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Estudo do Ipea mostra avanços na participação feminina nos grupos de pesquisas

Em 2023, a participação das mulheres nos grupos de pesquisa chegou a 52% (129.090), superando a dos homens, que representaram 48% (118.358)

Um estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que, após sete anos de interrupção, o Censo de Grupos de Pesquisa (DGP) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) voltou a ser realizado, evidenciando um aumento expressivo no número de instituições e grupos de pesquisa cadastrados no Brasil, bem como no total de pesquisadores vinculados a esses grupos.  A pesquisa intitulada Revelando Tendências: Análise dos resultados do Censo dos Grupos de Pesquisa de 2023, aponta que, em 2023, o número de instituições cadastradas no Censo cresceu mais de 160% em relação ao ano 2000, saltando de 224 para 587. O número de grupos de pesquisa também teve um aumento significativo, subiu de 11.760 para 42.852, uma alta de 264%.

A análise dos dados mostra um crescimento significativo no número de pesquisadores e doutores no Brasil entre 2000 e 2023. Nesse período, o número total de pesquisadores vinculados a grupos de pesquisa aumentou de 199.566, em 2016, para 247.455, em 2023, representando uma elevação de aproximadamente 24%. A pesquisa também revela uma evolução importante na distribuição por gênero: em 2023, a participação das mulheres nos grupos de pesquisa chegou a 52% (129.090 pesquisadoras), superando a dos homens, que representaram 48% (118.358 pesquisadores).

“Esses indicadores são fundamentais para a formulação de políticas públicas eficazes de ciência e tecnologia, pois permitem identificar tendências e mudanças significativas no sistema de ciência e tecnologia brasileiro, embora os dados precisem ser analisados com cautela, pois um pesquisador pode estar vinculado a mais de um grupo”, comenta Tulio Chiarini, analista em ciência e tecnologia no Centro de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) do Ipea e um dos autores do estudo, juntamente com Márcia Siqueira Rapini, professora associada do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Emerson Gomes dos Santos, professor adjunto da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Em 2000, as mulheres representavam 44% (21.252) dos pesquisadores vinculados aos grupos do CNPq, enquanto os homens constituíam 56% (27.394). Esse cenário mudou ao longo dos anos, e em 2010, pela primeira vez, o número de pesquisadoras superou o de pesquisadores, com 64.712 e 63.956, respectivamente. “Esse foi um marco importante na representatividade das mulheres na comunidade de pesquisa, refletindo maior inclusão e participação feminina nas atividades científicas, tecnológicas e artísticas”, afirma Chiarini.

Em termos de áreas do conhecimento, o estudo mostra uma alteração na composição dos grupos: em 2000, as Ciências Duras e as Ciências da Vida representavam 31% e 42%, respectivamente. Já em 2023, passaram a representar 20% e 31%, enquanto as Ciências Humanas aumentaram passaram de 27% para 48%

Além disso, o estudo também mostra mudanças regionais. A participação relativa de outras regiões, especialmente o Nordeste que cresceu, em termos de instituições, grupos de pesquisa e pesquisadores. Enquanto a participação relativa da região Sudeste no total de pesquisadores caiu de 54% em 2000 para 37% em 2023, o Nordeste aumentou sua participação de 16% para 27%.

O Censo de 2023 destaca a importância de políticas públicas voltadas ao avanço da ciência, tecnologia e inovação. No entanto, os desafios permanecem. Os autores sugerem medidas para modernizar o conceito do Diretório dos Grupos de Pesquisa (DGP), tornando-o mais adequado ao contexto atual de plataformização da ciência e potencializar seu uso como uma ferramenta de ciência, tecnologia e inovação no Brasil, com propostas que incluem a inserção de novas funcionalidades, maior integração com subplataformas do Sistema Lattes, uso de ferramentas de Inteligência Artificial para preenchimento automático de dados e facilitação de interações e colaborações entre pesquisadores.

“Essas estratégias sugerem um uso mais dinâmico e proativo do DGP, expandindo seu papel para além da validação e avaliação de desempenho e transformando-o em um instrumento fundamental para a inovação e o desenvolvimento de políticas públicas baseadas em evidências no Brasil”, conclui Chiarini.

Acesse a íntegra do estudo

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