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Dados do Censo 2022 revelam um Brasil em plena transformação demográfica, com um movimento significativo de interiorização da população, especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste. Dos 548 municípios que crescem acima de 1,5% ao ano, a maioria (58,8%) possui menos de 30 mil habitantes, provocando um aumento na demanda potencial por bens e serviços públicos em pequenas cidades, geralmente carentes de infraestrutura, recursos disponíveis e capacidades governativas compatíveis.
Esse fenômeno, com consequências socioeconômicas profundas, emerge como um dos principais desafios para o futuro do país, exigindo políticas públicas inovadoras e coordenadas entre os entes federativos. A desconcentração populacional acentua as desigualdades socioeconômicas regionais, com áreas em declínio sofrendo com escassez de recursos, envelhecimento da população e falta de mão de obra qualificada, de acordo com o estudo "Dinâmica Demográfica no Censo 2022 e Implicações para a Agenda Federativa", que integra a edição nº 31 do Boletim Regional, Urbano e Ambiental do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), lançado nesta quarta-feira (29).
O diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais, Aristides Monteiro Neto, comentou sobre o trabalho que é fundamental no esforço contínuo de manter um diálogo permanente com o governo.“Nos esforçamos constantemente para apresentar os resultados das pesquisas em andamento e fomentar debates sobre políticas públicas com nossos parceiros no governo”, disse.
O texto ressalta a importância de arranjos federativos capazes de compatibilizar a ação de União, estados e municípios em porções do território nacional para reduzir desigualdades regionais no país. Uma das possíveis soluções é a criação de consórcios públicos intermunicipais e interestaduais para promover a articulação e a cooperação entre os entes federativos no território nacional. O estudo analisa o caso do Consórcio Nordeste.
Outro artigo em destaque é "Um Olhar para a Periferia Metropolitana de Brasília Diante dos Dados do Censo de 2022", que examina o acelerado crescimento populacional e urbano da Periferia Metropolitana de Brasília (PMB) e aponta para a necessidade de investimentos em infraestrutura, serviços públicos e políticas de desenvolvimento social para garantir a qualidade de vida dos habitantes. A análise também destaca a importância de mecanismos de planejamento urbano e gestão territorial que promovam a integração da PMB à cidade central e a sustentabilidade do seu desenvolvimento.
O estudo "Destino dos Recursos das Outorgas do Saneamento nos Estados do Rio de Janeiro e Alagoas: Primeiros Resultados" avalia a alocação dos recursos provenientes das outorgas de saneamento nesses dois estados, identificando disparidades na sua aplicação. O texto suscita questionamentos sobre a eficácia das políticas públicas adotadas e seu reflexo na qualidade dos serviços de saneamento básico oferecidos à população.
Com a aprovação da Lei 14.026/2020, houveram mudanças significativas no financiamento e na regulação do setor de saneamento. "Essa nova legislação abriu espaço para o aumento de capitais no saneamento por meio de concessões onerosas e privatizações”, disse Antenor Lopes de Jesus Filho, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea e editor do Brua. Ele também destacou que essas mudanças buscam atrair investimentos privados para melhorar a infraestrutura e os serviços de saneamento básico no Brasil.
A 31ª edição do Boletim traz, ainda, uma entrevista com Dani Rodrik, professor da Universidade Harvard (EUA), sobre desenvolvimento econômico do Brasil. Nos demais artigos, tópicos como inovação, geração de empregos de qualidade, sustentabilidade e os desafios das regiões de fronteira são discutidos, ressaltando a necessidade de uma abordagem integrada e estratégica para enfrentar os desafios socioeconômicos do país.
Acesse a íntegra do Boletim Regional, Urbano e Ambiental nº 31
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Oleg Barkhanov/BRICS Academic Forum
Acordos de promoção do comércio e pacto multilateral foram debatidos no Fórum Acadêmico do Brics, realizado nos dias 22 a 24 de maio, em Moscou. O evento, organizado pelo Conselho de Especialistas do Brics – Rússia, sob o lema “Brics: Novas Figuras no Tabuleiro de Xadrez Global”, reuniu mais de 200 representantes especializados dos países do grupo. Marco Aurélio Alves de Mendonça e Walter Desiderá, técnicos de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), participaram do evento, destacando os desafios do enfrentamento ao protecionismo comercial e o fortalecimento das instituições dos países emergentes para conquistar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Um roteiro comum para atingir essas metas será construído, conforme aprovado nas recomendações entre os debatedores do encontro. Uma das principais estratégias, conforme Walter Desiderá, é fortalecer instituições multilaterais como a ONU, o FMI e o Banco Mundial, com o lema 'reformar para restaurar a legitimidade'.
“Queremos que estas instituições sejam mais representativas da atual situação global e incluam mais vozes dos países em desenvolvimento. Ao fazê-lo, esperamos tornar estas instituições mais eficazes e legítimas na abordagem de questões globais. Esta estratégia está intimamente ligada a outra: expandir a adesão aos BRICS para incluir mais países com diferentes interesses econômicos e geopolíticos, mas todos com o mesmo objetivo: uma ordem internacional mais justa e equitativa com desenvolvimento sustentável. Independência económica, bem como a nossa solidariedade e cooperação com outros países do Sul Global”, afirma o pesquisador.
Desiderá ressaltou a importância do Ipea na preparação do Relatório Nacional Voluntário (RNV), priorizando áreas-chave do país, como o combate à fome, à pobreza, ao racismo e à proteção ambiental, como experiência que pode ser replicada na construção do roteiro comum para aceleração da Agenda 2030.
“Identificamos, entre outros tópicos, os ODS que mais colaboram, e ao mesmo tempo não atrapalham, como um todo, o avanço dos demais, ou seja, da Agenda 2030. O objetivo no topo do ranking desta categoria é implementar, a nível nacional, medidas e sistemas de proteção social adequados para todos, incluindo pisos, e até 2030 alcançar uma cobertura substancial dos pobres e vulneráveis”, contou o técnico.
Na sessão “Guardiões do Comércio Internacional: Garantindo o Crescimento a Longo Prazo”, Marco Aurélio Alves de Mendonça discutiu as tendências do comércio global, enfatizando a necessidade de adaptação do bloco econômico e a adoção de novas tecnologias para alcançar um crescimento a longo prazo. Em 2022, o volume do comércio interno dos Brics atingiu 422 mil milhões de dólares, o que representa 56% mais do que em 2017. A tendência ascendente continuou em 2023, porém, para alcançar um crescimento tão a longo prazo no comércio, há uma grande necessidade de adaptação do bloco econômico e adoção de novas tecnologias.
“Concentrar-se em questões mais pragmáticas, com maior potencial para trazer benefícios mútuos, e trabalhar em conjunto para reafirmar os benefícios da integração económica e da cooperação para o desenvolvimento não só entre os BRICS, mas também entre todos os países do mundo, são exemplos de soluções neste período”, explicou o pesquisador durante o debate.
Os participantes do Fórum debateram soluções para questões de governança global, geraram propostas para reforçar a interação entre os países do Brics e elaboraram formas de melhorar a cooperação multilateral em todos os níveis. O objetivo principal do evento é apresentar recomendações políticas elaboradas por membros da sociedade especializada aos líderes dos países do bloco, alinhadas com a agenda oficial da presidência russa do Brics.
O que é o Fórum Acadêmico do Brics?
O Fórum Acadêmico do BRICS é um evento anual que antecede a Cúpula do bloco, proporcionando espaço para o diálogo e a identificação de convergências sobre diversos temas relacionados ao desenvolvimento e ao combate às desigualdades. Em 2019, o Ipea sediou o fórum em Brasília.
Confira aqui os participantes e imagens do encontro.
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Com o objetivo de fornecer um panorama atual da experiência dos estudantes cotistas, abrangendo tanto o atendimento quanto o acesso aos benefícios e serviços destinados a eles, o Guia "Avaliação de Riscos de Reprodução de Desigualdades na Implementação de Política de Ação Afirmativa em Instituições Públicas de Ensino",, elaborado pela Plataforma Inclua do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), discute a política de ação afirmativa nas instituições públicas de ensino como um conjunto de mecanismos de inclusão destinados a superar ou minimizar desigualdades sociais.
Joana Luiza Oliveira Alencar, técnica de planejamento e pesquisa do Ipea e coordenadora da Plataforma Inclua, destaca que o Guia propõe uma reflexão interna aos profissionais que lidam diretamente com essa política de ação afirmativa e/ou o suporte aos estudantes cotistas em instituições públicas de ensino. "É um convite para que se engajem na mitigação de possíveis tratamentos inadequados aos estudantes cotistas", afirmou.
Além disso, o Guia traz definições sobre o que constitui uma "Política de Ação Afirmativa" e uma "Comissão de Heteroidentificação", juntamente com um histórico das ações afirmativas para instituições de ensino federais, implementadas a partir da Lei Federal nº 12.711. A negligência na identificação de riscos à efetiva aplicação da ação afirmativa não apenas compromete o alcance dos objetivos institucionais, mas também pode causar danos significativos às pessoas que deveriam ser beneficiadas pelos serviços prestados pelo Estado.
Lançada em 2022, a Plataforma Inclua é uma ferramenta online de avaliação, diagnóstico e apoio para identificar possíveis riscos de reprodução de desigualdades sociais na implementação de políticas públicas no Brasil. Seu objetivo principal é oferecer ferramentas gratuitas, automatizadas e de fácil acesso para analisar e identificar problemas potenciais em políticas e serviços públicos. Para sugestões ou dúvidas entre em contato pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..br.
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Os desafios enfrentados na gestão dos recursos hídricos na região transfronteiriça Amazônica são exacerbados pelo funcionamento de distintas institucionalidades nos três países que compõem a bacia do rio Acre: Brasil, Bolívia e Peru. Esta conclusão é destacada no estudo "Desafios e Propostas Para o Aperfeiçoamento da Gestão de Recursos Hídricos em Bacias Transfronteiriças Amazônicas – Estudo de Caso da Bacia do Rio Acre", debatido por especialistas da área e técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O estudo, conduzido por Rodrigo de Freitas Espinoza, pesquisador de pós-doutorado no Grupo de Política Públicas da Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), e Júlio César Roma, técnico de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea, foi apresentado durante um seminário realizado na última terça-feira (14).
“A bacia do rio Acre guarda especificidades e particularidades de governança: é trinacional, e no Brasil envolve os estados do Amazonas e Acre, passa por uma capital, que é Rio Branco, por Terras Indígenas e pela Reserva Extrativistas Chico Mendes. É uma bacia que nasce em território do país vizinho, o Peru e desemboca em terras nacionais no estado do Acre, chega ao Amazonas e tem uma importância histórica muito grande”, apresentou Rodrigo Espinoza. “É uma bacia relevante para o país, mas entendemos que um modelo de gestão que atenda às diversas e específicas demandas da população por ela beneficiada tende a apresentar muitas complexidades ainda não resolvidas”, completou.
Para detalhar a complexidade relatada, o pesquisador explicou que as institucionalidades distintas e o modelo de governança dos três países são conduzidas de natureza formal, cerimoniosa e protocolar da diplomacia em assuntos internacionais e por isso, refletem um excesso de burocracia. “Para esse desafio, a pesquisa sugere implementar Acordo de Cooperação entre os três países para a gestão integrada da bacia do rio Acre, tomando por base os exemplos da bacia do rio Apa (Brasil e Uruguai) e do rio Quaraí-Quareim (Brasil e Uruguai)”, disse Espinoza.
A bacia do rio Acre passa, entre outros municípios, pela capital, Rio Branco, que é urbanizada e registra problemas com relação a água, descarga de dejetos e outras problemáticas urbanas, além de variações singulares no nível do rio. “Há um agravamento desse cenário e particularidades da própria bacia do rio: a calha é muito estreita, então o volume do rio se altera muito na época de chuvas e seca. Para se ter ideia, o nível do rio varia de 1.700 metros cúbicos na época de cheia para 80 metros cúbicos na época de seca. É uma alteração de precipitação muito grande para região, o que acaba trazendo um desafio para a forma de ocupação do Território”, detalhou o Espinoza.
Demetrios Christofidis, debatedor do evento e pós-doutor em Águas, Saúde e Ambiente pela Fiocruz, sugeriu que os resultados da pesquisa fossem apresentados em órgãos relacionados aos Recursos Hídricos e ao Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), dada sua natureza plurinacional. “Nem todos conhecem a complexidade que é atuar com gestão dos recursos, por isso é importante que as instituições sejam envolvidas, para que vocês possam oferecer soluções que elas normalmente não têm ideia. Atuar com água é difícil por ser transdisciplinar e a região estudada envolve línguas, culturas, leis e níveis de organização diferentes”, ressaltou.
Aristides Monteiro Neto, diretor de Estudos e Políticas Regionais Urbanas e Ambientais do Ipea, ressaltou a importância da continuidade da pesquisa, sugerindo a expansão para outros países por onde a bacia do rio Acre passa. “É importante compreender a existência de uma legislação internacional ou nacional do outro lado. Uma nova pesquisa pode partir do ponto onde vocês não foram ou aonde pararam. Eventualmente essas conclusões podem ser utilizadas para trabalhos posteriores, seria o caso de entender a fragilidade do arranjo institucional do outro lado da fronteira também”, recomendou.
Entre os pontos positivos identificados pela pesquisa está a alta capacidade de mobilização da sociedade civil na região, que tem contribuído para a inclusão da bacia do rio Acre na Política Nacional de Recursos Hídricos. No entanto, o desafio continua sendo a compreensão dessas demandas e sua integração efetiva nos sistemas de gestão.
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O processo de adesão de motoristas de automóveis no setor de passageiros ao trabalho mediado por aplicativos resultou em jornadas de trabalho mais longas, menor contribuição previdenciária e forte queda da renda média destes trabalhadores. Entre 2012 e 2015, enquanto o total de motoristas autônomos no setor de transporte de passageiros (não incluídos os mototaxistas) era cerca de 400 mil, o rendimento médio flutuava em torno de R$ 3.100,00. Em 2022, quando o total de ocupados se aproximava de 1 milhão, o rendimento médio era inferior a R$ 2.400,00.
Nessa mesma categoria, a proporção de trabalhadores com jornadas entre 49 e 60 horas semanais passou de 21,8% em 2012 para 27,3% em 2022. Esse aumento não se repetiu entre os trabalhadores autônomos de modo geral, no mesmo período. Outro aspecto que revela a precarização desse tipo de ocupação é a cobertura previdenciária: em 2015, pouco menos da metade dos motoristas de passageiros (47,8%) contribuía, percentual que despencou para somente 24,8% em 2022.
Os dados estão no estudo Plataformização e Precarização do Trabalho de Motoristas e Entregadores no Brasil, que compõe a 77ª edição do Boletim Mercado de Trabalho, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), lançado nesta terça-feira (21), em Brasília. O texto também analisa a situação dos entregadores plataformizáveis (motociclistas, entregadores e condutores de bicicletas). Em 2015, quando havia apenas 56 mil trabalhadores desse tipo no país, a renda média era de R$ 2.250,00. Já em 2021, eram 366 mil entregadores plataformizáveis e uma renda média de R$ 1.650.
Para o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Carlos Henrique Corseuil, "a importância desse debate está, primeiramente, no fato de ser um tema em pauta. Houve uma tentativa de fazer um acordo de legislação para regulamentar esse tipo de trabalho, que não foi alcançado no âmbito do grupo específico com essa finalidade, mas que já foi levado pelo Executivo ao Legislativo. Subsidiar a construção dessa política e informar a sociedade como um todo são as principais importâncias, pois muitas vezes as pessoas não sabem onde buscar informação qualificada. Estamos apresentando o estado da arte do pensamento, com contribuições de pessoas envolvidas no tema, que possuem experiência e expertise no assunto. Acreditamos que essas informações são extremamente valiosas para a sociedade", disse.
Principalmente após 2018 – quando o crescimento desses entregadores intensificou-se de maneira mais expressiva –, houve retração da proporção de trabalhadores com jornadas entre 40 e 44 horas e aumento da quantidade dos atuavam por mais de 49 horas semanais. A contribuição previdenciária dos entregadores plataformizáveis não formais também caiu: entre 2012 e 2018, 31,1% deles contribuíam, enquanto de 2019 a 2022 essa média se reduziu para 23,1%.
O estudo conclui que “o modelo de trabalho plataformizado se baseia em um vetor de precarização, representando, por um lado, menores patamares de renda, formalização e contribuição previdenciária, e, por outro lado, maiores jornadas semanais de trabalho”. Segundo os autores, os técnicos de planejamento e pesquisa do Ipea Sandro Sacchet e Mauro Oddo, apesar de os dados demonstrarem essa precarização, muitos trabalhadores “reproduzem a narrativa (ou ideologia)” de que são “empreendedores de si mesmos”.
"Esse é um produto de grande importância que o Ipea oferece, tanto para pesquisadores quanto para quem trabalha na regulação e gestão de políticas públicas. O tema é especialmente relevante, pois as recentes transformações no mundo do trabalho trazem muitas incertezas e inseguranças sobre o futuro do trabalho e suas implicações. Compreender o impacto das novas tecnologias que surgem e se desenvolvem rapidamente, e como elas afetam o mercado de trabalho, é fundamental. Considerando as características do mercado de trabalho brasileiro, marcado por grande heterogeneidade estrutural e regional, e por grandes diferenças de gênero, raça, qualificação e escolaridade, é essencial entender como essas inovações afetam essas dinâmicas e, por sua vez, interferem na política social como um todo", comentou Sandro Pereira Silva, diretor do Departamento de Gestão de Fundos no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Durante o evento de lançamento do boletim – que conta com 13 artigos –, também foi apresentada a pesquisa O Que Pensam os Entregadores Sobre o Debate da Regulação do Trabalho por Aplicativos? Resultados de Survey Aplicada em 2023. O texto apresenta os resultados de uma pesquisa tipo survey, aplicada no primeiro semestre de 2023 em Brasília, com o objetivo de compreender o que pensam e desejam os entregadores de aplicativos sobre a regulação de sua atividade laboral. Durante a aplicação do questionário foi constatada muita insatisfação dos trabalhadores com o valor do piso salarial vigente e a esperança, ao se engajar no trabalho por plataformas digitais, de receber uma remuneração maior.
O terceiro estudo debatido no Ipea chama-se O Grupo Tripartite Brasileiro e os Desafios de Compor uma Proposta de Regulação do Trabalho Coordenado por Plataformas Digitais. Ele discute uma sistematização analítica da experiência do grupo de trabalho instituído pelo governo federal em maio de 2023, com o objetivo de elaborar uma proposta de regulamentação das atividades de prestação de serviços, transporte de bens, transporte de pessoas e outras atividades executadas por intermédio de plataformas tecnológicas.
Participaram também do evento Sandro Sacchet de Carvalho, coordenador de Avaliação de Políticas Econômicas da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Ipea), Ricardo Colturato Festi, professor do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB) e Diogo de Carvalho Antunes, analista técnico de Políticas Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego.
Acesse a íntegra da edição 77 do Boletim Mercado de Trabalho
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Créditos: Roberta Aline/ MDS
A presidenta do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Luciana Mendes dos Santos Servo, participou nesta segunda-feira (20) do evento "Na rota para o G20: a experiência recente do Piauí no combate à fome e à pobreza", que contou com a apresentação de uma pesquisa inédita do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) sobre o desenvolvimento enfrentado pelo estado a partir de 2000 até os dias atuais. A unidade federativa celebra, enquanto discute temas essenciais para as reuniões do Grupo dos 20, a marca de 0,7 no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Durante o debate, Luciana ressaltou o indicador sintético apresentado. “No caso, o IDH vai trabalhar as dimensões saúde, educação e renda e vai combinar esses indicadores para fornecer um número síntese. O que ele mostra? Que o Piauí avançou significativamente nessas dimensões do desenvolvimento humano nas últimas duas décadas. A vantagem desse indicador sintético é a transparência e facilidade de comunicação. O monitoramento e avaliação podem começar por um indicador sintético, mas ele tem que descer para as análises dos componentes, para discutir política pública. E esse é sempre um grande desafio”, explica a presidenta do Ipea.
O estado do Piauí encontra-se alinhado com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, buscando integrar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em suas políticas e estratégias de desenvolvimento. O evento visa apresentar o exemplo do Piauí nos últimos 25 anos, mostrando os resultados de um estudo realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em parceria com o Governo do Estado e através da Secretaria de Estado do Planejamento. O histórico do IDH, Índice do Desenvolvimento Humano nos últimos 25 anos, também destaca as políticas públicas e iniciativas implementadas para enfrentar a fome e a pobreza.
A comunicação dos setores com a sociedade civil também foi um tema de importância abordado pela presidenta. “É uma preocupação que devemos ter o tempo todo. A comunicação precisa ser uma preocupação da política pública, em dois níveis: em termos de as pessoas entenderem o que está sendo feito em termos de políticas públicas e qual é o resultado daquela política em seu dia a dia, em sua vida. E entender que existe um conhecimento científico por trás daquilo, certo? O que estamos vendo no mundo é um aumento da descrença na ciência e na política pública. Portanto, é necessário mudar a lógica da comunicação”.
Também participaram da mesa o ministro Wellington Dias; o governador do Piauí, Rafael Fonteles; o secretário de Estado do Planejamento, Washington Bonfim; Leonardo Oliveira, gerente de pesquisa de orçamentos familiares do IBGE; o pesquisador e consultor do PNUD, Antônio Claret; o diretor da FGV Social, Marcelo Neri; e o representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil, Jorge Meza.
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Helio Montferre/Ipea
O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda apontou uma aceleração da inflação, na comparação com o mês anterior, para todas as faixas de renda em abril. As famílias de renda média-alta foram as mais afetadas, com uma taxa de 0,43%, devido à alta de preços dos alimentos no domicílio e dos medicamentos. Já para as famílias com renda alta, o resultado foi menos expressivo, beneficiado pela deflação das passagens aéreas e do transporte por aplicativo: 0,20% em abril, frente aos 0,05% de março.
Os dados divulgados nesta sexta-feira (17/05) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indicam que, no acumulado em 12 meses até abril, enquanto as famílias de renda muito baixa apresentaram a menor taxa de inflação (3,05%), a faixa de renda alta registrou a taxa mais elevada (4,28%), conforme a tabela abaixo:
Os grupos alimentação e bebidas e saúde e cuidados pessoais foram os principais focos de pressão inflacionária para todas as classes de renda, sendo o primeiro causado por reajustes nos tubérculos (8,1%), nas hortaliças (2,4%) e nos leites e derivados (0,94%), entre outros – explicando a alta dos preços dos alimentos no domicílio em abril. Já em relação ao grupo saúde e cuidados pessoais, o impacto sobre a inflação, veio, sobretudo, dos reajustes dos medicamentos (2,8%) e dos planos de saúde (0,76%).
Por sua vez, o grupo transportes exerceu uma pressão sobre a inflação para as famílias de renda baixa e média, repercutindo os aumentos da gasolina (1,5%), do etanol (4,6%) e das tarifas de metrô (1,7%). Para as famílias de renda alta, a queda dos preços das passagens aéreas (-12,1%) e do transporte por aplicativo (-1,2%) gerou um forte alívio inflacionário.
Na comparação com abril de 2023, embora se verifique um recuo da inflação para todas as classes de renda, este foi ainda mais intenso para o segmento de renda alta. A melhora da inflação corrente é explicada pelo desempenho mais favorável nos grupos habitação, com queda das tarifas de energia elétrica em 2024 (-0,46%), comparativamente à alta de 2023 (0,48%).
As maiores pressões inflacionárias nos últimos doze meses residem nos grupos alimentação, transportes e saúde e cuidados pessoais. No caso dos alimentos no domicílio, a alta mais acentuada ao longo de 2024 contribuiu para uma aceleração mais forte da inflação sobre as famílias de renda mais baixa com os aumentos dos cereais (16,4%), dos tubérculos (31,4%), das frutas (16,6%) e das hortaliças (11,2%).
No caso das famílias de renda baixa, nos últimos 12 meses, os reajustes das tarifas de energia elétrica (4,1%) e de água e esgoto (8,3%) geraram uma contribuição inflacionária positiva vinda do grupo habitação. Em contrapartida, os aumentos de 5,7% dos serviços pessoais e de 6,9% das mensalidades escolares fizeram com que os grupos despesas pessoais e educação pressionassem significativamente a inflação do segmento de renda alta.
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Renato Menezes e Daniel Estevão/AscomAGU
A especialista em políticas públicas e gestão governamental no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Sheila Cristina Tolentino Barbosa, compõe a Comissão de Especialistas instituída por meio de portaria conjunta do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) e da Advocacia-Geral da União (AGU). A comissão tem como missão analisar e elaborar uma nova proposta para o Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, que dispõe sobre a organização da administração federal e estabelece diretrizes para a reforma administrativa.
A cerimônia de instalação da Comissão ocorreu na última terça-feira (14), com a presença da ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, do ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, e demais membros do colegiado. Um dos objetivos do colegiado é tornar a legislação compatível com o contexto presente de modo a promover a modernização do serviço público.
“A iniciativa representa uma oportunidade histórica de definir e promover uma gestão pública mais contextualizada capaz de melhor atender a demandas de uma sociedade em acelerada transformação”, disse Barbosa.
A comissão é composta por representantes de ambos os órgãos do MGI e AGU, bem como por especialistas em gestão e direito público indicados pelas duas pastas. O grupo terá um prazo de doze meses, a partir da publicação da portaria no Diário Oficial da União (DOU), para apresentar um relatório contendo a proposta de atualização da norma.
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O Mapa das Organizações da Sociedade Civil (Mapa das OSCs), plataforma desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apresenta novos dados relativos às organizações da sociedade civil (OSC) no Brasil. A versão atualizada dos dados aponta que em 2023 há um total de 879.326 organizações ativas no país, representando um aumento de 7,8% em comparação com as 815.677 organizações registradas em 2021.
As regiões Centro-Oeste e Norte registraram os maiores aumentos, com 11% e 9,9%, respectivamente, enquanto a região Sul teve o menor aumento, com 5,9%. Já nas regiões Sudeste (8,1%) e Nordeste (7,1%), o crescimento foi moderado. São Paulo se destaca como o estado com o maior número de organizações.
"À medida que continuamos a avançar em direção a uma sociedade mais justa e inclusiva, é essencial que as organizações da sociedade civil sejam capacitadas e apoiadas em seus esforços para promover mudanças positivas", aponta Felix Garcia Lopez, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea e coordenador do Mapa.
A consolidação dos dados reflete um compromisso contínuo com a transparência pública, disseminação do conhecimento e aprimoramento dos serviços prestados. A expansão do Mapa das OSCs não apenas facilita o acesso a informações importantes para pesquisadores, acadêmicos e tomadores de decisão pública, mas também permite uma análise mais aprofundada das necessidades e recursos disponíveis em diferentes setores da sociedade. Sendo assim, possibilita a implementação de políticas públicas mais eficazes, a identificação de lacunas na prestação de serviços e o fortalecimento das redes de colaboração entre organizações.
A iniciativa do Mapa das Organizações da Sociedade Civil teve origem em uma pesquisa realizada em 2013 pela Secretaria Geral da Presidência da República em parceria com a Fundação Getulio Vargas sobre Organizações da Sociedade Civil e suas Parcerias com o Governo Federal.
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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicou nesta quinta-feira (16) o terceiro volume da série Diálogos para uma Política Nacional de Desenvolvimento Urbano: temas transversais à PNDU. A coleção é resultado de uma parceria entre o Ipea e o Ministério das Cidades (MCID), firmada inicialmente por meio de um Termo de Execução Descentralizada (TED) com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), visando realizar ações de cooperação técnico-científica para a formulação da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano (PNDU).
A partir da celebração do TED, o Ipea constituiu uma equipe composta por mais de quarenta pessoas, entre pesquisadores, bolsistas e colaboradores. Durante os últimos três anos, essa equipe buscou e consolidou informações e dados, desenvolveu análises e debates, organizou e realizou seminários e produziu dezenas de documentos para subsidiar a construção da PNDU. Este esforço resultou na produção de aproximadamente vinte notas técnicas e dois livros sobre governança metropolitana no país.
Os volumes da série "Diálogos para uma Política Nacional de Desenvolvimento Urbano" refletem sobre os temas abordados nas notas técnicas elaboradas pelo grupo de pesquisadores do Ipea. As publicações apresentam uma linguagem objetiva e contam com contribuições provenientes dos Diálogos para uma PNDU, uma série de eventos realizados para ampliar a discussão qualificada e formular uma visão compartilhada e pública do desenvolvimento urbano sustentável no Brasil.
Este terceiro livro, organizado pelo técnico de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea, Marco Aurélio Costa, reúne os temas transversais à PNDU. “Buscamos aqui apresentar diálogos pouco habituais a respeito de assuntos setoriais específicos que nem sempre são objeto da agenda urbana. São temas que precisam ser fomentados e discutidos, principalmente no atual contexto de mudanças e transformações sociais, econômicas, culturais e ambientais”, disse Costa.
O terceiro volume está organizado em três blocos temáticos, totalizando 12 capítulos: "Política Urbana: Aspectos Setoriais e Diálogos com a Questão Ambiental"; "Transição Digital e Sociedade: Transformações e Novos Desafios"; e "Desenvolvimento Econômico: A Escala Local/Regional em Tempos de Transições".
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