Com foco nas desigualdades de longo prazo e nas oportunidades socioeconômicas, a edição 2025 da Escola de Inverno do Ipea foi realizada na última semana, em Brasília. Organizado em parceria com o Stone Center on Wealth Inequality da Universidade de Chicago e o International Inequalities Institute da London School of Economics, o evento reuniu jovens pesquisadores de doutorado e professores em início de carreira para uma imersão multidisciplinar sobre as causas e dinâmicas da desigualdade.
Na abertura do encontro, o coordenador-geral de Ciência de Dados e Tecnologia da Informação do Ipea, Lucas Mation, destacou a importância de sediar a escola em uma instituição pública de pesquisa e planejamento. “Acreditamos que é essencial ter esse ponto de interação entre a pesquisa de fronteira e a aplicação em políticas públicas”, afirmou. “Ao longo da história do Ipea, essa ponte tem sido o nosso ‘molho secreto’: contribuímos para muitas políticas com o rigor no uso de dados, na modelagem e na preocupação com os impactos concretos para a população”.
A presidenta do Ipea, Luciana Servo, também reforçou o papel do instituto no enfrentamento das desigualdades sociais. “O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, e estamos buscando avançar na redução dessas desigualdades. Para isso, precisamos entender quais instrumentos são mais eficazes para formular políticas públicas transformadoras”, afirmou. Ela acrescentou: “Hoje temos um foco forte nas questões de gênero e na desigualdade racial, sempre articulando essas agendas do ponto de vista micro e macroeconômico”.
Aulas especiais
O Ipea realizou a transmissão de duas aulas especiais ministradas durante o evento. No primeiro dia de transmissão ao público externo, o economista Steven Durlauf, da University of Chicago, apresentou a palestra New Ways to Measure Intergenerational Mobility, na qual propôs uma nova abordagem para entender os vínculos entre a posição socioeconômica dos pais e dos filhos. “O que queremos medir não é apenas mobilidade, mas imobilidade, ou seja, quanto da condição dos pais é transmitida ao longo das gerações”, explicou. Segundo Durlauf, métodos tradicionais, como a elasticidade intergeracional da renda, impõem limites importantes à análise: “Esses modelos lineares não capturam adequadamente a persistência das desvantagens, especialmente nos grupos de menor renda”.
A partir de uma estrutura baseada em cadeias de Markov, o pesquisador argumentou que é possível construir “curvas de memória” para diferentes categorias sociais, permitindo estimar quantas gerações são necessárias para que uma condição inicial deixe de influenciar os descendentes. “Nos dados dos EUA, encontramos que a mobilidade entre ocupações leva cerca de três gerações, mas, nos estratos mais baixos, esse número pode chegar a quatro”, destacou. “Isso não é exatamente um retrato animador da mobilidade americana.”
Já no segundo dia do evento, foi a vez de o economista Francisco Ferreira, da London School of Economics, apresentar a palestra Inequality in Latin America: Outcomes and Opportunities. A exposição abordou os padrões históricos e persistentes de desigualdade na região, com ênfase no Brasil. “A América Latina é, historicamente, uma das regiões mais desiguais do planeta, e essa desigualdade é herdada, reproduzida e muitas vezes institucionalizada”, apontou Ferreira. Para ele, compreender os mecanismos de transmissão intergeracional é fundamental: “Não basta olharmos para a desigualdade estática, precisamos entender as trajetórias e as oportunidades, ou a falta delas, ao longo do tempo.”
Ferreira também destacou a importância da mobilidade como instrumento de justiça social: “Se quisermos uma sociedade mais justa, precisamos garantir que a origem social não determine o destino econômico das pessoas”. Segundo o economista, políticas públicas com foco em educação de qualidade, redistribuição fiscal e inclusão produtiva são algumas das chaves para quebrar o ciclo da desigualdade na América Latina.
Com uma programação intensa, a Escola de Inverno ofereceu aulas, debates e espaços de mentoria entre especialistas e pesquisadores. Ao transmitir parte das atividades ao público externo, a edição de 2025 ampliou o alcance das discussões e reforçou o compromisso do Ipea com a produção de conhecimento voltado à formulação de políticas públicas mais justas e inclusivas.
Comunicação – Ipea
(21) 3515-8704 / (21) 3515-8578
(61) 2026-5501
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Foto: Helio Monferre/Ipea
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) manteve em 5,2% a projeção de inflação para 2025, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A nova Análise e Projeções de Inflação foi divulgada nesta segunda (30) pelo Grupo de Conjuntura do Instituto. A última previsão havia sido divulgada em março.
Apesar de a projeção geral continuar igual, os pesquisadores da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas revisaram a composição interna dos principais grupos de preços. A atualização reflete um cenário mais benigno para alimentos e preços administrados, ao mesmo tempo em que aponta pressões persistentes nos serviços.
A inflação de alimentos foi revista para 6,7% (ante 7,2%), e a de administrados (fixados ou influenciados por órgãos governamentais ou contratos) para 4,4% (ante 4,9%), incorporando uma desaceleração mais intensa dos produtos agropecuários, além de reajustes mais amenos nos combustíveis, medicamentos e planos de saúde. Para os bens industriais, a projeção foi mantida em 3,6%, dado o nível ainda elevado da demanda interna.
Já para os serviços livres, a estimativa de inflação para o ano avançou de 5,5% para 6,2%, impactada não apenas por uma inflação recente acima do esperado, mas também pela continuidade da queda da taxa de desocupação e seus efeitos sobre os rendimentos e o consumo das famílias.
Em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidos (INPC), que tem como foco o custo médio das famílias com renda de um a cinco salários mínimos, observa-se que, apesar do aumento da projeção para a inflação de serviços, cuja taxa estimada saltou de 5,3% para 6%, a queda nas projeções para a inflação de alimentos e dos preços administrados – que recuaram de 6,9% e 4,8% para 6,4% e 4,2%, respectivamente – fez com que a previsão fechada para 2025 permanecesse em 4,9%.
Apesar do alívio recente nos índices de preços, o cenário da inflação ainda carrega incertezas relevantes, avaliam os autores. Entre os riscos de alta, destacam-se o possível agravamento das tensões geopolíticas e comerciais globais, que podem pressionar os preços das commodities e afetar a taxa de câmbio, além da aceleração da inflação de serviços, impulsionada por um mercado de trabalho aquecido.
Por outro lado, fatores como a desaceleração da demanda internacional, a valorização do real e o encarecimento do crédito podem contribuir para um processo de desinflação mais intenso ao longo do segundo semestre.
Comunicação – Ipea
(21) 3515-8704 / (21) 3515-8578
(61) 2026-5501
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Foto: Helio Montferre/Ipea
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou, nesta quinta-feira (26), um portfólio que reúne os mais de 180 mecanismos de cooperação desenvolvidos pelos países membros do BRICS desde a fundação do bloco. A apresentação do documento ocorreu durante o segundo dia do XVII Fórum Acadêmico do BRICS (FABRICS), realizado na sede do Serpro, em Brasília, nos dias 25 e 26.
O documento sistematiza as principais iniciativas implementadas ao longo dos anos, com o objetivo de fortalecer a governança do grupo e servir de referência para os países que passaram a integrar o bloco recentemente ou que pretendem aderir futuramente.
De acordo com Walter Desiderá, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, a publicação consolida informações importantes para o fortalecimento institucional do BRICS. “O portifólio traz uma documentação das atividades e resultados propostos pelo BRICS e se propõe como referência para adesão de novos participantes do bloco. Ele também apresenta um histórico sobre quais mecanismos tiveram resultados e engajamento dos países participantes”, afirmou.
A presidenta do Ipea, Luciana Santos Servo, ressaltou o caráter contínuo da iniciativa. “A entrega do documento é simbólica, pois essa documentação continuará em desenvolvimento, servindo como uma base de dados dos mecanismos propostos e implementados”, destacou. A entrega do portfólio ocorreu após as mesas de discussões.
Além da entrega do documento, a diretora de Estudos Internacionais do Ipea, Keiti da Rocha Gomes, celebrou o sucesso do FABRICS 2025. “O sentimento que fica é que a gente realmente está trabalhando em conjunto para construir um mundo melhor. Durante os dois dias, foram feitas discussões do mais alto nível sobre temas estratégicos que estão em pauta no cenário geopolítico e que também estão alinhados à presidência brasileira do BRICS”, disse.
Clima, arquitetura de segurança e desenvolvimento institucional
Sob coordenação do Ipea, o Fórum Acadêmico realizou ciclo de debates estratégicos sob a presidência brasileira do BRICS. Participaram representantes de think tanks de nove países, com discussões organizadas em torno de seis eixos prioritários: saúde global, inteligência artificial, mudanças climáticas, comércio e finanças, reforma da governança internacional e desenvolvimento institucional.
A primeira mesa do segundo dia de evento abordou o tema Mudanças Climáticas. Os painelistas alertaram para os impactos desproporcionais da crise do clima nos países em desenvolvimento, como os da África Subsaariana. A discussão reforçou a urgência de buscar soluções que promovam justiça climática e tratem também das desigualdades regionais e da pobreza.
“É preciso buscar o net zero, ao mesmo tempo em que solucionem os problemas sociais de países em desenvolvimento. Temos um desafio enorme de investimento, e uma das soluções para isso pode ser a implementação de projetos sustentáveis financiados pelo New Development Bank (NDB), além do desenvolvimento de plataformas de compartilhamento de informações e tecnologias entre países”, afirmou Mulugeta Getu, pesquisador-líder e coordenador do Policy Studies Institute da Etiópia. A mesa também discutiu recomendações conjuntas para a COP 30, estratégias de transição energética justa e a reforma da governança climática global.
Na segunda mesa, o foco foi a reforma multilateral da paz e da arquitetura de segurança. Os participantes defenderam o fortalecimento do sistema multilateral, com destaque para a necessidade de reformar o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), cuja configuração atual não reflete a dinâmica contemporânea e a emergência de novas vozes do Sul Global.
O técnico de planejamento e pesquisa do Ipea Rodrigo Morais destacou a perspectiva brasileira sobre segurança, baseada em confiança mútua, não intervenção e proteção não apenas estatal, mas centrada em pessoas e infraestrutura. “A manutenção da paz, o pacto de não agressão entre os membros e o estabelecimento de mecanismos de confiança são elementos centrais da visão do BRICS”, afirmou.
A mesa também discutiu o papel do bloco na mediação de conflitos internacionais. Para a professora Nirmala Gopal, da Universidade de KwaZulu-Natal (África do Sul), é fundamental que o BRICS vá além do discurso. “O posicionamento precisa sair do campo do debate retórico e político e passar a atitudes concretas que fortaleçam as instituições multilaterais”, disse.
O painel sobre Decelebrou a expansão recente do BRICS, que passou a contar com seis novos países membros em 2024 — Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã —, mas também enfatizou os desafios para estruturar e ampliar os mecanismos de cooperação. Entre as propostas apresentadas, estão a criação de modelos institucionais mais claros, estruturas de monitoramento de resultados e até mesmo um escritório permanente que assegure a memória institucional do grupo.
“Precisamos desenvolver essa estrutura para ampliar a relevância da atuação do BRICS. Sem cooperação estratégica, fica muito difícil o desenvolvimento institucional. Para isso, é preciso se organizar, definir as escolhas para entender qual o futuro pretendido, como fortalecer a unidade do bloco, avaliar possíveis reformas, além de ter uma visão clara das questões mais críticas entre os países participantes”, defendeu Haimanot Guangul, pesquisador sênior e ponto focal do BRICS no Institute of Foreign Affairs da Etiópia.
Comunicação – Ipea
(61) 2026-5501
(21) 3515-8704 / (21) 3515-8578
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Foto: Helio Montferre/Ipea
Termina nesta quinta-feira, 26 de junho, o prazo de inscrição para o Mestrado Profissional em Políticas Públicas e Desenvolvimento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O curso é gratuito e voltado exclusivamente para servidores públicos efetivos e empregados públicos em exercício na administração pública federal, estadual, distrital ou municipal, em qualquer Poder.
O Ipea alerta que, para participar do processo, é necessário concluir todas as etapas da inscrição, incluindo o envio dos documentos exigidos e do comprovante de pagamento da taxa. A recomendação é concluir o processo o quanto antes, pois não há previsão de prorrogação do prazo.
As inscrições devem ser feitas pelo site do Ipea, no endereço www.ipea.gov.br/mestrado. É necessário preencher o formulário eletrônico, anexar o projeto de pesquisa e o currículo resumido. Após o envio, o sistema gera uma GRU no valor R$ 150. O comprovante deve ser encaminhado por e-mail dentro do prazo.
O programa oferece 25 vagas, sendo 16 destinadas à ampla concorrência e 9 a ações afirmativas. Há cotas para pessoas negras e indígenas, pessoas com deficiência, servidoras e servidores do Ipea e da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.
Nesta edição, os projetos de pesquisa devem obrigatoriamente se alinhar à Agenda Estratégica 2024–2026 do Ipea. Os candidatos devem escolher um dos eixos e agendas previstos no documento, que inclui temas como transição ecológica, sustentabilidade, transformação digital, redução da desigualdade, desenvolvimento produtivo e inovação.
Com duração de dois anos, o curso é presencial e realizado em Brasília. As aulas acontecem nas segundas e sextas-feiras pela manhã e nas quartas-feiras à noite. A carga horária total é de 540 horas-aula, divididas em quatro módulos. O trabalho final pode ser uma dissertação ou um projeto de intervenção relacionado à atuação profissional do estudante.
Segundo Daniel Avelino, docente do programa e especialista em políticas públicas, o mestrado oferece uma formação sólida e conectada aos desafios do setor público. Ele destaca que o curso é oferecido por uma instituição dedicada à pesquisa aplicada, com professores que são referências em suas áreas de atuação. Para Avelino, o mestrado do Ipea é uma oportunidade única de qualificação gratuita, com foco na prática profissional e na excelência acadêmica.
O processo seletivo será realizado em duas etapas. A primeira consiste na análise do projeto de pesquisa e do currículo. Os candidatos selecionados nesta fase passarão por entrevista. Os projetos devem apresentar investigação aplicada e potencial de impacto sobre políticas públicas no Brasil.
Criado para ampliar o impacto das pesquisas do Instituto na gestão pública, o mestrado busca articular excelência acadêmica e prática profissional. A proposta pedagógica inclui disciplinas, seminários, trabalho de campo e acesso aos bancos de dados institucionais. Todos os professores e orientadores são pesquisadores do Ipea com atuação nas áreas centrais da formulação e avaliação de políticas públicas.
Todas as informações, o edital completo e a Agenda Estratégica 2024–2026 estão disponíveis no site www.ipea.gov.br/mestrado.
Serviço
Site oficial: https://www.ipea.gov.br/portal/mestrado-profissional-em-politicas-publicas-e-desenvolvimento
Acesse o edital completo, a Agenda Estratégica 2024–2026 e acompanhe o cronograma completo no site do Ipea.
Taxa de Inscrição: R$ 150,00
Comunicação – Ipea
(61) 2026-5501
(21) 3515-8704 / (21) 3515-8578
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Foto: Helio Montferre/Ipea
Teve início nesta quarta-feira (25), em Brasília, o XVII Fórum Acadêmico do BRICS (FABRICS), que inaugura um novo ciclo de debates estratégicos sob a presidência brasileira no bloco. Realizado na sede do Serpro e coordenado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o evento reúne representantes de think tanks de nove países para discutir os principais desafios globais a partir da perspectiva do Sul Global.
Os debates estão organizados em torno de seis eixos prioritários, alinhados às prioridades da presidência brasileira: saúde global, inteligência artificial, mudanças climáticas, comércio e finanças, reforma da governança internacional e desenvolvimento institucional.
Na abertura do encontro, a presidenta do Ipea, Luciana Mendes Santos Servo, defendeu o fortalecimento de espaços de cooperação entre países em desenvolvimento diante dos atuais desafios geopolíticos. Para ela, o BRICS vem se consolidando como uma plataforma legítima para articular as prioridades do Sul Global. “Esse encontro é também um convite à escuta, à reflexão estratégica e à construção coletiva de soluções que dialoguem com as prioridades brasileiras e com o espírito transformador do BRICS”, afirmou.
Sob coordenação brasileira em 2025, o Ipea lidera os trabalhos da rede de think tanks do BRICS, com um plano de ação estruturado nos seis eixos temáticos. As recomendações preliminares já foram entregues em maio, e o FABRICS representa a primeira oportunidade presencial para aprofundar o diálogo entre instituições de pesquisa e formuladores de políticas públicas.
Além da cerimônia de abertura, o primeiro dia está sendo marcado por painéis temáticos dedicados às áreas de saúde global, governança da inteligência artificial e comércio, investimento e finanças — considerados pilares estratégicos para a construção de uma agenda comum entre os países-membros. Os debates reuniram especialistas de diversas origens, com foco na troca de experiências e na formulação de propostas colaborativas.
O painel sobre saúde global, primeiro da programação, reforçou a centralidade do tema na agenda do BRICS. A presidenta do Ipea lembrou que, durante a pandemia de COVID-19, os mecanismos de cooperação já existentes no bloco permitiram respostas mais coordenadas à crise sanitária. Segundo ela, é fundamental avançar em iniciativas conjuntas que promovam acesso universal, fortalecimento da pesquisa, desenvolvimento tecnológico e produção local de medicamentos e insumos estratégicos. “Para construirmos sistemas de saúde equitativos e resilientes, é preciso investir na cooperação científica e no compartilhamento de capacidades entre os países do bloco”, afirmou.
Representando a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o assessor internacional João Miguel Estephanio reforçou a saúde como vetor de desenvolvimento social e econômico. Destacou ainda o compromisso da instituição com a ampliação do acesso e a redução de desigualdades por meio da produção local e regional. “É fundamental consolidarmos nossas capacidades produtivas para vacinas, medicamentos e diagnósticos. Essa é uma dimensão essencial da cooperação Sul-Sul, especialmente em situações de emergência, como vimos durante a pandemia”, afirmou.
Os demais painéis do dia têm como foco os debates sobre os desafios da governança da inteligência artificial e as oportunidades de fortalecimento da cooperação econômica entre os países do bloco, com destaque para iniciativas voltadas ao comércio digital, uso de moedas locais e investimentos produtivos sustentáveis.
A programação segue nesta quinta-feira (26), com painéis dedicados às mudanças climáticas, à reforma da arquitetura multilateral de paz e segurança e ao desenvolvimento institucional do bloco. O encerramento do evento será marcado pelo lançamento do relatório preliminar do Portfólio de Mecanismos de Cooperação do BRICS, documento que consolida propostas e recomendações construídas ao longo das oficinas e debates conduzidos durante a presidência brasileira.
Confira a programação completa do evento
Comunicação – Ipea
(61) 2026-5501
(21) 3515-8704 / (21) 3515-8578
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Crédito da foto: Lyon Santos/ MDS
A ideia de que o Bolsa Família desestimula a busca por trabalho, uma hipótese popularmente conhecida como “efeito preguiça”, foi questionada por um estudo recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A análise integra a edição nº 78 do boletim Radar, divulgado em 13 de maio.
O estudo utiliza dados da PNAD Contínua e revela que, mesmo com a ampliação expressiva do programa social entre 2019 e 2023, houve avanço nos indicadores de emprego com carteira assinada, especialmente entre os mais pobres. De acordo com o artigo, do pesquisador Marcos Hecksher, enquanto o valor real do Bolsa Família foi multiplicado em quase cinco vezes no período, os indicadores do mercado de trabalho entre os mais pobres melhoraram de forma consistente.
A taxa de desemprego caiu em todas as faixas de renda, com destaque para os 20% mais pobres da população. Nessa faixa, houve redução de 4,3 pontos percentuais. Ao mesmo tempo, o emprego com carteira assinada cresceu em todas as camadas, especialmente também entre os mais pobres, com alta de 1,1 ponto percentual.
A renda real do trabalho também acompanhou essa tendência positiva. O crescimento anual médio entre os ocupados dos 20% mais pobres foi de 9,5%, acumulando alta de 43,6% no período de quatro anos. Esses dados reforçam a conclusão de que a ampliação do programa de transferência de renda não impediu, e pode ter até favorecido, o aumento da inserção produtiva dos grupos mais vulneráveis.
Para Hecksher, “a queda do desemprego entre os mais pobres e a alta no preço de seu trabalho podem incomodar quem se habituou a pagar menos por ele, mas atendem a objetivos fundamentais do país”.
Acesse aqui a íntegra do estudo
Acesse aqui a íntegra do Boletim Radar
Comunicação – Ipea
(21) 3515-8704 / (21) 3515-8578
(61) 2026-5501
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Crédito foto: José Paulo Lacerda/CNI.
A quantidade de bens industriais disponível para o mercado interno do Brasil recuou 0,6% em abril, na comparação com março. A informação consta do Indicador Ipea de Consumo Aparente de Bens Industriais, divulgado nesta segunda-feira (23). O resultado ocorreu em razão das quedas de 1% da produção interna destinada ao mercado nacional, além da queda de 0,3% das importações de bens industriais.
O registro de abril sucedeu o crescimento nulo de março na série dessazonalizada. Ainda assim, o trimestre móvel encerrado em abril cresceu 1,7% na margem, quando comparado com o fechado em janeiro.
No acumulado em doze meses, a demanda por bens industriais registrou alta de 6% em abril, contrastando com a elevação de 2,4% da produção interna, medida na Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PIM-PF/IBGE).
O consumo aparente de bens industriais é uma medida da demanda interna por bens industriais. Ele é definido como a parcela da produção industrial doméstica destinada ao mercado interno, acrescida das importações.
A desagregação em grandes grupos econômicos apresenta um desempenho heterogêneo na comparação livre de efeitos sazonais. O grande destaque positivo ficou por conta da demanda por bens de consumo duráveis, que registrou alta de 5,1% na margem. Enquanto os bens intermediários e bens de capital registraram altas de 0,6% e 0,4%, a demanda por bens semi e não duráveis retraiu 1,1%.
O índice de difusão – que mede a porcentagem dos segmentos da indústria de transformação com aumento em comparação ao período anterior, após ajuste sazonal – para 63,6%, ante 50,0% em março. Os destaques positivos foram os segmentos outros equipamentos de transporte e produtos químicos, com altas de 9,4% e 3,4% na margem, respectivamente.
Na comparação interanual, oito segmentos da indústria de transformação apresentaram crescimento em abril, em relação ao mesmo período de 2024. O segmento ‘outros equipamentos de transporte’ se destacou (12,5%), seguido pelo consumo aparente de máquinas e equipamentos (6,1%). No tocante ao trimestre móvel, treze setores registraram aumento em comparação a abril de 2024.
Quanto ao resultado acumulado em doze meses, dezessete segmentos tiveram crescimento, sobressaindo-se o consumo aparente de outros equipamentos de transporte e aparelhos elétricos, com altas de 36,9% e 15,0%, respectivamente.
Acesse a íntegra do indicador no blog da Carta de Conjuntura
Comunicação - Ipea
(21) 3515-8704 / (21) 3515-8578
(61) 2026-5501
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Foto: Helio Montferre/Ipea
Pesquisadores e gestores da administração pública podem contar com mais um recurso produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para a elaboração de políticas públicas e programas. Foi lançado terça-feira (17) o livro Como construir políticas públicas, programas e projetos prontos para o monitoramento e a avaliação? Um guia prático de análise ex ante.
A obra é do técnico de planejamento e pesquisa Antonio Lassance, da Diretoria de Estudos Internacionais (Dinte). O lançamento ocorreu durante o painel People Analytics e Vozes do Serviço Público: Evidências para Decisões Humanizadas, no Encontro Nacional de Gestão de Pessoas do Sipec (Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal), em Brasília/DF.
crédito: Helio Montferre/Ipea
A mesa temática na qual ocorreu o lançamento reuniu especialistas em pesquisas no serviço público, assim como resultados preliminares da pesquisa Vozes do Serviço Público Federal: Evidências para a Gestão Pública, realizada junto a servidores públicos federais pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) em parceria com a Escola Nacional de Administração Pública (Enap).
Análise ex ante - A análise ex ante em políticas públicas, metodologia abordada pelo autor na obra, é uma etapa realizada antes da implementação de uma política. Pela relevância do tema para subsidiar a elaboração, o monitoramento e avaliação de políticas públicas, o livro vai constar do Catálogo de Políticas Públicas, plataforma virtual do Ipea que reúne informações sobre as políticas públicas implementadas no Brasil nas últimas décadas.
“Uma das analogias que são usadas no livro é a seguinte: trate política como a concepção, trate o programa como a organização, trate a ação como a operação, pense a política como a arquitetura, programa como engenharia e a ação como obra. Pense a política como estratégia, programa como tática e ação como operação. É fácil dizer isso, mas são coisas que só se resolvem, na verdade, no detalhe. Depende da política, depende do programa, depende do governo”, afirma Lassance.
A obra foi endossada pela ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, na contracapa. “Políticas bem fundamentadas e programas integrados são o sonho de qualquer governo. Este livro nos traz um passo a passo detalhado não apenas do quê, mas do como fazer”, escreveu a responsável pela pasta.
Kathleen Sousa Oliveira Machado, coordenadora-geral de Formulação e Uso de Avaliações do Ministério do Planejamento e Orçamento do governo federal, também destacou a importância da temática. “O trabalho é simplesmente imprescindível, pois toca no que é a alma das políticas e programas: a arte de definir um problema, priorizar um público e escolher o melhor caminho para entregar soluções”, finalizou.
Lassance também enfatizou o papel central da gestão de pessoas e do uso consciente de dados. Por fim, alertou contra o “fetichismo dos dados”, reforçando a importância de evidências humanizadas. “O público é a razão de ser das políticas, dos programas e dos servidores públicos, da própria existência de um Estado nacional que está ali presente, que cobra impostos. Alguma razão tem para ele existir, e devemos a essa capacidade do Estado de solucionar problemas públicos”, argumentou.
Experiência Ipea e modelos internacionais - O diretor de Altos Estudos da Enap, Alexandre Gomide, que também faz parte da coleta da Pesquisa Vozes, destacou, na ocasião, a importância de pesquisas com servidores públicos como ferramenta para complementar os dados administrativos, capturando percepções, motivações, práticas e valores que normalmente não são registrados.
O palestrante citou a experiência do Ipea em 2018, em parceria com a Universidade de Stanford, como piloto brasileiro conectado ao Global Survey of Public Servants, liderado pelo Banco Mundial. Modelos internacionais inspiradores foram mencionados, como os surveys do Canadá, Reino Unido, Austrália, Chile e Colômbia, com destaque para a Federal Employee Viewpoint Survey (FEVS) dos EUA. A ideia é expandir essas práticas no Brasil com apoio da Enap, entregando relatórios personalizados para os órgãos públicos, com engajamento institucional.
“Aprendemos que a gestão da política pública, assim como a gestão das políticas de gestão de pessoas, começa lá com o diagnóstico de um problema, passa pelo desenho, impacto orçamentário, estratégia de implantação, estratégia de confiança e suporte e monitoramento e avaliação e controle. Queria ressaltar, que é a nossa bandeira aqui, que os dados e o uso de dados e evidências perpassam a gestão da política pública. Não se faz boas políticas públicas se não tiver um bom diagnóstico, se não calcular o impacto e se não tiver um bom monitoramento e avaliação e controle”, defendeu Mirian Bittencourt, diretora de Governança e Inteligência de Dados da Secretaria de Gestão de Pessoas, que mediou o debate.
Assista aqui ao debate completo.
Comunicação – Ipea
(21) 3515-8704 / (21) 3515-8578
(61) 2026-5501
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Acontece na próxima semana, na sede do Ipea em Brasília, a edição 2025 da Escola de Inverno sobre Oportunidades Socioeconômicas e Desigualdade, uma iniciativa conjunta do Ipea, do Stone Center on Wealth Inequality (University of Chicago) e do International Inequalities Institute (London School of Economics).
A proposta é reunir jovens pesquisadores de doutorado e professores em início de carreira para uma imersão em metodologias e debates contemporâneos sobre desigualdades de longo prazo.
Neste ano, dois momentos da programação terão transmissão aberta ao público externo, por meio do canal do Ipea no YouTube, permitindo que mais pessoas acompanhem os debates com alguns dos principais nomes da área. As transmissões ocorrerão nos seguintes dias:
Clique aqui para acessar a transmissão.
Clique aqui para acessar a transmissão.
Com uma abordagem multidisciplinar que articula economia, sociologia e políticas públicas, a escola busca formar uma nova geração de especialistas capacitados a investigar as dinâmicas da desigualdade. A programação inclui aulas com professores renomados, sessões de pôsteres com pesquisas em andamento e espaços de mentoria entre pesquisadores experientes e os participantes.
A programação completa está disponível no site do evento: https://stonecenter.uchicago.edu/events/summer-school-on-socioeconomic-opportunity-and-inequality-at-the-institute-of-applied-economic-research/.
Comunicação – Ipea
(21) 3515-8704 / (21) 3515-8578
(61) 2026-5501
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Foto: Brics Brasil
Nos dias 25 e 26 de junho acontecerá, em Brasília, o XVII Fórum Acadêmico do BRICS (FABRICS). O evento, que ocorrerá na sede do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), reunirá especialistas internacionais para discutir os temas prioritários da presidência brasileira no grupo: cooperação para saúde global; governança da inteligência artificial; comércio, investimento e finanças; mudança do clima; reforma da arquitetura multilateral de paz e segurança; e desenvolvimento institucional.
No final do evento, também será lançado o relatório preliminar do projeto de pesquisa sobre o portfólio dos mecanismos de cooperação do BRICS, uma iniciativa desenvolvida conjuntamente pelos países do bloco, para identificar e documentar os diversos instrumentos de colaboração do bloco.
O fórum será transmitido integralmente pelo canal do Ipea no YouTube:
Dia 25/06 - Link: https://youtube.com/live/rMTPR-w0SwQ?feature=share
Dia 26/06 - Link: https://youtube.com/live/ykuN5siLOy8?feature=share.
O FABRICS
O Fórum Acadêmico do BRICS consiste em um encontro anual realizado desde 2009 para o debate de ideias entre pesquisadores do grupo. Atualmente, a indicação dos participantes e a realização do fórum são atribuídas ao Conselho de Think Tanks do BRICS (BTTC), que conta com um representante indicado por cada governo nacional. O Ipea é o representante do governo brasileiro no BTTC e, neste ano, preside o conselho.
Programação
25 de junho
9h00 às 10h30: Sessão de abertura
11h00 às 12h30: Painel I – Cooperação para saúde global
13h30 às 15h00: Painel II – Governança da inteligência artificial
15h30 às 17h00: Painel III – Comércio, investimento e finanças
26 de junho
9h00 às 10h30: Painel IV – Mudança do clima
11h00 às 12h30: Painel V – Reforma da arquitetura multilateral de paz e segurança
13h30 às 15h00: Painel VI – Desenvolvimento Institucional
15h30 às 17h00: Sessão de encerramento e lançamento do relatório preliminar do “Portfólio de mecanismos de cooperação do BRICS”
Confira a programação completa do evento
Comunicação - Ipea
(61) 2026-5501
(21) 3515-8704 / (21) 3515-8578
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.