Tema da edição especial: Efeitos da ascensão econômica da China sobre outros países e regiões do mundo
Prazo de submissão: 28 de fevereiro de 2025
Os artigos devem ser enviados identificados para: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
A China é, inquestionavelmente, o caso mais impressionante de ascensão econômica do mundo contemporâneo. Não apenas pela velocidade do crescimento de seu PIB per capita, mas sobretudo por ter sido capaz de fazê-lo a despeito de sua gigantesca população de mais de 1,3 bilhão de habitantes. A conjugação dessas duas variáveis gerou impactos substanciais sobre outras partes do mundo.
Hoje são mais do que conhecidos os “efeitos-China” gerados, por exemplo, nos mercados de commodities agrícolas e minerais e nos mercados de bens manufaturados. Do mesmo modo, o magnetismo exercido pelo país asiático sobre as corporações transnacionais nas duas primeiras décadas deste século, seja por conta de seus custos unitários de produção relativamente baixos, seja pela atratividade de seu mercado consumidor doméstico, levou a volumosos ingressos de investimentos externos que, por sua vez, proporcionaram um acelerado processo de aprendizagem e de catch-up tecnológico das firmas chinesas, que atualmente despontam como líderes tecnológicos em diversos segmentos industriais e de serviços.
Entre os efeitos da globalização produtiva, que teve no deslocamento de parte expressiva da produção manufatureira mundial para o continente asiático, especialmente para a China, está o esvaziamento das cadeias produtivas em outras partes do globo e a crescente dependência de importações. Inicialmente, tal movimento esteve concentrado em estágios produtivos mais dependentes de baixos custos de mão-de-obra, como a montagem de produtos eletrônicos e o corte e costura de itens de vestuário. Essa imagem das plantas chinesas, ainda viva no imaginário popular, no entanto está cada vez mais distante da realidade. Empresas do país têm avançado rapidamente nas cadeias globais de valor (CGVs), adentrando cada vez mais os estágios considerados mais nobres – como concepção de produto, design e branding – por reterem a maior parte do valor gerado das CGVs.
Políticas industriais agressivas, típicas do modelo de Estado desenvolvimentista asiático, associadas a oportunidades tecnológicas únicas, possibilitaram às empresas chinesas se tornarem líderes em setores associados à transição energética, como as indústrias de equipamentos para geração de energia eólica e solar e a de baterias e veículos elétricos. O rápido domínio alcançado pelas empresas chinesas constitui ameaça não apenas para suas concorrentes diretas no resto do mundo como também para as empresas líderes da velha economia intensiva em emissões de carbono, como as montadoras de carros a combustão e as empresas petrolíferas.
A transformação da China, no início deste século, em “fábrica do mundo” proporcionou aos países de alta renda um período de rápido crescimento com baixa inflação, que, no entanto, teve efeitos heterogêneos entre regiões e grupos sociais. As áreas mais industrializadas destes países, assim como os trabalhadores de chão de fábrica, acabaram penalizados pela relocalização da produção manufatureira das empresas transnacionais dos países ocidentais para a Ásia. Esse progresso desigual, por sua vez, acabou surtindo efeitos políticos e eleitorais, corroborados em pleitos em diversos países.
A ascensão da China também brindou os demais países em desenvolvimento com substanciais ganhos em seus termos de troca. Isso possibilitou, em um primeiro momento, alívio nos problemas de balanço de pagamentos enfrentados recorrentemente por esses países, que puderam, assim, elevar suas taxas de investimento e também aumentar seus gastos com políticas sociais.
Todavia, os elevados superávits comerciais acumulados pela China logo se traduziram em um grande volume de divisas, o que possibilitou ao país adotar a política Go Global, visando internacionalizar suas empresas. A despeito de ainda ser um país de renda média, a China rapidamente se converteu em grande investidor e, também, grande financiador internacional. O ápice deste movimento foi o lançamento da Nova Rota da Seda – Belt and Road Iniciative (BRI) – em 2013. Atualmente, cerca de 150 países possuem acordos de cooperação com a China no âmbito da BRI.
Estima-se que as firmas chinesas aportaram mais de US$ 1,4 trilhão em aquisições de empresas e novos projetos (greenfield) de investimento externo direto (IED) entre 2005 e 2023, englobando setores como energia, mineração, transportes, agricultura, tecnologia, entre outros. Por sua vez, as entidades chinesas de financiamento, incluindo o Banco de Desenvolvimento da China (China Development Bank - CDB), o Banco de Exportação e Importação (China Export-Import Bank - Chexim), além de bancos de natureza comercial, desembolsaram cerca de US$ 1,3 trilhão em projetos de desenvolvimento e cooperação ao longo das duas últimas décadas, especialmente na Ásia, África e América Latina.
Esse movimento em direção a regiões negligenciadas pelas instituições tradicionais de financiamento, muitas das quais ainda guardam profundos ressentimentos do período colonial, tem gerado ganhos geopolíticos para o país asiático. Potências tradicionais, por sua vez, rotulam as ações chinesas como “exploração de recursos”, “armadilha da dívida” ou mesmo como “novo colonialismo”. Neste rol de questionamentos à projeção global da China e de suas empresas e entidades financeiras, em especial no âmbito da BRI, as críticas se dirigem, entre outros aspectos, à opacidade dos contratos bilaterais de empréstimo e financiamento, ao patrocínio de projetos poluidores, à (baixa) qualidade dos padrões de construção adotados em obras no exterior e aos impactos financeiros e socioambientais de grandes empreendimentos de infraestrutura.
A despeito do grande mercado consumidor e da relevância das plantas produtivas localizadas na China para as suas empresas, as principais potências ocidentais não têm permanecido inertes à ascensão chinesa. Pode-se mesmo dizer que o primeiro governo de Donald Trump (2017-2021) levou adiante uma guerra fria comercial e tecnológica, manifestada, por exemplo, na elevação de alíquotas de importação e acusações de espionagem contra empresas chinesas. O retorno de Trump à presidência dos Estados Unidos em 2025, com uma retórica ainda mais inflamada em relação à China deve, por um lado, contribuir para um aprofundamento dos impasses existentes atualmente na governança global, atinentes a organizações como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio (OMC) e, por outro lado, impulsionar uma corrida dos países em direção a medidas unilaterais defensivas, com reflexos sobre os fluxos comerciais.
O enriquecimento da China também tem possibilitado aumento expressivo em seus gastos militares. Embora ainda substancialmente inferiores aos gastos dos Estados Unidos, os investimentos chineses em armamentos têm crescido rapidamente, o que levanta dúvidas em relação a movimentos futuros do país, especialmente em seu entorno estratégico. Países do Sudeste Asiático, em particular, podem vir a buscar alianças com potências extrarregionais de forma a contrabalançar a ameaça latente chinesa.
Considerando todos esses aspectos, esta edição do Boletim de Economia e Política Internacional tem como objetivo lançar luzes sobre os impactos da ascensão econômica da China, entendida de forma ampla de modo a abarcar os efeitos sobre as dinâmicas internas do país assim como sobre sua capacidade de projeção geopolítica e militar, sobre a economia e a política internacional contemporâneas, em especial sobre países e regiões específicos. Espera-se que, entre outros, os artigos abordem os efeitos da ascensão chinesa sobre:
- o comércio internacional;
- as cadeias globais de valor (CGVs);
- a divisão internacional do trabalho;
- o padrão concorrencial global decorrente do domínio de mercado por empresas chinesas, especialmente em segmentos ligados à transição energética (baterias, veículos elétricos, equipamentos para geração eólica e solar, minerais críticos);
- dominância (e dependência) tecnológica em setores-chave da economia;
- a organização das nações em blocos econômicos e comerciais;
- a integração produtiva entre países e regiões;
- a governança global e o funcionamento de organizações internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e suas agências, a OMC, o FMI e o Banco Mundial.
Em relação aos países e regiões afetados, espera-se que os artigos abordem os efeitos do engajamento da China sobre:
- padrões de comércio, como pauta de exportação e importação;
- participação na divisão internacional do trabalho;
- participação em CGVs;
- decisões de investimento de empresas transnacionais;
- formação de capital fixo, especialmente em infraestrutura, viabilizada por investimentos externos ou financiamentos chineses;
- projetos internacionais de integração de infraestrutura;
- transição energética e difusão de tecnologias verdes (baixo carbono);
- acesso a recursos externos, por meio de empréstimos e financiamentos e ações de cooperação internacional para o desenvolvimento (CID);
- finanças externas, incluindo alívio e/ou aprofundamento de desequilíbrios no balanço de pagamentos em decorrência de superendividamento externo;
- políticas econômicas domésticas, incluindo políticas comercial e industrial;
- crescimento econômico e mudança estrutural;
- construção de capacidades locais;
- cooperação internacional para o desenvolvimento;
- padrões trabalhistas, sociais e ambientais de empreendimentos chineses, especialmente aqueles relacionados a economias de enclave;
- dependência tecnológica;
- gastos e investimentos militares;
- percepção da população e dos líderes políticos e empresariais sobre a China e o nível de aceitação dos discursos e narrativas oficiais chineses;
- opinião pública doméstica e (re)alinhamentos ideológicos na nova configuração do poder mundial.
Diretrizes para os autores:
- O artigo deve ser editado em Microsoft Word ou em editor de texto compatível (extensões doc ou docx). Nele, devem constar os nomes completos dos autores – o processo de desidentificação (para submissão a pareceristas) será realizado pelos editores da publicação.
- Máximo de 15 mil palavras (excluídas as referências e anexos). O artigo também deve conter um resumo e um abstract (em inglês) de até 200 palavras, além de até cinco palavras-chave/keywords.
- O artigo pode ser escrito em português ou em inglês. Citações devem ser traduzidas para o idioma do texto – ou seja, se o idioma do texto for português, citações em outros idiomas devem ser traduzidas para o português (a critério do autor, a citação no idioma original pode ser incluída em nota de rodapé).
- Referências devem ser incluídas no fim do artigo, com remissivas no padrão (Autor, ano, página (quando aplicável)).
- Se o artigo for aprovado para publicação, gráficos, tabelas, figuras e mapas deverão ser enviados separadamente, de preferência em formato editável. Devem ser numerados sequencialmente (conforme o tipo) e conter legenda, fonte (com indicação de URLs, quando possível) e indicação de autoria.
- No caso de utilização de siglas e acrônimos, deve constar seu nome por extenso na primeira vez que aparecer no texto. Posteriormente, é suficiente sua versão abreviada.
- Os artigos devem ser enviados identificados para: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
- Prazo para submissão: até 28 de fevereiro de 2025.
- Os artigos submetidos receberão uma primeira resposta (aceite, análise por pareceristas ou rejeição) em até 30 dias após a data de submissão.
Boletim de Economia e Política Internacional – n. 37 (set-dez 2023)
Call for papers
Special issue: International relations of subnational governments
Submission deadline: July 31, 2023
The articles must be sent to Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Over the last few decades, subnational entities have been intensifying their international activities, a phenomenon known as paradiplomacy, distinct from the traditional international relations undertaken by sovereign States. Such growth is linked to the deepening of globalization and its effects in several areas such as the location decisions of individuals and companies, meaning that the majority preferences at the national level are not necessarily shared at subnational levels; the reduction of transport and communication costs, which allow for interactions previously hampered by high transaction costs; the diversification and complexity of topics dealt with at the international stage, increasing the quest for participation from a greater variety of actors; and the growing emphasis by international organizations on the connections between global and local dynamics. In this sense, the Greek prefix para-, of the term paradiplomacy, introduces the idea of parallel, which can either be in line with the foreign policy carried out by the central government, or can go in a different or even antagonistic direction to that. And, in a context of increasing political polarization within countries, with marked spatial traits, it would not be surprising an increase in the international actions of subnational governments, especially when chaired by politicians not aligned with the central government. It should also be noted that, just as countries compete for attracting investments, talent, tourists, events, among others, states and municipalities within a same country compete with each other. In this sense, paradiplomatic activities are used to promote the competitive advantages of subnational entities.
However, despite the increasing engagement of subnational entities in international activities, this field of study remains under-researched. The aim of this special issue of the Boletim de Economia e Política Internacional (BEPI) is to contribute to raising our comprehension on the subject, through the publication of studies that focus both on theoretical and conceptual developments, as well as on empirical issues, whether on a comparative basis (including quantitative analyses), or through case studies. We expect that the studies give special attention to the institutional and organizational aspects involved in the international relations of subnational entities – what are the institutions that promote them, how are they structured, what are their objectives and goals, how is their performance measured, among other issues.
This special issue will accept articles dealing with international relations carried out by subnational entities such as states, provinces and municipalities, indirect administration bodies linked to them, as well as consortia and/or other mechanisms of collective action integrated by subnational entities, having as counterparties similar entities abroad, as well as national States, supranational organizations, multilateral organizations, the business private sector and/or civil society organizations in other countries. The articles must be structured in such a way as to develop satisfactory answers to well-specified and delimited questions.
Among the study topics (but not limited to them) we suggest:
- theoretical-conceptual discussions about the role of subnational entities in the formulation and execution of foreign policy – paradiplomacy – should foreign policy be carried out solely by the central government? – how to tackle situations in which the international relations actions undertaken by subnational entities conflict with the central government’s foreign policy?
- theoretical-conceptual discussions about public governance in cross-border spaces, in which everyday interaction ends up requiring urgent decisions, only possible with the support of paradiplomatic actions.
- the political economy of paradiplomacy – how do different interest groups influence paradiplomatic actions? – to what extent have changes in the country’s pattern of external economic insertion encouraged paradiplomacy, especially in regions strongly reliant on agribusiness and mining? – to what extent has the greater political polarization observed in recent years encouraged subnational governments to pursue their own foreign policies, without central government intermediation?
- the socioeconomic impacts of the international relations of subnational entities – to what extent does the private sector benefit from paradiplomatic actions? – do subnational international actions generate spillover effects for other subnational entities?
- the activities performed by state, province and/or municipal bodies for international relations.
- the activities performed by investment, export and/or tourism promotion agencies at the state, province and/or municipal level.
- international development cooperation provided and/or received from abroad by subnational entities.
- horizontal scientific-technological cooperation with foreign entities.
- international partnerships in sustainable development projects – transnational ecological corridors.
- external financing of public policies and investments in infrastructure.
- international cooperation networks between states, provinces and/or municipalities (eg Mercociudades, Foro Consultivo de Municipios, Estados Federados, Provincias y Departamentos del Mercosur (FCCR), twin cities).
- intermunicipal consortiums at border regions.
- urban planning and management in cross-border arrangements.
- engagement of subnational entities in international negotiations conducted by sovereign States (for example, Mercosur-European Union Trade Agreement).
- engagement of subnational entities in the implementation of international commitments assumed by sovereign States (for example, emission reduction targets of the Paris Agreement).
- organization and promotion of international events (eg Olympics, UN Conferences).
- case studies about the international action of subnational entities in specific situations (for example, policies against Covid-19).
- studies on the actions performed by states, provinces and/or municipalities in response to international migration flows.
Guidelines for authors:
- The article must be edited in Microsoft Word or in a compatible text editor (doc or docx extensions). It must contain the authors’ full names (de-identification will be carried out by the editors before submitting the article to reviewers).
- The article should not exceed 15,000 words (excluding references and annexes). It must also contain an abstract of up to 200 words, and up to five keywords.
- The article may be written in English or in Portuguese. Citations must be translated into the language of the text – that is, if the language of the text is English, citations in other languages must be translated into English (at the authors' discretion, the citation in the original language may be included in a footnote).
- References must be included at the end of the article following the pattern (Author, year, page (when applicable)).
- If the article is accepted for publication, graphs, tables, figures, and maps must be sent separately, preferably in editable format. They must be sequentially numbered (according to the type) and include title, source of data (with URL indication, whenever possible) and indication of authorship (when applicable).
- The articles must be sent to Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Boletim de Economia e Política Internacional – n. 37 (set-dez 2023)
Chamada pública de artigos
Tema da edição especial: Relações internacionais de entes subnacionais
Prazo de submissão: 31 de julho de 2023
Os artigos devem ser enviados identificados para: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Ao longo das últimas décadas, entes subnacionais – como estados e municípios – vêm intensificando sua atuação internacional, fenômeno conhecido como paradiplomacia, distinto das relações internacionais tradicionais empreendidas por Estados soberanos. Tal crescimento está ligado ao aprofundamento da globalização e seus efeitos em diversas áreas, por exemplo: as decisões localizacionais de indivíduos e empresas, que fazem com que as preferências majoritárias em nível nacional não sejam necessariamente compartilhadas em níveis subnacionais; a redução de custos de transporte e comunicação, que permitem interações antes dificultadas por elevados custos de transação; a diversificação e a complexidade dos tópicos tratados internacionalmente, ampliando a demanda por participação de uma maior variedade de atores; e a crescente ênfase por organizações internacionais nas conexões entre dinâmicas globais e locais. Neste sentido, o prefixo para-, do termo paradiplomacia, introduz a ideia de paralelo, que pode tanto estar em consonância com a política externa executada pelo poder central, como pode caminhar em sentido diverso ou mesmo antagônico àquela. E, em um contexto de aumento da polarização política no interior dos países, inclusive com contornos espaciais, não seria surpreendente um incremento nas ações internacionais de entes subnacionais, especialmente quando governados por políticos não-alinhados ao poder central. Cabe salientar também que, assim como países competem entre si na atração de investimentos, talentos, turistas, eventos, entre outros, estados e municípios dentro de um mesmo país também competem entre si. Neste sentido, as atividades paradiplomáticas servem para promover as vantagens competitivas dos entes subnacionais.
Contudo, apesar do aumento das ações internacionais dos entes subnacionais, este permanece um campo pouco explorado em estudos e análises. O objetivo desta edição especial do Boletim de Economia e Política Internacional (BEPI) é contribuir para elevar o conhecimento sobre o assunto, por meio da publicação de estudos que foquem tanto em desenvolvimentos teórico-conceituais, como em questões empíricas, seja em base comparativa (incluindo análises de cunho quantitativo), seja em estudos de caso. Espera-se que os estudos dediquem especial destaque aos aspectos institucionais e organizacionais envolvidos nas relações internacionais dos entes subnacionais – quais são as instituições que as promovem, como estão estruturadas, quais são seus objetivos e metas, como é medido seu desempenho, entre outras questões.
Serão aceitos artigos que tratem de relações internacionais promovidas e executadas por estados e/ou municípios, órgãos da administração indireta a eles vinculados (autarquias, fundações, etc.), assim como consórcios e/ou outros mecanismos de atuação coletiva integrados por entes subnacionais, tendo como contraparte entes similares no exterior, assim como Estados nacionais, organismos supranacionais, organismos multilaterais, setor privado empresarial e/ou organizações da sociedade civil em outros países. Os artigos devem ser estruturados de forma a desenvolver respostas satisfatórias a questões bem especificadas e delimitadas.
Entre os temas de estudo sugeridos (mas não limitados a eles) estão:
- discussões teórico-conceituais sobre o papel de entes subnacionais na formulação e execução de política externa – paradiplomacia – política externa deve ser monopólio da União? – como resolver situações nas quais as ações de relações internacionais empreendidas por entes subnacionais conflitam com a política externa do governo central?
- discussões teórico-conceituais sobre a governança pública em espaços transfronteiriços, nos quais a interação cotidiana acaba exigindo decisões urgentes, apenas possíveis com o suporte de ações paradiplomáticas.
- economia política da paradiplomacia – como os distintos grupos de interesse influenciam as ações paradiplomáticas? – em que medida as mudanças no padrão de inserção externa da economia brasileira nas últimas décadas incentiva a paradiplomacia, especialmente em estados e municípios fortemente ligados ao agronegócio? – em que medida a maior polarização política observada em anos recentes incentiva governos estaduais e municipais a adotar políticas externas próprias, sem intermediação do governo central?
- impactos socioeconômicos das relações internacionais de entes subnacionais – em que medida o setor privado se beneficia das ações de paradiplomacia? – iniciativas estaduais e/ou municipais geram efeitos transbordamento (spillovers) para outros entes subnacionais?
- atuação de secretarias estaduais e/ou municipais de relações internacionais.
- atuação de agências e escritórios estaduais e/ou municipais de promoção de investimentos, exportações e turismo.
- parcerias de estados e/ou municípios brasileiros com o setor público estrangeiro (municípios, estados, províncias, Estados Soberanos, organismos supranacionais), instituições multilaterais, setor privado empresarial e organizações da sociedade civil estrangeiras.
- cooperação internacional para o desenvolvimento prestada e/ou recebida do exterior.
- cooperação científico-tecnológica horizontal com entidades do exterior.
- parcerias internacionais em projetos de desenvolvimento sustentável – corredores ecológicos transnacionais.
- financiamento externo de políticas públicas e de investimentos em infraestrutura.
- redes internacionais de cooperação entre estados e/ou municípios (por exemplo, rede Mercocidades, Foro Consultivo de Municípios, Estados Federados, Províncias e Departamentos do Mercosul-FCCR, cidades gêmeas).
- consórcios intermunicipais de fronteira.
- planejamento e gestão urbana em arranjos transfronteiriços.
- atuação de entes subnacionais em negociações internacionais do Brasil (por exemplo, Acordo Comercial Mercosul-União Europeia).
- atuação de entes subnacionais na implementação de compromissos internacionais assumidos pelo Brasil (por exemplo, metas de redução de emissões do Acordo de Paris).
- organização e promoção de eventos internacionais (por exemplo, Olimpíadas, Conferências das ONU).
- estudos de caso sobre a atuação internacional de entes subnacionais em situações específicas (por exemplo, políticas contra a Covid-19).
- estudos sobre a atuação de estados e/ou municípios em resposta a fluxos migratórios internacionais.
Diretrizes para os autores:
- O artigo deve ser editado em Microsoft Word ou em editor de texto compatível (extensões doc ou docx). Nele, devem constar os nomes completos dos autores – o processo de desidentificação (para submissão a pareceristas) será realizado pelos editores da publicação.
- Máximo de 15 mil palavras (excluídas as referências e anexos). O artigo também deve conter um resumo e um abstract (em inglês) de até 200 palavras, além de até cinco palavras-chave/keywords.
- O artigo pode ser escrito em português ou em inglês. Citações devem ser traduzidas para o idioma do texto – ou seja, se o idioma do texto for português, citações em outros idiomas devem ser traduzidas para o português (a critério do autor, a citação no idioma original pode ser incluída em nota de rodapé).
- Referências devem ser incluídas no fim do artigo, com remissivas no padrão (Autor, ano, página (quando aplicável)).
- Se o artigo for aprovado para publicação, gráficos, tabelas, figuras e mapas deverão ser enviados separadamente, de preferência em formato editável. Devem ser numerados sequencialmente (conforme o tipo) e conter legenda, fonte (com indicação de URLs, quando possível) e indicação de autoria.
- No caso de utilização de siglas e acrônimos, deve constar seu nome por extenso na primeira vez que aparecer no texto. Posteriormente, é suficiente sua versão abreviada.
- Os artigos devem ser enviados identificados para: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Cooperação Sul-Sul para o Desenvolvimento Pós-Pandemia: desafios e oportunidades para o Brasil e o mundo
Chamada para artigos para o número 31, 2023/1
Tema: Cooperação Sul-Sul para o Desenvolvimento Pós-Pandemia: desafios e oportunidades para o Brasil e o mundo
Período de submissão de artigos: 1 de dezembro de 2022 a 31 de janeiro de 2023.
Lançamento: abril de 2023.
O biênio 2019-2020 pode ser considerado um ponto de inflexão na cooperação internacional, em razão da crise multidimensional causada pela pandemia, que agravou a concentração de renda em escala mundial e trouxe novos desafios para diferentes atores internacionais. Tais mudanças inevitavelmente se refletem na operacionalização da Cooperação Sul-Sul para o Desenvolvimento (CSSD). No Brasil, por exemplo, o Relatório COBRADI 2019-2020 produzido pelo IPEA computou uma queda de 43% no gasto brasileiro com essa atividade.
A CSSD possui rica trajetória nas Relações Internacionais pós-Segunda Guerra Mundial. Inicialmente orientada por uma visão de desenvolvimento calcada na desigualdade nas relações entre países do Norte e do Sul, as práticas de cooperação logo conheceram mudanças profundas a partir da aproximação entre países que recém adquiriram suas independências e aqueles que contestavam a ordem internacional vigente.
Durante a ordem bipolar, a mobilização política do então chamado “Terceiro Mundo” levou ao que hoje corresponde ao “Sul Global”. Ainda que iniciativas como Plano Colombo (1950) tenham precedência histórica, a Conferência de Bandung (1955) estabeleceu os pilares para a construção de relações políticas diferenciadas entre países do Sul. Após a formalização do bloco político internacional em 1961, com o Movimento dos Não Alinhados, os países do Sul Global propuseram uma visão diferenciada do sistema financeiro e comercial internacional, conduzindo à criação do Grupo dos 77 (G77) em 1964 e à adesão da China. Posteriormente, foi adotada uma visão da Nova Ordem Econômica Internacional pela Assembleia Geral da ONU, em 1974 (A/RES/S-6/3201). A década de 1970 encerraria a primeira fase da CSSD com uma delimitação de fronteiras entre a cooperação político-econômica e a Cooperação Técnica para o Desenvolvimento (CTPD) com o Plano de Ação de Buenos Aires, de 1978.
Com as dificuldades econômicas e retrocessos na agenda de desenvolvimento na maioria dos países do Sul Global, a segunda fase da CSSD nos anos 1980 foi marcada por um processo mais lento de avanço na agenda política e econômica. A oitava rodada de negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio (Rodada do Uruguai) foi um dos eventos mais expressivos do período. Já o início da década de 1990 foi marcado pela adoção do conceito de desenvolvimento sustentável e pela realização da Cúpula da Terra, também denominada Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, ou Rio 92. Porém, da mesma forma, a década de 1990 tampouco contribuiu de forma substantiva para o avanço da maioria dos temas em CSSD, com exceção da forte tendência de criação e consolidação de blocos regionais político-econômicos, como foi o caso do Mercosul (1991).
A virada do milênio e a reestruturação do Sistema das Nações Unidas, contudo, trouxeram inovações consideráveis para a agenda global de desenvolvimento, marcando o início da terceira fase da CSSD. Se os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) contribuíram para orientar parcialmente os esforços globais de financiamento e gestão de projetos de desenvolvimento, o contexto econômico global favorável para as economias dos países em desenvolvimento permitiu que, novamente, a CSSD recebesse atenção e energias redobradas.
Em sua terceira fase, a CSSD foi acoplada pelos países do Sul a uma estratégia mais ampla de contestação da ordem econômico-política global, promovendo estruturas de representação em fóruns globais tradicionalmente dominados por países do Norte (ex: G7), estruturas próprias de financiamento de projetos comuns (ex: BRICS), além de diversos fóruns de coordenação política multilateral (ex: IBAS), regional (UNASUL) e canais de diálogo entre regiões do Sul Global (ex: Cúpula dos países da América do Sul e dos Países Árabes, e dos países da América do Sul e Países Africanos).
A Cooperação Internacional para o Desenvolvimento do Brasil (CIDB) é tradicionalmente um dos instrumentos da política exterior do país, sendo a CSSD bilateral/trilateral uma de suas vertentes. Embora sempre demonstrando participação central nas iniciativas e agendas de CSSD, o Brasil foi um dos países que apostou ativamente em parcerias com países Sul Global como estratégia de inserção internacional e forma de influenciar regras e normas internacionais. Entretanto, e ainda que as três dimensões da CSSD conhecessem considerável avanço durante a sua terceira fase, a Cooperação Técnica para o Desenvolvimento (CTPD) Brasileira com países do Sul apresentou expansão considerável, conforme capturado nos relatórios concernentes à Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento Internacional (COBRADI) elaborados regularmente pelo IPEA desde 2010. Para o Brasil, a CTPD também foi um dos meios para promover a CSSD e a ampliação da influência global do país, temas para o qual a Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE) possui papel de destaque, atuando com uma vasta rede de políticas (policy network) composta por atores públicos, privados e da sociedade civil brasileira.
Tendo em vista o advento de uma nova e ambiciosa iniciativa global encarnada na Agenda 2030 e materializada nos dezessete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), ampliando a agenda anterior ao incluir de maneira mais enfática temas como ciência, tecnologia e proteção dos oceanos, discute-se se a CSSD estaria entrando em uma quarta fase. O contexto político pós-2015, contudo, é radicalmente diferente do início do milênio, sendo marcado pela ascensão de governos conservadores em vários países desenvolvidos e em desenvolvimento, bem como reformas importantes na arquitetura institucional de cooperação, as quais podem ser atribuídas, em grande medida, ao crescente protagonismo da China na agenda do desenvolvimento internacional. A orientação de política exterior frequentemente colide com as regras e práticas multilaterais em favor de interesses e agendas nacionais de curto prazo, reacendendo conflitos históricos em regiões estáveis (ex: Guerra na Ucrânia) e ocasionando crises econômico-financeiras que colocam em risco a vida digna dos povos do planeta, em todos os continentes. Adicione-se a esse contexto o desafio da pandemia ocasionada pelo vírus SARS-CoV2. A Pandemia representou ao mesmo tempo o maior desafio coletivo enfrentado pelos povos desde a Segunda Guerra Mundial e um dos maiores fracassos em nível de coordenação política internacional contemporâneo para a garantia de justiça e equidade no acesso a medicamentos.
Neste sentido, propõem-se as seguintes perguntas: (i) Qual o lugar da Cooperação Sul-Sul para o Desenvolvimento frente aos atuais desafios da agenda política internacional? (ii) Quais os principais avanços e retrocessos? (iii) Como as estruturas institucionais criadas na terceira fase da CSSD poderiam apoiar a atual coordenação política e econômica entre países do Sul? (iv) Como criar métricas comuns para quantificar e avaliar os efeitos da CTPD entre países do Sul? (v) Qual o papel do Brasil na agenda atual de CSSD? (VI) Quais atores têm liderado agenda de Cooperação Sul-Sul? (VII) Quais reformas da arquitetura, agência, processos, etc. seriam prioritários para o debate interdisciplinar?
Este número da Revista Tempo do Mundo será coordenado pelas(os) professoras(es) Rafael T. Schleicher (IPEA e Fiocruz), Ana Flávia Barros-Platiau (UnB) e Iara Leite (UFSC). Os artigos submetidos para o volume serão recebidos de 1º de dezembro de 2022 até 31 de janeiro de 2023. A previsão de lançamento da edição da revista é abril de 2023.
O Ipea oferece Programa de Estágio Curricular a alunos regularmente matriculados em instituições de ensino de nível superior e ensino médio, e em escolas de educação especial.
Alunos interessados em ingressar no Programa de Estágios do Ipea devem efetuar sua inscrição no Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).
Confira abaixo as seleções e chamadas que o Ipea oferece! São bolsas de pesquisa, consultorias, apoio a eventos, estágios e vagas para o Mestrado Profissional em Políticas Públicas e Desenvolvimento. Fique por dentro e participe!
Processo Seletivo para 6ª turma do mestrado - Alunos Especiais
O Mestrado Profissional em Políticas Públicas e Desenvolvimento está ofertando 3 (três) vagas por disciplina para alunos especiais.
Período de inscrições: 23 a 29 de janeiro de 2025
Para realizar a inscrição, o candidato deverá:
1 - Preencher o requerimento de matrícula.
2 - Anexar os documentos solicitados (listados abaixo).
3 - Enviar para o e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Após a análise dos requerimentos, a Coordenação do curso entrará em contato com os candidatos aprovados.
Documentos obrigatórios para inscrição:
- Cédula de identidade oficial ou documento equivalente.
- CPF.
- Certificado ou declaração de conclusão do ensino superior.
- Currículo Lattes.
- Servidores do Ipea: autorização da chefia imediata.
Disciplinas ofertadas e horários:
1 - Análise ex-ante, monitoramento e avaliação de Políticas Públicas
Professores: Prof. Dr. Antonio Ernesto Lassance de Albuquerque Junior, Prof. Dr. Carlos Henrique Leite Corseuil, Profª. Drª. Camila Mata Machado Soares
Horário: Quarta-feira, 18h30 – 22h30
Início das aulas: 29/01 até 16/04/2025
Carga horária: 44 horas
2 - Economia Política
Professor: Prof. Dr. Daniel Pitangueira de Avelino
Horário: Segunda-feira, 08h30 – 12h30
Início das aulas: 27/01 até 14/04/2025
Carga horária: 44 horas
3 - Finanças Públicas
Professores: Prof. Dr. Claudio Hamilton Matos dos Santos, Prof. Dr. Marco Antonio Freitas de Hollanda Cavalcanti
Horário: Sexta-feira, 08h30 – 12h30
Início das aulas: 31/01 até 11/04/2025
Carga horária: 44 horas
4 - Tipologias de Classe Adaptadas à Realidade Brasileira
Professores: Prof. Dr. André Rego Viana, Prof. Dr. João Cláudio Basso Pompeu
Horário: Sexta-feira, 08h30 – 12h30
Início das aulas: 31/01 até 11/04/2025
Carga horária: 44 horas
5 - Tópicos Essenciais em Políticas Urbanas
Professores: Prof. Dr. Cleandro Henrique Krause, Profª. Drª. Vanessa Gapriotti Nadalin, Prof. Dr. Carlos Henrique de Carvalho, Prof. Dr. Gesmar Rosa dos Santos, Prof. Dr. Luis Gustavo Vieira Martins, Prof. Dr. Renato Nunes Balbim, Prof. Me. Thor Saad Ribeiro
Horário: Quarta-feira, 18h30 – 22h30
Início das aulas: 29/01 até 16/04/2025
Carga horária: 44 horas
As aulas serão ministradas na sede do IPEA, em Brasília.
Atenção:
- O prazo para envio do requerimento e documentos completos é até as 12h00min. do dia 29 de janeiro de 2025.
- Inscrições com documentação incompleta não serão aceitas.
Participe de Redes de Pesquisa com o Ipea
O Apoio a Redes de Pesquisa (Proredes) é regulamentado pela Portaria Ipea nº 493/2010 que tem por objetivo implementar redes de pesquisa entre instituições de pesquisa ou representativas de pesquisadores, planejamento e de estatística, visando a integração de ações e de pesquisas em áreas temáticas definidas no planejamento estratégico do Ipea com ênfase na aplicação de resultados focados na sustentabilidade do desenvolvimento social e econômico brasileiro.
O Ipea, na implementação das redes, preferencialmente divulgará chamada pública para a seleção de instituições interessadas na participação dos projetos.
Atualmente, o Instituto desenvolve 16 projetos em redes:
1- Rede Urbana do Brasil
2- Economias Baseadas em Bioma
3- Trajetórias Tecnológicas, Padrões de Desenvolvimento Agrícola e Configurações Urbano-Rurais.
4- Governança Metropolitana
5- Matriz Insumo-Produto Regional
6- Erradicação da Pobreza Extrema no Brasil
7- Planejamento e Gestão Governamental na Esfera Estadual: uma análise comparativa dos processos, conteúdos e sistemas de acompanhamento dos PPAs
8- Coordenação e Cooperação Federativa em Áreas que Recebem Grandes Investimentos.
9- MERCOSUL e Regiões de Fronteira
10- O Que Podem os Governos Estaduais no Brasil? Trajetórias e Padrões de Desenvolvimento em Unidades da Federação (estudos comparados para o período 1990-2010)
11- AZIMUTE – Sistema de Informação Multidimensional
12- Projeções Multirregionais da Mão de obra Qualificada no Brasil
13- Instituições Participativas no âmbito da segurança pública brasileira: programas impulsionados por organizações policiais
14- Migrações internas nos decênios 1990 e 2000 em UFs selecionadas: mudanças e continuidades
15- Democratização do Acesso à Justiça e Efetivação de Direitos
16- Mapeamento da Vulnerabilidade Social nas Regiões Metropolitanas Brasileiras
Portaria Ipea nº 493, de 29/12/2010 (Proredes)
Caso queira obter mais informações sobre este assunto, envie e-mail para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou telefone para (61) 2026-5219 ou (61) 2026-5584