Economia. Desenvolvimento Econômico

Inflação acelerou em abril para famílias com renda de até R$ 3,3 mil, e desacelerou para as demais

Dados são do Ipea e indicam que, entre as seis faixas de renda estudadas, houve desaceleração inflacionária para quatro; aceleração foi para as rendas mais baixas

Créditos: Helio Montferre/Ipea

A inflação geral desacelerou em abril, na comparação com março, para quatro das seis faixas de renda das famílias brasileiras. Mas entre as pessoas com rendimentos menores houve aceleração. Para a faixa de renda muito baixa (ganho familiar mensal de até R$ 2.202,02), o índice foi de 0,56%, para 0,60. Já para a renda baixa (entre R$ 2.202,02 e R$ 3.303,03), foi de 0,54% para 0,57%.

Entre as demais classes, houve diminuição. Para se ter uma ideia, a taxa registrada na classe de renda alta (ganho familiar acima de R$ 22.020,22) recuou de 0,6% para 0,14%. Os dados são do Indicador por faixa de renda, divulgado mensalmente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e estão organizados na tabela a seguir.250515 Nota 11 inflacao faixa de renda abr25 tabela 1

As principais contribuições para a inflação no mês de abril vieram dos grupos “alimentos e bebidas” e “saúde e cuidados pessoais”. Mesmo com a queda nos preços de itens importantes, como arroz (-4,28%), feijão-preto (-5,5%), carnes (-0,1%) e óleo de soja (-1%), o grupo “alimentos e bebidas” foi impactado pelas altas expressivas da batata (18,3%), do tomate (14,3%), dos ovos (0,7%), do café (4,5%) e do leite (1,1%). Já em relação ao grupo saúde, os principais focos inflacionários, em abril, vieram dos reajustes de 2,3% dos produtos farmacêuticos e de 1,1% dos artigos de higiene pessoal.

Essas altas inflacionárias acabaram por impactar principalmente as famílias de renda mais baixa, dada a importância desses itens nas cestas de consumo desses domicílios. Já em relação às famílias de renda mais alta, além de serem menos impactadas pelos aumentos de alimentos e produtos farmacêuticos, os recuos das passagens aéreas (-14,2%) e dos combustíveis (-0,5%) fizeram com que o alívio inflacionário vindo do grupo transportes fosse bem mais intenso para essa classe.

No acumulado de doze meses, a faixa de renda muito baixa registra a menor inflação (5,43%), ao passo que o segmento de renda média apresenta a taxa mais elevada (5,56%). Já na comparação entre abril de 2025 e o mesmo mês do ano passado, enquanto a inflação acelerou para as três primeiras faixas de renda, os três seguimentos seguintes registram taxa igual ou menor à apurada no ano anterior.

Embora a alta dos alimentos no domicílio e dos produtos farmacêuticos, em abril de 2025, tenha se mantido em patamares muito similares aos observados em abril do ano passado, a aceleração da inflação nos segmentos mais baixos é explicada pela queda menos acentuada da energia elétrica neste ano (-0,08%) no comparativo com a do ano anterior (-0,46%). Também pesou para a comparação os reajustes de 1% dos artigos de vestuário e 1,1% sobre os itens de higiene pessoal, que ficaram bem acima dos registrados neste mesmo período de 2024: 0,6% e 0,3%, respectivamente.

Nos últimos doze meses, as principais pressões inflacionárias vieram dos grupos “alimentos e bebidas”, “transportes” e “saúde e cuidados pessoais”. No caso dos alimentos consumidos em casa, mesmo com a queda de 9,7% nos cereais e de 19,8% nos tubérculos, os aumentos significativos de itens como carnes (22,3%), aves e ovos (12,3%), óleo de soja (22,8%), leite (12,1%) e café (80,2%) foram os principais responsáveis pela pressão desse grupo.

Em saúde e cuidados pessoais, os maiores impactos em doze meses vieram dos produtos farmacêuticos (4,2%), itens de higiene (5,5%), serviços de saúde (7,0%) e planos de saúde (7,1%). Já no grupo transportes, os destaques foram as altas das tarifas de ônibus urbano (5%), intermunicipal (4,8%) e interestadual (5,7%), do transporte por integração (10%) e por aplicativo (19,6%), além dos reajustes da gasolina (8,9%) e do etanol (13,9%).

Para as famílias de renda alta, os aumentos de 5,5% nos serviços pessoais e de 6,5% nas mensalidades escolares também fizeram com que os grupos despesas pessoais e educação exercessem uma pressão mais relevante sobre a inflação desse segmento.

Acesse a íntegra do indicador

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