Famílias ainda estão otimistas, mas índice recua

Famílias ainda estão otimistas, mas índice recua


Queda de 2,8% no IEF pode refletir redução da euforia na virada de ano e impacto das medidas do governo

O impacto das medidas restritivas anunciadas pelo governo e uma diminuição do entusiasmo em relação ao futuro que marca a virada de ano são os possíveis motivos para a queda das expectativas das famílias brasileiras em fevereiro, segundo o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann. Em entrevista coletiva com a imprensa no Rio de Janeiro nessa quinta-feira, dia 10, o presidente falou sobre a 7ª edição do Índice de Expectativas das Famílias (IEF), que caiu de 67,2% em janeiro para 65,3% em fevereiro.

Entre os dados mais significativos, destaca-se o aumento do número de famílias que dizem não ter condições de pagar dívidas. “De cada duas famílias, uma declarou ter dívidas”, disse Pochmann. Além disso, caiu o número de famílias que se disseram aptas a quitar essas dívidas.

O estudo também faz a análise dos números por regiões. “70,2% das famílias da região Centro-Oeste acreditam que a situação econômica do Brasil irá melhorar nos próximos 12 meses”, afirmou Pochmann. Ele acrescentou que 61,9% das famílias na região Sudeste não têm dívidas e que 44,9% das famílias na região Norte não terão capacidade para pagar suas dívidas.  Por outro lado, um índice expressivo das famílias do Centro-Oeste (88,4%) acredita que sua situação financeira irá melhorar daqui a um ano.

De acordo com a pesquisa, em janeiro, 19,2% das famílias brasileiras disseram ter condições de pagar todas as dívidas. Esse número caiu para 15,4% em fevereiro. O mesmo ocorreu com o número de famílias que declararam ter condições de pagar apenas parte da dívida: uma queda de 46,4%, em janeiro, para 44,5%, em fevereiro.

A maior diferença percentual nesse aspecto foi constatada em relação às famílias que disseram não ter condições de pagar qualquer dívida, que aumentou de 32,2% para 37,7%. “Isso pode estar relacionado ao aumento da taxa de juros”, ponderou Pochmann.

O presidente do Instituto ressaltou ainda a piora da expectativa sobre a situação econômica do Brasil nos próximos 12 meses como o outro fator mais importante para a queda do IEF. Em janeiro, 64% das famílias disseram que esperavam uma melhoria na situação econômica. Esse número caiu para 61,8% em fevereiro. Ao mesmo tempo, aumentou de 17,5% para 21,5% o número de famílias que acreditam que a economia vai piorar.

O maior grau de confiança na melhora econômica do País ocorreu entre aquelas famílias com rendimento entre quatro e cinco salários mínimos, bem como aqueles com ensino superior incompleto, tal como ocorrido no mês anterior.

Leia a íntegra do Índice de Expectativas das Famílias

Veja os gráficos da apresentação sobre a sétima edição do IEF