Ipea analisa ações sociais do setor privado

Ipea analisa ações sociais do setor privado

Estudo que avalia a atuação das empresas privadas em áreas sociais será lançado nesta sexta, em congresso no Rio de Janeiro


“Uma novidade na atuação voluntária das empresas é o interesse crescente em conhecer os resultados de seus investimentos sociais. As empresas, especialmente aquelas de grande porte, querem agora avaliar suas ações para apresentarem resultados mais consistentes”. A afirmação é da pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Anna Maria T. Medeiros Peliano, coordenadora do estudo Cultivando os Frutos Sociais: A Importância da Avaliação nas Ações das Empresas, que será lançado nesta sexta-feira, dia 9, às 11h, no Rio de Janeiro (Sheraton Hotel & Resort, Avenida Niemeyer,121, Leblon, Sala Lagoa), durante o 6º Congresso do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), Investimento Social Privado - Visões para 2020.

Em 2002, o Ipea divulgou a primeira Pesquisa Ação Social das Empresas (Pase), que teve como objetivo investigar como se dava o envolvimento das empresas na área social e que volume de recursos investiam. A pesquisa gerou um mapeamento que apontou 59% dos estabelecimentos empresariais do Brasil desenvolvendo atividades sociais e alocando recursos da ordem de R$ 7,8 bilhões.

Entre 2002 e 2006, observou-se no País um crescimento de dez pontos percentuais no número de empresas que desenvolvem algum tipo de ação social: de 59% em 2002 para 69% em 2006. No entanto, segundo Anna Peliano, as empresas começam agora a perceber que a sociedade não se contenta mais em saber dos investimentos realizados. Ela quer saber dos resultados obtidos e da diferença promovida por essa atuação.

“A participação das empresas no campo social assume cada vez mais um caráter público. Aliás, as empresas querem influenciar políticas de governo, querem que suas iniciativas sejam utilizadas como referência e, portanto, precisam analisar e divulgar sua experiência de forma mais consistente e fundamentada”, acrescenta a pesquisadora. Não obstante, os dados do novo estudo apontam que apenas 16% do total de empresas atuantes possuem avaliação documentada das ações sociais desenvolvidas. Na região Sudeste esse percentual é mais alto e atinge o patamar de 25%.

Anna Peliano explora no estudo as razões pelas quais a avaliação pode ser útil para as empresas fazerem correções de rumos: “Elas sofrem menos ingerências e têm mais flexibilidade que os governos para alterar os seus projetos sociais”. Enfatizando que os investimentos sociais privados “nunca devem ser vistos como substitutos das políticas do Estado”, a pesquisadora afirma que a experiência que vem sendo desenvolvida pelas empresas no campo da avaliação social poderá, no futuro, contribuir para o aprimoramento das avaliações das políticas públicas.