Especialistas debatem reforma do ensino médio que chega às salas de aula em 2022

Especialistas debatem reforma do ensino médio que chega às salas de aula em 2022

 

Novo modelo privilegia profissionalização e itinerários formativos dos estudantes

O aluno com uma nova formação, mais ampla e adequada ao seu perfil e à construção de seu próprio projeto de vida, e o professor com um papel central no processo de mudança do ensino médio que vai proporcionar abordagem e conteúdo diferentes do tradicional, já que não se limita à profissionalização ou ao acesso à universidade. Com essa perspectiva, o Brasil vai entrar em 2022 implementando a reforma do ensino médio já com novo material didático nas salas de aula. Esta novidade foi analisada pelo pesquisador Sérgio Doscher, que apresentou o estudo ‘Ensino Médio: Contexto e Reforma. Afinal, do que se Trata?’, no webinar realizado nesta quinta-feira (5/8), pela Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Disoc/Ipea).

Doscher elaborou o texto para discussão em foco no webinar junto com os colegas pesquisadores da Disoc Ana Codes e Herton Araújo. Segundo ele, a reforma do ensino médio decorre do esgotamento do modelo tradicional, que já não motivava os alunos e se configurou como um período de crise. “Por isso, a reforma significa também oportunidade. Não é apenas uma reforma como outras do passado. Esta lida com o próprio ensino, num momento sensível de passagem do estudante para a vida adulta”, assinalou ao informar que as mudanças também ampliam a carga horária, reduzem o número de disciplinas obrigatórias e flexibilizam a grade curricular.

O pesquisador explicou que o modelo recente rompe com a antiga dicotomia de preparar o estudante para a universidade ou a carreira. “Ele propõe que o aluno aprenda a aprender para manter-se continuamente preparado para as transformações do mundo contemporâneo”, disse. O novo ensino médio segue tendências mundiais recentes, sucede a um modelo de padrão único, abre múltiplos caminhos para dar conta da diversidade de perfis e demandas dos estudantes e valoriza a educação profissionalizante, que passa a ser oferecida junto com os itinerários formativos pelos quais os estudantes poderão optar.

Com a reforma do ensino médio, a nova Base Nacional Curricular Comum (BNCC) reforça o caráter mais aberto da formação do estudante, com foco no desenvolvimento de competências e flexibilização curricular, bem como no desenvolvimento humano, integrando as dimensões social, emocional e ética à proposta acadêmica junto com aspectos cognitivos e diferentes conteúdos, pontuou Doscher, que também é professor do ensino médio no Distrito Federal. Um caminho, segundo ele, seria incorporar profissionais de acompanhamento e aconselhamento às atividades escolares de modo sistemático e adultos-referência para os estudantes.

O pesquisador mostrou que o professor precisará se adaptar buscando um novo modo de atuação para apoiar o desenvolvimento de habilidades sócio emocionais dos estudantes. “O professor terá que ser envolvente e atuar como mediador de interações dinâmicas com os estudantes”, disse, ao recomendar cursos de formação e atualização.

O webinar contou com a participação da diretora da Disoc, Lenita Maria Turchi, que afirmou que a apresentação do pesquisador reflete o estudo e sua própria experiência em sala de aula, “o que agrega muito para a análise”, comentou. O pesquisador José Aparecido Ribeiro, que coordenou o evento, considerou que o contexto da pós-pandemia e o desafio de evitar a evasão escolar. Outro aspecto que observou foi o fato de se começar a mudança com a concentração de conteúdo tradicional no primeiro ano do ensino médio, pois considera um risco à implementação da reforma

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