Suposta falta de engenheiros não é problema crônico

Suposta falta de engenheiros não é problema crônico

 

Assunto é abordado no sexto Boletim Radar, que discute também a Lei do Bem e a reclassificação de propriedades agrícolas

 Foto: Sidney Murrieta
O diretor Marcio Wohlers, da Diset, fez a
apresentação do boletim

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou nesta quarta-feira, 24, a sexta edição do boletim Radar: Tecnologia, Produção e Comércio Exterior. Produzida pela Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrutura (Diset), a publicação traz três artigos.

O primeiro artigo trata da possível escassez de engenheiros no mercado e de fatores que interferem no equilíbrio entre oferta e demanda deste tipo de profissional, como o crescimento econômico, a formação de novos engenheiros e a migração de funções. Segundo o técnico de planejamento e pesquisa Divonzir Gusso, a exploração da camada do Pré-sal vai exigir uma quantidade maior de engenheiros do que a existente hoje no Brasil. “Em compensação, essa área tem rentabilidade e usa tecnologia muito avançada,  o que gera uma grande capacidade de recrutamento no exterior. A preocupação seria se houvesse excesso de engenheiros saindo do País para buscar emprego em outro lugar”, afirmou.

Classificação na agricultura
Outro artigo do boletim propõe uma reclassificação das propriedades agrícolas com base em uma matriz tecnológica. Segundo o pesquisador José Eustáquio Filho, dados do último censo agropecuário mostram que, embora a agricultura familiar, no agregado, gere mais valor produtivo, a análise em separado dos cultivos mostra ganhos maiores na agricultura comercial. “A classificação não condiz com a afirmação de que os agricultores familiares são os que realmente necessitariam de um maior apoio financeiro do governo federal”, disse.

Para a outra autora do artigo, Junia da Conceição, o setor agrícola brasileiro traz uma dualidade: enquanto parte é modernizada e possui ganhos de produtividade altíssimos, outra parte está atrasada. “A criação do Pronaf, por exemplo, é uma alternativa para puxar esses agricultores que não participaram do processo de modernização para que eles possam, também, usufruir de ganhos de produtividade e possam, de fato, se inserir no mercado.”

O terceiro artigo trata dos incentivos fiscais previstos no capítulo 3 da Lei nº 11.196/05, conhecida como Lei do Bem, o mais abrangente instrumento fiscal de estimulo à inovação no Brasil. “O estudo mostra a relação entre a Lei do Bem e a atividade de P&D (pesquisa e desenvolvimento) no Brasil. Para as grandes empresas, a lei do bem ainda não foi capaz de alterar a distribuição setorial dos gastos em P&D existentes no País”, afirmou  a autora, Graziela Zucoloto.

Lançamento
A apresentação do boletim foi feita pelo diretor da Diset, Marcio Wohlers, e pela diretora-adjunta, Fernanda De Negri, e pelos autores dos artigos. O evento, seguido de entrevista coletiva, ocorreu no auditório do Ipea em Brasília (Setor Bancário Sul, Quadra 1, Edifício BNDES, subsolo) e teve início às 14h30. Houve transmissão online pelos sites www.ipea.gov.br e www.ipea.gov.br.

Leia a íntegra da sexta edição do Boletim Radar

Veja os gráficos sobre propriedades agrícolas

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