Comunicado analisa as despesas federais de 2001 a 2011
Estudo realizado pelo Ipea foi apresentado nesta quinta-feira, dia 1º, em BrasíliaO Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta quinta-feira, 1º, às 14h30, o Comunicado nº 122 – Governo gastador ou transferidor? Um macrodiagnóstico das despesas federais (2001 - 2011). O estudo foi apresentado pelos técnicos de Planejamento e Pesquisa do Ipea Rodrigo Orair e André Calixtre, na sede do Instituto, em Brasília (SBS, Quadra 1, Bl. J, Ed. BNDES/Ipea, auditório do subsolo).
O Comunicado procura realizar uma análise das despesas públicas federais entre os anos de 2001 a 2011, referentes a custeio, investimentos e transferências a famílias, estados e empresas.
Ipea participa de debate sobre ocupação no setor público
Evento será na Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), em Brasília, nesta quinta-feira, dia 1º
O auditório da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) recebe nesta quinta-feira, 1º, mais uma edição da série de eventos Café com Debate. Desta vez, o tema será Ocupação no setor público brasileiro: tendências recentes e desafios. José Celso Cardoso Júnior, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, será um dos debatedores, ao lado de Ana Lúcia Amorim de Brito, secretária de Gestão do Ministério do Planejamento.
José Celso é organizador do estudo Burocracia e ocupação no setor público brasileiro. O debate na ENAP terá a moderação do presidente da ENAP, Paulo Carvalho. O Café com Debate enfoca questões candentes e polêmicas da administração pública, fortalecendo a capacidade de servidores públicos federais, estaduais e municipais no Brasil.
Esta edição abordará a evolução do número de servidores públicos ativos e inativos; o tamanho do gasto com o funcionalismo; a distribuição desses contingentes entre os diferentes níveis de governo e nas diferentes frentes de atuação do Estado e dos governos; as formas de recrutamento e seleção; e os tipos de vínculos empregatícios.
As vagas são limitadas. Inscreva-se pelo Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. O auditório fica no SAIS, Área 2-A. O telefone para mais informações é (61) 2020-3438.
2ª Code promoveu o debate nacional em Brasília
O evento, promovido pelo Ipea, reuniu um público que discutiu temas ligados aos eixos do desenvolvimento
Durante três dias (23, 24 e 25 de novembro), a Conferência do Desenvolvimento, organizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), reuniu mais de mil palestrantes em cerca de 100 mesas de debates no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília. Autoridades, especialistas, pesquisadores, gestores públicos e legisladores de todo país estiveram presentes no evento, além de estudantes que vieram das cinco regiões brasileiras. Foram realizados 70 lançamentos de livros, nove painéis, 109 mesas, 12 oficinas e mais de 60 estandes de entidades de todo o Brasil (ministérios, governos estaduais e municipais e representantes da sociedade). Ao final dos três dias da Conferência, participaram 14,6 mil pessoas.
Grandes nomes participaram dos painéis e mesas da Conferência, como o Conselheiro do Ipea Luis Carlos Bresser Pereira, os ministros Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República, e Wellington Moreira Franco, da Secretaria de Assuntos Estratégicos, o Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, Alto Representante-Geral do Mercosul, o Secretário Nacional de Economia Solidária, Paul Singer, o pesquisador doutor José Marques de Melo, presidente da Socicom, o músico Chico César, secretário de Cultura da Paraíba, entre outros.
Nesta edição, as novidades da Conferência foram o espaço digital Arena Code (um local de 1.000m2 de debate sobre as economias criativas e conteúdos digitais) e a apresentação de 260 trabalhos inéditos sobre desenvolvimento, produzidos por especialistas de todo o país por meio de chamada pública. A programação cultural contou também com inovações com a 1° Série de Mostras de Cinema da Code e a Mostra Fotográfica.
Diversos aspectos do desenvolvimento foram abordados, seguindo os eixos temáticos, que norteiam o trabalho do Instituto (inserção internacional soberana; macroeconomia para o desenvolvimento; fortalecimento do Estado, das instituições e da democracia; estrutura tecnoprodutiva integrada e regionalmente articulada; infraestrutura econômica, social e urbana; proteção social, garantia de direitos e geração de oportunidades; e sustentabilidade ambiental).
Para mais informações sobre a 2ª Code, acompanhe o blog da conferência
Ipea lançou o Comunicado n° 100 sobre os desafios do país
O estudo foi divulgado na abertura da 2° Conferência do Desenvolvimento, promovida pelo Instituto em Brasília
Durante a abertura da segunda edição da Conferência do Desenvolvimento, no dia 23 de novembro, o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, divulgou o Comunicado do Ipea n° 100 - Mudanças na ordem global:desafios para o desenvolvimento brasileiro. O estudo apresenta e analisa os grandes desafios colocados para o Brasil frente às mudanças na economia mundial e às transformações socioeconômicas vividas pelo país nos últimos dez anos, dentro de um projeto de desenvolvimento de longo prazo.
Entre as questões analisadas estão o papel do Brasil nos BRICS, inserção no padrão de competição monopolizado e a revolução tecnológica global, desenvolvimento com a sustentabilidade ambiental e maior participação na governança global.
Também estavam presentes na mesa de abertura da Code Wellington Moreira Franco, Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, José Narciso Sobrinho, superintendente do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), Luis Otávio Neves, Secretário de Turismo do DF, o senador federal Eduardo Suplicy, o deputado federal Paulo Rubem Santiago, Paul Singer, secretário Nacional de Economia Solidária, e Celso Lisboa, presidente do INCRA, representando o MDS.
Ipea e Incra firmam acordo durante a 2ª Code
A parceria, assinada em 23 de novembro, na capital federal, objetiva desenvolver o meio agrário
Foto: João Viana |
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Público na cerimônia de abertura da 2° Code, quando o acordo entre Ipea e Incra foi assinado |
Avaliar a qualidade dos serviços públicos como acesso a água, luz, educação e estradas disponibilizados em assentamentos; pesquisar mecanismos para aprimorar o crédito para beneficiários do programa de reforma agrária e estudar a legislação para acelerar o processo de instalação de áreas para realizar reforma agrária são alguns dos pontos que norteiam o acordo de cooperação técnica entre o Incra e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), firmado nesta quarta-feira (23), em Brasília.
O presidente do Incra, Celso Lacerda, e o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, firmaram a parceria durante a abertura da 2ª Conferência do Desenvolvimento (Code), realizada pelo Ipea no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília. Na ocasião, Lacerda participou do Painel I - Erradicação da Pobreza Extrema com o senador Eduardo Suplicy (SP), o professor emérito da UnB Pedro Demo, e o Secretário Nacional de Economia Solidária, Paul Singer.
Para Lacerda, o acordo representa uma parceria importante para aprofundar as análises levantadas na pesquisa de avaliação da qualidade dos assentamento da reforma agrária, iniciada em 2010. “Estou convencido da importância da reforma agrária como uma ação de médio e longo prazo para a inclusão produtiva e para o combate à miséria rural, com distribuição de terras, renda, serviços, conhecimento e oportunidade”, afirmou.
Para Marcio Pochmann, a parceria entre Incra e Ipea vai contribuir para reforçar a importância da reforma agrária como inclusão produtiva no meio rural brasileiro, combatendo a miséria extrema. “O meio rural brasileiro é, historicamente, um produtor de pobreza, o que tem uma relação muito intensa com a pobreza urbana e a migração do campo para a cidade. A reforma agrária de hoje pressupõe não apenas a distribuição de terra, mas uma série de medidas integradas para combater a origem da miséria no meio rural, como a estrutura fundiária”.
Inclusão produtiva
No painel Erradicação da Pobreza Extrema, o pesquisador Pedro Demo considerou a pobreza como uma característica estrutural do modelo capitalista. Já Paul Singer ressaltou a exclusão estrutural de comunidades tradicionais como índios, quilombolas, negros, ribeirinhos entre outras. Ele enfatizou a importância de considerar a inclusão produtiva, a elevação da renda e acesso a serviços como saúde e educação a fim de garantir a estabilização desta população e dar as condições necessárias de participação plena na sociedade.
Técnico do Ipea vence o Prêmio Haralambos Simeonidis
Um dos mais importantes prêmios em economia foi concedido ao autor de trabalho que relaciona violência e PIB
A melhor tese de doutorado em economia no Brasil em 2011 pertence ao técnico de planejamento e pesquisa Daniel Cerqueira, do Ipea, vencedor do Prêmio Haralambos Simeonidis, concedido pela ANPEC. Fundada em 1973, a Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia (ANPEC) congrega as instituições brasileiras que desenvolvem atividades de pesquisa e formação em nível de pós-graduação na área de economia. A ANPEC reúne atualmente 21 centros de excelência acadêmica de diversos estados do Brasil.
“Aproveito para agradecer a colaboração de todos, seja com as boas sugestões nos seminários, seja nas conversas de corredor, ou nas palavras de incentivo e encorajamento. Com certeza, o trabalho desenvolvido em grande parte foi fruto do ambiente de pesquisa que temos aqui em nossa casa e que dão peso ao nome Ipea”, disse Daniel Cerqueira, ao receber a notícia da premiação. Ele chamou a atenção para o grande número de profissionais do Instituto que também já receberam o prêmio (leia a relação mais abaixo).
A tese do técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, Causas e Consequências do Crime no Brasil, teve a orientação e co-orientação dos professores João Manoel Pinho de Mello e Rodrigo Reis Soares, do Programa de Pós-graduação em Economia do Departamento de Economia da PUC-Rio. O trabalho reúne informações sobre a violência no Brasil, onde ocorrem 47 mil homicídios a cada ano. “Um milhão de homicídios no Brasil. Esta é a triste marca a ser alcançada em 30 anos de informações disponíveis”, afirmou Daniel Cerqueira na primeira frase da tese, que destaca o custo econômico da violência, visto que nas localidades mais violentas o valor dos imóveis diminui e, eventualmente, os negócios e a produção são prejudicados.
O estudo discorre sobre a história dos homicídios no país, desde 1981, quando foram produzidos diversos indicadores básicos que não existiam no Brasil, como a prevalência de drogas ilícitas, de bebidas alcoólicas e de armas de fogo, entre outros. Segundo o técnico de planejamento e pesquisa, o objetivo era elaborar políticas públicas efetivas e eficientes: “a intenção era saber se o conhecimento que dispomos na academia poderia ajudar concretamente no entendimento da questão, no sentido de documentar os determinantes mais importantes que alimentaram a dinâmica dos homicídios no Brasil e o seu grau de importância a cada década”, afirmou Cerqueira.
De acordo com o pesquisador, a arma de fogo aparecia sempre como um elemento central. Por isso, uma parte do estudo analisa com maior nível de detalhamento e rigor científico a relação causal entre armas e crimes violentos e contra o patrimônio. “Com base em um método de aferir a disposição marginal para evitar a violência letal, estimamos que, a cada ano, os custos das mortes violentas representam 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB)”, disse.
Sobre a premiação, o economista afirmou estar honrado pelo fato de o prêmio ser um dos mais importantes na área de economia no Brasil. “É também um reconhecimento aos nossos esforços, em certa medida pioneiros, de tentar analisar o problema sob uma perspectiva econômica, o que temos feito desde 1999”, informou.
Para Daniel Cerqueira, o Ipea é um dos mais importantes centros de formação de massa crítica e de produção de pesquisas de qualidade no país. Com seus 30 anos, o Prêmio Haralambos Simeonidis contemplou 11 técnicos da instituição. “Prêmios como esses são incentivos a nos mantermos fiéis à nossa história de produção de pesquisas acadêmicas de qualidade voltadas ao entendimento da realidade brasileira, para gerar diagnósticos, propor e avaliar as políticas públicas”, concluiu.
A cerimônia de premiação ocorrerá no 39º Congresso da Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia (ANPEC), que será em Foz do Iguaçu, Paraná, de 6 a 9 de dezembro. O Prêmio Haralambos Simeonidis tem por objetivo estimular as atividades de reflexão e pesquisa em economia no Brasil. São premiados, anualmente, os melhores trabalhos nas categorias artigos, livros e teses de doutorado.
Trabalhos de pesquisadores do Ipea ganhadores do Prêmio Haralambos Simeonidis
Categoria Tese
2011 - Daniel Ricardo de Castro Cerqueira, Causas e Consequências do Crime no Brasil.
2009 - Carlos Henrique Leite Corseuil, Labour market dynamics under imperfect information.
1995 - Thompson de Almeida Andrade, Distributional Aspects of Public Utility Pricing with Reference to Brazil.
1991 - Lauro Roberto Albercht Ramos, A Distribuição de Rendimentos no Brasil: 1976/8.
1984 - Wilson Suzigan, Investiment in the Manufacturing in Brazil (1869/1939).
Categoria Artigo
2008 - Cláudio Ferraz e Frederico Finan, “Exposing corrupt politicians: the effects of Brazil's publicly released audits on electoral outcomes”.
1995 – Rosane Silva Pinto Mendonça; Ricardo Paes de Barros, "The Evolution of Welfare, Poverty and Inequality in Brazil Over the Last Three Decades: 1960-1990".
1994 - Octavio Antonio Fontes Tourinho, The Demand for Money in High Inflation Processes.
1988 - Regis Bonelli; Eustáquio Reis; Sandra Rios, Dívidas e Déficits: Projeções para o Médio Prazo.
1984 - Cláudio Monteiro Considera, Comportamento Oligopolista e Controle de Preços Industriais: O Caso do Gênero Meterial de Transporte (1969/1982).
Menções Honrosas
1985 Gervásio Castro de Rezende, Interação entre Mercados de Trabalho e Razão entre Salários Rurais e Urbanos no Brasil.
Saiba mais sobre o prêmio Haralambos Simeonidis
Saiba mais sobre o vencedor do prêmio
Daniel Cerqueira é doutor em economia pela PUC-Rio, mestre em economia pela Escola de Pós-Graduação da Fundação Getúlio Vargas e bacharel em economia pela Universidade Santa Úrsula. Foi analista do Banco Central do Brasil (1994 a 1996). Desde 1994 é professor visitante da FGV nos cursos de MBA, tendo ainda atuado como coordenador acadêmico do MBA de Economia e Finanças e do curso preparatório para a ANPEC. Trabalhou na Coordenadoria de Segurança Pública do RJ (1999 a 2000). Desde 1996 é pesquisador do Ipea, onde tem desenvolvido uma agenda de pesquisas em violência e criminalidade no Brasil, tendo inúmeros artigos e capítulos de livro publicados sobre o tema.
Estudo aborda desafios do desenvolvimento brasileiro
Comunicado nº 100 será divulgado na abertura da 2ª Conferência do Desenvolvimento, em Brasília
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresenta nesta quarta-feira, 23, o Comunicado n° 100 - Mudanças na economia global: desafios para o desenvolvimento brasileiro. Esta edição especial do Comunicado será divulgada pelo presidente do Instituto, Marcio Pochmann, às 9h, durante a abertura da 2ª Conferência do Desenvolvimento (2ª Code/Ipea), no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília.
O estudo apresenta e analisa os grandes desafios colocados para o Brasil frente às mudanças na economia mundial e às transformações socioeconômicas vividas pelo país nos últimos dez anos, dentro de um projeto de desenvolvimento de longo prazo. Entre as questões analisadas estão o papel do Brasil nos BRICS, inserção no padrão de competição monopolizado e a revolução tecnológica global, desenvolvimento com a sustentabilidade ambiental e maior participação na governança global.
2ª Code
A 2° Conferência do Desenvolvimento (Code/Ipea), que será realizada entre os dias 23 e 25 de novembro, tem como objetivo promover um espaço nacional de debates em Brasília, informando, difundindo e incentivando a reflexão sobre o desenvolvimento nacional. Aberta à participação ampla de estudantes, profissionais, agentes públicos, estudiosos, pesquisadores, especialistas, professores e legisladores, entre outros, a Code receberá mais de mil palestrantes. Serão nove painéis, 70 lançamentos de livros, mais de 40 estandes e cerca de 110 mesas de debates.
Economista Francês analisa o futuro do desenvolvimento
Solução para crises financeiras é reestruturação institucional, segundo Robert Boyer, da EHESS, que palestrou no Ipea
No atual contexto da crise econômica que se alastra pela União Européia o Ipea recebeu no Rio de Janeiro, dia 10/11, Robert Boyer economista Sênior do Centre pour La Recherche Economique na Ècole dês Hautes ètudes em Sciences Sociales (EHESS) e Diretor de Pesquisa no Centre National de La Recherche Scientifique (CNRS) que apresentou seu estudo “Quais seriam os próximos modos de desenvolvimento e regime internacional?”
O professor que é um dos fundadores da escola da regulação econômica foi recebido no Ipea com elogios de Vanessa Petrelli, diretora de Estudos e Políticas Macroeconômicas (DIMAC), salientando que a vinda do pesquisador ao Ipea é uma possibilidade de estreitar laços entre as instituições que representam, “visamos ter um intercâmbio com os grupos de economia dos quais o professor Boyer participa, para que possamos desenvolver pesquisas em novos modos de capitalismos para a América Latina”, disse.
Robert Boyer iniciou o debate afirmando que as três principais fontes da crise mundial de 2008 ainda estão operando, tendo a prevalência da lógica financeira sobre uma possível racionalidade econômica. Os fatores são a não mudança dos incentivos e estratégias econômicas, a não correção dos efeitos externos de desestabilização durante crises anteriores, e o desequilíbrio internacional da economia com a polarização entre grandes déficits e excedentes comerciais. Para ele esses fatores acarretam a desigualdade de renda que por sua vez aumenta a frequência de crises financeiras.
Segundo o economista a crise é estrutural, pois não há recuperação endógena no regime de acumulação de capital norte americano apesar da crescente liquidez nos bancos. Isso se deve a uma forte “aversão” ao risco que vem dificultando o crédito para empresas e famílias. “Diante desse cenário o desemprego tornou-se estrutural e de longa duração, daí uma queda na renda real dos salários, o que é agravado pelo impasse político sobre um plano de novos gastos públicos em infra-estruturas”, disse Boyer.
Diante desta conjuntura Boyer afirma que é necessária uma nova teoria de desenvolvimento que busque avaliar as políticas públicas adotadas por alguns países emergentes. Ele citou três experiências que considera notáveis, a China que tem uma economia dinâmica com controle de crédito e câmbio por parte das autoridades publicas. A Argentina com sua recuperação surpreendente da economia, apesar de ainda passar por alguns conflitos políticos.
E por fim o Brasil que, segundo ele, representa um novo estrutularismo latino-americano com a adoção de políticas para controlar a entrada de capital especulativo através de imposto, um processo de crescente geração de emprego e, sobretudo a forte inclusão social que o país vem passando desde 2003.
Para o economista francês uma convergência emergente entre essas políticas de desenvolvimento de China, Brasil e Argentina é “uma oportunidade de elaborar uma nova trajetória para o desenvolvimento, impedindo a volta das teorias convencionais que tiveram papel tão negativo, gerando fracasso das estratégias de desregulamentação e instabilidade nas relações internacionais.
O professor finalizou afirmando que o novo desenvolvimento tem que ter como objetivo reformas institucionais reduzindo a dependência em relação a intermediação financeira internacional, construir uma credibilidade do sistema financeiro doméstico e fortalecer a economia em toda a complementaridade dos bancos privados e públicos.
Brasil e o novo desenvolvimentismo
De acordo com Miguel Bruno, coordenador da área de Crescimento, Desenvolvimento e Distribuição de Renda da Dimac (Ipea), que organizou o seminário de Robert Boyer na instituição a busca pela estabilidade é urgente, “algo como um "novo sistema de Bretton Woods" será necessário para garantir a possibilidade de emergência de novas trajetórias de estabilidade do crescimento econômico, tanto na zona do euro quanto nos EUA e América Latina”. Para ele, é preciso se pensar um novo sistema monetário internacional que implica nova arquitetura institucional para dar suporte a relações comerciais e financeiras mais apropriadas com as demandas sociais em matéria de crescimento econômico, redução das desigualdades e geração de emprego e de renda.
Miguel Bruno afirmou que a economia brasileira vem optando por uma forma de inserir o país no contexto internacional e aproveitar suas vantagens competitivas e do acesso aos mercados globais completamente diferente daquelas seguidas pelas economias que mais crescem no mundo.
Segundo o pesquisador, a atual forma de inserção internacional dificulta, por razões estruturais, a obtenção de uma taxa de câmbio competitiva e a emergência de um ambiente macroeconômico com taxas de juros baixas ou próximas aos padrões internacionais. “O tipo de inserção internacional do Brasil, caracterizado por ampla liberalização da conta financeira em mercados de derivativos profundo, tende a tornar praticamente imediatos os impactos da crise mundial sobre a economia doméstica, afetando a estrutura produtiva e os projetos de investimento que o Estado pretende impulsionar”, avaliou.
O Brasil precisa então mobilizar o seu Estado para defender sua economia dos efeitos adversos da propagação dessa crise, de acordo com Miguel Bruno, os custos de não fazê-lo serão enormes ultrapassando sobremaneira qualquer custo estimado pelas visões liberalizantes que buscam difundir as "vantagens da não-intervenção do Estado ou dos mercados completamente livres".
Seminário discute propostas para a Rio + 20
No dia 22, encontro discutirá propostas do Acordo para o Desenvolvimento Sustentável, publicado em outubro
Na próxima terça-feira, 22, será realizado no Auditório do Anexo 1 do Palácio do Planalto, em Brasília, o seminário Propostas para a Rio + 20 temas para aprofundamento do diálogo social, de 9h30 até 13h.
Como explica a técnica de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Sandra Paulsen, que participa da equipe técnica de preparação da Conferência Rio +20, o objetivo do seminário é discutir as propostas que constam no Acordo para o Desenvolvimento Sustentável: Contribuições para a Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio + 20, publicado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) em outubro.
Além do CDES, outras 72 instituições subscrevem o documento, entre organizações sociais, ambientais, empresariais e de trabalhadores, que entendem a relevância do momento para articular um esforço mundial no sentido da sustentabilidade.
A Conferência Rio + 20 ocorrerá entre os dias 4 e 6 de junho de 2012, no Rio de Janeiro, e pretende atrair a atenção do mundo para o Brasil e para os temas em debate: a economia verde no contexto da erradicação da pobreza, e a estrutura de governança para o desenvolvimento sustentável no âmbito das Nações Unidas.
Transferências sociais melhoram renda na Paraíba
Diretor do Ipea apresentou indicadores socioeconômicos do estado em coletiva que antecedeu a Code/PB
O diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Jorge Abrahão, apresentou indicadores socioeconômicos da Paraíba em coletiva pública nesta quinta-feira, dia 17, no Centro Público de Emprego, Trabalho e Renda de Campina Grande. Entre os dados, o diretor destacou que cerca de um terço da renda das famílias do estado provém de transferências sociais. No Brasil, a média é de um quinto da renda.
“45% da renda dos domicílios rurais da Paraíba vem dessas transferências, que tem um grande impacto para a economia local, criando oportunidades de desenvolvimento”, afirmou Jorge Abrahão. O pesquisador apontou também os fatores críticos que impedem o crescimento inclusivo do estado como o aumento de 72% na taxa de homicídio dos jovens homens, entre 2001 e 2009, e o acesso à internet em apenas 1,5 % dos domicílios rurais, em 2009.
Apesar de a extrema pobreza ter caído 46% entre 2001 e 2009 no estado e a renda per capita aumentado 47% neste período, Jorge alertou para os patamares ainda muito elevados da desigualdade. “O Brasil não tem solução se a Paraíba não tem solução. Por isso, é imprescindível olhar nessa perspectiva diferenciada, local, e não homogênea.”
O prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego, participou da mesa de abertura e ressaltou a escolha da cidade para sediar a Conferência do Desenvolvimento. Também estavam presentes na coletiva pública o Secretário de Desenvolvimento Econômico, Gilson Lira, Secretária de Coordenação Política da Prefeitura, Lídia Moura, a coordenadora do Centro Público de Emprego, Trabalho e Renda, Flávia Maria Barbosa, e o Secretário de Planejamento, Ricardo Pedrosa.
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