Desenvolvimento Regional

Seminário discute pobreza multidimensional no Brasil e desafios no uso regional da PNAD Contínua

Especialistas analisam a evolução da pobreza na última década e destacam limitações dos dados em nível sub-regional.

Foto: João Antônio

O seminário "Explorando as Dimensões da Pobreza no Brasil – Um Estudo Multidimensional com Foco Sub-Regional com os Dados da PNADc 2012-2022", realizado no Ipea na última terça-feira (15), discutiu a evolução da pobreza no Brasil ao longo da última década. Flávio Oliveira Gonçalves, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador de Monitoramento e Avaliação da Secretaria Nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial, e Lucas Scheremetta, pesquisador da UFPR, apresentaram o estudo, abordando os resultados com base nos dados da PNAD Contínua e destacando os desafios da precisão estatística com recortes regionais mais detalhados, indo além das divisões da Unidades federativas, os chamados estratos geográficos e a importância desses dados para a formulação de políticas públicas nas regiões mais vulneráveis do país.

O estudo revelou uma redução na pobreza nas regiões Norte e Nordeste, mas com ressalvas em relação à precisão das estimativas. "Ao calcularmos os coeficientes de variação, percebemos que estimativas com variação acima de 20% são pouco confiáveis, o que limita a aplicação em áreas menores", afirmou Oliveira.

O professor também destacou os desafios de utilizar a PNAD Contínua para análises em níveis sub-regionais. "O foco das políticas normalmente usa regiões imediatas ou faixas de fronteira, mas a falta de granularidade dos dados torna difícil descer para um nível inferior ao estadual", explicou. A pesquisa abordou dimensões monetária, educacional e habitacional para compor um índice de pobreza, utilizando dados dos anos de 2012, 2017 e 2022.

Lucas Scheremetta reforçou a importância de integrar dados do Censo à PNAD para obter uma análise mais completa. "O desafio maior foi lidar com a variabilidade dos dados habitacionais, que mudam ao longo do tempo. A solução pode estar na combinação dessas fontes, o que proporcionaria uma visão mais precisa das condições regionais", defendeu.

Leonardo Monasterio, técnico de planejamento do Ipea, elogiou o trabalho e a relevância do estudo para futuras políticas públicas, mas ressaltou a necessidade de aprimorar a qualidade dos dados em dimensões como a habitacional. "Acredito que o próximo passo é agregar essas informações de forma ainda mais detalhada, talvez unindo os dados da PNAD com o Censo, para gerar informações mais confiáveis e robustas para subsidiar a tomada de decisão em diferentes regiões do país", comentou.

O seminário enfatizou a importância de aprimorar as bases de dados para apoiar políticas públicas eficazes, especialmente em regiões de alta vulnerabilidade. "Estamos buscando uma metodologia que una o Censo e a PNAD para captar mudanças mais recentes, com dados mais granulares", concluiu Flávio.

Assista aqui ao debate completo.

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