Ipea e Embrapa assinam memorando na Venezuela
Publicado em 07/12/2011 - Última modificação em 22/09/2021 às 02h54
Publicado em 07/12/2011 - Última modificação em 22/09/2021 às 02h54
Ipea e Embrapa assinam memorando na Venezuela
Documento foi firmado durante encontro entre Dilma Rousseff e Hugo Chávez, em 1º de dezembro
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Petróleos de Venezuela S. A. (PDVSA) assinaram memorando de entendimento para o estabelecimento, acompanhamento e assessoria em planejamento para o desenvolvimento de projetos agrícolas na Faixa Petrolífera do Orinoco (centro da Venezuela), suas adjacências, e no estado de Sucre (nordeste venezuelano). O documento prevê, ainda, cooperação em ciência e tecnologia por meio da realização de projetos conjuntos.
A parceria foi comentada pela presidenta Dilma Rousseff após o ato: “Quero destacar o Ipea e a Embrapa, que já vinham desenvolvendo um amplo leque de iniciativas (na Venezuela) nos setores de desenvolvimento territorial e agrícola e agora lançam nova parceria com a PDVSA”. Na região do Orinoco, há grande potencial para a expansão agrícola e de integração produtiva com o Norte do Brasil, particularmente com o estado de Roraima e o Polo Industrial de Manaus. No estado de Sucre, há novos investimentos para a produção de gás e na indústria naval, dois setores que têm tido grande desenvolvimento no Brasil nos últimos anos e que apresentam muitas possibilidades de cadeias produtivas articuladas, além de necessidade de incrementar projetos de manejo sustentável de florestas.
O Ipea está presente na Venezuela desde em setembro de 2010, realizando estudos sobre integração entre Brasil e Venezuela, oferecendo cursos de capacitação em políticas públicas e planejamento e assessorando diferentes instituições governamentais. A senadora Ângela Portela (PT-RR), que esteve presente no encontro presidencial, ressaltou a importância dos relatórios de pesquisa do Ipea sobre a integração das infraestruturas e cadeias produtivas entre o Norte do Brasil e o Sul da Venezuela. “Solicitamos ao Ipea um diagnóstico socioeconômico de Roraima e as conclusões apresentadas são exatamente no sentido de ampliar essa integração”, afirmou.
Desde junho de 2011, o Ipea tem atuado conjuntamente com a Caixa Econômica Federal em temas relacionados à sustentabilidade econômica, social e urbanística de projetos habitacionais. Para Pedro Silva Barros, titular da Missão do Ipea na Venezuela e representante do Instituto no encontro presidencial, “o documento assinado com a Embrapa permitirá a inédita atuação conjunta de três agências do governo brasileiro no exterior em áreas de grande potencial de integração com o Brasil e em setores que são prioritários para o governo venezuelano”. Ele acrescentou que “se trata de um novo paradigma na cooperação internacional do Brasil, que busca construir um projeto de desenvolvimento comum, associando o nosso desenvolvimento ao dos vizinhos”.
Integração produtiva
Em seu discurso, a presidenta Dilma Rousseff abordou outros dois temas diretamente relacionados com as atividades do Ipea na Venezuela. Primeiro, a chefe de Estado apresentou que, “na área industrial, vamos concluir até abril de 2012 a primeira parte do estudo elaborado em coordenação entre o Ipea e a PDVSA sobre tudo aquilo que é importante para estimular a integração produtiva, inclusive a indústria naval, entre o Brasil e a Venezuela”. O Brasil, por meio do BNDES, financia a construção de Estaleiro da ALBA (AstiALBA) no estado Sucre, cuja execução é realizada pela construtora brasileira Andrade Gutierrez.
Os navios petroleiros que serão produzidos na AstiALBA são dos mesmos modelos dos que começam a ser feitos no novo estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco, e há muitas possibilidades de integração produtiva entre eles. A indústria de embarcações fluviais também apresenta grande potencial de articulação entre os dois países. A Venezuela prepara investimentos para a construção de embarcações fluviais no Orinoco, e o Brasil possui indústria tradicional desse tipo em Manaus e novos empreendimentos, como o Estaleiro Rio Tietê, cuja pedra fundamental foi lançada há três meses.
A presidenta concluiu apontando que o tema foi conversado com o homólogo venezuelano: “Nós consideramos que existem imensas oportunidades. Inclusive, uma grande preocupação do presidente Chávez é a integração entre as bacias do rio Orinoco e da Amazônia, como uma forma de integração de infraestrutura regional, utilizando os nossos rios para fazer com que os nossos países se integrem”. Esse potencial havia sido apresentado em maio de 2011 em relatórios de pesquisa da Missão do Ipea no país vizinho: Região Norte do Brasil e Sul da Venezuela: Esforço binacional para a Integração das cadeias produtivas e A integração de infraestrutura Brasil-Venezuela: a IIRSA (Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana) e o eixo Amazônia-Orinoco.
Confira, no Blog do Planalto, mais detalhes da visita presidencial à Venezuela
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR