Especialistas debatem integração regional na América Latina e Caribe em encontro internacional
Pedro Silva Barros ressalta o papel da nova arquitetura financeira regional para fortalecer o comércio e a reindustrialização da América do Sul
Publicado em 11/09/2024 - Última modificação em 11/09/2024 às 17h11
Durante o Segundo Encontro Internacional: América Latina e o Caribe, uma região solução para os desafios globais, realizado nesta terça-feira (10), Pedro Silva Barros, técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), destacou a importância da integração regional para impulsionar a reindustrialização e aumentar o comércio de produtos de maior valor agregado na América do Sul. Barros ressaltou que o crédito para exportações e a modernização dos instrumentos financeiros regionais são fundamentais para esse processo.
O evento, organizado pela Faculdade de Finanças, Governo e Relações Internacionais, Corporración Escenarios e o Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF), na Universidade Externado, em Bogotá, abordou temas como alianças sul-sul, cidadania regional e o papel da Colômbia na integração regional. Além de questões relacionadas à transição ecológica, migrações e o papel da Colômbia na integração regional.
O painel “Nova Arquitetura Financeira Regional” reuniu Ernesto Samper, ex-presidente da Colômbia e ex-secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), José Darío Uribe, presidente-executivo do Fundo Latino-Americano de Reservas (FLAR) e Pedro Silva Barros. Barros enfatizou a relevância da integração para enfrentar os desafios econômicos atuais. “Estamos em um momento de desintegração econômica e comercial, além de uma fragmentação política. Isso tem afetado diretamente nosso crescimento”, afirmou ele, ressaltando que a retomada da integração deve ser uma prioridade tanto para o Brasil quanto para seus vizinhos.
Barros comentou que na última reunião de presidentes sul-americanos, o Brasil apresentou 10 propostas para fortalecer a cooperação regional. Entre elas, destacou a mobilização da poupança regional por meio de bancos de desenvolvimento, como a CAF e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e o aprofundamento da identidade monetária sul-americana. “Precisamos de mecanismos de compensação mais eficientes e da criação de uma unidade de referência comum para o comércio”, explicou antes de apresentar os pontos principais de "O Conselho Sul-Americano de Economia e Finanças da Unasul: história e legado". Este artigo dele em coautoria com Sofía Escobar Samurio e Leandro Corrêa será publicado na edição número 39 do Boletim de Economia e Política Internacional (Bepi) do Ipea. Samper e Uribe destacaram que o eventual ingresso do Brasil no FLAR, como fizeram Uruguai, Paraguai e Chile nos últimos anos, traria mais estabilidade financeira para toda a região.
Outro ponto importante levantado por Barros foi a baixa participação do comércio intrarregional no Brasil, que corresponde a apenas 13% do total de suas relações comerciais com o mundo. "Esse percentual já foi maior, mas os vizinhos da América do Sul ainda são o destino de 40% dos produtos brasileiros com maior valor agregado, aqueles que têm média-alta a alta intensidade tecnologia", destacou ele. Para Barros, a reindustrialização é inviável sem considerar a integração com os países vizinhos.
Na abertura do seminário, o vice-chanceler da Colômbia Jorge Rojas indicou que integração regional é prioridade para o país andino, que busca estruturar uma agenda de relacionamento com a África. Barros lembrou que o estudo "Relação Bilateral com Vocação Regional: Integração de Infraestrutura, Produtiva e Comercial entre Brasil e Chile", escrito em coautoria com Julia de Souza Borba Gonçalves e Helitton Christoffer Carneiro, aponta possibilidades de ampliação do comércio entre países sul-americanos e africanos por meio de infraestrutura logística já consolidada pelo Brasil.
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