Foto: Helio Montferre/Ipea
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou em Brasília a 35ª edição da Revista Tempo do Mundo (RTM), sobre Desenvolvimento Fronteiriço e Migrações, na última quarta-feira (30). Publicada em parceria com o Observatório Fronteiriço das Migrações Internacionais (Migrafron), a edição reúne 17 artigos de 39 autores, trazendo contribuições para políticas públicas e abordando temas como apátrida migrante, discursos xenofóbicos e desafios da governança migratória e do desenvolvimento das regiões de fronteira.
De acordo com o editor da revista, o técnico de planejamento e pesquisa Pedro da Silva Barros, “a publicação reforça o protagonismo do Ipea nos estudos sobre fronteiras, áreas estratégicas para o desenvolvimento regional brasileiro, e evidencia a importância da cooperação com universidades e centros de pesquisa”. A coordenação do número foi feita pela professora Patricia Tavano (UFMS) e pelo técnico de planejamento e pesquisa Bolívar Pêgo.
Segundo a diretora de Estudos Internacionais do Ipea, Keiti da Rocha Gomes, “a revista tem se dedicado a grandes temas da economia política internacional, sempre relacionados com as prioridades da política externa brasileira, estabelecendo um espaço de diálogo entre a academia e os formuladores e executores das políticas públicas”.
O evento reuniu pesquisadores e gestores públicos para discutir políticas voltadas à realidade das regiões fronteiriças. Com debate conduzido pela presidenta do Ipea, Luciana Mendes Santos Servo, a primeira mesa, Transversalização do Tema de Gênero na Política Externa Brasileira, contou com a participação da embaixadora Vanessa Dolce de Faria, alta representante para Temas de Gênero do Ministério das Relações Exteriores (MRE), e Mariana Yokoya Simoni, assessora para Gênero e Direitos Humanos do Gabinete do MRE.
As duas diplomatas são autoras de um dos artigos publicados nesta edição da RTM, que apresenta ações de promoção e defesa dos direitos de meninas e mulheres desenvolvidas em 2023 e 2024, relacionando essa agenda com outras iniciativas tradicionais da política externa brasileira de defesa dos direitos humanos e de inclusão e diversidade.
“Nossa primeira missão foi de ajudar a voltar a normalidade das nossas posições de gênero e direitos humanos, retomar uma rota mais tradicional de posições em negociações desses temas”, contou Vanessa Dolce. “Nós buscamos ajudar na transversalização de gênero na política externa, ou seja, não só a área que tradicionalmente se ocupa de gênero teria olhar sobre esse assunto, mas também outras áreas. É muito difícil na burocracia e nas relações internacionais, o pensamento está encaixado em caixinhas.”
“Transversalizar gênero envolve chegar numa área e entender quais atores estão envolvidos, quais os processos, quais dinâmicas negociadoras. E dentro de cada um identificar como o tema de gênero pode ser incorporado de forma concreta, orgânica e com impacto. Demanda diálogo constante com as áreas e com os postos no exterior”, explicou Mariana Yokoya.
Já a segunda mesa, iniciada por Bolívar Pêgo, reuniu gestores para um debate sobre Estratégia Nacional de Fronteiras: Integração da América do Sul e Desenvolvimento Regional. Participaram o Coronel Andre Luciano Bittencourt Barbosa, coordenador-geral de Assuntos de Fronteiras no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; Luana Alves de Melo, diplomata da Divisão de Bolívia, Equador, Paraguai e Peru (Dibep) do Ministério das Relações Exteriores; e Vitarque Lucas Paes Coelho, coordenador-geral de Gestão do Território do Ministério de Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR). Todos os gestores estão diretamente envolvidos na elaboração do primeiro documento com essa finalidade na história do país.
A Política Nacional de Fronteiras, criada por decreto em 2024, busca orientar a atuação do governo na promoção de segurança, desenvolvimento sustentável, integração regional e direitos humanos, cidadania e proteção social nas fronteiras brasileiras.
“Estamos desenvolvendo a Estratégia Nacional de Fronteiras, o documento principal que decorre da política. É uma proposta recomendatória e propositiva, com ações estratégicas. Não podemos desconsiderar o que os estados já fazem, então a proposta é organizar os esforços e otimizar”, comentou o Coronel Andre Luciano Bittencourt Barbosa.
O Ipea participa de dois Subgrupos de Trabalho Temático (SGTT) da elaboração da primeira Estratégia Nacional de Fronteiras: de Desenvolvimento Regional, coordenado pelo MIDR, e o outro de Integração Regional, coordenado pelo MRE.
Leia aqui a edição completa sobre Desenvolvimento Fronteiriço e Migrações.
Assista à transmissão pelo canal do Ipea no YouTube.
Outras chamadas
A Revista Tempo do Mundo está com chamada aberta até 10 de julho para o número especial “BRICS, seus desafios e a presidência rotativa do Brasil 2025”. A revista convida pesquisadores a submeter artigos que analisem os impactos e desafios da presidência do Brasil. A edição número 38 será coordenado por Ya Tan, Diretora Adjunta do BRICS Research Center da University of International Business and Economics (Pequim, China), e Jafar Bedru Geletu, Diretor Executivo do Ethiopian Institute of Foreign Affairs. A chamada está disponível no site da Revista: https://www.ipea.gov.br/revistas/index.php/rtm.

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