Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

Sobrecarga no lar impacta ascensão feminina no trabalho

Sobrecarga no lar impacta ascensão feminina no trabalho

No Dia Internacional da Mulher, o Ipea divulgou comunicado sobre a desigualdade de gênero no mercado e no emprego doméstico

Foto: Sidney Murrieta
A técnica de planejamento e pesquisa da Disoc Natália Fontoura
analisou os números sobre a mulher no mercado de trabalho

A persistente responsabilização das mulheres pelos trabalhos domésticos não remunerados é apontada como fator preponderante na desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Essa é uma das conclusões do Comunicado do Ipea n° 40, Mulheres e trabalhos: avanços e continuidades, que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta segunda-feira, 8, Dia Internacional da Mulher.

Apesar de ocuparem cada vez mais postos no mercado de trabalho, 86% das mulheres ainda são responsáveis pelos trabalhos em casa, enquanto os homens são 45%, segundo dados de 2008 do IBGE. Elas dedicam em média quase 24 horas por semana aos afazeres domésticos. E os homens, apenas 9,7 horas.

O estudo trata, ainda, das consequências dessa naturalidade em atribuir às mulheres os afazeres domésticos. Os efeitos vão desde a menor disponibilidade da mulher às jornadas de trabalho que exijam mais tempo, à ação dos estereótipos e a ocupação de 42% das mulheres em posições precárias, em comparação com 26% dos homens.

A coordenadora de Igualdade e Gênero do Ipea, Natália Fontoura, afirmou que, se de um lado há muitas trabalhadoras precarizadas, no outro extremo há um crescente grupo de profissionais liberais mais escolarizadas e bem remuneradas que podem se lançar no mercado de trabalho porque delegam as responsabilidades familiares a outras mulheres, as empregadas domésticas. “Isso cria um encadeamento perverso de mulheres ligadas às atribuições que deveriam ser de todos, independentemente de ser homem ou mulher”, disse a técnica. 

Políticas públicas
As mudanças nos arranjos familiares, com quase 35% de mulheres chefes de família, o tempo médio de estudo das mulheres de 7,6 anos - que já é superior ao dos homens (7,2 anos) -, e o percentual crescente de mulheres que entram no mercado de trabalho são algumas das principais mudanças registradas entre 1998 e 2008 no Brasil. Apesar disso, o Comunicado mostra que praticamente nada mudou com relação ao trabalho doméstico no que diz respeito à distribuição dos afazeres entre homens e mulheres.

Natália Fontoura alertou para o papel das políticas públicas e das instituições no sentido de promover uma mudança cultural e estimular o compartilhamento de atividades domésticas. A pesquisadora sugeriu uma licença paternidade maior e também licenças paternais que tanto mulheres quanto homens poderiam usar para resolver emergências dos filhos. “Isso muda a visão do empregador. Se qualquer um pode tirar essa licença, na hora de escolher entre uma mulher ou um homem, a mulher não será mais discriminada, além de o pai ganhar mais tempo para a família”, concluiu.

Leia a íntegra do Comunicado do Ipea nº 40

Veja os gráficos da apresentação do Comunicado do Ipea nº 40

Sobrecarga no lar impacta ascensão feminina no trabalho

Sobrecarga no lar impacta ascensão feminina no trabalho

No Dia Internacional da Mulher, o Ipea divulgou comunicado sobre a desigualdade de gênero no mercado e no emprego doméstico

Foto: Sidney Murrieta
A técnica de planejamento e pesquisa da Disoc Natália Fontoura
analisou os números sobre a mulher no mercado de trabalho

A persistente responsabilização das mulheres pelos trabalhos domésticos não remunerados é apontada como fator preponderante na desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Essa é uma das conclusões do Comunicado do Ipea n° 40, Mulheres e trabalhos: avanços e continuidades, que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta segunda-feira, 8, Dia Internacional da Mulher.

Apesar de ocuparem cada vez mais postos no mercado de trabalho, 86% das mulheres ainda são responsáveis pelos trabalhos em casa, enquanto os homens são 45%, segundo dados de 2008 do IBGE. Elas dedicam em média quase 24 horas por semana aos afazeres domésticos. E os homens, apenas 9,7 horas.

O estudo trata, ainda, das consequências dessa naturalidade em atribuir às mulheres os afazeres domésticos. Os efeitos vão desde a menor disponibilidade da mulher às jornadas de trabalho que exijam mais tempo, à ação dos estereótipos e a ocupação de 42% das mulheres em posições precárias, em comparação com 26% dos homens.

A coordenadora de Igualdade e Gênero do Ipea, Natália Fontoura, afirmou que, se de um lado há muitas trabalhadoras precarizadas, no outro extremo há um crescente grupo de profissionais liberais mais escolarizadas e bem remuneradas que podem se lançar no mercado de trabalho porque delegam as responsabilidades familiares a outras mulheres, as empregadas domésticas. “Isso cria um encadeamento perverso de mulheres ligadas às atribuições que deveriam ser de todos, independentemente de ser homem ou mulher”, disse a técnica. 

Políticas públicas
As mudanças nos arranjos familiares, com quase 35% de mulheres chefes de família, o tempo médio de estudo das mulheres de 7,6 anos - que já é superior ao dos homens (7,2 anos) -, e o percentual crescente de mulheres que entram no mercado de trabalho são algumas das principais mudanças registradas entre 1998 e 2008 no Brasil. Apesar disso, o Comunicado mostra que praticamente nada mudou com relação ao trabalho doméstico no que diz respeito à distribuição dos afazeres entre homens e mulheres.

Natália Fontoura alertou para o papel das políticas públicas e das instituições no sentido de promover uma mudança cultural e estimular o compartilhamento de atividades domésticas. A pesquisadora sugeriu uma licença paternidade maior e também licenças paternais que tanto mulheres quanto homens poderiam usar para resolver emergências dos filhos. “Isso muda a visão do empregador. Se qualquer um pode tirar essa licença, na hora de escolher entre uma mulher ou um homem, a mulher não será mais discriminada, além de o pai ganhar mais tempo para a família”, concluiu.

Leia a íntegra do Comunicado do Ipea nº 40

Veja os gráficos da apresentação do Comunicado do Ipea nº 40

Mercado de trabalho brasileiro terá cenário positivo neste ano

Mercado de trabalho brasileiro terá cenário positivo neste ano

Boletim Mercado de Trabalho nº 42 traz também notas técnicas sobre a inserção da mulher no mercado e economia solidária

As medidas tomadas em 2009 com o objetivo de reaquecer o mercado interno, tais como expansão da oferta interna de crédito, manutenção dos investimentos em infraestrutura e estímulo ao consumo via redução de impostos, permitem hoje que o Brasil projete um cenário positivo para o mercado de trabalho de 2010.

É o que mostram os dados do Boletim Mercado de Trabalho: Conjuntura e Análise número 42. Coordenado pela Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, o documento apresenta um panorama do funcionamento do mercado de trabalho metropolitano em 2009, comentando a evolução dos principais indicadores divulgados pela Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PME/IBGE), pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados doMinistério do Trabalho e Emprego (CAGED/MTE), e pela Pesquisa de Emprego e Desempregodo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (PED/Dieese).

O boletim traz também três notas técnicas que analisam questões relacionadas à inserção da mulher no mercado de trabalho. As duas primeiras notas tratam do acesso deste segmento aos melhores postos de trabalho, com a preocupação de identificar uma eventual segregação hierárquica de gênero. Danilo Coelho, Marcelo Fernandes e Miguel Foguel discutem esta questão no âmbito das empresas privadas, enquanto Daniela Vaz traz evidências sobre o mesmo tema no setor público.

A última nota, assinada por Arlene Ricoldi, examina a noção de articulação entre família e trabalho, à luz das transformações sociais experimentadas nas últimas décadas e das políticas de apoio para esta mesma articulação, oferecidas tanto por parte do setor público como do setor privado.

Este número reúne ainda três ensaios sobre economia solidária, que têm como fio condutor as relações entre as práticas econômicas solidárias e as questões ambientais. O primeiro texto, de autoria de Jane Simoni, mostra algumas das realidades do processo de revitalização da produção extrativista ora em curso na região Norte. Na sequência, o ensaio de Cláudia Schmitt versa sobre as convergências e desafios existentes na relação entre as propostas da economia solidária e da agroecologia, enquanto Leandro Morais busca pensar como se dão as relações entre as iniciativas econômicas solidárias e o meio ambiente na perspectiva dos empreendimentos urbanos.

Leia o boletim na íntegra

Ipea  aprofundará estudos sobre a região Norte

Ipea  aprofundará estudos sobre a região Norte

Assinatura de convênio que abre representação no Pará permite troca de informações e parceria em pesquisas com o IDESP

Foto: Celso Abreu/IDESP
A governadora do pará, Ana Júlia Carepa, compareceu à
cerimônia de assinatura na sede do Basa em Belém

Em cerimônia que contou com a presença da governadora Ana Júlia Carepa, o Ipea assinou um termo de cooperação com o Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (IDESP). O convênio inaugura oficialmente a representação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada na região Norte e permitirá o aprofundamento dos estudos sobre os sete estados e o compartilhamento de informações com a instituição paraense. Por sua vez, o IDESP terá acesso à metodologia de cálculo de indicadores como o PIB potencial e o Sensor Econômico.

A governadora do Pará lembrou o compromisso que assumiu com a recriação do IDESP, ocorrida em 2007, e ressaltou a importância de incrementar a atuação do instituto por meio da cooperação com o Ipea . “A parceria fortalece ainda mais a participação da sociedade no planejamento, pois representa o esforço de nosso governo em tornar participativas as políticas públicas”, disse. Ana Júlia compareceu ao evento acompanhada do secretário de Estado do governo, Edilson Rodrigues.

Marcio Pochmann, presidente do Ipea , assinou o convênio com o presidente do IDESP, José Raimundo Trindade, na sede do Banco da Amazônia (Basa) em Belém. A cerimônia começou às 10h e foi seguida por um debate sobre o tema Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional. Em sua exposição, Pochmann fez um breve histórico do processo de evolução econômica e social brasileira, desde a sociedade agrária, no século 19, até a pós-industrial. 

Ele destacou os desafios do novo ciclo de expansão pós-industrial do Brasil – responder às mudanças demográficas e na estrutura familiar, pensar o desenvolvimento de acordo com os diferentes biomas nacionais, disseminar o conhecimento e fazer a reforma tributária. E apresentou alguns dados específicos das regiões. “Na década de 1970, a presença do Norte no valor da transformação industrial brasileira era de menos de 1%. Em 2005, havia crescido para 4,8%”, afirmou, ao descrever as profundas desigualdades regionais que persistem no País.

Pochmann disse ainda que a abertura da representação na região Norte compõe o processo de descentralização das ações de pesquisa do Ipea. O Instituto já abriu escritório em João Pessoa (PB) e terá outro em Curitiba (PR). “A criação e o fortalecimento do IDESP após a retomada de suas atividades nos motivou a realizar essa parceria. Partimos do pressuposto de que planejar o Brasil para as próximas gerações não pode se restringir a Brasília”, declarou. O Ipea possui, ainda, uma representação no Rio de Janeiro.

A possibilidade de troca mais intensa e freqüente de informações entre as duas instituições permitirá conhecer melhor a realidade regional e empreender estudos em parceria. Guilherme Dias, assessor da Presidência do Ipea, será o representante do Instituto na região. Durante o debate, ele pediu que o Norte não opte por simplesmente copiar modelos de desenvolvimento implementados no Sudeste.

Já Raimundo Trindade, do IDESP, disse que a parceria é muito importante par a suprir a administração pública na formulação de políticas: “É importante publicizar, socializar uma quantidade expressiva de informações sobre o estado, nas mais diversas áreas, para o planejamento de políticas públicas e para a sociedade em geral”.

 

Revista Tempo do Mundo traz temas internacionas a partir da pauta brasileira

Revista traz temas internacionas a partir da pauta brasileira

Nova publicação quadrimestral do Ipea, a Revista Tempo do Mundo foi lançada na última quinta-feira em Brasília

Foto: Sidney Murrieta
Participaram do lançamento Lytton Guimarães,
Mario Theodoro e Milko Matjascic

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou nesta quinta-feira, 4, a Revista Tempo do Mundo, uma publicação quadrimestral com versões em português e inglês. A ideia é promover debates contemporâneos no campo da economia política, com ênfase na temática do desenvolvimento, a partir de uma perspectiva Sul-Sul.

A primeira edição traz artigos sobre temas como o aumento e a convergência da renda mundial, perspectivas para o pós-crise e para o Brasil em 2022 (bicentenário da independência), e economias em transição. Os textos são assinados por Heiner Flassbeck e Massimiliano La Marca, François-Xavier Merrien, Robert Guttmann, Ignacy Sachs, Cai Fang, Du Yang e Wang Meiyan, Emir Sader e Vladimir Popov.

“A revista pretende abrir para o Brasil a discussão internacional, mas sempre tendo a principal preocupação com as perspectivas que entendemos ser importantes para o País, tudo a partir de uma pauta nacional. São artigos de especialistas do mundo inteiro que vão falar sobre temas de nosso interesse”, explicou Mário Theodoro, diretor de Estudos, Cooperação Técnica e Políticas Internacionais (Dicod).  

O editor da Revista Tempo do Mundo e assessor técnico da Presidência do Ipea, Milko Matijascic, afirmou que o diferencial da publicação é já “nascer” internacional, promovendo um debate plural. “Quando formulamos políticas externas, políticas econômicas ou políticas públicas como um todo, estamos considerando um conjunto muito vasto de informações, experiências internacionais, o que pensam os parceiros. Não se trata necessariamente de adotar modelos que não tem nada a ver com nossa realidade, mas de pensar as realidades a partir de suas peculiaridades”, disse Matijascic.

O professor Lytton Leite Guimarães, do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares da Universidade de Brasília (UnB), participou do Corpo Editorial da Revista e destacou as oportunidades de discussões não só de nível acadêmico, mas prático.

A Revista tem o objetivo de apresentar proposições para a elaboração de políticas públicas, privilegiando comparações internacionais e a interdisciplinaridade, sempre destacando o papel do planejamento. O nome da publicação é uma referência ao termo formulado por Fernand Braudel, historiador francês e um dos fundadores da Universidade de São Paulo.

O lançamento aconteceu no auditório do Ipea em Brasília (Setor Bancário Sul, Quadra 1, Edifício Ipea/BNDES), com transmissão ao vivo pela internet. Outra publicação do Instituto voltada ao debate de temas mundiais, o Boletim de Economia e Política Internacional, foi lançada em fevereiro pela Dicod.

 Leia a Revista Tempo do Mundo na íntegra

Instituto retoma discussões sobre o sentido do público e privado

Instituto retoma discussões sobre público e privado

Durante dois dias, representantes de diversas entidades debateram o tema. Primeiro dia tratou do marco legal para Instituições Comunitárias de Educação Superior

 Foto: Sidney Murrieta
Primeiro dia do evento contou com a presença de Luiz Carlos
 Bresser Pereira e Marcio Pochmann, entre outros participantes

Na quarta-feira, 3, teve início no auditório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) o evento O público não estatal no Brasil: retomando o debate, tendo como objetivo discutir, a partir da crise financeira internacional de 2008, acerca do sentido do público e do privado, questões como o tamanho ideal de Estado e se este deve investir em todos os níveis de educação, entre outros.

Representantes da Associação Brasileira das Universidades Comunitárias (Abruc) reunidos no evento consideram que as universidades públicas têm um papel significativo a cumprir, mas o que Estado brasileiro não pode prescindir de apoio da iniciativa privada e das organizações da sociedade civil. “O Plano Nacional de Educação (PNE) previa, para 2011, 30% dos jovens entre 18 e 24 anos frequentando o ensino superior. Estamos em 2010, com 13% dos jovens entre 18 e 24 incluídos na educação superior. Qual será a meta para 2030?”, questionou o presidente do Abruc, Vilmar Tomé.

Tomé lemrou que no dia 25 de março será lançada a frente parlamentarista das Instituições Comunitárias de Educação Superior (ICES). “Nossa intenção é cooperar, jamais ocupar o espaço das instituições de natureza publica”, afirmou. Segundo ele, o sistema comunitário brasileiro, “com uma trajetória de 40 anos e estrutura qualificada”, conta hoje com uma ociosidade de 30% de sua capacidade. A proposta da frente parlamentarista, na explicação do presidente da Abruc, é de construir um marco legal das IES comunitárias e, deste modo, contribuir para a qualidade do ensino superior.

Luiz Carlos Bresser Pereira, ex-ministro da Administração Federal e Reforma do Estado, depois de fazer uma apresentação sobre concepção do Estado e resumir a definição de quatro ideologias, liberal, estatista, social-democrata e a última, a qual colocou como a sua, de social-republicana, defendeu a reforma do Estado brasileiro, que teria começado em 1995 durante sua gestão no ministério. A ideia é a de que o Estado deva realizar os serviços sociais e científicos por meio das organizações públicas não estatais e não diretamente. “Não tem nada que ter universidade estatal, nada que ter hospital estatal. Tem que ser por meio de organizações sociais”, argumentou Bresser.

Aldino Graef, diretor de Articulação e Inovação Institucional da Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, observou que o governo dispõe de cinco Organizações Sociais mas que não qualificou mais nenhuma, pois o modelo vem sendo questionado pelos órgãos de controle externo, entre os quais o Tribunal de Contas da União (TCU). Trata-se, segundo o diretor, de uma luta entre ideologias “dos que acreditam que o Estado é o leviatã do bem e tudo o que vem da iniciativa privada é ruim”.

Bresser e Graef participaram do painel Entre o público e o privado: a pertinência teórica e política do público não estatal no Brasil. Criada pela Lei Nº 9.637, de 15 de maio de 1998, a organização social é uma qualificação, um título, que a Administração outorga a uma entidade privada, sem fins lucrativos, para que ela possa receber determinados benefícios do Poder Público (dotações orçamentárias, isenções fiscais etc.) para a realização de seus fins, que devem ser necessariamente de interesse da comunidade.

No segundo dia evento, na quinta-feira [leia reportagem no link abaixo], os palestrantes foram Luiz Eduardo Wanderley, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; João Pedro Schmidt, professor da Universidade de Santa Cruz do Sul; Dom Sinésio Bohn, representante  da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); Tatiana Pereira Dahmer, diretora executiva colegiada na Associação Brasileira de Organizações não Governamentais (ABONG); e Milko Matijascic, assessor técnico da Presidência do Ipea, além do deputado federal Henrique Fontana. Os expositores debateram os painéis Repensando o público: o estatal e o não estatal nas ciências sociais e na legislação e O novo Estado e o desenvolvimento do Brasil: estatismo, privatismo e o espaço das organizações comunitárias.

O seminário foi transmitido ao vivo pelos sites www.ipea.gov.br e www.ipea.gov.br, teve o apoio da Associação Brasileira de Universidades Comunitárias, Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas, Associação Catarinense de Fundações Educacionais, Associação Nacional de Educação Católica e da Associação Brasileira de Instituições Educacionais Evangélicas.

Veja galeria de fotos do evento

Leia também: Instituições públicas não estatais amenizam carências da presença do Estado

Instituições públicas não estatais amenizam ausências do Estado

Instituições públicas não estatais amenizam ausências do Estado

No segundo dia de seminário, autoridades e pesquisadores continuam debates sobre o que define o público e como deve ser a atuação estatal no Brasil  

Foto: Sidney Murrieta
Evento reuniu estudiosos, pesquisadores e representantes
de instituições de dentro e de fora do governo 

O assessor da Presidência do Ipea Milko Matijascic abriu o segundo dia do seminário O público não estatal no Brasil: retomando o debate e apresentou dados do estudo Presença do Estado no Brasil. A pesquisa revela a ausência do Estado em várias áreas. Nesse contexto de carência, o assessor destacou na manhã de quinta-feira (4) a enorme potencialidade de trabalho do público não estatal, que tem presença histórica nas áreas de assistência, educação e saúde, como as Santas Casas de Misericórdia. “Sem o público não estatal no Brasil, não alcançaremos uma real condição de cidadania”, concluiu Matijascic.

João Pedro Schmidt, professor e pesquisador da Universidade de Santa Cruz do Sul, afirmou que o estatal e o público não estatal devem cooperar de forma mais intensa do que vem acontecendo. “Já existem mecanismos legais que precisam ser melhorados e, ao mesmo tempo, é preciso mudar a cultura política administrativa do País no sentido de aproveitar melhor as instituições comunitárias, o terceiro setor”, defende.

O professor destacou, ainda, que as instituições comunitárias não são necessariamente públicas não estatais. Para que sejam entendidas desse modo, não podem seguir a lógica do mercado, devem ser autônomas em relação ao Estado, mesmo quando subsidiadas por ele, e ter agilidade, ao contrário do poder público estatal, acusado de ser muito regulado.

O pesquisador e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Luís Wanderley reforçou os atributos que definem o que é público hoje. “É público não estatal e não mercantil”, afirmou. Segundo ele, essas instituições devem ser universais nos níveis federal, estadual e municipal, além de ter transparência com a participação da comunidade nas decisões, promover a democratização efetiva com o controle social e ter sustentabilidade.

A diretora executiva colegiada da Associação Brasileira de Organizações não Governamentais (Abong), Tatiana Dahmer, disse que a sociedade brasileira e o Estado conhecem pouco o conjunto das organizações não governamentais, sua diversidade e complexidade. “Nossa preocupação maior é que a regulação não trabalhe com uma lógica de definição prévia do que é legítimo de existir ou não. Isso fere a Constituição. Mas é preciso haver, sim, o controle do dinheiro público, por quem quer que o acesse.”

Tatiana argumentou que o papel da sociedade e das organizações sociais é controlar o recurso público e o Estado, mas não o contrário. “O grande problema é que hoje a sociedade, pelo menos a opinião pública difusa, acaba clamando por um controle sobre a sociedade. É uma inversão de papel”, afirmou.

Trabalho conjunto
Dom Sinésio Bohn, representante  da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mostrou que o Estado muitas vezes construiu escolas ao lado de outras já existentes da comunidade. “Como o Estado tem os impostos e a comunidade só o voluntariado, a comunidade sempre perdeu. Muitas vezes o Estado, em relação às escolas comunitárias, tem sido concorrente no Rio Grande do Sul. Muitas escolas construídas com a colaboração da comunidade, até imponentes em sua estrutura, hoje estão vazias, abandonadas.”

Segundo Dom Sinésio, mesmo que hoje as escolas comunitárias não sejam tão abundantes, Estado e organizações sociais não devem combater um ao outro, mas servir juntos. “São os bens do povo brasileiro. Não dá para ter uma posição do Estado ‘eu tenho imposto, eu construo’, pois o povo já pagou isso tudo”, disse.

Ele também se mostrou preocupado com a realidade dos hospitais. Afirmou que a existência de instituições de saúde confessionais, que também são comunitárias, provém do fato histórico do início das comunidades cristãs e, de forma mais presente, a Igreja Católica. Essas comunidades construíram a primeira Santa Casa de Misericórdia em 1543. “Hoje no Rio Grande do Sul quase metade do SUS é de hospitais filantrópicos e das Santas Casas de Misericórdia, que têm uma antiga tradição no Brasil. Se fechassem esses hospitais, seria um caos. Por isso, a necessidade de Estado e comunidade não agirem um contra o outro, mas se complementando, inclusive com parcerias.”

Dom Sinésio acredita que a solução está em uma legislação mais bem feita e também  em uma consciência e sensibilidade do gestor público para uma democracia participativa, “em que as coisas da comunidade devem ser levadas em consideração”. Ele finalizou definindo como devem ser as organizações do terceiro setor que têm origem nas comunidades civis ou religiosas: com manifesto objetivo social, não subordinadas a empreendimentos de grupos empresariais políticos ou familiares e cujos bens não se vinculam a pessoas nem são transmitidos por herança, pois pertencem à comunidade.

O deputado Henrique Fontana encerrou o evento defendendo que o privado deve ser cada vez mais privado e o público, cada vez mais público, primando pela transparência. O parlamentar explicou que a visão de o público se restringir ao estatal é muito atrasada. Para ele, não se deve ficar preso a regras que simplificam a sociedade, mas promover o debate do papel do Estado e do setor público.

Veja galeria de fotos do evento

 

 

 

Avanços e desafios das mulheres no trabalho são tema de estudo

Desafios das mulheres no trabalho são tema de estudo

No Dia Internacional da Mulher, o Ipea divulga comunicado sobre a desigualdade de gênero no mercado e no trabalho doméstico

Apesar de ocuparem cada vez mais postos no mercado de trabalho, as mulheres ainda são responsáveis pela maior parte dos trabalhos em casa. Esta é uma das conclusões do Comunicado do Ipea n° 40 "Mulheres e trabalhos: avanços e continuidades", que o Ipea divulga no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, às 10h. O estudo trata, ainda, das desigualdades no mercado de trabalho e nos rendimentos e do papel das políticas públicas de igualdade de gênero.

As mudanças nos arranjos familiares, com mais mulheres chefes de família, o tempo médio de estudo das mulheres, que já é superior ao dos homens, e o percentual crescente de mulheres que entram no mercado de trabalho são algumas das principais mudanças registradas entre 1998 e 2008.

 Apesar disso, o Comunicado mostra que praticamente nada mudou com relação ao trabalho doméstico no que diz respeito à distribuição dos afazeres entre homens e mulheres. Em vez de uma divisão mais igual no trabalho em casa, há a delegação das tarefas às trabalhadoras domésticas, em sua maioria mulheres e negras.

 A divulgação do estudo será feita pela coordenadora de Igualdade de Gênero do Ipea, Natália Fontoura, no auditório do Instituto em Brasília (Setor Bancário Sul, Quadra 1, Edifício Ipea/BNDES). Haverá entrevista coletiva e transmissão ao vivo pelos sítios www.ipea.gov.br e www.ipea.gov.br.

Leia o Comunicado do Ipea n° 40 na íntegra

Veja a apresentação do comunicado

Pressão sobre preços não deve ameaçar trajetória da inflação

Pressão sobre preços não deve ameaçar trajetória da inflação

Publicação Conjuntura em Foco, da Dimac, traz ainda números sobre PIB, indústria, emprego e setor externo

A recente pressão sobre os preços não deve colocar em risco a trajetória da inflação ao longo do ano. É o que indica a edição mais recente do boletim Conjuntura em Foco, lançada nesta quinta-feira, 4. O documento mostra que há uma tendência de relativa estabilidade para a inflação ao longo de 2010.

Segundo o boletim, dos grupos que puxaram a inflação em fevereiro - alimentação, transportes e educação - apenas o dos alimentos deve manter a alta nos preços por alguns meses. No caso dos outros dois, a pressão inflacionária deve ceder significativamente já em março por causa da dissipação dos reajustes das passagens e das mensalidades escolares.

Também nesta edição é analisado o desempenho das vendas no varejo, que leva à elevação da capacidade produtiva da economia; as movimentações do mercado de trabalho brasileiro; a balança comercial; as operações de credito no Sistema Financeiro e as contas do setor público.  

Produzido pelo Grupo de Análise e Previsões (GAP) da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Instituto, o boletim Conjuntura em Foco é uma publicação mensal que faz análise pontual de temas relevantes da macroeconomia, apresentando números recentes das áreas sob estudo. Trimestralmente, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lança a Carta de Conjuntura.

Leia a íntegra do Conjuntura em Foco de fevereiro

Curso Macroeconomia e Desenvolvimento volta ao Pará

Curso Macroeconomia e Desenvolvimento volta ao Pará

 

Com apoio do IDESP e em parceria com o Centro Internacional Celso Furtado, a sexta edição será realizada na capital paraense, Belém

O curso Macroeconomia e Desenvolvimento é promovido e organizado pela Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea, em parceria com o Centro Internacional Celso Furtado. Nesta edição, terá o apoio do Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Estado do Pará (IDESP).  O encontro ocorrerá entre os dias 8 e 11 de março em Belém do Pará, no auditório do IDESP (Rua Municipalidade, 1.461, esquina com a Travessa D. Pedro I), das 9h às 12h.

As disciplinas - Macroeconomia e Desenvolvimento Econômico – serão apresentadas em duas partes. Os professores Cláudio Roberto Amitrano e Victor Leonardo de Araujo (ambos do Ipea) apresentarão a macroeconomia e sua análise no enfoque keynesiano. Numa primeira parte serão explicados os determinantes do comportamento do PIB e do emprego, enfatizando o papel da política econômica nesse processo, considerados os três principais instrumentos: a política fiscal, a política monetária e a política cambial. Na segunda parte, será analisada a condução dos três instrumentos no caso brasileiro, ressaltando a sua inadequação a um projeto de desenvolvimento de longo prazo.

O tema Desenvolvimento Econômico será ministrado pelo doutor em economia Alexis Nicolas Saludjian, professor adjunto do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tomando por base a perspectiva histórica desde a Revolução Industrial e as experiências de desenvolvimento de América Latina e Ásia. A perspectiva teórica será debatida em duas partes: as principais correntes do pensamento econômico; a economia do desenvolvimento e a Cepal.

No dia 11 de março, o encerramento será às 16h com palestra do diretor da Dimac, João Sicsú, aberta ao público. O curso é destinado apenas a servidores do IDESP e convidados. Todos receberão certificado. Na sexta-feira, dia 5, o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, e o presidente do IDESP, José Raimundo Barreto Trindade, assinam um termo de cooperação que permitirá ao Instituto aprofundar estudos sobre a realidade da região Norte.

Esta é a segunda vez que o curso é realizado em Belém. Outras edições foram realizadas em Salvador, Fortaleza, Goiânia e João Pessoa. No total, cerca de 135 pessoas já participaram do curso.

 

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