Ipea lançou 3ª edição do Boletim Regional, Urbano e Ambiental
Artigos aprofundam o debate sobre temas como políticas públicas, biocombustíveis, e transporte público
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Liana Carleial, diretora de Estudos Regionais, Urbanos e Ambientais, durante a apresentação do boletim |
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou nesta terça-feira (6), às 15h, em Brasília (SBS, Quadra 1, Bloco J, Edifício BNDES, auditório do subsolo), a terceira edição de seu Boletim Regional, Urbano e Ambiental.
Produzido pela Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur), o boletim contém 14 ensaios que abordam as três grandes áreas dessa diretoria. O editor da publicação, Carlos Wagner, ressalta que o documento, que contou com a participação de professores de universidades convidados, traz uma característica diferente para uma estratégia de desenvolvimento regional na medida em que propõe novas institucionalidades, novos arranjos entre firma e Estado. "O objetivo é a construção de instrumentos que permitam que essa proposta possa ser aplicada", afirmou a diretora da Dirur, Liana Carleial.
Liana ressaltou ainda que, apesar de todo esforço regional e do conjunto de políticas públicas, permanecem fortes desigualdades. A região Nordeste tem a mesma participação no PIB brasileiro que tinha 50 anos atrás. "Não basta aumentar a participação das regiões mais empobrecidas no PIB, é fundamental que suas estruturas produtivas se alterem, fiquem mais densas, e impeçam vazamentos de renda que acontecem desde o século passado", defendeu.
A terceira edição analisa o desenvolvimento regional, as políticas públicas vinculadas ao desenvolvimento territorial, o pólo industrial de Manaus, além do futuro dos biocombustíveis, e o mercado de carbono. Há uma reflexão sobre o falso dilema entre conservação e desenvolvimento que permeia a discussão sobre a política ambiental e o desenvolvimento do Brasil.
O boletim aborda também o fenômeno da fragmentação produtiva, o planejamento de regiões metropolitanas brasileiras, a atual dinâmica territorial do estado de São Paulo e os efeitos da variação da tarifa e da renda da população sobre a demanda de transporte público coletivo urbano no Brasil.
Colapso do transporte público
Sobre esse tema, o técnico do Ipea Carlos Henrique de Carvalho verificou que nos últimos 15 anos houve uma tendência forte de aumento real do preço da tarifa de transporte público urbano no Brasil. "Houve um aumento de 70% acima da inflação na tarifa de ônibus, enquanto a renda da população estava em queda. A conjunção desses fatores provocou uma queda de 30% da demanda de transporte público. Essa tendência de crescimento da tarifa continua, porém a demanda se estabilizou em função do aumento de renda que ocorreu a partir de 2003, com a elevação do salário mínimo", disse.
Segundo ele, se houver uma queda de renda, o transporte público pode entrar em colapso, porque as tarifas continuam subindo muito acima da inflação, e o que vinha amortecendo esse efeito em termos de mobilidade das pessoas era o aumento de renda. "Não vai ter outra opção senão usar intensivamente o transporte individual, provocando mais poluição, mais acidentes, mais congestionamentos", alertou.
Dia Inova Ipea apresenta soluções inovadoras
Encontro traz ao Instituto palestrantes especialistas em gestão e promove experiências bem-sucedidas
Servidores e colaboradores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) terão, na manhã desta terça-feira (6), um espaço para conhecer experiências inovadoras em matéria de gestão. O Dia Inova Ipea começa às 8h30 e terá a presença do presidente do Instituto, Marcio Pochmann, e do diretor de Desenvolvimento Institucional, Fernando Ferreira. Entre os palestrantes, estão Carlos Mamede, do Tribunal de Contas da União (TCU), e José Américo Bordini do Amaral, da Embrapa.
O Dia Inova Ipea é um evento mensal que busca fortalecer a cultura de inovação, dentro do Projeto de Institucionalização da Gestão do Conhecimento e da Inovação no Instituto. Em cada encontro, haverá palestras de profissionais envolvidos em projetos gerenciais bem-sucedidos em empresas e no governo, além da apresentação de ferramentas de apoio gratuitas. A intenção é buscar formas de melhorar a prestação de serviços e rever processos de trabalho.
Confira abaixo a programação do evento:
8h30 - Recepção
9h - Abertura com a participação do presidente do Ipea, Marcio Pochmann, e do diretor da Dides, Fernando Ferreira
9h30 - Palestra: O Ciclo Operacional Ipea de Gestão do Conhecimento - COPIpea - Fábio Ferreira Batista (coordenador-geral de Planejamento e Orçamento – CGPO/Dides)
10h - Palestra: Comunidades de Prática Virtuais – Carlos Mamede (TCU)
10h30 - Caso: Comunidades de Prática Virtuais na Embrapa – Dr. José Américo Bordini do Amaral
11h - Caixa de Ferramentas: apresentação de duas ferramentas de Comunidades de Prática Virtuais para uso imediato no Ipea, por Edvaldo Noleto Perna Filho (coordenador-geral de Tecnologia da Informação e Comunicações – CGTIC/Dides) e Ariel Reinaldo Mesquita da Silva (gerente do projeto “Institucionalização da Gestão do Conhecimento e da Inovação no Ipea” - CGPO/Dides)
11h30 - Debates, esclarecimentos e encerramento
País deve internalizar boas práticas ao cultivo transgênico
No segundo dia do seminário no Mapa, pesquisadores também discutiram a transição de paradigmas de desenvolvimento rural
A segunda parte do evento seminário A agricultura brasileira: desempenho recente, desafios e perspectivas, promovido pelo Ipea e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na última terça-feira, dia 30, contou com a exposição do doutor e sociólogo Arilson Favareto sobre a transição dos paradigmas de desenvolvimento rural. "Há a evasão das bases do paradigma agrário e produtivista e a emergência de uma nova ruralidade, com novas formas de uso dos recursos naturais", disse.
O professor da Unicamp e doutor em Economia José Maria da Silveira ressaltou que o Brasil é hoje o segundo país em cultivo de transgênicos no mundo, já à frente da Argentina. Segundo ele, o maior desafio é transformar a regulação em uma prática do dia a dia dos agricultores, das associações e cooperativas. "É internalizar algumas boas práticas ao uso dos cultivados transgênicos", afirmou. Em sua apresentação, Zander Navarro, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), defendeu que a agricultura familiar não é um conceito e não se enquadra na categoria de nenhuma problemática teórica ou escola de pensamento.
Já no último bloco de discussão, o pesquisador da Embrapa Eliseu Alves verificou, com base nos dados do IBGE, que há uma concentração muito grande da produção no Brasil. "Cerca de 430 mil estabelecimentos dos 5,2 milhões produzem 85% de toda a produção brasileira. Isso leva o governo a ter um conjunto de políticas para ajudar a agricultura familiar, aqueles que estão à margem desse processo, que somam quase 4 milhões."
O ex-ministro da Segurança Alimentar e Combate à Fome José Graziano explicou que há distintos atores sociais no campo que brigam para ter uma representação maior frente ao Estado, a fim de fazer jus a recursos públicos, desde os créditos até os subsídios. Em seu estudo, ele aponta que há uma desigualdade muito grande nessa luta em função de existir uma bancada ruralista - embora os grandes agricultores não cheguem a 200 mil, eles têm um peso no Congresso de 23%, quase um quarto.
"Os maus pagadores prejudicam os bons na medida em que, hoje, o montante das dívidas renegociadas vai consumindo cada vez mais o volume de créditos e de recursos públicos, e isso pode inviabilizar o desenvolvimento das agriculturas brasileiras", alertou. Expuseram ainda seus trabalhos Geraldo Barros, da USP, Antônio Campos e Marcelo Braga, da UFV, e Guilherme Dias, da USP.
Ipea e Mapa debatem os desafios da agricultura
Pesquisadores e estudiosos apresentaram seus trabalhos em seminário que contou com a presença de Reinhold Stephanes
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Os técnicos do Ipea José Eustáquio e Junia Conceição participaram do seminário no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento |
O representante regional da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) para América Latina e o Caribe, José Graziano da Silva, junto a pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Embrapa e acadêmicos apresentaram seus trabalhos no seminário A agricultura brasileira: desempenho recente, desafios e perspectivas, promovido pelo Ipea e pelo Mapa na terça-feira, dia 30, no auditório do ministério, em Brasília.
O debate, que contou com a abertura do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, resultará na publicação de um livro em julho sobre a agricultura brasileira. A plateia foi composta por representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e da Confederação Nacional da Agricultura, empresários rurais, pesquisadores do IBGE responsáveis pelo Censo Agropecuário, servidores do Ministério do Desenvolvimento e da Câmara dos Deputados.
O evento foi dividido em três blocos de apresentação. Na primeira parte da discussão, o coordenador de planejamento estratégico do Mapa, José Garcia Gasques, mostrou que a produtividade da agricultura brasileira teve uma taxa de crescimento de 2,13% no período de 1996 e 2006, com um aumento de 3,14% no índice de produto. O crescimento foi maior do que nos Estados Unidos, que tiveram uma taxa de 1,89%.
Progressos
O técnico do Ipea José Eustáquio destacou a trajetória tecnológica e aprendizado no setor agropecuário em um contexto em que a inovação é fundamental quando se discute a matriz energética, a segurança alimentar e a sustentabilidade ambiental. Enumerou avanços como o aperfeiçoamento do quadro institucional ao longo desses 40 anos - com a criação da Embrapa, do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária e dos fundos setoriais para a agricultura - e a cadeia produtiva regional da agricultura altamente inovadora quando comparada a outros setores industriais.
José Eustáquio também criticou a dependência tecnológica do Brasil às importações de insumos (como defensivos, fertilizantes e medicamentos veterinários) e a baixa capacidade de absorção dos conhecimentos tecnológicos, com apenas 3% dos proprietários agrícolas com ensino superior, quase 90% apenas com ensino fundamental, e cerca de 27% analfabetos.
A pesquisadora do Ipea Junia Conceição colocou em questão o desafio da produtividade do trabalho na medida em que cresce a mecanização e a produtividade e cai o número de empregos. A técnica afirmou que devem existir outras tecnologias por meio das quais seja possível chegar a técnicas de produção mais eficientes e modernas que aumentem a produtividade e, ao mesmo tempo, absorvam mais trabalhadores.
Marlon Gomes Ney, da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), e Rodolfo Hoffman, da Universidade de São Paulo (USP), encerraram o primeiro bloco analisando a evolução recente da distribuição da posse da terra no Brasil, a estrutura fundiária e propriedade rural no Brasil.
Impacto do marco regulatório foi discutido em seminário
Visão da Petrobras e regimes fiscais em outros países foram abordados no evento, que teve Ana Luiza Flores como palestrante
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) realizou na quarta-feira, dia 31, o seminário O impacto do marco regulatório sobre o desenvolvimento das reservas do pré-sal. O evento, no Rio de Janeiro, teve como palestrante a administradora Ana Luiza Silva de Alvarez Flores, lotada na gerência de Análise Estratégica da área de Estratégia Corporativa da Petrobras.
Ana Luiza Flores falou sobre os regimes fiscais atualmente em vigor em diferentes nações. Os países presentes no estudo da administradora são Canadá, Tanzânia, Trinidad e Tobago, Papua Nova Guiné, São Tomé e Príncipe/Nigéria - neste caso, as reservas estão sobrepostas no Golfo da Guiné, e um acordo assinado entre os dois países estabelece um desenvolvimento conjunto, por meio do qual Nigéria fica com 60% de toda a receita gerada.
O marco regulatório no Brasil é fundamentado no sistema de taxas/royalties, vigente desde 1997 com a Lei do Petróleo n° 9.478, que serviu para quebrar o monopólio e abrir o capital da Petrobras. Pela norma, a cobrança de royalties é feita sobre a produção de óleo e gás natural. A alteração da lei implicaria a divisão dos riscos e do petróleo produzido entre o governo e a empresa contratada para a exploração e produção. A Petrobras teria de participar obrigatoriamente de 30% da exploração de cada campo de petróleo.
“Nem toda a tecnologia está pronta para o desenvolvimento do pré-sal. Ficar com 30% de participação obrigatória em cada campo demandaria muitos custos para a Petrobras. O fator positivo é o risco geológico, que é reduzido”, afirmou Ana Flores. O pré-sal se estende do Espírito Santo a Santa Catarina, e uma cooperação entre as empresas para reduzir os custos tecnológicos foi uma das sugestões da administradora.
Na semana passada, o Ipea já havia realizado no Rio de Janeiro o seminário Comparação de regimes fiscais e efeito da tributação nas opções reais em E&P de petróleo (Tax effects on timing, scale, and learning options in petroleum upstream). No encontro, foram discutidos os sistemas de concessão e de partilha dos royalties, além da chamada Emenda Ibsen. O palestrante foi o professor Antônio Guimarães Dias, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).
Reforma agrária tem potencial de fortalecer a democracia
Concentração de patrimônio reflete desigualdade. Cerca de 30 milhões de brasileiros vivem em condições precárias no campo
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Brancolina Ferreira, coordenadora de Desenvolvimento Rural da |
A persistência de uma estrutura fundiária fortemente concentradora continua sendo problema grave no Brasil, segundo o estudo PNAD 2008: setor rural, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado na quinta-feira (1º), em Brasília. Realizado por pesquisadores da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc), o Comunicado do Ipea nº 42 avaliou dados relativos à população rural de 2008 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), e também do Censo Demográfico 2006.
"A questão da concentração do patrimônio rural no Brasil precisa ser resolvida. O fortalecimento da democracia implica distribuir melhor esse patrimônio", afirmou Brancolina Ferreira, coordenadora de Desenvolvimento Rural da Disoc e uma das autoras da publicação.
De acordo com a análise, cerca de 30 milhões de brasileiros vivem no meio rural em condições precárias de moradia, de acesso à saúde e à educação, com reduzidos níveis de renda e de remuneração. "Não é pouco", ressaltou Brancolina ao observar que, se essa população constituísse um país, seria o quadragésimo mais populoso do mundo, e o terceiro da América Latina, atrás do Brasil e da Argentina.
A agricultura familiar, além de responder por 70% dos alimentos produzidos no Brasil, é responsável ainda pela grande maioria das ocupações - também em torno de 70% - no meio rural. O agronegócio atinge 3% das ocupações. Os dados procuram oferecer um quadro das condições de vida nas áreas rurais a partir de alguns indicadores sociais e de desenvolvimento humano, analisados sempre em perspectiva comparativa com a população urbana.
Gênero e educação
Brancolina considera grave a situação, não só pela grande quantidade de trabalhadores agrícolas que estão fora de qualquer relação de assalariamento, mas também por causa das condições das mulheres e do acesso à educação. "As mulheres funcionam como um exército de reserva de trabalhadores do campo. Elas não possuem renda e muitas vezes trabalham em substituição aos homens, que se locomovem para outras frentes de trabalho em busca de melhores salários", disse a coordenadora.
A pesquisadora explicou ainda que a baixa escolaridade contribui para malefícios como a incorreção no uso de agrotóxicos. "Muitos não conseguem sequer entender as instruções de uso desses defensivos agrícolas", pontuou.
Para exemplificar a situação precária da zona rural brasileira, Brancolina apresentou uma tabela com a evolução do índice de Gini no Brasil, segundo as unidades da federação no período de 1995 a 2006, com base no Censo Agropecuário de 2006 do IBGE. Santa Catarina, com 0,682, é o estado menos desigual no Brasil. Os dados, no entanto, mostram que índice cresceu 0,10 em relação a 1995, quando o estado tinha um índice de 0,671. Quanto mais próximo de 1, mais desigual.
"Grande parte da mídia demoniza os movimentos sociais que lutam pela reforma agrária. Eles contribuíram muito para a democratização no campo, que ainda tem um longo caminho a percorrer", ponderou a pesquisadora.
A apresentação do estudo teve transmissão on-line pelos sites www.ipea.gov.br e www.ipea.gov.br. Os jornalistas puderam participar da coletiva on-line, e as perguntas foram respondidas ao vivo.
Veja a íntegra da Comunicado do Ipea nº 42
Boletim aborda questões regional, urbana e ambiental
Em seu terceiro número, a publicação que foi divulgada nesta terça-feira, em Brasília, traz 14 artigos
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou nesta terça-feira (6), às 15h, em Brasília (SBS, Quadra 1, Bloco J, Edifício BNDES, auditório do subsolo), a terceira edição de seu Boletim Regional, Urbano e Ambiental.
O entendimento de que as questões regionais, urbanas e ambientais não podem ser dissociadas da perspectiva do desenvolvimento de longo prazo levou à produção do boletim semestral, com pesquisas, debates e opiniões sobre os temas.
Produzido pela Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Instituto, o Boletim demonstra a preocupação com o tema das atividades no espaço, crucial em face dos elevados índices de desigualdade entre as regiões brasileiras.
Essa edição traz 14 artigos que analisam de políticas públicas a biocombustíveis, de transporte público a mercado de carbono, passando pelo fenômeno da fragmentação produtiva. A diretora da Dirur, Liana Carleial, esteve presente ao lançamento do periódico. A apresentação teve coletiva on-line pelos sites www.ipea.gov.br e www.ipea.gov.br.
Agricultura familiar lidera ocupações rurais
Comunicado do Ipea nº 42, última análise da PNAD 2008, aponta para a necessidade de reforma agrária no Brasil
A agricultura familiar é responsável pela grande maioria das ocupações no meio rural, se comparada a todos os demais vínculos ocupacionais, incluindo-se aí os postos de trabalho gerados pelo agronegócio. A persistência de uma estrutura fundiária fortemente concentradora, no entanto, continua sendo um problema grave no Brasil.
Essa é uma das conclusões do Comunicado nº 42 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), intitulado PNAD 2008: setor rural, divulgado em 1º de abril, quinta-feira, às 10h, no auditório da sede do instituto em Brasília (SBS, Quadra 1, Bl. J, Ed. Ipea/BNDES, subsolo).
O estudo, feito por pesquisadores da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do Ipea, avaliou dados relativos à população rural de 2008 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, e também do Censo Demográfico 2006. A pesquisa avalia que a questão agrária ainda é importante no País, mesmo com a diferença em relação ao tamanho da população das cidades, e procura oferecer um quadro das condições de vida nas áreas rurais a partir de alguns indicadores sociais e de desenvolvimento humano, analisados sempre em perspectiva comparativa com o cenário urbano.
O Comunicado do Ipea explica, ainda, as razões que levaram a um aumento da renda domiciliar rural per capita entre 2004 e 2008. E lança um alerta sobre a grande quantidade de trabalhadores agrícolas que estão fora de qualquer relação de assalariamento, caracterizando um desafio à estrutura do sistema de direitos e garantias sociais.
A apresentação do estudo teve transmissão on-line pelos sites www.ipea.gov.br e www.ipea.gov.br. Jornalistas interessados puderam participar da coletiva on-line, e as perguntas foram respondidas ao vivo.
Seminário discutiu redes de cidades e sistemas urbanos
Confira as gravações, em vídeo, de algumas das palestras apresentadas durante o encontro, na capital paranaense
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em parceria com o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), realizou em Curitiba (PR) o seminário A Rede Urbana em Debate. O principal objetivo do encontro, entre os dias 16 e 20 de novembro de 2009, foi oferecer aos integrantes da pesquisa Dinâmica Urbana dos Estados um aprofundamento no conhecimento de fontes de dados, questões teóricas e, sobretudo, metodológicas abordadas em estudos nacionais sobre o tema de redes de cidades e sistemas urbanos.
Como parte da memória técnica do seminário, o Ipea torna públicas, em sua agência, as gravações em vídeo de algumas das palestras apresentadas em Curitiba. Desenvolvida em rede por um grupo de instituições estaduais de planejamento e pesquisa (Proredes) e coordenada pelo Ipea, a pesquisa Dinâmica Urbana dos Estados tem como objetivo analisar aspectos do sistema urbano dos estados integrantes da pesquisa, no período de 2000 a 2008.
O foco é nas transformações ocorridas no perfil demográfico, produtivo e funcional das cidades, bem como na sua distribuição espacial, a fim de contribuir para a definição de estratégias de apoio à formulação e à execução da política urbana em diferentes escalas. A pesquisa é desenvolvida pela Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Ipea, sob a coordenação técnica da Coordenação de Desenvolvimento Urbano (CDU).
As gravações do evento foram realizadas pelas equipes do governo do estado do Paraná e do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), a quem o Ipea agradece a colaboração.
Por motivos de falha técnica, algumas das palestras apresentadas ao longo dos seminários ficaram com a qualidade comprometida e não estão disponíveis. Para baixar os arquivos em seu computador, instale do Real Player.
VIDEO - Seminário “A Rede Urbana em Debate” 1
VIDEO - Seminário “A Rede Urbana em Debate” 2
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VIDEO - Seminário “A Rede Urbana em Debate” 4
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UFMA recebe palestras sobre macroeconomia e inovação
Nos dois últimos dias da Semana de Economia, Denise Gentil e Luiz Ricardo Teixeira falaram aos estudantes. Reitor encerrou o encontro
Foto: Frednan Santos |
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Denise Gentil, diretora-adjunta de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, falou aos estudantes universitários no Maranhão |
A professora Denise Gentil, diretora-adjunta de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, foi a palestrante do terceiro dia da Semana de Economia na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Na quarta-feira, dia 24, a doutora em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro afirmou que o capitalismo tem uma falha sistêmica grave de insuficiência de demanda agregada. Por isso, a intervenção do Estado é fundamental para preencher esse hiato, seja gastando mais ou reduzindo os tributos para dinamizar a economia.
“O gasto social gera receita imediatamente, que se transforma em consumo, ativa a produção e o emprego, promovendo um ciclo virtuoso para a economia”, ressaltou. A economista defendeu que o tripé da macroeconomia capaz de levar ao desenvolvimento é uma política de câmbio administrado, desvalorizado e estável, uma política fiscal ativa, voltada para o pleno emprego, e uma política monetária de juros baixos.
A pesquisadora colocou em xeque mitos como o de que, quando o governo expande a oferta de moeda, os preços sempre aumentam. “A política fiscal é feita quando a economia está em baixo ritmo, quando existe uma produção ociosa. Com os gastos do Estado, aumenta-se a renda, o poder de compra, desovam-se os estoques, ou seja, a oferta reage a esse crescimento da demanda e não vai haver aumento de preços”, argumentou.
Na quinta-feira (25), último dia do encontro no auditório do Centro de Ciências Sociais, o técnico da Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrutura (Diset) Luiz Ricardo Teixeira palestrou sobre avanços tecnológicos. O engenheiro mostrou que a concorrência por meio da inovação é a força motriz básica da economia capitalista, e que os países mais desenvolvidos investem mais em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Esse investimento não é feito apenas pelos governos, mas tem uma participação relevante do setor produtivo.
O acadêmico destacou a importância do setor produtivo, pois as empresas inovadoras trazem benefícios ao País, geram postos de trabalho de melhor qualidade, pagam salários 23% superiores à média da indústria e têm 16% mais de chances de exportar produtos de maior intensidade tecnológica. “No entanto, não dá para esperar até que os setores privados invistam, pois os projetos de inovação são de alto risco, alto custo, e há um descompasso entre as taxas de retorno privada e social dos projetos de P&D”, afirmou, reforçando a necessidade de políticas de inovação para incentivar o setor produtivo a investir em P&D.
No encerramento da Semana de Economia, o reitor da UFMA, professor e doutor Natalino Salgado Filho, agradeceu a realização do evento, que considerou produtivo e rico em conteúdo. Ele também manifestou o desejo em aprofundar a parceria entre a universidade e o Ipea.