Brasil e China compartilham experiências sociais
Publicado em 03/09/2009 - Última modificação em 22/09/2021 às 05h04
Publicado em 03/09/2009 - Última modificação em 22/09/2021 às 05h04
Brasil e China compartilham experiências sociais
Seminário promovido pelo IPC-IG, com apoio do Ipea, reuniu autoridades dos dois países no auditório do Instituto
Rita Bered de Curtis, da Divisão de Temas Sociais do Itamaraty, também participou do seminário |
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) realizou em seu auditório na manhã desta segunda-feira, dia 24, o Seminário Internacional China-Brasil: Compartilhando Experiências em Proteção Social. O encontro, promovido pelo Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG), órgão ligado às Nações Unidas, reuniu autoridades brasileiras e do país asiático para discutir programas e iniciativas dos dois governos em matéria de promoção e proteção social.
Na mesa de abertura do evento estiveram presentes pelo lado brasileiro Rita Bered de Curtis (foto), da Divisão de Temas Sociais do Ministério das Relações Exteriores, Mário Lisboa Theodoro, diretor de Cooperação e Desenvolvimento (Dicod) do Ipea, e Eliana Pedrosa, secretária de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda do Governo do Distrito Federal. Cui Guozhu discursou como diretor da delegação chinesa no Brasil. Degol Hailu, diretor interino do IPC-IG, e Maristela Baioni, representante-residente assistente do Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil, também se pronunciaram.
"Reduzir a pobreza a níveis consensuados é um desafio que tanto o Brasil quanto a China têm, para que possam alçar um patamar de países mais iguais, com o status de desenvolvimento que desejamos", afirmou Mário Theodoro. Maristela Baioni fez um breve comentário sobre os projetos brasileiros, ressaltando que estão fundamentados em princípios como "democracia, participação da sociedade e descentralização".
Progressos
A segunda mesa foi inaugurada por Liu Qiu, diretor do Escritório para o Alívio da Pobreza e Desenvolvimento da Província de Anhui. "Os pobres da China representavam 75% da população pobre de países em desenvolvimento em 1980. De 1990 a 2002, a população chinesa que saiu da pobreza representa 90% do total mundial", explicou Liu Qiu. Ele lembrou, porém, que ainda há instabilidade no combate à pobreza na China, e estimou que 10% da população com registro de melhoria no padrão de vida volta à miséria todos os anos. Mesmo diante dos desafios, como desastres naturais e as desigualdades mais patentes em algumas regiões, o Partido Comunista Chinês mantém a meta de eliminar a miséria do país até 2020.
Liu Junwen, diretor-geral adjunto do Escritório para o Alívio da Pobreza e Desenvolvimento do Conselho do Estado da China, expôs detalhes do sistema de proteção social chinês. Ele revelou como é o sistema de aposentadoria (15 anos de contribuição para receber o benefício básico), de seguro-desemprego e de assistência médica nas cidades, entre outros programas - que incluem ainda a assistência para pessoas atingidas por desastre natural.
Encerrando o evento, o diretor de Estudos Sociais (Disoc) do Ipea, Jorge Abrahão, explicou parte dos programas de proteção e promoção social do Brasil. Ele apresentou números da previdência e do seguro-desemprego e citou ainda alguns conteúdos transversais dessas políticas, como a igualdade racial e a transição demográfica. "O sistema de proteção social do Brasil acaba sendo responsável por mover um quarto da economia nacional. De 1990 para cá, tem abarcado cerca de 22% do PIB em gastos diretos", afirmou Abrahão. Por parte da China, Liu Junwen disse que os gastos sociais não chegam a 22% do PIB, mas que é difícil de se comparar metodologias, pois o cálculo chinês deixa de fora parte dos investimentos em educação e saúde, por exemplo.