Comunicado da Presidência do Ipea também apresenta o desempenho dos estados
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| Foto: Sidney Murrieta |
A produtividade no setor público brasileiro evoluiu mais que a produtividade no setor privado entre 1995 e 2006. A conclusão está no Comunicado da Presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado na manhã desta quarta-feira, dia 19, em Brasília. O estudo, intitulado Produtividade na Administração Pública Brasileira: Trajetória Recente, mostra que, naquele período, a produtividade na administração pública aumentou 14,7%, enquanto no setor privado a evolução foi de 13,5%.
A medida nacional de produtividade anual na administração pública utilizada pelo Comunicado da Presidência nº 27 se baseia no valor agregado definido pelas contas nacionais e a força de trabalho ocupada de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) - ou seja, parte de informações oficiais produzidas pelo IBGE. O estudo foi apresentado pelo presidente do Ipea, Marcio Pochmann.
O comunicado revela que, ao longo do recente período de estabilidade monetária no Brasil, com o Plano Real, "a produtividade da administração pública manteve-se superior à do setor privado". Em 2006, por exemplo, a produtividade no setor público foi 46,6% superior à do setor privado. A apresentação trouxe, ainda, comparações entre estados e entre as administrações públicas federal, estaduais e municipais.
Do ponto de vista regional, o Nordeste e o Centro-Oeste tiveram crescimento positivo e substancial da produtividade na administração pública entre 1995 e 2004. As demais regiões não apresentaram melhoria nesse indicador. Já entre as unidades federativas, Roraima obteve o melhor desempenho no mesmo período, seguido pelo Distrito Federal. Seis estados tiveram redução nos ganhos de produtividade, sendo que o pior cenário foi registrado no Pará.
"Constata-se que, de 1995 para cá, a produtividade na administração pública não se descolou daquela do setor privado. As duas evoluem na mesma dimensão e registram ganhos, embora baixos", resumiu Pochmann. Entre os fatores que ele apontou como justificadores desse crescimento da produtividade no setor público estão o aproveitamento de novas tecnologias da informação, a participação social no acompanhamento de políticas públicas, e a modernização do setor por meio de concursos e cursos de qualificação.
O presidente do Ipea lembrou ainda que as administrações estaduais que adotaram medidas de choque de gestão não constam entre aquelas com melhor desempenho na produtividade. "Ou tiveram ganho muito baixo, ou ficaram abaixo da média de 1995 a 2006", afirmou, ressalvando que essa comparação não era objetivo do estudo, mas foi uma das conclusões observadas. O evento teve transmissão ao vivo pelo site do Instituto. Jornalistas pré-cadastrados pelo coletiva@ipea.gov.br puderam enviar perguntas pelo mesmo endereço.
China visa tornar o yuan moeda-reserva internacional
A estratégia, discutida no Ipea, começou com uma atuação regional
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| Foto: Sidney Murrieta |
A China já atua para transformar sua moeda, o yuan, em uma moeda-reserva internacional, aproveitando o bom desempenho de sua economia mesmo durante a crise global. O assunto foi abordado pelos técnicos de Planejamento e Pesquisa do Ipea Marcos Antonio Cintra e André Rego Viana, durante o seminário Impactos da Crise sobre os Fluxos de Comércio Brasileiros, realizado nesta segunda-feira, dia 17, às 14h30, na sede do Instituto em Brasília (SBS, Qd. 1, Bl. J, Ed. BNDES, 16º andar).
"Eles vão tentar construir o yuan como moeda-reserva internacional. A China é um país que se industrializou na moeda dos outros, exportando e acumulando reservas em dólar, mas eles sabem que, para disputar a hegemonia internacional, precisam de uma moeda. Então, vão construir esse processo, que já está em fase de criação", afirmou Cintra, ressaltando que a estratégia passa, primeiro, por uma atuação regional.
Viana revelou que, em questão de poucos meses, foram pouco mais de US$ 100 bilhões em swap de moedas realizados pela China em nações vizinhas e próximas. "A pergunta que surge é: isso é um movimento de defesa ou eles vieram disputar a hegemonia monetária?", questionou. O técnico lembrou que, iniciada a crise, os chineses ensaiaram uma manobra para ressuscitar a proposta keynesiana, mas, depois, começaram a agir no sentido de tornar o yuan uma moeda internacional.
Na palestra anterior, Marta Castilho (foto), professora da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), detalhou a relevância das importações chinesas na nova configuração da pauta de exportações do Brasil. "Existe uma mudança setorial e geográfica nas exportações (brasileiras) que pode transformar o perfil delas", disse Castilho.
A professora lembrou que, neste ano, ainda em meio à crise, os produtos não industriais ganharam peso na pauta de exportações do Brasil. São principalmente esses produtos básicos que o país vende para a China - os três primeiros da lista são soja em grãos, minério de ferro e pastas químicas de madeira. Por sua vez, mercados que consomem mais produtos manufaturados brasileiros, como Estados Unidos e Argentina, viram o comércio bilateral cair muito.
Outro palestrante foi João Luis Rossi, coordenador de Negociações de Acordos Comerciais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Ele destacou o fato de a China ter saltado de terceiro destino das exportações brasileiras em 2008 para o primeiro lugar em 2009. Mas afirmou que os EUA devem retomar a posição de liderança nos próximos meses.
Ele detalhou a "Agenda China" do ministério, que pretende construir uma estratégia integrada pelo governo e pela iniciativa privada para melhorar as relações comerciais com os chineses. Segundo Rossi, as importações da China são boas "na medida em que 70% dos componentes e máquinas comprados pelo Brasil são utilizados na indústria nacional, e não correspondem a badulaques". O evento Impactos da Crise sobre os Fluxos de Comércio Brasileiros foi organizado por Luciana Acyoli, coordenadora de Estudos das Relações Internacionais e do Desenvolvimento (Cerid) do Ipea.
Índice calculado pelo Ipea permanece na zona de instabilidade, mas subiu mais de cinco pontos entre abril e maio
O Índice de Qualidade do Desenvolvimento (IQD) referente a maio teve evolução positiva, o que comprova a trajetória de melhoria observada desde março. Embora ainda permaneça na zona de instabilidade, o índice calculado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) subiu mais de cinco pontos entre abril e maio, chegando a 232,52. Para o país atingir uma qualidade de desenvolvimento considerada "boa", é preciso passar dos 300 pontos.
Dentre os três subíndices que compõem o IQD, o que mais colaborou para o desempenho observado em maio foi o Índice de Qualidade do Bem-Estar (305 pontos). Esse bom resultado se explica pela queda de 1,1% no desemprego, ao aumento em 0,5% do número de pessoas com rendimento superior a R$ 1.660,00, e à diminuição em 1,1% do Índice de Gini (usado para mensurar a desigualdade social).
Já o Índice de Qualidade do Crescimento, que em abril havia registrado 200,92, evoluiu no mês seguinte para 201,59. O terceiro subíndice, o de Qualidade da Inserção Externa, passou da classificação "ruim" para a "instável" ? de 195,95 pontos em abril para 202,70 em maio. Essa melhoria, de acordo com o boletim, é justificada pela evolução nas reservas internacionais e a variação dessazonalizada de -1,2% na renda líquida enviada ao exterior.
Embora ainda esteja longe do patamar alcançado em novembro de 2007, antes da crise internacional (334,20 pontos), o IQD dá demonstrações claras de que as condições de desenvolvimento reagem à turbulência econômica nos países ricos. O índice é calculado todos os meses, e as fontes utilizadas para sua elaboração foram o IBGE, o Banco Central, a FGV, o Inpe e o próprio Ipea.
Leia o IQD referente ao mês de maio
Comunicado da Presidência analisa a propagação da crise nas cinco regiões do Brasil
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Comércio Exterior, Difusão Inter-Regional da Crise Internacional no Brasil e as Perspectivas foi o tema do 26º Comunicado da Presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado na quinta-feira, dia 13, em Brasília. No documento, a crise mundial foi analisada segundo os seus diferentes impactos nas regiões do Brasil. Liana Carleial, diretora de Estudos Regionais Urbanos (Dirur) do Instituto, iniciou a apresentação dizendo que "a crise se instalou inicialmente na região Sudeste e foi se disseminando pelas outras regiões do país".
No período de janeiro a julho de 2009 foi observada a diminuição das exportações brasileiras, sobretudo as de produtos industrializados, devido à crise que se iniciou nos Estados Unidos. Isso impactou, num primeiro momento, a região Sudeste do Brasil, afetando em cadeia as demais localidades. Rodrigo Pereira, coordenador de Estudos sobre a Crise, observou, no entanto, que regiões do país foram atingidas de forma diferenciada pela crise. "O nosso objetivo é investigar o padrão espacial da propagação da crise".
A queda na produção industrial do estado de São Paulo, por exemplo, foi maior do que a média nacional. Isso se deve à maior integração da região Sudeste com o resto do mundo. Segundo Pereira, "o impacto da crise que atingiu a região Sudeste afetou indiretamente as outras regiões". Isso explica as maiores taxas de queda na produção industrial em estados como Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. O Nordeste foi a região que menos sofreu com a queda na produção na região Sudeste, o que seria um sinal de menor integração.
Recuperação
Os dados de maio de 2009, última observação até a elaboração do estudo, apontam para uma recuperação da produção industrial no Brasil em todas as regiões. Para Marcelo Piancastelli, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea, nessa crise, o Brasil apresenta a maior resistência às diversidades vindas do exterior. "Iniciada a crise, tivemos redução no emprego e na renda, porém, o impacto sobre as classes menos favorecidas ou na renda foi menor, até porque a inflação continuou baixa", enfatizou. Para o técnico, o fato de as reservas internacionais não terem sido abaladas, a inflação estar sobre controle e a relação dívida/PIB manter-se estável são fatores extremamente favoráveis em relação às crises anteriores enfrentadas pelo Brasil.
Piancastelli disse ainda que o mercado interno aquecido, por meio de medidas anticíclicas e políticas sociais do governo, e a exportação de commodities, com o aumento das exportações para a China, foram responsáveis pelo menor impacto da crise internacional no país.
O Comunicado da Presidência nº 26 teve transmissão on-line pelo site www.ipea.gov.br, sendo acompanhado por jornalistas de todo o país.
Emprego reage aos poucos, mas massa salarial encolhe
Boletim de Mercado de Trabalho revela possível desaquecimento no consumo das famílias![]() |
O desempenho do mercado de trabalho no primeiro semestre de 2009, não foi satisfatório, mas ficou acima das expectativas no início da crise nas economias doméstica e internacional. As evoluções dos níveis de ocupação e rendimento são bem inferiores às registradas no mesmo período de 2008, revela o Boletim de Mercado de Trabalho nº 40, publicação da Diretoria de Estudos Sociais (Disoc) do Ipea.
Outros indicadores não reagiram tão mal, como foi o caso das taxas de desemprego e de informalidade. Além disso, no mês de junho registrou-se melhora em praticamente todos os indicadores, o que vem sendo interpretado por muitos analistas como uma possível evidência de que as maiores dificuldades já teriam ficado para trás.
A má notícia fica por conta dos rendimentos dos trabalhadores. Aqueles com pelo menos ensino médio completo experimentam a maior perda salarial (3,9%) e representam o grupo com maior participação na população ocupada (em torno de 57% no primeiro semestre de 2009).
O boletim chama a atenção para dois fatos com relação à massa salarial: ela sofreu uma queda contínua de janeiro a maio (aproximadamente 3%), e o nível que ela atingiu no segundo trimestre é inferior ao registrado no último trimestre de 2008. Segundo a publicação, esses são fatos preocupantes porque sugerem um possível desaquecimento do consumo das famílias, o que poderia dificultar uma possível recuperação da economia e do mercado de trabalho, ao menos no curto prazo. A intensidade dessa recuperação no segundo semestre de 2009 vai depender, portanto, da velocidade na retomada dos investimentos. O boletim traz ainda diversas notas técnicas. A primeira delas, de Marcelo Azevedo, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), apresenta o índice de medo do desemprego, elaborado e divulgado pela CNI. Essa estatística reflete as expectativas do comportamento do mercado de trabalho no curto e médio prazos.
A segunda nota trata do impacto da crise sobre as mulheres e conclui que elas foram mais afetadas na evolução do nível de ocupação. Carlos Henrique Corseuil, Rodrigo Dias, Miguel Foguel, e Daniel Santos, pesquisadores e bolsistas do Ipea, assinam a terceira nota, que discute o custo da perda de um emprego formal no Brasil.
Os autores usam episódios de demissões nos dados da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego (Rais/MTE), entre 2000 e 2006, para analisar tanto o tempo que o indivíduo leva para se reempregar no setor formal, como para comparar o salário de reemprego com aquele que vigorava no momento da demissão.
Os resultados apontam que 38% dos indivíduos não conseguem se reempregar no setor formal num prazo de até um ano, e que há uma perda salarial de aproximadamente 13% associada à demissão.
A proposta da última nota técnica é verificar em que nível se dá a contribuição do seguro-desemprego para atenuar os efeitos da crise no mercado de trabalho. Os autores Brunu Amorim e Roberto Gonzalez, também pesquisadores do Ipea, contrastam a cobertura e a taxa de reposição desse mecanismo com a duração do desemprego. Os resultados indicam que seguro-desemprego atua como mecanismo de estabilização eficaz, mas apenas por um período relativamente curto.
Leia o Boletim de Mercado de Trabalho nº 40
Presidente do Instituto de Sociologia da China afirma, no Ipea, que trabalhadores do interior são os mais satisfeitos com o governo
Os trabalhadores migrantes da China trabalham mais e ganham menos do que os trabalhadores urbanos, mas acreditam no crescimento econômico como oportunidade de progredir e beneficiar os melhores profissionais. Essa é uma das conclusões da pesquisa apresentada pelo sociólogo chinês Li Peilin durante o seminário "Migração de trabalhadores e transformação social na China", realizado nesta quinta-feira, dia 30, na sede do Ipea em Brasília.
Li Peilin atua nas áreas de pesquisa de organização de empresas, estratificação social, reforma institucional e desenvolvimento da China. Desde 1995, tem lançado várias publicações sobre as transformações socioeconômicas pelas quais o país asiático vem passando. Seu último trabalho, Nova sociologia chinesa, foi traduzido e publicado na França.
Segundo o sociólogo, os trabalhadores urbanos da China são beneficiados por uma legislação que lhes permite cumprir uma jornada de oito horas diárias e ainda ter garantias de aposentadoria. Embora ingressem no mercado informal, sem qualquer tipo de garantia, quando chegam às cidades os migrantes das zonas rurais não entram em qualquer desacordo com o governo, pois veem o crescimento econômico como o criador de oportunidades para melhorias individuais.
"Os migrantes são mais satisfeitos com o governo", disse Li. Sua pesquisa apontou que eles têm grande crença na força da economia e no sucesso individual. Para eles, disse o pesquisador, "é o progresso da economia que oferece oportunidades; se a pessoa não está em melhor posição, o problema é dela".
A pesquisa mostra que esses trabalhadores têm baixo nível educacional, perspectivas menores em relação ao futuro e carecem de senso de direito e participação política. No entanto, eles não se veem como uma classe mais baixa. Na interpretação dos dados apresentados, o sociólogo concluiu que os chineses acreditam em igualdade e melhoria de qualidade de vida para todos, mas que é mais fácil satisfazer os migrantes do que os trabalhadores urbanos, com maior nível educacional.
"Os migrantes têm senso maior de subordinação e são insensíveis aos conflitos de interesses dentro de grupos sociais", observou Li, doutor em sociologia pela Université de Paris - Sorbonne, presidente e pesquisador sênior do Instituto de Sociologia da China.
Ipea lança boletim Radar na Fiesp
Publicação analisa a participação das commodities na pauta de exportação brasileira e a retomada do emprego
A Diretoria de Estudos Setoriais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou nesta segunda-feira, dia 6, às 14h30, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a segunda edição do boletim Radar: Tecnologia, Produção e Comércio Exterior.
Com análises bimestrais de produção, tecnologia e comércio exterior, a segunda edição do Radar enfoca a crise e o padrão de especialização comercial brasileiro, destacando a relação das commodities na pauta de exportação brasileira, com os seguintes enfoques:
Participação percentual dos diferentes grupos de produtos, segundo intensidade tecnológica, na pauta de exportações brasileira (2004 a 2008); variação dos índices de preços e quantum das exportações, segundo intensidade tecnológica (2008); evolução dos índices de preços de exportação para grupos de produtos selecionados (commodities, baixa intensidade tecnológica e outros produtos) em 2008; variação dos índices de quantum das exportações, segundo intensidade tecnológica, nos últimos trimestres de 2008 e 2007 (em relação ao terceiro trimestre); e participação dos diferentes grupos de produtos na pauta de exportações brasileira: primeiros quadrimestres entre 2000 e 2009.
O Radar também traz uma análise sobre o mercado de trabalho brasileiro, sob o ponto de vista do aumento no emprego formal para trabalhadores celetistas, após um período de queda brusca no nível de empregados. Entre os enfoques estão: número de empregos criados nos últimos 12 meses; e o número de empregos criados por grau de instrução.
O terceiro artigo do Radar analisa a economia brasileira e seu preparo para o pós-crise, sob um ambiente competitivo no mercado internacional mais acirrado do que no período anterior à crise.
A publicação Radar foi apresentada à imprensa pelo diretor de Estudos Setoriais (Diset) do Ipea, Marcio Wohlers, e a diretora-adjunta e coordenadora de política industrial da Diset, Fernanda De Negri.
Nota técnica avalia políticas de incentivo à P&D e inovação
Análise é o primeiro resultado da parceria entre o Ipea e o Cedeplar/UFMG![]() |
A nota técnica Avaliação das políticas de incentivo à P&D e inovação tecnológica no Brasil, de autoria de João Alberto De Negri e Mauro Borges Lemos, é o primeiro resultado da parceria entre o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e ao Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar/UFMG). Ela analisa de que forma o País se enquadra em um contexto global em que nações consideradas líderes em Ciência e Tecnologia são também potências econômicas, e aquelas com forte crescimento econômico apresentam matrizes cada vez mais complexas.
Elaborada para subsidiar a reunião do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) de março de 2008, a nota da Diretoria de Estudos Setoriais (Diset) revela que as atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) nacionais têm uma agenda defasada, "ainda pouco estruturada e já fora de foco da disputa tecnológica". O texto ressalta, porém, os avanços realizados nos últimos anos, como o aumento de gastos com P&D induzidos pelos programas de incentivos fiscais - distribuídos por toda a base produtiva, mas regionalmente concentrados.
Os progressos na política brasileira de inovação tecnológica nas empresas ocorreram especialmente a partir de 2003, com incremento relevante dos recursos destinados ao sistema de C&T e a efetivação de novos instrumentos legais, como a Lei de Inovação e a Lei do Bem. No entanto, segundo a nota técnica, é preciso fazer muito mais, e a avaliação dos Fundos Setoriais será especialmente importante para melhorar a atuação do Estado no fomento à Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I).
Leia a nota técnica de julho
Debate no Rio discute representação jurídica das agências
Presidente do Cade, juristas e outras autoridades participaram da edição especial da Jornada de Estudos da Regulação, promovida pelo Ipea
A edição especial da Jornada de Estudos da Regulação - Judicialização e Independência, na quarta-feira, dia 29, lotou o auditório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no Rio de Janeiro. Participaram o presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Artur Badin, diversos juristas e dirigentes de agências de regulação, como a Agência Nacional de Petróleo (ANP), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), entre outras.
Na primeira mesa de debates, com o tema "A representação judical das agências e seus limites", além de Badin, estavam Alexandre Aragão, professor de direito administrativo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e procurador do estado do Rio de Janeiro, Celso Campilongo, professor das faculdades de direito da Universidade de São Paulo (USP) e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), além de Gustavo Binenbojm, professor adjunto de direito administrativo da Faculdade de Direito da Uerj.
As opiniões se polarizaram a favor ou contra as agências e o Cade se fazerem representar na Justiça pela Advogacia Geral da União (AGU), devido à Portaria 164/2009, publicada em fevereiro pela AGU. Com a portaria, contestações na Justiça sobre decisões das agências e do Cade não poderão ser realizadas por meio de suas próprias procuradorias jurídicas.
"O processo de reestruturação da AGU é bastante meritório e fortalece a defesa judicial de órgãos da administração indireta. A defesa desses órgãos é que está sendo centralizada na AGU. Isso fortalece a defesa na grande maioria dos casos. Agora, eu acho que em algumas hipóteses especiais, sobretudo nas agências reguladoras, no Cade e na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que são órgãos independentes, aqueles cujas decisões não podem ser revertidas pelo Poder Executivo, é importante que esses órgãos tenham representação judicial vinculada à AGU, mas guardando alguma independência em relação ao presidente da República", afirmou Badin.
A segunda mesa de debates, com o tema "O cotidiano judiciário e a representação das agências em um contexto de judicialização", contou com Furlei Martins Riccio de Oliveira, membro da AGU e professor da Ucam, Mauro Grinberg, presidente do Instituto Brasileiro de Estudos de Concorrência, Consumo e Comércio Internacional (Ibrac), Neide Malard, professora do mestrado em Direito do UniCEUB, e Sérgio Bruno, presidente do Conselho Deliberativo do Ibrac.
Presidente do Ipea afirma que o Brasil pode exercer liderança no mundo pós-crise e defende novo padrão civilizatório
O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, participou na quinta-feira, 6 de agosto, do Simpósio Internacional sobre Desenvolvimento Social, que termina dia 7 no Brasília Alvorada Hotel. Promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o evento conta com a presença de autoridades e pesquisadores brasileiros e internacionais que debatem o tema do encontro, "Políticas Sociais para o Desenvolvimento: Superar a Pobreza e Promover a Inclusão", e analisam, no contexto da crise econômica mundial, os modelos e políticas públicas colocadas em práticas em países da Europa, África, América Latina e Ásia.
Por meio da apresentação de seis painéis, o simpósio pretende avaliar os avanços e desafios encontrados pelos países emergentes na superação da pobreza e da desigualdade, além do papel que as nações vêm desempenhando para melhorar as condições de vida de suas populações.
Pochmann apresentou o painel "Promover o Desenvolvimento Social no Contexto da Crise: Desafios para o Estado e as Políticas Públicas". A mesa foi coordenada pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e era formada pelo presidente do Ipea, por Joan Subirats (da Universidade Autônoma de Barcelona, Espanha) e Fernando Filgueira (da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, Cepal).
O ministro destacou que é fundamental o peso das consequências da crise econômica não cair sobre os mais pobres. "Mesmo nesse contexto, é possível seguir o trabalho de redução de desigualdade e pobreza, como revelam os estudos do Ipea. Certamente sempre se pode fazer mais, melhorar as reflexões, e esta mesa apontará ideias."
Pochmann afirmou que o mundo pós-crise será muito diferente do mundo pré-crise. "Há uma mudança na hierarquia mundial, um deslocamento do centro de polaridade; e o Brasil pode ter a liderança em um programa de desenvolvimento que não seja a reprodução do passado".
Ele mencionou que o Brasil é a nona economia do mundo, mas poderia ser a terceira se tivesse mantido o ritmo de crescimento dos anos 1930. Destacou também o descompasso nos avanços econômicos que não foram acompanhados por avanços sociais. Mas, no contexto da crise, Pochmann lembrou que apesar da queda da produção e o aumento do desemprego, houve redução da pobreza e da desigualdade nas principais regiões metropolitanas. "É preciso repensar o sistema de proteção social para que não seja deslocado da esfera econômica e da sustentabilidade ambiental", acrescentou.
Segundo o presidente do Ipea, o desafio é construir um padrão civilizatório do século XXI. "Foram quatro séculos de transição da sociedade agrária para a urbana industrial. A mudança agora é da sociedade urbana industrial para a pós-industrial." A complexidade desse novo cenário, disse Pochmann, pede um mercado de trabalho com jornadas menores e gerando um produto imaterial, o conhecimento. "A riqueza imaterial é pouco contabilizada, sofre uma concentração em poucos grupos, uma riqueza que não está sendo nem tributada", disse Pochmann.