Especialistas debatem reforma do ensino médio que chega às salas de aula em 2022
Publicado em 05/08/2021 - Última modificação em 02/10/2021 às 14h43
Publicado em 05/08/2021 - Última modificação em 02/10/2021 às 14h43
Especialistas debatem reforma do ensino médio que chega às salas de aula em 2022
Novo modelo privilegia profissionalização e itinerários formativos dos estudantes
O aluno com uma nova formação, mais ampla e adequada ao seu perfil e à construção de seu próprio projeto de vida, e o professor com um papel central no processo de mudança do ensino médio que vai proporcionar abordagem e conteúdo diferentes do tradicional, já que não se limita à profissionalização ou ao acesso à universidade. Com essa perspectiva, o Brasil vai entrar em 2022 implementando a reforma do ensino médio já com novo material didático nas salas de aula. Esta novidade foi analisada pelo pesquisador Sérgio Doscher, que apresentou o estudo ‘Ensino Médio: Contexto e Reforma. Afinal, do que se Trata?’, no webinar realizado nesta quinta-feira (5/8), pela Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Disoc/Ipea).
Doscher elaborou o texto para discussão em foco no webinar junto com os colegas pesquisadores da Disoc Ana Codes e Herton Araújo. Segundo ele, a reforma do ensino médio decorre do esgotamento do modelo tradicional, que já não motivava os alunos e se configurou como um período de crise. “Por isso, a reforma significa também oportunidade. Não é apenas uma reforma como outras do passado. Esta lida com o próprio ensino, num momento sensível de passagem do estudante para a vida adulta”, assinalou ao informar que as mudanças também ampliam a carga horária, reduzem o número de disciplinas obrigatórias e flexibilizam a grade curricular.
O pesquisador explicou que o modelo recente rompe com a antiga dicotomia de preparar o estudante para a universidade ou a carreira. “Ele propõe que o aluno aprenda a aprender para manter-se continuamente preparado para as transformações do mundo contemporâneo”, disse. O novo ensino médio segue tendências mundiais recentes, sucede a um modelo de padrão único, abre múltiplos caminhos para dar conta da diversidade de perfis e demandas dos estudantes e valoriza a educação profissionalizante, que passa a ser oferecida junto com os itinerários formativos pelos quais os estudantes poderão optar.
Com a reforma do ensino médio, a nova Base Nacional Curricular Comum (BNCC) reforça o caráter mais aberto da formação do estudante, com foco no desenvolvimento de competências e flexibilização curricular, bem como no desenvolvimento humano, integrando as dimensões social, emocional e ética à proposta acadêmica junto com aspectos cognitivos e diferentes conteúdos, pontuou Doscher, que também é professor do ensino médio no Distrito Federal. Um caminho, segundo ele, seria incorporar profissionais de acompanhamento e aconselhamento às atividades escolares de modo sistemático e adultos-referência para os estudantes.
O pesquisador mostrou que o professor precisará se adaptar buscando um novo modo de atuação para apoiar o desenvolvimento de habilidades sócio emocionais dos estudantes. “O professor terá que ser envolvente e atuar como mediador de interações dinâmicas com os estudantes”, disse, ao recomendar cursos de formação e atualização.
O webinar contou com a participação da diretora da Disoc, Lenita Maria Turchi, que afirmou que a apresentação do pesquisador reflete o estudo e sua própria experiência em sala de aula, “o que agrega muito para a análise”, comentou. O pesquisador José Aparecido Ribeiro, que coordenou o evento, considerou que o contexto da pós-pandemia e o desafio de evitar a evasão escolar. Outro aspecto que observou foi o fato de se começar a mudança com a concentração de conteúdo tradicional no primeiro ano do ensino médio, pois considera um risco à implementação da reforma
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