Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

Análise da PNAD traz nova estrutura social brasileira

Análise da PNAD traz nova estrutura social brasileira

Comunicado que detalha a mobilidade entre os estratos de renda foi apresentado em São Paulo

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou na manhã desta quinta-feira, dia 5, a quarta análise da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD 2008). O Comunicado da Presidência nº 34 mostra os movimentos recentes na estrutura da sociedade brasileira, com maior ingresso de pessoas nos estratos de renda superiores. Essa mudança se explica pelo aumento da produção e da ocupação da força de trabalho, aliado à reorientação de políticas públicas.

O Comunicado, intitulado Trajetória recente da mudança na identidade e na estrutura social brasileira, revela quantos brasileiros ascenderam socialmente no País entre 2005 e 2008. As características desse movimento de evolução são detalhadas por região, por faixa etária, sexo, local de moradia (urbana ou rural), escolaridade, raça ou cor. O texto mostra, por exemplo, como o Sudeste perdeu participação no estrato superior de renda.

O estudo é dividido em três partes. A seção 1 trata da mudança recente na identidade social brasileira; a seção 2 aborda as principais características da ascensão social dos brasileiros durante a primeira década do século 21; e a terceira descreve as transformações na estrutura social do Brasil nos últimos 10 anos. Uma das conclusões presentes na segunda parte é que as mulheres tiveram mais importância relativa no movimento de ascensão social da primeira para a segunda classe de renda.

O Ipea vem apresentando análises temáticas com base nos dados da PNAD 2008, fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já foram divulgados estudos sobre educação, gênero, migração, previdência, mercado de trabalho, tendências demográficas, desigualdade de renda, evolução da pobreza e da desigualdade, e condições de vida. A quarta análise foi explicada pelo presidente do Instituto, Marcio Pochmann, no Escritório da Presidência da República em São Paulo (Avenida Paulista, 2.163, 3º andar).

Leia a íntegra do Comunicado da Presidência nº 34

Em palestra, Sicsú reitera superação da crise

Em palestra, Sicsú reitera superação da crise

 

Diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas falou a cerca de 150 empresários da região do Sul Fluminense em Volta Redonda

O desenvolvimento econômico do País foi o tema central da palestra proferida pelo diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, João Sicsú, a cerca de 150 empresários da região do Sul Fluminense. A atividade, ocorrida na quarta-feira, dia 28, foi uma promoção conjunta da Associação Comercial de Volta Redonda e da Agência de Desenvolvimento do Médio Paraíba (Ademp), que reúne 12 municípios daquela região.

Em sua exposição, João Sicsú defendeu que não é possível haver desenvolvimento sem crescimento econômico, lembrando que, nos anos 1970, a economia brasileira cresceu, sem que o País, contudo, obtivesse o desenvolvimento necessário para superar as desigualdades sociais e regionais. O diretor do Ipea afirmou sua convicção de que a economia do Brasil terá, neste ano, um crescimento econômico em torno de 1%, superando de vez a crise mundial que derrubou empresas e instituições financeiras nos países mais desenvolvidos.

Sicsú também enfatizou que, para haver desenvolvimento, é necessária uma ação combinada do Estado com a sociedade organizada e a iniciativa privada. Para ele, um País com as dimensões territoriais e demográficas do Brasil necessita de um Estado que esteja à altura de suas responsabilidades. O diretor do Ipea apresentou, ainda, números que comprovam o bom momento econômico do Brasil, como a queda do desemprego nas principais regiões metropolitanas, a criação de quase um milhão de empregos com carteira assinada de janeiro a setembro, e a estabilidade dos preços, que tem permitido uma taxa de inflação baixa, em torno de 4,3%.

Ipea discutiu em Sergipe o futuro do Nordeste

Ipea discutiu em Sergipe o futuro do Nordeste

Em continuidade às comemorações dos 45 anos do Instituto, Dirur reuniu empresários e pesquisadores em Aracaju

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por meio de sua Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur), promoveu a quarta edição da série Encontros Brasil Ipea 45 anos: Um Novo Ciclo do Pensamento Nacional. A discussão do tema O Futuro do Nordeste: Estratégia de Desenvolvimento para as Próximas Décadas ocorreu nos dias 5 e 6 de novembro, no auditório da Federação das Indústrias do Estado de Sergipe (Fies) - Av. Carlos Rodrigues da Cruz, s/n, Centro Administrativo Governador Augusto Franco, Ed. Albano Franco, Bairro Capucho, Aracaju (SE).

A diretora da Dirur, Liana Carleial, inaugurou o evento, que reuniu grandes empresários, técnicos e representantes do Ipea, da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e do Banco do Estado de Sergipe (Banese), além de renomados professores de universidades nordestinas. Bruno Cruz, diretor-adjunto da Dirur, abriu o debate abordando que é fundamental enxergar a questão regional no quadro do desenvolvimento nacional. Ele mostrou que a desigualdade no Nordeste se manteve ao longo do tempo e a participação da região no PIB permaneceu estável a despeito de todas as políticas regionais realizadas a partir de 1950.

“Não há uma coordenação nacional nas políticas de desenvolvimento regional. O pacto federativo está em crise, dificultando a necessária cooperação de todos os entes federados e a visão de que o desenvolvimento regional está assentado no trinômio vocação, potencialidades e redistribuição precisa ser superada”, defendeu.

Em seguida, Guilherme Rebouças, diretor de Planejamento da Sudene, explicou o Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste elaborado pela Sudene e ressaltou o papel do empresariado. “Os estados do Nordeste e os empresários têm de ser o motor de transformação da Sudene e também assumirem seu papel no desenvolvimento regional. É preciso pensar de forma integrada, com elementos de governança local únicos, fazer uma junção do local e do macrorregional”, argumentou.

À tarde, foi a vez do técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea Waldery Rodrigues comentar sobre a lucratividade das empresas do Nordeste. Antes o pesquisador revelou que a região foi responsável pela maior fatia do pequeno crescimento da economia brasileira no período recente, com a crise internacional. A estimativa do setor privado aponta que o crescimento do PIB nordestino será acima do crescimento do Brasil. Participante da mesma mesa de debates sobre mercado consumidor e crescimento econômico, Marcos Lessa, diretor da Braskem, apresentou a empresa de química e petroquímica. Expôs também que o maior faturamento da firma está concentrado no Nordeste.

Em sua palestra, Alexandre Barros, professor da Universidade Federal de Pernambuco e consultor da Datamétrica, buscou responder o que impulsionará o crescimento do Nordeste. Listou a maior disponibilidade de recursos naturais com potencial de utilização, menores custos regionais, o crescimento da agricultura regional, mudanças estruturais na indústria, entre outros. Na última mesa de discussões, o empresário Luiz Eduardo Magalhães da Cerâmica Escurial e o professor Carlos Eduardo Gasparini, da Universidade Federal da Paraíba, apresentaram os papéis dos setores público e privado no desenvolvimento da região.

Veja a apresentação sobre desafios e oportunidades do Nordeste

Veja a apresentação sobre estratégias de desenvolvimento do Nordeste

Sensor revela boa expectativa para as contas nacionais

Sensor revela boa expectativa para as contas nacionais

 

Indicador calculado pelo Ipea atinge 26 pontos, com destaque para as previsões positivas sobre a produção industrial

O setor produtivo está mais confiante na economia brasileira, segundo o Sensor Econômico referente ao mês de setembro, calculado pelo Ipea. O indicador atingiu, no mês passado, 26 pontos em uma escala que vai de -100 a +100. Portanto, situa-se na faixa de confiança. O destaque desta edição do Sensor ficou a cargo do índice Contas Nacionais, que teve o maior crescimento dentre os quatro aspectos componentes do indicador - os demais são Parâmetros Econômicos, Desempenho das Empresas e Aspecto Social.

Apesar de representar a sétima alta seguida no Sensor, a elevação em setembro foi inferior à observada em meses anteriores. A melhoria da expectativa sobre as contas nacionais se deu, em grande parte, devido à evolução nas previsões para a produção industrial, que agora se aproximam da avaliação feita para os setores agropecuário e de serviços. As expectativas para variação do PIB e variação das exportações também tiveram melhorias significativas.

Por sua vez, o aspecto Parâmetros Econômicos, até então o mais bem avaliado, teve redução se comparado com agosto. Os motivos principais da queda são os temores de inflação maior e a continuidade da apreensão quanto à taxa de juros. Os Aspectos Sociais continuam sendo o índice com pior avaliação (4,1 pontos, dentro da zona de apreensão), enquanto que o Desempenho das Empresas obteve 20,1 pontos.

O Sensor Econômico é calculado com base em questionários enviados a 115 entidades associativas que representam os setores da agricultura, indústria, comércio, serviços, além dos trabalhadores. A intenção é captar as expectativas econômicas e sociais do setor produtivo do País.

Veja aqui o Sensor Econômico

Seminário aborda o desenvolvimentismo no Brasil

Seminário aborda o desenvolvimentismo no Brasil

 

Ricardo Bielschowsky, economista da Cepal e professor da UFRJ, falou sobre o pensamento desenvolvimentista no País

A Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), promoveu nesta quarta-feira, dia 28, o seminário Evolução e Estado Atual do Pensamento Desenvolvimentista no Brasil, que teve como palestrante Ricardo Bielschowsky, economista da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Bielschowsky abordou a teoria desenvolvimentista, que defende a participação do Estado na condução do desenvolvimento econômico, por meio do desenho e implementação de estratégias e políticas. Neste contexto, propôs a agenda de uma nova estratégia de desenvolvimento para o Brasil, que abordaria os seguintes pontos: dinâmica do crescimento (ritmo e composição setorial do investimento, adoção de novas tecnologias); combinação entre mercados interno e externo e inserção internacional; mercado de trabalho; perfis distributivos e de consumo; agentes do investimento; financiamento; e outros (meio ambiente, território etc).

Para ele, houve uma mudança significativa na forma de desenvolvimento no País, pois antes se fazia crescimento com concentração de renda e, atualmente, isto é feito com redistribuição de renda. Esta redistribuição acontece via consumo das massas, que faz com que a roda da economia gire. Em complemento a isso, Bielschowsky afirma que há em discussão no Brasil sete grupos de formulações sobre desenvolvimentismo, que passam por pontos essenciais como reforma, crescimento com redistribuição, inovação e competitividade, infraestrutura, integração territorial, combate à pobreza e à concentração de renda e sustentabilidade da natureza.

Correntes distintas
O economista ressaltou ainda que há no Brasil duas correntes desenvolvimentistas principais, a ortodoxa e a heterodoxa, não existindo ainda um projeto ideologicamente hegemônico. Observou também que nas últimas décadas a discussão sobre o futuro foi dominada pela pergunta sobre como dar sustentação macroeconômica para um novo ciclo de crescimento a longo prazo. Assim, o debate sobre as questões do desenvolvimento (padrões e estratégias) começou a ser mais sistemático, até a crise atual.

Bielschowsky concluiu dizendo que para que se forme um pacto social, e eventualmente um novo paradigma desenvolvimentista, é necessário crescer de forma contínua por vários anos. Contudo, crescimento econômico com melhoria distributiva não encerra a questão. A agenda proposta deve incluir avanços em muitos outros campos: democracia substantiva (cidadania), segurança do indivíduo, diversidade cultural, preservação ambiental, harmonia territorial, dentre outros.

Samuel Guimarães quer Ipea planejando o País

Samuel Guimarães quer Ipea planejando o País

Novo ministro da SAE pede elaboração de política para a Amazônia e participação do Instituto em projetos de desenvolvimento até 2022

Em entrevista depois da cerimônia de posse como novo ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, na terça-feira (20), Samuel Pinheiro Guimarães disse à Agência Ipea e outros repórteres que deseja entrosar o Instituto e a Secretaria. A intenção é atender às demandas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por um projeto de desenvolvimento até 2022, ano de comemoração de 200 anos de independência do Brasil. Guimarães elogiou os quadros do Ipea e falou sobre temas como Amazônia e política de defesa.

A Amazônia será seu principal objeto de trabalho na Secretaria de Assuntos Estratégicos?
A Secretaria já vinha estudando esse tema e preparou inclusive um programa, chamado Plano Amazônia Sustentável, e o presidente, hoje (terça-feira), no discurso, definiu bem qual é a questão. De um lado, preservar o bioma amazônico, e, ao mesmo tempo, gerar as condições para que a população que lá vive, cerca de 25 milhões de brasileiros, tenha condições de levar uma vida digna e adequada. Temos de encaminhar a questão da Amazônia, é um tema extremamente complexo. Até hoje não se tem noção precisa, apesar dos esforços já feitos pela Secretaria, de como enfrentar de fato essa situação.

E quais são os outros planos de ação para a SAE?
Já conheço alguns dos projetos que vêm sendo realizados, há um relativo ao Nordeste, outro na Amazônia, outro na área de gestão pública, educação e saúde. Então, vou começar a avaliar a situação de cada um desses programas. Uns estão mais adiantados, outros já foram muito bem-sucedidos, como a questão da estratégia nacional de defesa, em que a Secretaria e o professor Mangabeira Unger (ex-ministro da SAE) trabalharam com o Ministério da Defesa de forma muito próxima, para elaborar uma estratégia extremamente importante e que já foi aprovada em decreto pelo presidente. Enfim, os projetos que estão em curso na Secretaria encontram-se em diversos graus de trabalho. Alguns estão sendo ainda elaborados, outros estão no meio. Terei de avaliar isso ao entrar e conversar com os técnicos da Secretaria e do Ipea também. Há um potencial humano muito grande não só na Secretaria, como no Ipea. Há talentos, economistas jovens, outros mais velhos, experientes.

O que a nova gestão representa para o Ipea?
Não tenho conhecimento exato de qual é a situação entre o Ipea e os quadros da Secretaria, mas pretendo fazer um entrosamento muito grande entre o Ipea e a SAE porque o Instituto tem um número muito grande de técnicos, tem um quadro muito maior que a Secretaria. Então, espero entrosar essas duas equipes de forma muito próxima, de modo a desenvolver tudo isso que o presidente pediu. O presidente pediu um planejamento para 2022. Não é tarefa fácil. É extremamente complexa, exige trabalho muito grande de coordenação com ministérios, avaliar pontos de vista de cada ministério, quais são as questões mais importantes, estratégicas, que deveríamos abordar desde já para fazer com que o futuro ocorra. O futuro só ocorre como decorrência do presente. O futuro não existe isoladamente, é uma série de atos que tomamos no presente.

Seminário sobre trabalho reuniu especialistas no Ipea

Seminário sobre trabalho reuniu especialistas no Ipea

Palestrantes do Brasil, França e México discutiram em Brasília crise, organizações e oportunidades de trabalho
  

A Diretoria de Estudos, Cooperação Técnica e Políticas Internacionais (Dicod) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) promoveu nesta terça-feira, dia 27, o seminário Trabalho em Debate: Crise e Oportunidades, que reuniu especialistas do Brasil, França e México para debaterem organizações, democracia, desenvolvimento e equidade em torno do trabalho.

Na parte da manhã, o evento contou com a presença do sociólogo francês Jean-Louis Laville, um dos responsáveis pela elaboração do conceito de economia solidária. "A questão que se coloca hoje é como é possível articular ação cidadã preocupada com igualdade e preservação do meio ambiente e ações do poder público", afirmou Laville, que falou sobre as perspectivas da economia solidária e defendeu o desenvolvimento sustentável.

O representante da Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego, Maurício Sardá de Faria, falou sobre autogestão, lembrando que aqueles que a criticam devem estar "em grande dificuldade" depois da recente crise econômica. "A economia solidária permite que se aspire a um novo projeto civilizatório. Os formuladores de políticas públicas de Estado para economia solidária precisam pensar em condições gerais de produção assim como pensaram para a implementação do capitalismo", declarou.

Outro participante da mesa, o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Jorge Abrahão, disse que no Brasil houve afirmação, embora tardia, do estado social. Segundo Abrahão, a questão tributária ainda é um dos maiores obstáculos para que haja mais avanços sociais no País.

Desenvolvimento e equidade

"O mundo é interdependente, mas a interdependência é desigual porque existe uma hierarquia. Nós, que somos o pólo mais fraco, temos que construir nosso modelo a partir da nossa realidade". A afirmação foi feita pelo economista e professor da Universidade Federal de Uberlândia Niemeyer Almeida Filho, um dos palestrantes da parte da tarde do seminário.       

Niemeyer foi contemplado com uma bolsa para estudar o desenvolvimento do País no programa Cátedras Ipea para o Desenvolvimento. Ele escolheu como patrono o mineiro Ruy Mauro Marini, um dos principais pensadores da teoria da dependência, que fez parte dos debates do desenvolvimento econômico nos anos 50 e 60. A pesquisa se enquadra no pensamento da inserção internacional autônoma, que é um dos sete eixos do Ipea.

O especialista mexicano Carlos Salas, que apresentou o tema Desenvolvimento e equidade junto com Niemeyer e o francês François Xavier Merrien, mostrou que dependência de seu país a uma estrutura econômica montada de acordo com o modelo estadunidense não gerou progressos na busca para a equidade. Antes da crise, segundo Salas, entre 2006 e 2008, a proporção de pobres cresceu 10% no México.

As empresas maquiladoras, que trabalham como montadoras de multinacionais e atuam nas zonas de livre comércio mexicanas, além de não pagarem impostos, contam com mão-de-obra barata em jornada de trabalho intensificada. Salas acredita que é preciso implementar mudanças no modelo de acumulação do capital e na política econômica em seu País.

O francês Merrien fez um histórico de como os organismos internacionais trabalharam com o conceito de desenvolvimento e de como o conceito de equidade se encaixou a partir dos anos 70. Na visão desse professor da Faculdade de Ciências Sociais e Políticas de Lausanne, Suíça, a teoria neoliberal do Estado mínimo é limitada pela falta de referências às políticas de emprego, às políticas cambiais mais justas no campo internacional, e mesmo às políticas mais justas de desenvolvimento.

Merrien alertou para os efeitos das políticas caritativas e filantrópicas na África subsariana, de se tornarem crescentes e criarem um sistema de dependência. "Mais de 50% da África subariana depende da ajuda internacional e sofreu o crescimento do setor informal para a busca da sobrevivência", ressaltou.

O debatedor da mesa, diretor da Dicod Mário Lisboa Theodoro, afirmou ser inadmissível que o Brasil tenha o mesmo nível de pobreza dos países mais pobres do mundo. "Apesar do grande desenvolvimento do século XX, o Brasil não resolveu a questão da desigualdade por não ter conseguido acabar com os modelos que perpetuam essa desigualdade", disse. Para ele, o modelo agrário e o escravocrata se reproduziram na sociedade. "A classe média" exemplificou, "está acostumada a um padrão de serviços com mão-de-obra muito barata, como as domésticas."  A mudança no país, na visão do professor, extrapola o âmbito econômico para o político. "Como quebrar este círculo vicioso de produzir pobres? Queremos mudar? Queremos igualdade?", questionou.

Lula empossa ministro e pede modernização do Estado

Lula empossa ministro e pede modernização do Estado

Samuel Pinheiro Guimarães assume a Secretaria de Assuntos Estratégicos. Presidente quer projeto de desenvolvimento para 2022

Foto: Sidney Murrieta
Samuel Pinheiro foi empossado pelo presidente
Lula em cerimônia no Itamaraty

Em cerimônia que reuniu diversas autoridades, Samuel Pinheiro Guimarães foi empossado nesta terça-feira, dia 20, como novo ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE). Ex-secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Guimarães substitui o ministro interino Daniel Vargas na SAE. Depois de assinar a posse do diplomata, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que ele se empenhe em diversos temas cruciais para o desenvolvimento brasileiro.

“É preciso pensar a estrutura do Estado, em como modernizar o funcionamento da máquina, porque fomos criando uma quantidade de teias de aranha, de embaraços, que ainda hoje sentimos dificuldades”, disse Lula. Ele ressaltou a importância de um projeto de desenvolvimento com ações concretas até 2022, quando o País vai comemorar 200 anos de independência. “Gostaria que fosse trabalhado com muita inteligência um esboço daquilo que a gente quer construir para quando completarmos 200 anos de independência.”

O presidente propôs um novo Programa de Aceleração do Crescimento de 2011 a 2015, capaz de preparar o Brasil para os grandes eventos esportivos internacionais que sediará em sequência: Jogos Militares (2011), Copa das Confederações (2013), Copa do Mundo (2014) e Olimpíadas (2016). E mencionou alguns temas que permeiam a pauta na SAE, como a Amazônia e a estratégia de defesa. “Se tem uma coisa extraordinária que essa crise econômica permitiu, e que aqueles que têm olhos não queriam enxergar, é que não é possível um país sobreviver se o Estado for débil, fraco, e o mercado forte. Tem coisas que o mercado não sabe ou não quer fazer”, continuou Lula.

Em seu discurso de posse, Guimarães disse que espera colaborar com o governo em diversos temas estratégicos. “A tarefa é difícil, mas contarei com as instituições da Presidência da República para realizá-la”, afirmou o novo ministro. “A Secretaria vem realizando diversos trabalhos em diferentes temas, como planejamento e abordagem de grandes questões nacionais. Há sempre novas áreas estratégicas, e espero que a Secretaria possa colaborar com cada um dos ministérios no andamento e execução desses temas.”

Samuel Pinheiro Guimarães é diplomata de carreira. Concluiu o curso do Instituto Rio Branco em 1963. É mestre em Economia pela Boston University e possui 18 livros publicados, entre eles Quinhentos Anos de Periferia. Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores, agradeceu a contribuição de Guimarães ao Itamaraty e afirmou que o ex-secretário-geral “ousou pensar o Brasil numa época em que isso não era moda, em que se imaginava que as forças do mercado, as bolsas de valores, criariam um País diferente”.

Ipea promoveu seminário sobre câmbio, crescimento e inflação

Ipea promoveu seminário sobre câmbio, crescimento e inflação

Instituto recebeu em Brasília o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa

O Ipea recebeu na quarta-feira, dia 14, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. Ele ministrou uma palestra organizada pela Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) sobre câmbio, crescimento e inflação.
 
O secretário afirmou que há uma taxa de câmbio que maximiza o crescimento, e isso é possível por meio de controles de capital abrangente. “A definição de taxa de câmbio é mais derivativa do que baseada em fluxo de investimentos e tem efeitos permanentes no crescimento da economia.” Ele ressaltou que o real foi uma das moedas que mais se valorizaram frente ao dólar neste ano e também foi a que mais se volatizou.

Barbosa observou que o preço de commodities e a taxa de câmbio tiveram uma relação direta mais intensa a partir de 2006, resultado de uma política agressiva de metas de inflação. “A política cambial continua a mesma iniciada em 1999, com câmbio flutuante. O que muda substancialmente é a acumulação de reservas internacionais. Tenta-se conciliar a política de câmbio flutuante com operações do mercado de câmbio para diminuir a vulnerabilidade externa do País, acumulando um grande estoque de reservas internacionais”, explicou Barbosa.

Em relação à política fiscal, o secretário argumentou que é um dos determinantes de longo prazo da taxa de câmbio, assim como outros fatores. Mas, nos últimos anos, a influência da política fiscal sobre a taxa de câmbio tem sido pequena. “As flutuações na taxa de câmbio têm sido mais determinadas pela movimentação dos fluxos de capitais e pelas operações derivativas.”

O secretário do Ministério da Fazenda afirmou ainda que, desde a adoção do sistema de metas de inflação, a política brasileira tem sido bem-sucedida em controlar o aumento de preços, mas a volatilidade da taxa de câmbio está entre as mais elevadas do mundo. “O grande desafio para a política nos próximos anos é conciliar um câmbio estável e competitivo com o controle da inflação”, concluiu.

Política social do País é tema de discussão

Política social do País é tema de discussão

Correspondentes estrangeiros conheceram em São Paulo os avanços brasileiros e projeções para a área

Foto: Daniel Castro
Jorge Abrahão fez um relato sobre a situação social do Brasil
para os correspondentes estrangeiros em São Paulo

Os avanços brasileiros nos quesitos proteção e promoção social a partir da Constituição Federal de 1988, além de perspectivas para o futuro, foram discutidos nesta quinta-feira, 15, na capital paulista, em um encontro com jornalistas de veículos internacionais com o apoio da Associação de Correspondentes Estrangeiros (ACE) de São Paulo.

O debate aconteceu no Escritório da Presidência da República, na Avenida Paulista, e contou com a presença do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, e do diretor de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do Instituto, Jorge Abrahão de Castro.

Durante o encontro, foram apresentadas as novas publicações Políticas Sociais: acompanhamento e análise - Vinte Anos da Constituição Federal e Situação Social Brasileira 2007. O primeiro faz uma reflexão, em três volumes, sobre a política social do Brasil desde 1988; o segundo livro reúne as análises apresentadas em 2008 pelo Ipea a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2007 do IBGE.

Jorge Abrahão mostrou que o País investe hoje 21,9% do PIB no gasto público social, ou seja, ¼ da riqueza produzida. Mas, segundo ele, ainda temos um "sistema incompleto". "O Brasil, apesar de tardiamente e de maneira incompleta, conseguiu incorporar uma proteção social, calcada basicamente na previdência."

Desigualdade cai
O País paga, hoje, cerca de 28 milhões de benefícios de seguridade social. Apenas com a previdência do Regime Geral isso corresponde a 7% do PIB, o que significa aporte na economia e verdadeira transferência de renda. Outro ponto a chamar a atenção foi o da taxa de fecundidade no Brasil, que é de 1,8 filho por mulher, um nível abaixo da taxa de reposição.

Isso também gera mudança nos arranjos domiciliares, com a incidência cada vez maior de famílias monoparentais. "O envelhecimento da população é um processo acelerado. Projeções da matriz social brasileira mostram que, em 2040, nós seremos o Japão de hoje", afirmou Abrahão.

Marcio Pochmann, presidente do Ipea, encerrou a apresentação com um panorama da trajetória recente de evolução social e econômica do País e de suas perspectivas. "Pobreza e desigualdade caíram muito, mas ainda somos um país muito desigual", disse. No entanto, ele frisou que a reação do País à crise internacional foi uma mudança de paradigma.

Os programas de transferência de renda e as ações anticíclicas do governo mostraram sua eficácia ao conseguir manter a queda da pobreza e da desigualdade durante toda a crise. "Isso foi algo inédito", mostrou Pochmann, para quem as classes mais desfavorecidas eram sempre as primeiras a sofrer com impactos externos.

Veja os gráficos sobre política e situação social brasileira

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