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Transição energética, sustentabilidade e desigualdade racial nos grupos de pesquisa são destaques da nova edição do Boletim Radar

Um dos artigos da publicação destaca que, entre 2000 e 2023, a liderança negra (pretos e pardos) nos grupos de pesquisa aumentou em todas as regiões, mas ainda permanece abaixo da representação dessas populações na sociedade brasileira

Foto: CGCOM Ipea RJ

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) realizou, nesta segunda-feira (02/09), um seminário para o lançamento da edição número 76 do Boletim Radar, que apresenta uma série de análises sobre questões econômicas e ambientais que influenciam o futuro do Brasil. A publicação aborda temas cruciais, desde o papel do país no comércio internacional de minerais críticos para a transição energética até a desigualdade racial no campo da pesquisa científica. Na abertura do evento, Fernanda De Negri, diretora de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrutura do Ipea, destacou a relevância dos temas abordados: “todos os estudos e pesquisas desenvolvidos dialogam com a necessidade de pensarmos em um novo modelo de produção que seja mais sustentável, do ponto de vista ambiental, e mais justo, do ponto de vista social”.

Mauro Oddo Nogueira, editor do boletim e coordenador de Estudos em Cadeias Produtivas e Micro e Pequenas Empresas do Ipea, enfatizou dois pontos centrais para a realidade brasileira. "Do ponto de vista da avaliação da realidade brasileira, o boletim traz duas constatações importantes. Uma relativa ao sistema produtivo e outra em relação à desigualdade racial no universo da pesquisa científica”, afirmou.

O primeiro artigo, intitulado “O posicionamento do Brasil no comércio internacional de minerais críticos para a transição energética”, de autoria de Rafael Leão, Mariano de Oliveira, Danúbia da Cunha e André Nunes, analisa o papel do Brasil no comércio global de minerais essenciais, como cobre e lítio. Apesar das expectativas, Mauro Oddo aponta que “a despeito de haver uma expectativa de que o Brasil se afirme como produtor de minerais críticos para a transição energética, isso não vem se verificando na prática”.

O segundo trabalho “Análise exploratória do Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras e do Relatório Anual: aspectos técnicos e normativos, de Bernardo Alves Furtado, Olandia Ferreira Lopes e Emanuel Abrantes”, avalia as potencialidades e fragilidades do Cadastro Técnico Federal Ambiental de Atividades Potencialmente Poluidoras e/ou Utilizadoras de Recursos Ambientais (CTF/APP), oferecendo contribuições valiosas para o aprimoramento desse instrumento, fundamental para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à sustentabilidade no Brasil.

Outro destaque do boletim é o estudo “A liderança negra nos grupos de pesquisa no Brasil: um panorama regional de 2000 a 2023”, elaborado por Tulio Chiarini, Larissa Pereira, Carla Pereira Silva e Vitor Marinho. A pesquisa revela um progresso na inclusão racial na liderança dos grupos de pesquisa, mas também sublinha a persistência de desigualdades em relação à representatividade proporcional da população negra. "A constatação da sub-representação da população negra nas posições de liderança na pesquisa científica no Brasil é um ponto crítico que precisamos enfrentar", comenta Mauro Oddo.

Estudo aborda os resultados do último Censo do Diretório dos Grupos de Pesquisa de 2023, que divulgou dados sobre sexo e cor/raça dos membros dos grupos de pesquisa desde o ano 2000. A participação de pessoas negras (pretos e pardos) na liderança dos grupos de pesquisa no período de 2000 a 2023, com uma análise regional. Os dados revelam que, ao longo do tempo, o Sudeste manteve-se como a região com o maior número de líderes, embora sua participação percentual no total tenha diminuído. Em contraste, as regiões Nordeste e Norte registraram um aumento no número absoluto e relativo de líderes de grupos. No entanto, o Norte continua sendo a região com o menor número de líderes.

Além disso, o boletim traz um importante avanço metodológico no campo das estruturas produtivas regionais. O trabalho de Bernardo Alves Furtado, Gustavo L. Rocha Lima e Olandia Ferreira Lopes propõe uma nova abordagem para a regionalização da matriz insumo-produto, permitindo uma análise mais precisa do fluxo de insumos entre as regiões do país. Segundo Mauro Oddo, “a regionalização da matriz insumo-produto é um ponto relevante que possibilita entender melhor as dinâmicas econômicas regionais".

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Assista ao seminário de lançamento da edição nº 76 do Boletim Radar

2024\9\2 Seminário: Lançamento da Edição nº 76 do Boletim Radar – Tecnologia, Produção e Comércio Exterior

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