Crédito: Daniel Costa / CNI
No segundo trimestre de 2025, o PIB confirmou a desaceleração do ritmo de crescimento, indicando perda de fôlego da absorção doméstica. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica (Ipea), em nota que analisa o desempenho recente dos principais indicadores de indústria, comércio e serviços, a desaceleração foi causada principalmente pelos efeitos da política monetária restritiva. Apesar disso, o mercado de trabalho segue aquecido, e medidas como transferências de renda, pagamento de precatórios e o novo consignado têm ajudado a reduzir o impacto dessa perda de fôlego.
“O fraco desempenho da atividade em julho deixou um efeito de carregamento estatístico negativo para o terceiro trimestre, reforçando a perspectiva de baixo dinamismo da economia à frente”, explicou o autor da nota, Leonardo Mello de Carvalho.
A produção industrial recuou 0,2% em julho, terceira retração nos últimos quatro meses. O setor extrativo avançou 0,8% e se mantém como destaque positivo do ano, enquanto a indústria de transformação recuou 0,1%. Entre os segmentos da indústria de transformação, máquinas e veículos permaneceram entre os poucos destaques positivos, apesar do ambiente de juros elevados. Já a estabilidade dos preços de bens intermediários trouxe algum alívio pelo lado dos custos.
Em relação ao comércio, o varejo registrou alta de 1,3% em julho, após três meses de resultados negativos na margem. Boa parte dessa volatilidade verificada nos últimos meses tem sido explicada pelos segmentos mais sensíveis ao crédito, especialmente as vendas de veículos, que, após forte retração em junho (-3,8%), registraram avanço de 1,8% em julho.
No entanto, no varejo restrito, que exclui esses segmentos, houve recuo pelo quarto mês consecutivo, evidenciando a perda de fôlego do consumo das famílias. O cenário de aperto financeiro tem deteriorado a saúde financeira dos domicílios e afetado sobretudo a demanda por bens mais dependentes de crédito, como veículos e eletrodomésticos. Além disso, os níveis de inadimplência e o comprometimento da renda com serviços de dívidas passadas seguem em elevação.
Já em relação aos serviços, houve expansão de 0,3% em julho, mantendo um ritmo estável e sustentado pelos segmentos digitais e empresariais, mas com os serviços prestados às famílias mostrando sinais de fragilidade. Embora o setor siga como o mais resiliente, a inflação persistente do setor e o cenário de crédito caro podem limitar o desempenho nos próximos meses. Por outro lado, a desaceleração da massa real de salários ampliada pelas transferências governamentais verificada no primeiro semestre do ano, sinalizou ganho de tração em julho.
Por fim, os indicadores de confiança de agosto apontaram para uma maior cautela. Entre os consumidores, o pessimismo voltou a se intensificar diante da piora nas expectativas, apesar de alguma melhora na percepção da situação corrente. Já em relação aos empresários, todos os setores registraram queda na confiança, com destaque para a Indústria de Transformação, mais sensível ao ambiente de juros elevados e às incertezas externas.
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