Proteção social na América Latina foi tema de seminário

Proteção social na América Latina foi tema de seminário

Ian Walker, do Banco Mundial, propôs no Ipea um novo modelo para estender a proteção social efetiva no subcontinente

Foto: Sidney Murrieta
Walker disse que o sistema de proteção social
é defasado, pois não considera a informalidade

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada recebeu nesta quarta-feira, dia 7, o especialista em proteção social do Banco Mundial Ian Walker. Ele foi o palestrante do seminário Proteção Social para o século 21: como a América Latina e o Caribe podem estender proteção social efetiva a todos os cidadãos, promovido pela Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do Ipea.

O evento também contou com a participação de Jorge Abrahão, diretor da Disoc. Walker destacou que o trabalho realizado pelo Ipea é conhecido em toda a América Latina e se tornou referência. Discorreu ainda sobre as inovações de proteção social nos países latino-americano nos últimos 20 anos, que buscam inverter a má distribuição de renda, principal causadora dos baixos índices de proteção aos mais pobres.

Segundo ele, o sistema adotado atualmente é construído sobre uma base falsa, pois parte do pressuposto de que todos trabalham formalmente, todos têm direitos, e o governo tem recursos. Porém, Walker argumenta que o trabalho informal é uma parte significativa e não integra essa contagem, defasando o sistema. Para ele, é necessária uma reformulação no sistema a fim de diminuir o déficit entre arrecadação e receita, garantindo o benefício a todos.

O economista ressaltou que o Brasil é o mais avançado em políticas de proteção social na América Latina e no Caribe. Afirmou que o País investe em profissionalização dos desempregados por meio de recursos como o seguro desemprego, que facilitam a volta ao mercado de trabalho e fazem com que a roda da economia continue girando. Em contrapartida, quando é analisado o investimento em proteção social para os 20% mais pobres, o Brasil fica atrás de países como a Argentina, demonstrando que há falhas no sistema.

Nesse contexto, Walker propõe um modelo de categorias estáveis, entre trabalho formal e informal. Acredita na necessidade de reformar os sistemas distributivos e criar programas não-contributivos de forma a estender o benefício aos mais pobres. Tais medidas também diminuiriam a vulnerabilidade do País e permitiriam alcançar as três metas que baseiam a proteção social: manter nivelado o consumo durante a vida das pessoas, estabelecer o sistema de flexão social para prevenir a pobreza e promover o acesso ao capital humano para toda a sociedade, garantindo a produtividade.