Foto: CGCOM Ipea/Rio
A edição número 34 da Revista Tempo do Mundo (RTM), publicada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), reúne 16 artigos que analisam a atuação do Brasil e de outros países no G20, o principal fórum de cooperação internacional para comércio, investimento produtivo e financiamento ao desenvolvimento sustentável. Essa edição especial foi lançada durante o Seminário Internacional Revista Tempo do Mundo: Desafios e Oportunidades para a Presidência Pro Tempore Brasileira no G20, realizado na semana que antecedente à Cúpula do agrupamento, no Rio de Janeiro.
Walter Desiderá, coeditor da revista, ressaltou que o G20, tema central da edição publicada no ano em que o Ipea celebra 60 anos, tem 15 anos de existência — mesma idade da Revista Tempo do Mundo e da Diretoria de Estudos Internacionais. “O Ipea se estabeleceu como uma instituição de referência, influenciando não apenas o plano econômico doméstico, mas também o engajamento do Brasil no cenário mundial, muito em razão da criação da diretoria internacional. Tanto a área de pesquisa como o próprio G20 tiveram sua origem impulsionada pela crise financeira de 2008”, disse.
Diego Azzi, coordenador de projetos do Ministério da Fazenda que acompanhou a Trilha de Finanças do G20, e Giorgio Romano Schutte, professor da Universidade Federal do ABC, assinam o primeiro artigo da edição, no qual analisam os desafios enfrentados pelo G20 diante das tendências de desglobalização, tensões geopolíticas e fragmentação geoeconômica recentes. O texto ressalta que, embora esse contexto imponha restrições à cooperação internacional, também oferece oportunidades renovadas para a atuação do Brasil no fórum.
“O país pode ser ator importante na condução do G20 em meio aos desafios contemporâneos, sobretudo se for capaz de contribuir para a redução dos riscos globais e para a potencialização da distribuição dos benefícios. A mudança do clima, a transformação digital do mundo do trabalho, o combate à fome e à pobreza, assim como a promoção de fortes políticas públicas de proteção social, requerem esforços globais coordenados que, no contexto atual, apenas poucos países com perfil semelhante ao do Brasil podem buscar impulsionar”, afirmam os autores.
A presidência brasileira no G20 ocorre em um período marcado por sucessivas presidências de países do Sul Global: precedida pela Indonésia e pela Índia, e seguida pela África do Sul. “O troika [presidências atual, anterior e seguinte - Índia, Brasil e África do Sul] do G20 é importante para o Sul Global e para que os países em desenvolvimento tenham que lidar com problemas que são diferentes dos demais, mas também para estabelecer um diálogo global entre o norte e o sul”, reforça a presidenta do Ipea, Luciana Mendes Santos Servo durante o lançamento da edição. As oportunidades e os desafios que esse momento oferece à continuidade de uma agenda de reformas é abordada em um artigo dos pesquisadores Mikatekiso Kubayi, Ashraf Patel e Philani Mthemb
“Temos três presidências sucessivas do G20 ocupadas por países do Brics. Esta é uma oportunidade tremenda para que a agenda do Sul e as visões do Sul sejam apresentadas em uma agenda política internacional que historicamente e tradicionalmente tem sido dominada pelo Norte”, disse André de Mello e Souza, coordenador do Centro de Políticas Internacionais para o Desenvolvimento Inclusivo do Ipea.
Ana Elisa Saggioro Garcia, professora adjunta da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), comentou: “O trabalho essencial é ter materiais acessíveis sobre o G20, no início do processo ou, como estamos agora, no momento das avaliações, com lições aprendidas, sobre o que poderia ter sido feito de forma diferente, o que foi bom. Isso é realmente fundamental. E, eu acho que este volume dialoga com essa perspectiva”.
“Esse tipo de iniciativa nos permite capturar nossa narrativa e nossas histórias (...) E acredito que, por muito tempo, não conseguimos capturar ou não tivemos tanto destaque em registrar nossas narrativas. Um volume como este cria essa oportunidade”, ponderou Elizabeth Sidiropoulos, diretora Executiva do Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais (SAIIA).
Sachin Chatuverdi, diretor-geral do Sistema de Pesquisa e Informação para Países em Desenvolvimento da Índia (RIS), acrescentou: “Dois artigos muito interessantes neste volume se referem à bioeconomia e ao uso do 5G, ao acesso a novas tecnologias. Abordam como a experiência do Brasil no desenvolvimento do 5G está se desenrolando, e como o Brasil está pensando em termos de bioeconomia”.
Os autores destacam que as presidências do G20 nem sempre trouxeram melhorias para os países do Sul Global, e que este é um momento oportuno para tratar de temas de interesse desses países, como as reformas da Organização Mundial do Comércio (OMC) e da arquitetura financeira global.
Para quem deseja conhecer mais sobre a história, estrutura e funcionamento do G20, o artigo de Vera Thorstensen e Fábio Thomazella examina a evolução do grupo desde sua origem, abordando os processos de formação da agenda, negociações e resultados do fórum.
A nova edição também inclui um estudo sobre as disputas entre Estados Unidos e China em torno da tecnologia 5G e as respostas estratégicas do Brasil. O artigo revela que a política externa brasileira adota uma abordagem pragmática, conciliando os padrões de segurança cibernética dos EUA com o objetivo de atrair investimentos chineses para aprimorar sua infraestrutura digital. O estudo é liderado por Liu Jia, da Universidade de Negócios e Economia Internacionais (UIBE, China), que recentemente firmou um Memorando de Entendimento com o Ipea.
Na mesa de abertura do evento de lançamento, estiveram presentes a presidenta do Ipea, Luciana Servo, o subsecretário de Finanças Internacionais e Cooperação Econômica do Ministério da Fazenda, Antonio Freitas, e o coeditor da Revista Tempo do Mundo, Walter Desiderá. Em seguida, especialistas brasileiros, indianos e sul-africanos, muitos deles autores de artigos desta edição, participaram de um debate conduzido por Ana Elisa Saggioro Garcia, professora da UFRRJ e pesquisadora do BRICS Policy Center.
Revista Tempo do Mundo
Criada em 2009, a Tempo do Mundo é um periódico científico arbitrado, indexado, de difusão e circulação nacional e internacional. A revista é publicada quadrimestralmente, com seus artigos no idioma original (inglês, português ou espanhol), que busca promover debates sobre temas contemporâneos. Seu campo de atuação é o da economia e política internacionais, com abordagens multidisciplinares sobre as dimensões essenciais do desenvolvimento, incluindo as econômicas, políticas, sociais e relativas à sustentabilidade.
A ‘Tempo do Mundo’ recebe permanentemente, em fluxo contínuo, manuscritos sobre temas contemporâneos nas áreas de relações internacionais, economia internacional, desenvolvimento e sustentabilidade, visando à pluralidade tanto nas abordagens como nas metodologias científicas.
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