Pandemia provocou sobreposição de vulnerabilidades

Pandemia provocou sobreposição de vulnerabilidades


Publicação examinou impactos da Covid-19 em relação a trabalho e renda

O cenário de pandemia da Covid-19 e os impactos econômicos e no mercado de trabalho brasileiro, além das políticas adotadas em nível federal, para mitigar os efeitos da crise sanitária e proteger a população mais vulnerável, estão em foco no capítulo ‘Trabalho e Renda’ do ‘Boletim de Políticas Sociais (BPS) – Acompanhamento e Análise’, que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou nesta quarta-feira (14/7). O número 28 do BPS fez um resgate consistente dos impactos da pandemia na dinâmica do mercado de trabalho no Brasil em 2020, destacando a redução de postos de trabalho formais e informais e o aumento da inatividade.

Elaborado pelos pesquisadores do Ipea Carlos Henrique Corseuil, Felipe Mendonça Russo e Sandro Pereira Silva, o capítulo foi estruturado em dois grandes blocos temáticos: o primeiro examinou as variações dos indicadores econômicos e do mercado de trabalho, e o segundo analisou as políticas públicas implementadas pelo governo federal para atenuar os impactos da pandemia. O leitor pode conferir sobre medidas provisórias e leis editadas, bem como as demais ações do Estado e os resultados gerados para a sociedade.

Os pesquisadores analisaram vários indicadores, entre eles, o Produto Interno Bruto (PIB), a dinâmica ocupacional da população, a evolução dos rendimentos e as heterogeneidades sociodemográficas. Para a construção desses indicadores, eles recorreram aos dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além dos registros de admissões e desligamentos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), ambos do Ministério da Economia.

Segundo o pesquisador Sandro Pereira Silva, a análise chamou a atenção para aspectos explicitados na pandemia, a partir de março de 2020, e que não ocorreram na crise anterior, de 2015 a 2017. Como exemplo, ele citou o aumento acentuado da inatividade e os impactos principalmente nos setores de transporte, alimentação, hotelaria e trabalho doméstico. Destacou também a rapidez com que a crise atingiu o mercado de trabalho, de abril a junho, quando desapareceram cerca de 10 milhões de postos formais e informais, elevando a taxa de desemprego de 11%, antes da pandemia, para 14,4%, no fim do segundo trimestre de 2020. “A taxa de desemprego só não foi maior porque grande parte de quem perdeu o emprego ficou inativa”, avaliou.

O boletim mostra também que os impactos da pandemia não ocorreram de forma homogênea. “Alguns grupos foram mais afetados, a exemplo dos adultos com nível educacional mais baixo, a população negra, as mulheres e os jovens. Outros puderam trabalhar remotamente, mas a maioria destes era de nível superior e cor branca”, disse o pesquisador. O efeito mais devastador, porém, atingiu aqueles mais vulneráveis. “Houve o que chamamos de sobreposição de vulnerabilidades”, destacou, ao listar o cenário de baixa remuneração, muitas vezes informal, sem proteção social, e ainda de falta de perspectiva de emprego.

Com uma linguagem bastante acessível, marca do BPS, a nova seção ‘Trabalho e Renda’ detalhou as políticas públicas, o custo da implementação pelo governo federal e os resultados obtidos frente aos efeitos da pandemia. As ações do Estado foram apresentadas em três blocos: o crédito especial para micro e pequenas empresas, com abordagem mais descritiva, seguindo-se a Medida Provisória nº 936/2020, que criou o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, mostrando resultados e dados por setor e região. O terceiro bloco refere-se ao benefício assistencial pago a desempregados e trabalhadores informais, com destaque para o processo de decisão e operacionalização dessa política pública e o quanto ela ajudou a atenuar a queda da renda, sobretudo na parcela mais pobre da população.

Acesse a íntegra do BPS nº 28

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