Pesquisadores discutem dinâmicas populacionais e a pandemia no Brasil
Publicado em 24/06/2021 - Última modificação em 22/09/2021 às 22h25
Publicado em 24/06/2021 - Última modificação em 22/09/2021 às 22h25
Pesquisadores discutem dinâmicas populacionais e a pandemia no Brasil
Envelhecimento e novos paradigmas demográficos foram tratados em webinar
O envelhecimento populacional brasileiro e os efeitos da pandemia de covid-19 na dinâmica demográfica foram os principais assuntos debatidos em webinar promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), na tarde desta quarta-feira (23/6). Mediado pelo pesquisador do Ipea Marcos Hecksher, o evento intitulado ‘Tendências demográficas e pandemia de covid-19’ teve a participação de dois palestrantes, os pesquisadores Ana Amélia Camarano, da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc/Ipea), e José Eustáquio Diniz Alves, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
No início do webinar, Hecksher falou sobre a gravidade da atual situação. “Estamos com um quadro terrível da pandemia, agravado no Brasil, em que, de cada 420 brasileiros, um morreu de covid-19 até o momento. No resto do mundo, essa estatística gira em torno de 2.200 para cada morte. A pandemia desestabilizou algumas tendências e, para nós, é fundamental entender um pouco mais sobre os impactos e os efeitos sobre os diferentes grupos da população”, disse.
Em uma retrospectiva histórica, o especialista em demografia e pesquisador independente José Eustáquio analisou o crescimento populacional e econômico brasileiro desde 1822, data da Independência do Brasil. Além de traçar paralelos com alguns países, ele também analisou a questão do envelhecimento da população, e os impactos da pandemia. De acordo com o pesquisador, no século 19, a população brasileira cresceu cinco vezes, passando de 3,5 milhões para 17,4 milhões. No século 20, o aumento foi dez vezes maior. Em 200 anos, a elevação foi 50 vezes maior. “A história brasileira é de crescimento demográfico e também econômico. Em 2019, a Organização das Nações Unidas (ONU), antes da pandemia, começou a fazer projeções para o Brasil nos próximos anos. Embora a divulgação só aconteça em 2021, a estimativa é que nós tenhamos 228 milhões de habitantes em 2042 e 182 milhões em 2100. O pico previsto para 2042 mantém a média de crescimento atual”, destacou.
Para o pesquisador, a característica mais marcante do século 21 será o envelhecimento populacional. “A Organização Mundial da Saúde definiu a atual década como a do envelhecimento saudável. É um tsunami grisalho. O envelhecimento populacional é absolutamente novo na história da humanidade, especialmente na história brasileira. Tínhamos 3 milhões de pessoas acima de 60 anos em 1950; passamos para 30 milhões e vamos chegar perto de 90 milhões na segunda metade do século 21; ou seja, um aumento de 30 vezes em pouco mais de cem anos”, enfatizou.
Com a apresentação ‘Novo Regime Demográfico: o que mudou com a pandemia?’, a pesquisadora do Ipea Ana Amélia Camarano analisou o que denominou de novos paradigmas demográficos, impactos na natalidade, fecundidade, mortalidade e a relação com a pandemia de covid-19 na população brasileira e, especialmente, entre os idosos.
A pesquisadora chamou a atenção para alguns paradigmas que devem, segundo ela, ser observados na atual situação do país. “A taxa de fecundidade abaixo do nível de reposição; o que estamos vendo é uma diminuição ainda maior do que a prevista no número de nascimentos e o aumento da mortalidade materna que vai levar ainda a uma maior redução de nascimentos. Outro paradigma é a redução da população, da força de trabalho, provocada pela queda da fecundidade. Além disso, agora, passamos a ver também a diminuição da população pela mortalidade”, ressaltou.
Dados apresentados pela pesquisadora, mostraram ainda que, durante a pandemia, os idosos representaram 70,3% do total do número de mortos por covid-19 no Brasil, sendo que, desse total, 58,6% eram homens. “A morte de um idoso traz ainda outras consequências. A redução na renda mensal per capita, por exemplo, é de aproximadamente 30%, que é a renda da seguridade social e parte da renda do trabalho”, observou.
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