Marco Aurélio Garcia participou de seminário no Ipea
Publicado em 10/12/2009 - Última modificação em 22/09/2021 às 04h52
Publicado em 10/12/2009 - Última modificação em 22/09/2021 às 04h52
"As instituições hoje estão caducas e o que estamos vendo hoje são instituições provisórias (G8, G20). Por isso, estamos insistindo no fortalecimento, na reconstrução da legitimidade, da representatividade das Nações Unidas". A afirmação é do assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, que debateu o novo papel do Brasil no mundo nesta segunda-feira, 14, em Brasília.
O seminário Prioridades e Desafios da Política Externa Brasileira no Médio Prazo foi promovido pela Diretoria de Estudos, Cooperação Técnica e Políticas Internacionais (Dicod) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e contou com a participação do presidente do Ipea, Marcio Pochmann, de pesquisadores e de técnicos do Instituto.
O assessor explicou que o Brasil, apesar de ter um excelente mecanismo de política externa como o Itamaraty, se revelou despreparado, no passado, para assumir uma postura mais relevante no cenário internacional. Segundo ele, a visibilidade que o País conquistou recentemente no âmbito internacional se deve ao fato de o Brasil ter enfrentado de forma articulada grandes desafios como o crescimento econômico, distribuição de renda, equilíbrio macro-econômico e redução da vulnerabilidade externa, em um marco da democracia. A convergência desses fatores e os acertos da política externa no sentido de definir que lugar o Brasil deve ocupar no mundo permitiram o lugar de destaque que o País ocupa hoje.
Garcia ressaltou que a transformação do modelo de unilateralismo, centrado pelos Estados Unidos, para o multilateralismo exige que o Brasil qualifique melhor sua intervenção internacional e lute por uma mudança das instituições da governança mundial. A estratégia para o Brasil ser um pólo nesse cenário seria sua integração com a América do Sul, a fim de se fortalecer.
O assessor defendeu o estímulo a projetos de integração física, energética e produtiva, seja no domínio industrial seja no agrícola para resolver as assimetrias na América do Sul. "Não podemos ficar na situação de exportar quase tudo para esses países e importar muito pouco. É preciso diversificar as economias. Isso é importante pela relação comercial que eles possam manter e também do ponto de vista interno, que vai significar uma diversificação social saudável", afirmou.
Ao final, Garcia apontou a parceria com o Ipea como relevante não só para que o governo brasileiro tenha informações mais acuradas sobre o desenvolvimento da economia internacional, mas também para que possa intervir mais diretamente na articulação econômica com outros países. A próxima reunião do assessor com o grupo de trabalho formado pelos técnicos do Instituto está prevista para a primeira quinzena de janeiro.
A iniciativa do seminário faz parte da estratégia do Ipea de ampliar o conhecimento sobre as políticas internacionais, que incluiu a criação de uma área específica para tratar do tema na Dicod e a abertura de vagas no último concurso público, realizado no ano passado. Desde o início de 2009, 15 técnicos da área internacional tomaram posse e têm se encontrado com pessoas-chave de dentro e fora do governo para tratar dos desafios e potencialidades do Brasil na área.