a importância do debate sobre as medidas não-tarifárias na agenda de comércio exterior, além dos impactos sobre os preços para as cadeias produtivas globais. “O comércio internacional é regulado por tarifas transparentes e objetivas. Esse é o modelo que vem sendo adotado pelas economias desenvolvidas e pode, certamente, contribuir para a agenda de comércio exterior brasileira”, afirmou.

O evento também contou com a participação do secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz. Ele reiterou os esforços do governo para o processo de desburocratização comercial e incentivo para a abertura comercial. “Não há como se falar em integração em cadeias globais de valor sem levar em conta a importância estratégica da agenda tarifária. Estamos avançando nesse debate, promovendo flexibilização, apesar de todas os desafios”, observou.

A coordenação dos debates durante o webinar foi realizada pelo pesquisador de Estudos de Comércio no Ipea, Fernando Ribeiro. Ele reiterou a contribuição do instituto na agenda de comércio exterior, com estudos inéditos sobre o impacto das barreiras tarifárias. “Temos produzidos importantes resultados e que estão em consonância com os trabalhos anteriores. O desafio, agora, será aprofundar as análises observando os setores mais impactados pelas medidas não-tarifárias”, disse.  

Confira a íntegra do estudo

Veja a íntegra do webinar.

Assessoria de Imprensa e Comunicação
61 99427-4553
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.