O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) foi um dos organizadores do seminário Melhorias Habitacionais, Meio Ambiente e Adaptações Climáticas, que aconteceu na última sexta-feira (10). O evento integra o Circuito Urbano 2025, iniciativa promovida pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) para debater como tornar as cidades mais justas, inclusivas e sustentáveis.
O técnico de planejamento e pesquisa Renato Balbim participou da discussão e ressaltou que, no Brasil, mais de 16 milhões de famílias vivem em moradias com inadequações como ausência de banheiro, de abastecimento de água, de energia elétrica, entre outras. A superação desses problemas tem impactos que vão muito além da melhoria das moradias, em si.
“Moradia digna está no conjunto de outros direitos sociais. Habitação é porta de entrada para outros direitos”, enfatizou o pesquisador. Ele apresentou dados de pesquisas internacionais que mostram, por exemplo, que melhorias habitacionais podem evitar mais de 700 mil mortes por ano no mundo e levar ao aumento de até 8,4% no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e de até 28% na frequência escolar.
No Brasil, ainda não há dados sobre as repercussões da superação de problemas habitacionais em outras áreas, mas um estudo do Ipea mostrou que ela impacta diretamente oito Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (erradicação da pobreza; saúde e bem-estar; igualdade de gênero; água potável e saneamento; energia limpa e acessível; cidades e comunidades sustentáveis; consumo e produção responsáveis; ação contra a mudança global do clima).
Balbim também chamou atenção para a necessidade de um olhar interseccional, mostrando que mesmo em áreas ricas do país há inadequações habitacionais, muitas vezes concentradas em famílias chefiadas por mulheres e/ou autodeclaradas negras.
Assistência técnica e adaptações climáticas
O evento trouxe experiências de organizações da sociedade civil na Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social (Athis) e como elas se relacionam com a adaptação climática das cidades.
Jeanne Versari, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU-BR), que mediou a discussão, falou sobre o papel da Athis na recuperação de áreas degradadas por desastres ambientais e sobre qualidade de vida diante desses desastres. Polyanna Omena, do CAU de Alagoas, exemplificou com o caso do desastre socioambiental gerado pela extração do sal-gema pela empresa Braskem em Maceió.
O papel da sociedade de fomentar o debate sobre assistência técnica e dos arquitetos de atender nos territórios as demandas do serviço da moradia social foi abordado por Claudia Pires, do coletivo Arquitetos pela Moradia.
Assista ao seminário na íntegra.
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