Comércio Internacional

Ipea e MRE celebram 25 anos da primeira reunião para o Consenso de Brasília

Seminário discutiu avanços e obstáculos da cooperação regional e apontou caminhos para uma agenda mais pragmática

Foto: Helio Montferre/Ipea

Vinte e cinco anos após o primeiro encontro presidencial que inspirou o Consenso de Brasília, formalizado em 2023, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) reuniram especialistas e autoridades, na sede do Instituto, em Brasília, para debater os rumos da integração latino-americana. O seminário 25 Anos do Primeiro Encontro Presidencial ao Consenso de Brasília – Desafios e Perspectivas, que ocorreu nesta segunda (1º), ressaltou conquistas, retrocessos e as novas oportunidades de cooperação financeira, produtiva e comercial.

A diretora de estudos internacionais do Ipea, Keiti da Rocha, enfatizou a centralidade do financiamento para tornar a integração efetiva: “Importante que faça sentido na vida das pessoas e traga benefícios visíveis e tangíveis. Para fazer isto, deve-se colocar a questão do financiamento no centro das preocupações”. Já a presidenta do Ipea, Luciana Santos Servo, destacou que os avanços sociais obtidos foram insuficientes para romper heranças históricas de desigualdade.

No campo econômico, o coordenador de projetos do Ipea, Pedro da Silva Barros, observou: “O comércio do Brasil com a América do Sul tem como característica a concentração das exportações em manufaturados e bens industrializados, especialmente no setor automotivo, que representa quase 20% do fluxo. Esse padrão de concentração também se reflete nas importações da região. Apesar disso, Argentina, Chile, Colômbia, Peru e Uruguai estão entre os principais parceiros econômicos do Brasil, embora os investimentos diretos estrangeiros ainda sejam relativamente baixos”. A análise foi complementada por José Darío Uribe, presidente do Fundo Latino-Americano de Reservas (Flar), que defendeu maior protagonismo do Brasil em instrumentos regionais de estabilidade macroeconômica.

O chefe de departamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luiz Daniel Wilcox, apontou o financiamento de longo prazo como essencial para projetos de infraestrutura, destacando que atualmente o banco participa de 30 iniciativas ligadas às “Rotas da Integração”, somando quase R$ 15 bilhões em investimentos aprovados. Já o diretor Rafael de Sá Marques, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), identificou a bioeconomia como vetor estratégico para cadeias produtivas de alto valor agregado, mas alertou para barreiras regulatórias e para a ausência de serviços básicos em áreas de fronteira.

A assistente da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) Anahí Amar lembrou que apenas 6% das exportações e 9% das importações da América do Sul são realizadas dentro da própria região, bem abaixo de outros blocos econômicos, sugerindo políticas coordenadas de desenvolvimento produtivo e estímulos ao comércio intra-regional.

A embaixadora Daniela Benjamin, diretora de Integração do MRE, defendeu a criação de uma plataforma para consolidar informações sobre instrumentos financeiros regionais. “Na nossa visão, a integração sul-americana ao longo desses 25 anos sofreu avanços e retrocessos, mas o contexto atual estimula a necessidade de reforçar iniciativas, atualizá-las, aprender com erros, além de ser mais pragmático e flexível”, concluiu.

2025\9\1_Seminário: 25 Anos do Primeiro Encontro Presidencial ao Consenso de Brasília – Desafios e Perspectivas

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