Projeções indicam aceleração do envelhecimento dos brasileiros até 2100

São analisadas projeções populacionais para o Brasil com base em três cenários

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta quarta-feira (13/10), projeções populacionais, no período de 2010 a 2100, com o objetivo de auxiliar nas análises de cenários macroeconômicos e previdenciários de longo prazo para o Brasil. O levantamento considera cenários distintos para a realidade populacional do país dentro de um horizonte de 90 anos e, em todos eles, é evidente o processo de envelhecimento populacional, o que indica que, independente das hipóteses adotadas, a mudança da estrutura etária no país é inevitável. Em 2010, a população brasileira era composta por 194,7 milhões de pessoas e, em um cenário mais rígido, há expectativa de que haja, em 2100, apenas 156,4 milhões de pessoas no país. A proporção de idosos, que em 2010 era de 7,3%, pode chegar a 40,3% em 2100; enquanto que o percentual de jovens (com menos de 15 anos) pode cair de 24,7% para 9%.

A análise avaliou três possíveis cenários: IBGE/Ipea, com projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010 a 2060 – ao considerar hipóteses de continuidade das tendências de projeção realizadas pelo instituto, na revisão de 2018 –, e do Ipea, de 2060 a 2100; choque populacional, no qual a fecundidade declina para níveis abaixo daqueles previstos pelo IBGE na revisão de 2018, além de estimativas geradas pela Organização da Nações Unidas (ONU) em 2017 e; fecundidade constante, que é um cenário de referência média, já que há baixíssima probabilidade de se concretizar.

As taxas de crescimento estimam que, no cenário IBGE/Ipea, a população brasileira apresentará crescimento negativo a partir de 2050, com expectativa de chegar a 177,9 milhões de pessoas, ocorrendo o mesmo no cenário de fecundidade constante. E, no cenário de choque, a taxa de crescimento torna-se negativa já a partir de 2040, com a diminuição do tamanho da população de maneira mais precoce e com um ritmo mais intenso, podendo chegar aos 156,4 milhões de pessoas. Na classificação por sexo, as mulheres permanecem com a tendência de maior representatividade no tamanho populacional. O sexo feminino terá maior peso entre os idosos em 2100.

Em relação aos maiores grupos etários, há uma mudança considerável na estrutura etária do país, com a perda do peso relativo dos mais jovens (até 15 anos) e aumento do peso relativo dos idosos (acima de 65 anos), em todos os cenários. Nos cenários IBGE/Ipea e de fecundidade constante, os mais jovens representarão, em 2100, aproximadamente 13% da população, ao passo que os idosos, cerca de 30%. Isso é o oposto do que ocorreu em 2010, no início da projeção. No cenário de choque, em que o processo de envelhecimento é mais rápido e acentuado, os mais jovens serão, em 2100, apenas 9% do total da população e os idosos, 40%.

O estudo aponta que o processo de envelhecimento etário irá se refletir no comportamento de alguns indicadores, como as razões de dependência, que correspondem à razão de pessoas abaixo de 15 anos ou acima de 65 anos, em relação à população em idade de trabalhar (15-64 anos). Segundo a pesquisadora associado do Ipea, Raquel Guimarães, que redigiu a nota ‘Projeções Populacionais por idade e sexo para o Brasil até 2100’ em coautoria com Gabriela Bonifácio, “a razão de dependência total (RD) tenderá a aumentar gradativamente a partir dos próximos anos, para todos os cenários de projeção”.

A taxa de fecundidade total (TFT) corresponde ao número médio de filhos que uma mulher tem ao longo do seu período reprodutivo. As hipóteses apontadas na análise são as seguintes: no cenário IBGE/Ipea, o nível de fecundidade do país continuará diminuindo, mas de maneira menos acentuada e tendendo à estabilização. Entre 2020 e 2100, é esperado que a TFT diminua de 1,76 filho por mulher para 1,61, alcançando seu nível mais baixo na história de fecundidade do país. No cenário ONU, há possibilidade de um novo cenário com a postergação ostensiva dos nascimentos e baixa recuperação da fecundidade adiada. Neste caso, entre 2020 e 2100, a fecundidade declinará mais acentuadamente, chegando a 1,27 filho por mulher, e com estrutura etária ainda mais envelhecida.

O nível de mortalidade está diminuindo, principalmente com a diminuição da mortalidade infantil e o perfil epidemiológico que está se alterando, com o contínuo declínio proporcional de causas de morte ligadas a condições de nutrição e saneamento básicas e aumento da importância de causas relacionadas ao envelhecimento populacional. Sendo assim, o Brasil caminha para o aumento da longevidade da sua população. “Isso muda a composição da população, que deixa de ser rejuvenescida para ser envelhecida”, afirma Raquel Guimarães.  O exercício proposto nesta nota pelas autoras permite a constante atualização dos dados, de maneira a obter estimativas e projeções cada vez mais robustas, garantindo sua qualidade.

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