Pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada participaram, nesta terça-feira (17), do webinar ‘Transformando a dinâmica e promovendo uma transição comercial e industrial verde e justa’ (Changing the dynamics and advancing a just green trade and industrial transition). O evento foi realizado a partir da parceria entre o Ipea e o Overseas Development Institute (ODI), think tank do Reino Unido e membro do Conselho Consultivo Internacional do T20. Especialistas buscaram explorar as perspectivas dentro do G20, com foco específico nos interesses africanos, enquanto buscaram alternativas para reconfigurar as dinâmicas atuais e avançar em uma agenda de comércio verde mais equitativa.
A embaixadora Amina Mohamed, presidente do Fórum de Negociações Comerciais e Investimentos (TNIF), acredita que todos enfrentarão muitos desafios quando se trata de transição verde e fragmentação da política global, mas está convencida de que, se trabalharmos juntos de boa-fé e na mesma direção, seremos capazes de enfrentar os desafios que estão surgindo com a transição que já começou e que, obviamente, está avançando mais rapidamente em algumas regiões do que em outras. “Devemos enfrentar esses desafios juntos, e também observar as medidas unilaterais que estão sendo implementadas. Ao enfrentarmos esses desafios, acredito que devemos fazê-lo de uma maneira que permita a todos nós aproveitar as novas oportunidades que se apresentam”, completa.
Já o professor Faizel Ismail, diretor da Escola Nelson Mandela de Governança Pública da Universidade da Cidade do Cabo, exalta que o próximo G20 oferecerá à África do Sul uma grande oportunidade para focar nas questões de extrema importância para o continente: “O próximo G20 será em solo africano e será um G20 africano, portanto, ele deve se concentrar na crise, talvez a maior crise que a humanidade enfrenta atualmente, que é a crise climática”.
Fábio Veras, da Diretoria de Estudos Internacionais do Ipea, reforçou a todos que o G20 não possui um secretariado e que cada presidência é responsável por definir as suas prioridades de acordo com a presidência anterior e a futura. Para ele, os grupos de engajamento, em particular o T20, têm o papel de manter a memória dos líderes do G20 e mostrar para eles o que foi prometido e o que foi entregue. O diretor lembrou também que o comércio é visto como o motor de crescimento, sendo muito importante para a redução da pobreza.
“Uma outra prioridade que encontramos na Índia e que pode ser reaproveitada na África do Sul e que não foi tão priorizada na presidência brasileira é reconhecer os desafios de micro, pequenas e médias empresas para se engajarem no comércio internacional” explicou, citando o chamado do T20 da Índia para a ação de Jaipur, com o intuito de melhorar o acesso das micro, pequenas e médias empresas à informação e promover sua integração ao comércio internacional. Veras também citou a adoção do Quadro Genérico do G20 para Mapeamento de Cadeias de Valor Globais (GVC) para ajudar os membros a identificar riscos e construir resiliência.
O diretor destacou que no documento final da reunião ministerial de comércio e investimento do G20 Índia, os países do G20 reconheceram o papel essencial da cooperação multilateral para enfrentar de maneira eficaz os desafios comuns relacionados ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável e se comprometeram a se engajar em discussões adicionais sobre comércio e sustentabilidade. Deste modo não surpreende que uma das quatro prioridades do Grupo de Trabalho sobre Comércio e Investimento da presidência brasileira do G20 seja exatamente Comércio e Desenvolvimento Sustentável e que a principal entrega do grupo seja um conjunto de princípios-chave acordados e que sirvam como diretrizes para a formulação e implementação de políticas nacionais que impactam o comércio. Na reunião de ministerial a ser realizada em 24 e 25 de outubro saberemos o quão abrangentes serão estes princípios.
Fernando Ribeiro, pesquisador e coordenador de estudos de comércio internacional do Ipea, citou as discussões sobre o processo do T20 Brasil e as interações produtivas com o G20 e de como as questões de desenvolvimento sustentável, transições justas e sua relação com as regras comerciais e a governança global como um todo estão no centro das atenções.
Segundo ele, os principais desafios atualmente dos países em desenvolvimento em relação ao enfrentamento das mudanças climáticas, promoção de uma transição verde justa e reconciliação do comércio com o desenvolvimento sustentável – ou, ainda, o uso do comércio como uma ferramenta para promover práticas produtivas mais sustentáveis – podem ser separados em três questões principais.
A primeira é que conflitos comerciais e unilateralismo estão causando o desmantelamento dos sistemas de comércio e investimento baseados em regras, com a Organização Mundial do Comércio (OMC) em seu núcleo. Isso prejudica principalmente os países menos desenvolvidos. A segunda questão é que os países em desenvolvimento frequentemente carecem de recursos adequados – financeiros, humanos, institucionais, tecnológicos – para projetar e implementar planos de transição sustentável a longo prazo. Por fim, a transição global em direção a um sistema mais multipolar está gerando uma série de tensões políticas, econômicas e sociais sobrepostas e em cascata. Combinada com a mudança climática e a transformação digital, a transição está contribuindo para o aumento da volatilidade e incerteza geopolítica.
Para o pesquisador, as recomendações para o G20 enfatizam o fortalecimento da OMC como o principal fórum para negociações multilaterais e a aplicação de regras, incluindo questões ambientais, garantindo a resolução de disputas e práticas comerciais justas. Elas pedem cooperação em comércio, meio ambiente e política climática, evitando a exportação de padrões regulatórios ou sanções. No comércio agrícola, é necessário equilibrar a expansão da produção com medidas contra a mudança climática, assegurando a segurança alimentar e protegendo o comércio de tensões geopolíticas. Além disso, propõem a reforma do Acordo sobre Subsídios da OMC para evitar distorções comerciais e criticam a proliferação de regulamentos ambientais que criam barreiras comerciais e favorecem práticas neo-protecionistas.
Fernando também sugere o desenvolvimento de instrumentos para apoiar os países menos desenvolvidos na construção de capacidade institucional para criar e implementar planos de transição liderados nacionalmente. Elas também destacam a importância de aumentar a cooperação Sul-Sul e Norte-Sul para facilitar a transferência de tecnologias existentes e o desenvolvimento de novas tecnologias de baixo custo, promovendo a industrialização verde em países em desenvolvimento de baixa renda e dependentes de commodities. Por fim, propõem a criação de mecanismos de financiamento baseados em subsídios e créditos concessionais, com critérios de alocação que priorizem países vulneráveis, de baixa renda, grupos desfavorecidos e pequenas empresas.
Dentre as prioridades do G20 Brasil estão o comércio e desenvolvimento sustentável, a maior presença de mulheres no comércio internacional, a inclusão do desenvolvimento sustentável em acordos de investimento e a reforma da OMC e o fortalecimento do sistema comercial multilateral. A presidência brasileira propõe que os membros do G20 trabalhem em direção a um entendimento comum sobre princípios-chave a respeito do comércio e do desenvolvimento sustentável, que sirvam como diretrizes para a elaboração e implementação de políticas nacionais com impacto no comércio internacional.
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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) realizou, nos dias 17 e 18 de setembro, um seminário que abordou temas como desenvolvimento regional, federalismo, governança metropolitana e desigualdades territoriais em tempos de crise climática. O evento integrou a agenda comemorativa pelos 60 anos de criação do instituto e reuniu especialistas, acadêmicos e autoridades governamentais para discutir os desafios e as oportunidades que moldam o futuro do país.
Na abertura das atividades, a presidenta do Ipea, Luciana Servo, destacou a necessidade de políticas públicas intencionais para enfrentar as desigualdades regionais. “O Estado é fundamental para a formação de políticas públicas, principalmente quando falamos de desigualdades. As desigualdades territoriais precisam de políticas focadas e intencionais para serem movidas estruturalmente”, afirmou. Ela alertou que, sem esse foco, as políticas correm o risco de permitir retrocessos, como os observados na implementação da Agenda 2030.
Mauro Borges Lemos, assessor da Presidência da Caixa Econômica Federal, sublinhou a importância da concentração regional da indústria brasileira, destacando que a centralização em algumas regiões-chave é fundamental para impulsionar o desenvolvimento econômico. Ele frisou o papel do Ipea na análise territorial e no desenvolvimento de metodologias de regionalização, fundamentais para compreender e fortalecer as áreas com maior potencial de crescimento. José Aldemir Freire, diretor de planejamento do Banco do Nordeste do Brasil, seguiu destacando o crescimento promissor de regiões fora do eixo Sudeste, como o Centro-Oeste e o Nordeste, reforçando o potencial dessas áreas.
Na mesma linha, José Farias Filho, coordenador de planejamento territorial da Sudene, defendeu a ampliação do enfoque do desenvolvimento regional para incluir as regiões imediatas do IBGE – áreas próximas e interligadas aos centros regionais principais. Ele explicou que, ao expandir a análise para essas regiões, é possível identificar melhor oportunidades de desenvolvimento em áreas que, apesar de próximas a polos econômicos, ainda carecem de atenção. Virgínia de Ângelis Oliveira de Paula, secretária nacional de Planejamento do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), complementou, ressaltando a importância de uma visão territorial integrada para garantir uma gestão pública orientada por resultados.
Encerrando a mesa de abertura, Adriana Melo Alves, secretária nacional de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), reforçou a relevância de uma agenda territorial robusta para enfrentar as heterogeneidades estruturais de um país de dimensões continentais como o Brasil.
No primeiro painel, intitulado A Agenda Territorial Brasileira: Dinâmicas, Interações e Fricções Contemporâneas, a professora Tania Bacelar, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), trouxe à tona a complexidade interna do Brasil. “O Brasil é muito complexo, e entendê-lo em sua totalidade é o maior desafio para quem faz política pública. No momento atual, o país está pleno de crises, mas carregado de oportunidades”, afirmou. Ela elogiou o terceiro volume da série Desenvolvimento Regional no Brasil, que dialoga diretamente com os temas da agenda territorial.
Outro destaque do evento foi o lançamento da plataforma Infere (Investimentos Federais Regionalizados), que mapeia a distribuição dos investimentos federais no Brasil entre 2001 e 2020, detalhando os dados por estados e regiões. Apresentada durante o painel Políticas Públicas Territoriais na Agenda Governamental Atual: Atores e Instituições em Interação, a plataforma oferece uma visão mais precisa dos gastos federais, superando as limitações de sistemas como o Siafi. Desenvolvida pela Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Ipea, a Infere utiliza algoritmos avançados para reclassificar dados antes registrados como "não informados" ou "nacionais", melhorando a regionalização dessas informações.
Na sessão sobre Federalismo e Coordenação de Políticas, um rico debate se debruçou sobre o esforço do atual governo federal para restabelecer o diálogo federativo que havia sido interditado no governo anterior. O papel do Conselho da Federação e dos consórcios intermunicipais rendeu uma intensa discussão analítica. Vicente Trevas, especialista em relações federativas e presidente do Instituto Sul-americano para a Cooperação e Gestão Estratégica de Políticas Públicas, um dos convidados, comentou que “um dos grandes desafios e uma das grandes tarefas do Conselho da Federação é o de criar condições políticas para o surgimento de consensos sobre os rumos do desenvolvimento nacional de longo prazo”.
No segundo dia do evento, a sessão O Nó da Governança Metropolitana em Tempos de Emergência Climática destacou a urgência de ações coordenadas para enfrentar a crise climática global. Carlos Nobre, pesquisador colaborador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP), alertou para o agravamento do aquecimento global. “Pela primeira vez desde o período interglacial, atingimos a temperatura de 1,5 grau acima do início do aquecimento global. O mês de agosto deste ano foi o mais quente já registrado, e setembro continua nesse ritmo”, afirmou. Nobre destacou os impactos catastróficos desse fenômeno, como o derretimento acelerado das calotas polares e o aumento do nível do mar entre 6 e 10 metros, que terão impactos tremendos sobre as grandes cidades costeiras brasileiras, ressaltando a necessidade urgente de políticas públicas voltadas para a mitigação da crise climática.
A quarta e última sessão, Uma Agenda de Pesquisa para Políticas Territoriais: Consensos e Dissensos no Debate Atual, foi coordenada por Aristides Monteiro, diretor da Dirur. Ele fez uma síntese dos principais pontos discutidos ao longo dos dois dias, reforçando a importância da reflexão intelectual para o desenvolvimento de uma agenda de pesquisa sólida. “O momento atual, marcado por incertezas e múltiplas crises, exige uma profunda reflexão sobre os temas essenciais que devem compor essa agenda, que pode, por sua vez, se transformar em um importante suporte para a formulação de políticas públicas governamentais. O território é dimensão constitutiva da vida humana, logo, precisa ter centralidade na análise de tais políticas”, concluiu.
Confira os slides apresentados no seminário:
A Nova Política Nacional de Desenvolvimento Regional – mudanças estruturais em tempos de crise - Adriana Melo
Políticas Públicas Territoriais na Agenda Governamental Atual: atores e instituições em interação - Aristides
Monitoramento e Avaliação da Política Regional e Novos Instrumentos - Bruno Cruz
Novas Dinâmicas Regionais e o Papel Recente das Cidades Médias - Diana Mota
Conselho da Federação – diálogo que constrói -Elaine Lício
Arranjos Federativos: o que podem os consórcios regionais e municipais? - Joanni
Arranjos Federativos: o que podem os consórcios regionais e municipais? - Paula Losada
Consórcio Brasil Central - José Eduardo
O Nó da Governança Metropolitana em Tempos de Emergência Climática - José Pólice
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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou nesta terça-feira (17) a plataforma Infere (Investimentos Federais Regionalizados), que mapeia a distribuição dos investimentos federais no Brasil, abrangendo os estados e regiões com base nos orçamentos Fiscal e da Seguridade Social entre 2001 e 2020. O lançamento ocorreu durante o painel no Seminário Políticas Públicas Territoriais na Agenda Governamental Atual: Atores e Instituições em Interação, evento que faz parte das comemorações dos 60 anos do Ipea.
O objetivo principal do projeto é proporcionar uma visão mais precisa e detalhada dos gastos federais com investimentos, superando as limitações dos sistemas tradicionais, como Sistema Integrado da Administração Financeira (Siafi) e nos sistemas que o usam como base, como o Sistema Integrado de Dados Orçamentários (Sidor) e SIGA Brasil do Senado Federal. A plataforma utiliza uma metodologia de algoritmos desenvolvidos pela Diretoria de Estudos Regionais, Urbanos e Ambientais (Dirur) do Ipea para aprimorar a regionalização dos dados, reclassificando informações que antes apareciam como "não informadas" ou "nacionais", utilizando dados adicionais do Siafi.
A iniciativa oferece dois produtos principais para a sociedade: um painel com foco na localização dos investimentos, como obras, ou na destinação geográfica de máquinas e equipamentos adquiridos pelo Governo Federal. Além disso, um visualizador de dados, que organiza os dados e facilita a interpretação por meio de mapas, gráficos e tabelas.
Nelson Fernando Zackseski, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, comentou sobre a importância do projeto. “Este projeto foi originalmente solicitado pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, uma demanda antiga, e existe um trabalho por traz do painel que é melhorar a informação regional do está presente no Siafi. Simplificando, quem navegar pelos dados poderá observar onde está a gasto com a obra, equipamento ou máquina e também o conjunto do investimento nos estados e regiões pelos campos que são comparáveis ao longo do período”, disse ele.
Por meio dessa plataforma, o Ipea busca avançar na estimativa da Formação Bruta de Capital Fixo dos estados brasileiros, um indicador essencial para a elaboração de modelos de simulação macroeconômica. As publicações do instituto dão embasamento a temática e estão disponíveis para consulta: a Nota Técnica sobre o investimento federal regionalizado em 2020 e Gastos públicos federais regionalizados: exercícios de comparação temporal 1995-1998 e 2002.
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Helio Montferre/Ipea
O impacto da transição digital sobre o desenvolvimento socioeconômico e ambiental sustentável é o foco do livro "Do Paradoxo das Habilidades à Superinteligência Pós-Humana: Como a Tecnologia da Informação e Comunicação Vem Forjando o Futuro da Relação Homem-Máquina", publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A temática compõe o quarto volume da série Nova Geração de Infraestruturas (NGI), organizado por Rosane Lourenço, especialista em políticas públicas e gestão governamental no Ipea. A série reavalia alguns dos principais setores de infraestrutura (transportes, saneamento, energia e comunicações) à luz dos avanços tecnológicos.
A motivação de Rosane Lourenço para organizar o livro dedicado às TICs surgiu do atual momento de profundas transformações tecnológicas e tem como objetivo proporcionar uma visão clara e abrangente aos tomadores de decisões, em um contexto de debates coletivos que afetam grandes contingentes populacionais. Segundo Rosane, "poucas tecnologias se aproximam do potencial de contribuição e renovação das TICs, especialmente em tempos de complexidade crescente, como o presente e o futuro que se aproxima", destacou.
O livro é dividido em três partes: Vertente político-institucional, Conciliação homem-máquina e Convergência das tecnologias emergentes. Na primeira parte, intitulada “Entrelaçamento das tecnologias da informação e comunicação à economia e às políticas públicas”, analisa os caminhos percorridos por diferentes países para desenvolver as TICs. Os capítulos oferecem uma perspectiva do quadro internacional sobretudo nos Estados Unidos, Sudeste Asiático e União Europeia, assim como aprofunda os desafios relacionados ao Brasil.
A segunda parte, intitulada “Conciliação homem-máquina”, foca a automação e seus impactos sobre o mercado de trabalho. Lourenço examina como a tecnologia de inteligência artificial está determinando novas dinâmicas sociais, que resultam em deslocamento de trabalhadores e criação de profissões. O capítulo expõe algumas das soluções propostas para enfrentar esses desafios de médio e longo prazo. "A perspectiva precisa ser otimista, uma vez que haja capacidade de entendimento da complexidade envolvida, as soluções podem ser vislumbradas e planos implementados", afirmou a autora, referindo-se ao impacto das TICs no mercado de trabalho nos próximos 10 anos. Ela observa que o aumento da precarização das condições de trabalho tem sido discutido em todo o mundo, ressaltando a necessidade de antecipação de medidas bem fundamentadas para enfrentar as mudanças.
A terceira e última parte referente a “Convergência das tecnologias emergentes”, detalha inovações tecnológicas e tendências futuras, com ênfase em hardware e software. Desde microprocessadores de última geração (Chips-IA) até a computação quântica, o livro oferece um panorama dos campos na vanguarda do conhecimento e da inovação tecnológica, evidenciando as oportunidades e os riscos associados. Lourenço cita a exploração do espaço como exemplo: "A surpreendente corrida espacial, que leva muitos países a imaginar a colonização de outros planetas do sistema solar, reflete a ousadia inerente ao ser humano". Para ela, esse tipo de iniciativa orientado por missão cria objetivos e metas a serem alcançados e gera progresso tecnológico em benefício da civilização e das espécies que habitam a Terra.
Por fim, o livro traz uma reflexão sobre a necessidade de equilibrar o avanço tecnológico e a preservação dos valores humanos. "Os regimes democráticos preconizam que o direcionamento político das nações seja guiado pela escolha de suas populações. Para que essa determinação não se torne uma condenação, é necessário colocar a capacitação do ser humano em primeiro plano", enfatizou a autora. Rosane Lourenço também realça a importância de políticas públicas que promovam a inclusão digital e a educação tecnológica, garantindo que todos possam acompanhar e se beneficiar das mudanças trazidas pela revolução tecnológica.
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Créditos: Jonas Oliveira
O estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela a importância da produção de soja para a economia brasileira. O texto para discussão, intitulado “A cadeia produtiva de soja e o desenvolvimento econômico e regional no Brasil”, mostra que a soja é fundamental para o desenvolvimento econômico do país, integrando uma cadeia produtiva complexa que vai desde a produção primária até a transformação industrial e a produção de carnes. O Brasil se destaca tanto na exportação quanto no consumo interno desse grão.
A publicação desmistifica a crença de que a produção de soja gera baixo valor agregado, evidenciando sua relevância em diversas cadeias produtivas que geram riqueza, empregos e desenvolvimento econômico. José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho, técnico de planejamento e pesquisa e autor do estudo, explica que a soja é um insumo estratégico em várias cadeias produtivas, como na produção de farelo, farinhas, óleos vegetais, lecitina e biodiesel. A lecitina, por exemplo, é amplamente utilizada na indústria alimentícia como emulsificante, essencial na produção de pães, biscoitos e chocolates. Além disso, parte da soja consumida internamente é transformada em ração animal. “Se o país é capaz de produzir insumo estratégico a baixo custo, a competitividade da economia doméstica nestes setores se eleva”, aponta o pesquisador.
Outro ponto abordado é o impacto positivo da produção de soja no desenvolvimento local. O autor esclarece que a dinâmica produtiva do setor atrai população e trabalho especializado, além de incorporar ciência e tecnologia, o que impulsiona o desenvolvimento regional.
O estudo também refuta a ideia de que o aumento das exportações de soja compromete a segurança alimentar do país. Segundo o TD, o consumo per capita de produtos derivados da soja, como leite, lecitina, ração, carnes e óleos, aumentou ao longo do tempo, mesmo com o crescimento das exportações. O Brasil, maior exportador líquido de soja do mundo, contribui para a redução da fome, tanto no território nacional, quanto em regiões importadoras de alimentos. A análise das cadeias produtivas que utilizam a soja como insumo estratégico mostra uma melhoria contínua nos indicadores de produção e exportação.
“Debatemos três crenças comuns que estão presentes no contexto do agronegócio brasileiro. A primeira é acreditar que a soja gera baixo valor agregado. A segunda é associar a sua produção com reduzido desenvolvimento local. E a terceira, e última, reside na crença das pessoas em achar que o aumento das exportações prejudica a oferta interna de alimentos. O nosso estudo mostra o contrário: a produção de soja é um caso de sucesso em termos de gerar renda, desenvolvimento e segurança alimentar”, destaca o autor do estudo.
O estudo também relembra que, inicialmente, havia dúvidas sobre a viabilidade da produção no Cerrado. No entanto, a tropicalização dos cultivos e a correção da acidez do solo provaram ser eficazes. A produção de soja cresceu de 1,9 milhões de toneladas em 1970 para 154 milhões de toneladas em 2022. O estudo destaca ainda a parceria estratégica Nipo-Brasileira, que envolveu programas de cooperação técnica e financeira para fomentar a agricultura no Cerrado. Diferente de outras parcerias, essa colaboração incluiu transferência de recursos financeiros, mobilidade de pesquisadores e construção de infraestrutura de pesquisa, com objetivos comuns definidos.
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Um evento que começou na segunda-feira (16) e termina nesta quarta-feira (18), no Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), em Brasília, está celebrando o primeiro aniversário de implantação do programa Integridade Planejada. O programa reúne um conjunto de condutas que protegem a credibilidade estatal e reafirma o interesse público como fundamento para a realização das atividades na gestão pública. Foi criado pelo MPO, abrangendo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Durante a cerimônia de abertura, na segunda-feira, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, destacou a relevância da iniciativa e o papel crucial do servidor público no processo de integridade. “Cada um de vocês (servidores) contribui para melhorar a qualidade de vida das pessoas, para diminuir a desigualdade social. (...) Por isso, vale a pena ser servidor no Brasil, vale a pena servir, ser correto, respeitar as pessoas, estar do lado certo da história, acreditar na potência deste Brasil e, juntos, todos nós, que temos servido, ano que vem e nos outros, viremos aqui para comemorar outras vitórias”, afirmou Tebet.
A ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, ressaltou o decreto, assinado na semana passada, que amplia os direitos para os agentes públicos terceirizados. “Foi uma parceria com o Ministério do Trabalho. É importante lembrar que, em se tratando de integridade, temos de incluir todos os colaboradores do ministério, servidores e também nossos terceirizados. Foi um trabalho de muito afinco de nossa equipe para tornar o trabalho mais reconhecido, mais valorizado, porque são profissionais essenciais para o nosso dia a dia”, disse a ministra.
A presidenta do Ipea, Luciana Mendes Santos Servo, destacou avanços na perspectiva de atendimento aos preceitos do programa, como a formalização de ações de combate ao assédio, no âmbito do instituto. “O combate e todo o processo de prevenção ao assédio são fundamentais dentro da instituição. Estamos em constante diálogo com o Ministério do Planejamento, com as unidades, realizando orientações e capacitações, e apresentando as unidades de apoio e governança aos nossos servidores e colaboradores”, destacou Servo.
Segundo a presidenta do Ipea, discutir a integridade no setor público é também discutir o futuro do país e a relevância da administração pública: “Buscamos, mais do que nunca, a consolidação de uma administração que seja efetiva, eficiente de fato, voltada para os cidadãos. Esse é o papel do servidor público, do Estado. É fundamental, quando a gente fala de integridade, que se avance nesse conceito, para além da corrupção. A integridade é muito mais que o combate à corrupção, envolve entregar os resultados esperados para a população de forma adequada, imparcial e eficiente”.
Já o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, chamou a atenção para realidades do setor público que implicam desafios à integridade, como a “alteração da trajetória do regime jurídico único do servidor público”. “Quando você não faz mais concurso para atividades-meio, o que vamos ter é um movimento crescente de privatização do Estado. Funções estratégicas, como funções de uma Secretaria da Presidência, são feitas por pessoas selecionadas no setor privado. (...) Então, tem um problema de privatização do Estado. E qual integridade vamos fazer numa realidade como essa?”, afirmou.
Também participaram da abertura do evento o secretário-executivo do MPO, Gustavo Guimarães, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Marques, a secretária de Integridade Pública da CGU, Izabela Correa, e a presidenta do Subcomitê de Gestão de Riscos, Transparência, Controle e Integridade (SRTCI), Patrícia Alvares.
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No dia 17 de setembro, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) comemorou 60 anos. Ao longo de sua trajetória, o instituto se consolidou como uma referência em pesquisas e análises voltadas ao desenvolvimento do Brasil. Em 17 de setembro de 1964, a Portaria nº 81 foi publicada no Diário Oficial da União, assinada pelo então ministro do Planejamento e Coordenação Econômica, Roberto Campos, criando o Escritório de Pesquisa Econômica Aplicada (Epea), que se transformaria em Ipea três anos depois.
Para marcar essa data, o Ipea vem promovendo uma série de eventos que reafirmam seu compromisso com uma melhor compreensão dos desafios econômicos, sociais e ambientais do país e contribuem para a formulação de políticas públicas mais eficazes. As comemorações do aniversário começaram em junho, com o primeiro evento referente aos 60 anos: o seminário Crime, Violências, Território e Estado no Brasil , no qual foram lançados a edição 36 do Boletim de Análise Político-Institucional (Bapi) e o livro Dinâmicas da Violência e da Criminalidade na Região Norte do Brasil.
O evento Diálogos sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), realizado em julho pelo Ipea, marcou o lançamento dos Cadernos ODS, uma série de estudos que traçam diagnósticos e desafios para alcançar medidas de crescimento sustentável até 2030. Em agosto, o seminário Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça divulgou o lançamento da nova plataforma em agosto, reunindo mais de 300 indicadores de gênero e raça em blocos temáticos, com dados desagregados por Unidade da Federação, sexo e raça/cor, e uma seção de Estudos e Pesquisas do Ipea, com quase 600 publicações sobre gênero e raça no Brasil.
Além disso, houve o lançamento da turma do Mestrado Profissional do Ipea exclusiva para servidores do Ministério do Planejamento e Orçamento. No início de setembro, especialistas se reuniram em um seminário na sede do Ipea para debater o empoderamento econômico da população afrodescendente. O evento paralelo do G20 Brasil discutiu o papel fundamental de bancos e organizações financeiras no fomento à inclusão econômica da população afrodescendente.
Neste ano em que completa seis décadas de existência, o Ipea tem promovido e participado de uma série de eventos do G20 Brasil, em especial do Think 20 (T20), coordenado pelo instituto, em parceria com a Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) e o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). Outro motivo de orgulho foi a realização, em fevereiro, do concurso para contratação de 80 novos servidores – após quase 16 anos sem seleção.
Estão previstos para os próximos meses eventos com foco na agenda territorial, o papel da conjuntura, o uso de evidências para informar políticas públicas, a agenda ambiental, a agenda internacional e a celebração de parceiras, entre elas os 50 anos da cooperação entre o Ipea e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
Créditos: Freepik
O estudo "A Liderança Negra nos Grupos de Pesquisa no Brasil: Um Panorama Regional de 2000 a 2023", parte da coletânea do Boletim Radar divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revela um aumento na participação de negros (pretos e pardos) na liderança dos grupos de pesquisa no Brasil. Os resultados preliminares mostram que, em 2000, havia 1.485 líderes negros e negras, enquanto, em 2023, esse número alcançou 14,9 mil. As regiões Sudeste e Nordeste concentravam, em 2023, o maior número absoluto de lideranças negras, correspondendo a 24,7% e 45,5% dos líderes negros no Brasil, respectivamente, o que totaliza 10,4 mil líderes nessas duas regiões.
Os dados indicam que, ao longo dos anos, a região Sudeste continua liderando em número de líderes de grupos de pesquisa, independentemente da cor/raça, embora sua participação percentual em relação ao total nacional tenha diminuído. Em contraste, as regiões Nordeste e Norte têm registrado um aumento tanto absoluto quanto proporcional de líderes. No entanto, o Norte permanece como a região com o menor número absoluto e relativo de líderes.
Apesar do aumento na liderança negra em todas as regiões, esses percentuais ainda são inferiores à representação negra na população brasileira. Na região Centro-Oeste, entre 2000 e 2023, a participação de homens negros na liderança dos grupos de pesquisa passou de 6,0% para 13,7%, enquanto a de mulheres negras foi de 4,2% para 10,5%. Na região Nordeste, a representação de líderes homens negros aumentou de 12,9% para 19,6%, e a de líderes mulheres negras, de 9,4% para 18,1%.
Na região Norte, a tendência foi semelhante, com um crescimento na participação de líderes negros do sexo masculino, de 21,3% para 24,9%, e de líderes negras do sexo feminino, de 9,4% para 19,4%. No Sudeste, em 2000, os homens negros ocupavam apenas 2,8% das posições de liderança, enquanto as mulheres negras representavam 1,7%; em 2023, esses percentuais subiram para 8,1% e 7,0%, respectivamente. Na região Sul, a representatividade era ainda menor, com apenas 1,8% dos líderes sendo negros, e as mulheres negras, 0,9% em 2000. Contudo, em 2023, essas proporções aumentaram para 4,7% e 3,2%, respectivamente.
A pesquisa, conduzida por Túlio Chiarini, analista em ciência e tecnologia no Centro de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade do Ipea, em parceria com Carla Pereira Silva, professora do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), e os pesquisadores bolsistas do Ipea, Larissa Pereira e Vitor Marinho, oferece um panorama da participação de negros na liderança científica ao longo de mais de duas décadas.
Para Chiarini, a discrepância entre a presença de pessoas negras nos grupos de pesquisa e sua participação na liderança é marcante. "Embora o percentual de grupos de pesquisa com pelo menos um membro negro tenha alcançado 89,6% em 2023, o percentual de grupos com pelo menos um líder negro é de apenas 28,1%. Isso revela que, apesar de haver um avanço na inclusão de pesquisadores negros, ainda há um longo caminho a percorrer para garantir a equidade na liderança", disse.
Outro dado alarmante levantado por Chiarini é o percentual de mulheres negras na liderança de grupos de pesquisa. "Mesmo com o aumento de mulheres negras na liderança dos grupos, esse número ainda é de apenas 10,4% em 2023. A interseccionalidade entre raça e gênero mostra que a dupla desvantagem enfrentada por mulheres negras é um desafio persistente na comunidade científica e que requer atenção específica", afirma. Chiarini ainda menciona que essa agenda de pesquisa continuará e trará análises com outros recortes, como por grande área do conhecimento.
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A 38ª edição do Boletim de Economia e Política Internacional (Bepi), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), publicada nesta quinta-feira (12) traz em destaque temas como política externa brasileira, acordos comerciais e integração regional, tributação de empresas transnacionais e investimentos estrangeiros em transição energética. A publicação amplia o debate sobre políticas públicas com interface internacional e, de forma mais ampla, contribui para o fortalecimento da inserção do Brasil no cenário global.
André Pineli, editor do Bepi e técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, destaca a importância dos artigos desta edição para a compreensão das dinâmicas atuais e para a formulação de políticas públicas mais eficazes. “Convergir a legislação brasileira ao estado da arte em matérias como tributação de empresas transnacionais e coerência regulatória é importante para ampliar a integração do país às cadeias globais de valor, o que, em última instância, contribui para elevar o potencial de crescimento de nossa economia”, disse.
O primeiro artigo, intitulado “Breve Panorama dos Desafios Atinentes à Compatibilização das Normas Tributárias Brasileiras às Normas da OCDE”, aborda os desafios que o Brasil enfrenta para se tornar um membro pleno da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), especialmente no que se refere à legislação tributária. O texto, elaborado por Alexandre Evaristo Pinto, compara as normas brasileiras com os padrões da OCDE e identifica as incompatibilidades entre os dois modelos. Conclui-se que existem diferenças significativas que precisam ser resolvidas para alcançar a adesão plena.
O artigo, “As Dinâmicas de Transição Energética no Brasil e na Argentina: Potencialidades, Limites e o Papel da China”, assinado por Marco Aurélio Alves de Mendonça, Carlos Renato Ungaretti e Ticiana Gabrielle Amaral Nunes, identifica os investimentos e financiamentos chineses para a descarbonização das economias do Brasil e da Argentina. O estudo examina as potencialidades e limitações desses investimentos, além de verificar semelhanças e diferenças nos modos de atuação de empresas e instituições chinesas em cada país.
O terceiro artigo, “Disciplinando Boas Práticas e Coerência Regulatória em Acordos Comerciais e de Integração Regional: Uma Comparação do CPTPP com o Mercosul”, de Marcus Maurer de Salles e Marina Amaral Egydio de Carvalho, analisa a importância da coerência regulatória no comércio internacional e na integração regional. O estudo compara como esse tema é abordado em diferentes acordos comerciais, como o Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP) e os acordos do Mercado Comum do Sul (Mercosul), incluindo o acordo com o Chile.
Por fim, o artigo “Política Externa Brasileira para o Oriente Médio, para o Mundo Árabe e para o Mundo Muçulmano”, de Salem Nasser, discute o papel que o Brasil pretende desempenhar no cenário global. O autor argumenta que, em meio às profundas mudanças atuais, o país tem a chance de reavaliar seu papel no sistema internacional. Contudo, para se afirmar como um ator global relevante, o Brasil deve superar seu déficit de conhecimento sobre o mundo exterior, especialmente investindo na compreensão e aproximação com regiões ainda pouco exploradas, como o Oriente Médio, o mundo árabe e o mundo muçulmano.
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Helio Montferre/Ipea
A inflação desacelerou para todas as faixas de renda em agosto, na comparação com julho. Para as famílias de renda muito baixa, a taxa recuou de 0,09% para -0,19% no mês passado. Já para as famílias de renda alta, que registraram alta de 0,80% em julho, o resultado de agosto ficou em 0,13%. Os dados compõem o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, divulgado nesta quinta-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
Com os dados de agosto incorporados, todas as classes de renda apresentaram desaceleração da sua curva de inflação acumulada em doze meses. As famílias de renda muito baixa tiveram a menor taxa de inflação acumulada nesse período (3,72%), enquanto a faixa de renda alta registrou a taxa mais elevada (4,97%), conforme a tabela abaixo:
Os grupos “alimentos e bebidas” e “habitação” foram os principais pontos de descompressão inflacionária para praticamente todos os estratos de renda. As deflações registradas em segmentos importantes, como cereais (-1,3%), tubérculos (-16,3%), hortaliças (-4,5%), aves e ovos (-0,59%), leites e derivados (-0,05%) e panificados (-0,11%), causaram um forte alívio inflacionário, sobretudo para as famílias de menor poder aquisitivo, dada a parcela proporcionalmente maior do seu orçamento gasta com a compra desses bens. Em relação à “habitação”, a queda de 2,8% nos preços de energia elétrica – refletindo o retorno da bandeira tarifária verde e das reduções tarifárias em algumas capitais – contribuiu para reduzir a inflação em agosto.
No caso das famílias de renda alta, mesmo com a deflação dos alimentos, da energia, e a queda expressiva de 4,9% nos preços de passagens aéreas, o reajuste de 0,76% das mensalidades escolares fez com que o grupo “educação” exercesse uma forte contribuição para a inflação dessa classe. O aumento dos planos de saúde (0,61%), dos serviços médicos e dentários (0,72%) e das despesas pessoais (0,25%) também ajuda a explicar esse quadro de pressão inflacionária nos segmentos de renda mais elevada, em agosto.
Na comparação com agosto de 2023, houve desaceleração da inflação corrente para todas as classes de renda, em especial para os segmentos de rendas mais baixas: as taxas de 0,13%, 0,18% e 0,23% observadas, nas três primeiras faixas, em agosto do ano anterior, contrastam fortemente com as respectivas deflações de 0,19%, 0,12% e 0,08% no mês passado.
A desaceleração da inflação corrente em relação ao registrado em agosto do ano passado é explicada, em grande parte, pela melhora no desempenho dos grupos “habitação” e “saúde e cuidados pessoais”. No primeiro caso, a alta no preço da energia elétrica em 2023 (4,6%) ficou bem acima da queda apontada em 2024 (2,8%). Já para o grupo “saúde e cuidados pessoais”, o alívio inflacionário em agosto deste ano veio da deflação de 0,18% dos artigos de higiene, que contrasta com os reajustes de 0,81%, em agosto de 2023.
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