Inflação de abril recua na comparação com março
Publicado em 18/05/2011 - Última modificação em 22/09/2021 às 03h44
Publicado em 18/05/2011 - Última modificação em 22/09/2021 às 03h44
Inflação de abril recua na comparação com março
Conjuntura em Foco, apresentado no Rio de Janeiro, traz dados da política monetária e evolução dos preços
“O processo de aceleração inflacionária brasileira não tem combustível para se transformar em descontrole, ou bolha, ou hiperinflação”, afirma Roberto Messenberg, Coordenador do Grupo de Análise e Previsões (GAP) do Ipea, responsável pela edição do boletim Conjuntura em Foco, apresentado à imprensa nesta quarta-feira, 18, no auditório do Ipea no Rio de Janeiro. A publicação analisa a política monetária e a evolução da inflação no Brasil.
Embora o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – um dos dados que registra o processo inflacionário – tenha apontado alta de 0,77% em abril, ele recuou ligeiramente em relação a março (0,79%). Segundo Messenberg, a inflação no Brasil está controlada, embora existam “manifestações histéricas dos sistemas financeiros” para combater a política do Banco Central, que ele avalia como excelente. “Estamos próximos de manter as taxas de investimento e desenvolvimento sustentável estáveis e equilibradas. E, com isso, cairá a taxa de inflação”, afirmou. Ele mostrou alguns números que melhoraram em relação ao ano passado, devido a medidas tomadas pelo Banco Central desde o final de 2010, como a elevação de compulsório sobre a concessão de crédito e a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O boletim ressalta que há limites para a eficácia das medidas de contenção ao crédito, principalmente devido ao investimento estrangeiro direto, que praticamente dobrou no acumulado do ano na comparação entre 2009 e 2010, enquanto o investimento estrangeiro em carteira cresceu cerca de 50%. Em 2011, o ingresso de recursos na conta financeira foi bastante expressivo no primeiro trimestre, superior a US$ 30 bilhões.
Outro dado analisado pelo Conjuntura em Foco foi o preço dos alimentos, que caiu nos últimos meses e apresenta perspectiva de queda, repercutindo uma redução de preços que já se verifica no atacado. Entretanto, os serviços são os itens que mais apresentaram inflação, como educação e saúde.
A inflação ao consumidor pelo IPCA registrou aumento de 3,23% no acumulado do ano até abril de 2011. No primeiro quadrimestre deste ano, as principais pressões vieram dos bens monitorados pelo governo (principalmente combustíveis), com alta de 3,80%, e dos serviços privados não regulados (como educação), com alta de 4,60%. Questionado sobre essa existência de processo inflacionário, Messenberg informou que a inflação é um sintoma internacional neste momento e que não pode existir uma meta de inflação da agenda antiga, pois hoje existem outras preocupações. E o que era preocupação antes não é mais hoje – como o caso dos debates sobre a dívida pública, atualmente controlada.
Já o mercado de trabalho se mantém aquecido tanto em termos de emprego como com relação aos rendimentos médios reais, que acumulam alta de 4,3%. Enquanto isso, o saldo mensal da balança de comércio elevou-se para US$ 1,86 bilhão, ante US$ 1,55 bilhão registrado em março. Em relação a abril de 2010, o saldo comercial apresentou expansão de 45,2%. O nível de atividade da indústria cresceu. Os principais destaques foram os equipamentos de materiais para escritório, informática e comunicação, móveis e eletrodomésticos, livros, jornais, revistas e papelaria.