Estudo traça perfil do professor de educação básica no Brasil

Estudo traça perfil do professor de educação básica no Brasil

Texto para Discussão lançado pelo Ipea revela as condições de vida, inserção no mercado de trabalho e a remuneração desses profissionais

Igualar a média dos salários dos professores à dos profissionais com nível superior completo é uma das formas de mudar a realidade dos profissionais da educação no Brasil. Essa igualdade de rendimentos se reverteria em benefícios para os alunos como, por exemplo, a melhoria do aprendizado, seguindo as diretrizes da meta 17 do Plano Nacional de Educação, que acabou de completar três anos. Essa é uma das conclusões do Texto para Discussão do Ipea Professores da Educação Básica no Brasil: condições de vida, inserção no mercado de trabalho e remuneração, de autoria do técnico de planejamento e pesquisa Milko Matijascic.

De acordo com o estudo, trata-se, no Brasil, de "uma profissão muito feminina”. O texto afirma que os brancos são maioria entre os professores e que a categoria socioprofissional é muito grande e heterogênea. Os professores brancos são 8,7% da categoria, e os negros 8,1%. As professoras brancas são 47,2%, e as negras 35,9%.

É possível perceber também que há uma diferença quando os professores são comparados ao restante da população ocupada em outras profissões: os homens brancos correspondem a 26,2% e os negros, a 32,5%, enquanto as mulheres brancas são 19,8% e as negras, 21,5%.

Onde estão os professores
Quando se analisa a distribuição de professores por situação de domicílio, o Sul tem a maior proporção de homens brancos que trabalham em regiões metropolitanas (13,4% do total de docentes nessas regiões), enquanto o Norte possui uma proporção maior de homens negros (16,5%). Na região Sul, 72,9% das professoras são brancas, e na região Nordeste elas correspondem a 59,5%.

Nas regiões não metropolitanas, a grande concentração de homens brancos também está na região Sul (eles são 9,9% do total de docentes nessas áreas) e os negros estão concentrados na região Norte (18%). As mulheres brancas que vivem em áreas não metropolitanas estão mais presentes no Sul (78,6% do total de professores da região nessa situação de domicílio) e as professoras negras estão principalmente na região Norte (55,1%).

No meio rural, os homens brancos são mais representativos entre os professores do Sul (17,2%), e os negros (23,7%) no Norte. Na região Sul, 68% dos professores que atuam no meio rural são mulheres brancas. Já no Nordeste, 62,3% são negras.

Remuneração
É importante destacar que 95% dos professores são assalariados e contribuem para a previdência, o que está longe de ser a situação da maioria dos trabalhadores no país. Além disso, trata-se de uma categoria socioprofissional com um bom nível de sindicalização no cenário nacional.

No Brasil, o melhor rendimento entre os profissionais da educação básica é dos professores que estão em regiões metropolitanas do Nordeste, integrantes da rede de ensino federal: R$ 6.121, em média. As piores remunerações são de professores da rede privada que trabalham no Centro-Oeste: média de R$ 320. Ou seja, as regiões metropolitanas e as instituições federais tendem a pagar mais.

O pesquisador explica que a situação social dos professores é melhor que a do restante da população: "Nós vamos encontrar um número muito pequeno de professores em situação de pobreza e indigência, mas a maior parte deles está em boa situação quando comparada ao restante da população ocupada". Porém, segundo Matijascic, "a renda média brasileira é muito baixa e isso significa que o professor está melhor, mas não está em uma situação necessariamente boa".

Acesse o Texto para Discussão nº 2304