Previdência atinge a maior cobertura na década
Análise da PNAD revela ainda desemprego decrescente e redução na informalidade no trabalho
Técnicos da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do Ipea apresentaram na manhã desta quinta-feira, 1º de outubro, mais análises da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD 2008). A segunda entrevista coletiva, realizada na sede do Instituto no Rio de Janeiro, trouxe boas notícias nas áreas de previdência e mercado de trabalho, mas novidades preocupantes em matéria de demografia (leia a matéria seguinte).
A primeira parte da apresentação do Comunicado da Presidência nº 31 coube ao técnico de Planejamento e Pesquisa (TPP) Leonardo Rangel. Ele revelou que, segundo a PNAD, a cobertura previdenciária do Brasil atingiu o ponto mais alto da década até agora, com 59,6% da população economicamente ativa (PEA) inserida. No entanto, ele lembrou que um terço da PEA brasileira ainda corresponde a trabalhadores informais, que não contribuem para a previdência.
“Isso significa que o emprego com carteira assinada cresceu, o número de contribuintes cresceu, mas a informalidade persiste e responde por cerca de 31,1 milhões de pessoas”, afirmou Rangel. Os empregos com carteira pularam de 30,4% da PEA em 2001 para 35,7% em 2008. Já os contribuintes passaram de 44,3% para 51% no mesmo período.
O estudo incluiu uma simulação que demonstra a relevância da previdência enquanto reguladora da pobreza. Se todos os benefícios pagos fossem retirados, a parcela de indigentes (que ganham menos de ¼ de salário mínimo per capita) na população passaria de 10% para 20,19%. Seriam mais 17 milhões de indivíduos nessa situação.
Cai a informalidade
O TPP Carlos Henrique Corseuil apresentou o artigo escrito com Lauro Ramos sobre evolução do mercado de trabalho entre 2001 e 2008. Os avanços nessa área são patentes: o grau de informalidade no emprego é o menor da década, o desemprego é o menor desde 1996, e o rendimento real médio de todos os trabalhos é o maior da década, de acordo com a PNAD 2008.
O grau de informalidade - razão entre trabalhadores sem carteira, por conta própria e não remunerados sobre o total de ocupados - ficou em 49,4% em 2008 e vem caindo desde 2002. “A tendência é acelerarmos essa queda”, disse Corseuil. Já o desemprego está na casa dos 7,2%, e o rendimento real médio atingiu R$ 944,38. “Devemos ressaltar que a queda recente no desemprego é puxada pelo aumento na demanda por trabalho, pois a taxa de participação está estável, sem retração”, lembrou o técnico da Disoc.
Leia a íntegra do Comunicado da Presidência nº 31
Veja a apresentação Mercado de Trabalho
Veja a apresentação Tendências Demográficas
Fecundidade brasileira está abaixo do nível de reposição
Caso a tendência continue, previsão é de que o número absoluto de brasileiros começará a cair a partir de 2030
Uma análise sobre os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-2008, do IBGE) feita pelo Ipea mostra um processo acelerado de envelhecimento da população brasileira. Em 1992, a média de filhos tidos por uma mulher no País era de 2,8. Em 2008, foi de apenas 1,8 - abaixo do chamado nível de reposição, em torno de 2,1, necessário para que a quantidade de indivíduos não cresça nem diminua.
A estatística foi apresentada em entrevista coletiva pela técnica de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) Ana Amélia Camarano. Ela e Solange Kanso assinam o artigo sobre demografia no Comunicado da Presidência nº 31, divulgado nesta quinta-feira na sede do Ipea no Rio de Janeiro.
"Devemos atingir por volta de 2030 o perfil de uma população chamada de superenvelhecida, como é o caso do Japão hoje", disse Camarano. A PNAD 2008 revela que a parcela da população de 15 a 29 anos atingiu seu máximo e começará a cair a partir de 2010.
Hoje, a população maior de 80 anos já cresce a taxas de 4% ao ano. Depois de 2030, crescerá na faixa de 6%. A partir de 2010, metade da população em idade ativa do Brasil terá mais de 45 anos. Segundo Camarano, a fecundidade cai mais nas regiões Norte e Nordeste, pois ambas são as que apresentavam as maiores taxas.
Ao comentar as consequências desse processo, a técnica considerou que, no futuro, serão necessárias decisões difíceis. "Uma alternativa para a previdência e o mercado de trabalho seria manter o trabalhador na ativa por um número maior de anos. Mas isso mexe em questões como saúde ocupacional, redução do preconceito contra o trabalho do idoso, etc.", afirmou.
Outro aspecto interessante do estudo é que o arranjo familiar brasileiro, predominantemente de "casal com filhos", caiu 12 pontos percentuais de 1992 para 2008, representando agora 50,5% do total. Cresceram os casos de casais sem filhos e de pais e mães morando sozinhos. Com sua inserção maior no mercado de trabalho, as mulheres aumentaram a contribuição sobre a renda das famílias - de 30% em 1992 para 40,6% em 2008.
Ipea e Fundaj realizam seminário no Recife
Instituto vai debater na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) a situação econômico-social global e as influências brasileiras
Em continuidade às comemorações dos 45 anos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), sua Diretoria de Estudos, Cooperação Técnica e Políticas Internacionais (Dicod) promove, no dia 6 de outubro, no Recife (PE), o seminário Encontros Brasil Ipea 45 Anos: Um Novo Ciclo do Pensamento Nacional, em parceria com a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).
A Dicod dedica-se à promoção de uma melhor articulação institucional, interna e externa, de modo a maximizar os benefícios das múltiplas atividades em que o Ipea se envolve, e sua ação se dá por meio das atividades de gestão e planejamento.
O diretor da Dicod, Mário Lisboa Theodoro, e o pesquisador do Ipea Giorgio Romano Schutte farão uma exposição sobre a situação e influência do Brasil na conjuntura internacional, e debaterão o panorama da região Nordeste com os economistas da Fundaj Tania Bacelar e Luis Henrique Romani Campos.
O evento será aberto ao público e à imprensa no horário das 10h às 12h, na Fundação Joaquim Nabuco (Av. Dezessete de Agosto, 2187, Casa Forte, de Recife).
A série de seminários Encontros Brasil Ipea 45 Anos: Um Novo Ciclo do Pensamento Nacional vai promover debates em diversas capitais do País com cada uma das diretorias do Instituto. Acompanhe a programação:
Outubro
Recife - 6 (terça-feira) - Dicod
Salvador - 8 (quinta-feira) - Dimac
Belém - 14 (quarta-feira) - Disoc
Brasília - 20 (terça-feira) - Diest
Aracajú - 22 (quinta-feira) - Dirur
Brasília - 27 (terça-feira) - Dides
São Paulo - 29 (quinta-feira) - Diset
Previdência atinge a maior cobertura na década
Análise da PNAD revela ainda desemprego decrescente e redução na informalidade no trabalho
Técnicos da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do Ipea apresentaram na manhã desta quinta-feira, 1º de outubro, mais análises da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD 2008). A segunda entrevista coletiva, realizada na sede do Instituto no Rio de Janeiro, trouxe boas notícias nas áreas de previdência e mercado de trabalho, mas novidades preocupantes em matéria de demografia (leia a matéria seguinte).
A primeira parte da apresentação do Comunicado da Presidência nº 31 coube ao técnico de Planejamento e Pesquisa (TPP) Leonardo Rangel. Ele revelou que, segundo a PNAD, a cobertura previdenciária do Brasil atingiu o ponto mais alto da década até agora, com 59,6% da população economicamente ativa (PEA) inserida. No entanto, ele lembrou que um terço da PEA brasileira ainda corresponde a trabalhadores informais, que não contribuem para a previdência.
“Isso significa que o emprego com carteira assinada cresceu, o número de contribuintes cresceu, mas a informalidade persiste e responde por cerca de 31,1 milhões de pessoas”, afirmou Rangel. Os empregos com carteira pularam de 30,4% da PEA em 2001 para 35,7% em 2008. Já os contribuintes passaram de 44,3% para 51% no mesmo período.
O estudo incluiu uma simulação que demonstra a relevância da previdência enquanto reguladora da pobreza. Se todos os benefícios pagos fossem retirados, a parcela de indigentes (que ganham menos de ¼ de salário mínimo per capita) na população passaria de 10% para 20,19%. Seriam mais 17 milhões de indivíduos nessa situação.
Cai a informalidade
O TPP Carlos Henrique Corseuil apresentou o artigo escrito com Lauro Ramos sobre evolução do mercado de trabalho entre 2001 e 2008. Os avanços nessa área são patentes: o grau de informalidade no emprego é o menor da década, o desemprego é o menor desde 1996, e o rendimento real médio de todos os trabalhos é o maior da década, de acordo com a PNAD 2008.
O grau de informalidade - razão entre trabalhadores sem carteira, por conta própria e não remunerados sobre o total de ocupados - ficou em 49,4% em 2008 e vem caindo desde 2002. “A tendência é acelerarmos essa queda”, disse Corseuil. Já o desemprego está na casa dos 7,2%, e o rendimento real médio atingiu R$ 944,38. “Devemos ressaltar que a queda recente no desemprego é puxada pelo aumento na demanda por trabalho, pois a taxa de participação está estável, sem retração”, lembrou o técnico da Disoc.
Leia a íntegra do Comunicado da Presidência nº 31
Ipea fecha acordo com a Caixa
Instituto vai avaliar as implicações do PAC nas áreas de habitação e saneamento no Complexo do Alemão no Rio de Janeiro
Foto: Lia Marinho |
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Qual é o impacto das intervenções urbanísticas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)? Com o objetivo de responder a essa pergunta e desenvolver metodologias para avaliar os empreendimentos nas áreas de habitação e saneamento do PAC, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Caixa Econômica Federal firmaram um acordo de cooperação técnica nesta quarta-feira, dia 30.
O estudo será realizado pelo instituto com base nas ações implementadas no Complexo do Alemão (RJ). A área escolhida para a pesquisa funciona como projeto de referência na construção de métodos que poderão ser ampliados para outros locais. “Para o Ipea, é uma oportunidade inédita acompanhar esse tipo de intervenção e, ao mesmo tempo, ter condições de oferecer indicadores para avaliar o seu impacto. Haverá algumas dificuldades em obter os dados, por isso esse esforço, que não será pequeno, servirá de parâmetro para ações feitas em outros momentos”, afirmou o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.
A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, explicou a escolha do Complexo do Alemão por ser uma área que traz muitos desafios com uma intervenção urbana muito grande. “Lá havia famílias que jamais receberam qualquer apoio público. O estudo no Complexo do Alemão vai nos permitir ter a metodologia do Ipea para avaliar o impacto das ações que a Caixa também executa em diversas regiões do país.”
Maria Fernanda ressaltou ainda a relevância dessa parceria “não só por o Ipea ser um instituto de altíssima credibilidade e uma referência no Brasil quanto ao pensamento crítico que traz reflexões e, principalmente, mudanças, mas também por a Caixa ser a grande executora do PAC em infraestrutura urbana.”
Impacto ao longo do tempo
Pochmann acrescentou que o Brasil tem tradição em realizar grandes intervenções, mas que, de certa maneira, geram um impacto muito localizado, não tem uma efetividade ao longo do tempo. “O acordo traz então uma chance de testar a metodologia e inovar do ponto de vista das ações que dizem respeito aos recursos públicos. Além de exercer nossa missão, é um privilégio ajudar a monitorar ações dessa natureza”, disse o presidente.
O prazo para apresentação do relatório final é de um ano. Pochmann, porém, prevê a conclusão de um primeiro produto no primeiro trimestre de 2010 a fim de subsidiar a participação da Caixa no Fórum Urbano Mundial.
O trabalho, intitulado Implementação de metodologia para avaliação da intervenção urbanística no Complexo do Alemão (RJ), será coordenado pelo técnico de Pesquisa e Planejamento da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) Alexandre Manoel da Silva.
Outro programa que poderá ser avaliado pelo Ipea em um possível acordo com a Caixa é o Minha casa, minha vida, do governo federal. “Assim como o PAC, esse programa é massivo. Vai se fazer casas como nunca se fez no Brasil e isso tem um impacto nas cidades. É fundamental avaliar a qualidade de vida gerada por essa intervenção”, afirma o vice-presidente da Caixa, Jorge Hereda.
Sensor Econômico entra na zona de confiança
Indicador medido pelo Ipea deixa o cenário de apreensão, atinge 23,2 pontos e confirma recuperação depois da crise global
O indicador Sensor Econômico, medido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), confirmou o ritmo acelerado de melhoria e, em agosto, atingiu 23,2 pontos na escala que varia de -100 a +100. O novo indicador foi divulgado pelo Instituto nesta quarta-feira, 30, e pela primeira vez desde o começo do ano se situa na zona de confiança.
O Sensor Econômico é composto por quatro aspectos: Contas Nacionais, Parâmetros Econômicos, Desempenho das Empresas e Aspecto Social. Em agosto, todos exceto Parâmetros Econômicos apresentaram uma evolução positiva. O avanço na percepção das Contas Nacionais se deveu, em grande parte, ao aumento da confiança na trajetória do produto industrial e das exportações. O índice do produto industrial saltou de 5,6 pontos em julho para 30,6 em agosto.
Enquanto os Parâmetros Econômicos tiveram pouca alteração em relação a julho - trata-se do aspecto mais bem avaliado -, o Desempenho das Empresas chegou a 13,4 pontos, ainda na zona de apreensão. Os Aspectos Sociais também continuam em cenário de apreensão e progridem em ritmo mais lento que os demais aspectos. Ao atingir 23,2 pontos, o Sensor Econômico obtém a sexta alta seguida, confirmando o cenário de recuperação depois da crise financeira que estourou no último trimestre de 2008.