Cenário mundial influencia matriz energética brasileira
Publicado em 05/10/2011 - Última modificação em 22/09/2021 às 03h07
Publicado em 05/10/2011 - Última modificação em 22/09/2021 às 03h07
Cenário mundial influencia matriz energética brasileira
Especialistas exploraram na Code/BA temas como o impacto, no setor, do aquecimento global e da crise internacional
Algumas circunstâncias atuais devem afetar a forma de consumo de energia no mundo. A análise desses fatores foi feita na oficina Recursos Naturais e Oportunidades de Diversificação da Matriz Energética, realizada na tarde desta quarta-feira (5), como parte dos trabalhos da Conferência do Desenvolvimento (Code), realizada no Pavilhão de Aulas III da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e promovida pelo Ipea, em parceria com o governo estadual.
Gervásio de Oliveira Filho, professor da graduação e pós-graduação da Faculdade de Economia da UFBA, elenca alguns elementos do cenário mundial cujas consequências ainda não são claras, mas que certamente repercutirão nas matrizes energéticas. É o caso, por exemplo, do aquecimento global.
Outra questão é a crise econômica global. Gervásio de Oliveira observa que não se sabe ainda de que forma ela afetará o oferecimento de energia no cenário mundial. “Pode haver um estrangulamento de oferta a curto e médio prazos”, antevê o acadêmico.
Ele aponta ainda que o desenvolvimento de países como Brasil e Índia implica necessidade de maior demanda de energia, o que repercute no aumento de preço. “Isso também pode ter um lado positivo, pois viabiliza a busca por outras matrizes energéticas.” Ele fundamenta sua afirmação historicamente, com a redução da oferta do carvão, que intensificou o uso de petróleo e energia elétrica. Da mesma forma, a crise do petróleo, posteriormente, veio a estimular e direcionar a produção de etanol em larga escala.
Gervásio de Oliveira enumerou algumas das matrizes energéticas mais usadas no Brasil: petróleo, carvão e gás natural. Quanto ao petróleo, observa, 71% são utilizados no setor de transportes. Ele enfatiza ainda que, atualmente, é forte a migração do óleo combustível para o gás natural.
Diversificação
Quanto à Bahia, em comparação com o cenário nacional, avalia o professor, há necessidade de diversificar mais as matrizes energéticas, ao passo que se deve combater o desperdício.
O professor de mestrado em Bioenergia da Unifacs e integrante dos quadros da Secretaria do Planejamento (Seplan) do Governo da Bahia, Roberto Fortuna, salienta que, apesar da necessidade de cautela para analisar os rumos da crise econômica mundial, o fato é que a situação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ainda é mais confortável que no resto do mundo.
Esse crescimento do PIB, aliado aos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, leva ao aumento da classe C e da qualidade de vida da população brasileira. O aumento de consumo, por sua vez, repercute diretamente na necessidade de aumento de oferta de energia para atender a essa nova demanda, explica Fortuna.
O professor avaliou que, com o ganho de qualidade de vida, o consumo de energia passa de dois para quatro quilowatts/hora por habitante. O gasto por pessoa, acrescentou, passa de US$ 5 mil para US$ 7,5 mil.