Demanda por bens no Brasil gera 145 mil empregos na Argentina

Estimativa da Cepal com base na matriz produzida em parceria com o Ipea refere-se a produtos intermediários

A demanda brasileira por bens intermediários gera, na Argentina, 145 mil empregos. A estimativa da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) é um dos resultados do mais recente trabalho desenvolvido em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e lançado nesta quarta-feira, 6, em Brasília: a Matriz de Insumo-Produto da América do Sul (MIP).

Segundo a análise, os setores mais beneficiados na Argentina com postos de trabalho relacionados à demanda por bens intermediários no Brasil são “veículos a motor, reboques e semirreboques”, “polpa de madeira, papel, prensas e material editorial”, “têxtil”, e “maquinário e equipamentos (exceto maquinário elétrico)”. Só as exportações argentinas destinadas ao setor automotivo do Brasil impulsionam aproximadamente 10,6 mil empregos no país vizinho.

Por sua vez, as exportações da Argentina para o setor agrícola brasileiro são responsáveis por cerca de 6.400 postos de trabalho naquele país. Os principais setores beneficiados com esses empregos na Argentina são os de “produtos químicos - exceto farmacêuticos”, “agricultura e florestal” e “maquinaria e equipamentos (exceto maquinaria elétrica)”.

“A matriz revela a origem das compras e das vendas na economia. É um formato contábil de informação relativa a atividades econômicas de um país e retrata as relações econômicas entre setores industriais. Ela permite ver as transações de bens intermediários e finais”, explicou José Duran, pesquisador da Cepal em Santiago.

Para a composição da matriz, foram coletados dados de 10 países sul-americanos: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Os dados da pesquisa são referentes a 2005, em dólares correntes a preços básicos (sem impostos e subsídios). Ela é composta por 40 setores, sendo 35 de bens e cinco de serviços.

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Panorama
As exportações dos 10 países sul-americanos impulsionam pouco mais de 25,6 milhões de empregos, sendo que as exportações intrarregionais (para a própria América do Sul) são responsáveis por 3,89 milhões de postos. Das 25,6 milhões de vagas, 45% estão alocadas no Brasil, 14% no Peru, 9% na Colômbia, 8% na Argentina e 8% na Venezuela. Os demais países somados (Uruguai, Paraguai, Equador, Chile e Bolívia) ficam com 16%.

Ainda segundo a análise da Cepal, com base na matriz de insumo-produto da América do Sul elaborada em parceria com o Ipea, esses empregos ligados à exportação representam 15,4% do total da população ocupada na América do Sul (menos Guiana e Suriname). No Brasil, eles correspondem a 12,7% do total. Outra conclusão significativa é a de que o emprego ligado a exportações somente para a América do Sul tem um peso maior na Bolívia (11% da população ocupada), Paraguai (9%), Uruguai (7%) e Argentina (5%). No Brasil, essa parcela equivale a 1%.

“A matriz é uma importante ferramenta para o desenho de políticas públicas. Ela contém informações sobre relações de usos de bens e permite identificar a estrutura vertical de produção compartilhada entre países”, afirmou Durán. Carlos Mussi, representante da Cepal no Brasil, participou da mesa de abertura do evento. Segundo ele, a matriz é um produto que qualquer pessoa poderá utilizar, questionar e aprimorar.

Também compuseram a mesa de abertura do seminário o presidente do Ipea, Ernesto Lozardo, o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Luiz Augusto Ferreira, o representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) José Luiz Rossi e o representante do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) Oswaldo López.

Vídeo: Confira a entrevista com o presidente do Ipea, Ernesto Lozardo, sobre a Matriz de Insumo-Produto da América do Sul

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