Estudo aponta o Brasil como a economia regional mais fechada
Publicado em 07/07/2016 - Última modificação em 22/09/2021 às 00h17
Publicado em 07/07/2016 - Última modificação em 22/09/2021 às 00h17
Estudo aponta o Brasil como a economia regional mais fechada
Análise teve como base os dados da Matriz Insumo-Produto elaborada pelo Ipea, Cepal e parceiros
Crédito: David Magalhães |
Lozardo:"Este é um esforço sem precedentes na América do Sul” |
O Ipea e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) divulgaram nesta quarta-feira, 6, em Brasília, a Matriz de Insumo-Produto da América do Sul. A matriz revela dados sobre compra e venda de produtos entre 10 países da região: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Uma análise realizada pelo professor Renato Flores, do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da Fundação Getulio Vargas, com base na matriz, concluiu que Brasil, Colômbia e Venezuela são as economias mais fechadas da região.
“O Brasil não tem, em nenhum dos 40 setores integrantes da matriz, contrapartidas de valor adicionado estrangeiro superiores a 10%. É uma economia muito fechada, um gigante egoísta”, afirmou Flores. Segundo a análise, dos 40 setores, 38 têm valor adicionado devido à participação dos demais nove países sul-americanos (PIB) inferior a 4%. “Para cada setor de um país, calculamos o quanto do valor adicionado é devido à produção de outros países. Isso é uma outra medida da integração. Fizemos isso para cada país, para cada um dos setores”, disse o professor da FGV.
A Colômbia, por sua vez, possui apenas um setor com mais de 10% de valor adicionado por outros países: Máquinas e aparelhos elétricos. Já a Venezuela tem três setores acima dos 10%: Veículos automotivos, reboques e semirreboques, calçados e outros alimentos processados. Por essa metodologia, os países mais integrados da região são Uruguai, Bolívia e Paraguai.
No entanto, quando são estudados somente os cinco setores de serviços, o Brasil apresenta o melhor desempenho da América do Sul em termos de integração. “O maior coeficiente é o do Brasil. É o que tem mais ligações por serviços, o que dá um certo respaldo. A matriz é um instrumento de investigação. Ela dá pistas da integração do Brasil como fornecedor e da integração pelos serviços”, afirmou Flores. Argentina e Uruguai também têm bom desempenho, e os demais países estão menos conectados.
Parcerias
Na abertura do seminário, na sede do Ipea, o presidente do Instituto, Ernesto Lozardo, agradeceu a participação dos parceiros na construção da matriz – além da Cepal, o projeto contou com recursos da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).
“Este é um esforço sem precedentes na América do Sul e o Ipea se sente honrado de fazer parte deste trabalho”, afirmou Lozardo. “Sem o conhecimento do fluxo de comércio, das complementaridades entre países no tocante ao comércio, é muito difícil um país navegar no mar da comunidade global. O trabalho é um primeiro passo para entendermos a lógica dos fluxos de comércio”, continuou. O presidente do Ipea disse não acreditar que o Brasil possa eliminar a pobreza e as injustiças se não for um país mais aberto.
Renato Baumann, coordenador do projeto e técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, lembrou que o trabalho teve início em 2013 e envolveu consultores de 10 países da região, técnicos da Cepal em Santiago, técnicos da OCDE em Paris, da Unctad e da OMC. “Chegamos a um produto estritamente compatível com a matriz do projeto que é realizado pela OCDE com a metodologia Trade in Value-Added (Tiva)”, explicou Baumann. “A matriz transcende o âmbito nacional e regional e será, em algum momento, incorporada à matriz mundial. Demos um passo significativo hoje.”
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Acesse o documento “La Matriz de Insumo-Producto de América del Sur” (em espanhol)
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Matriz da Argentina (em espanhol)
Matriz da Bolívia (em espanhol)
Matriz do Brasil (em espanhol)
Matriz do Chile (em espanhol)
Matriz da Colômbia (em espanhol)
Matriz do Equador (em espanhol)
Matriz do Paraguai (em espanhol)
Matriz do Peru (em espanhol)
Matriz do Uruguai (em espanhol)
Matriz da Venezuela (em espanhol)
Matriz Sul-americana (em espanhol)