Agenda 2030: Ipea reúne especialistas para debater metas e desafios para o futuro sustentável do Brasil
Seminário sobre Objetivos de Desenvolvimento Sustentável faz parte das comemorações aos 60 anos do Instituto
Publicado em 02/08/2024 - Última modificação em 02/08/2024 às 16h11
Helio Montferre/Ipea
A situação do Brasil em relação ao cumprimento das metas da Agenda 2030 indica que cerca de 30% das metas evoluíram positivamente, enquanto outros 30% estagnaram ou tiveram evolução negativa. Esses dados foram apresentados durante o seminário "Diálogos Sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável", realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na quinta-feira (01º/08). O evento, parte das comemorações dos 60 anos do Instituto, reuniu mais de cem participantes, incluindo palestrantes, pesquisadores e autoridades, e proporcionou uma oportunidade para discutir o progresso dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no país, além da recente criação do ODS 18, que tem como meta a igualdade étnico-racial.
Na abertura, Luciana Mendes Santos Servo, presidenta do Ipea, enalteceu o esforço da equipe de técnicos de pesquisa que trabalhou na composição e lançamento da segunda serie dos Cadernos ODS, instrumento de política pública que aprofunda as informações sobre os objetivos. A importância do monitoramento dos dados e os desafios que o Brasil ainda precisa enfrentar para o cumprimento dos ODS foram tópicos centrais. “Alcançar as metas até 2030 será um imenso desafio para o país, mas se não monitorarmos, não sabemos onde estamos, não revelamos para a sociedade e não temos condições de saber aonde queremos chegar”, alertou Luciana.
Como mensagem-chave, a presidenta Luciana destacou o fortalecimento do combate ao racismo e a qualquer tipo de discriminação. “Acabamos de receber 80 novos servidores no Ipea, e é importante que essas pessoas, junto com os demais, entendam que a questão étnico-racial e a diversidade devem estar em todas as nossas linhas de pesquisa. Um compromisso institucional, formulado como base nesta instituição. Não existe desenvolvimento nacional enquanto houver discriminação de qualquer natureza, inclusive revelada por indicadores macroeconômicos”, salientou.
As palavras de Luciana foram endossadas por Roberta Eugênio, secretária-executiva do Ministério da Igualdade Racial (MIR): “Podemos dizer que o Brasil efetivamente amadureceu para compreender que não é possível falarmos sobre desenvolvimento sustentável sem ter como meta o cumprimento dos ODS, e mais que isso, com a adesão voluntária do ODS 18, a compreensão de que sem igualdade racial não teremos uma democracia efetivamente justa”, disse. “Os dados que vocês trabalharam aqui não são desconhecidos, o que faltava é o que nós temos hoje, que é um compromisso político que se materializa em ações”, continuou.
Virgínia de Angêlis de Paula, secretária nacional de Planejamento do Ministério do Planejamento, declarou que as análises apresentadas pelo Ipea mostram que o país precisa avançar, bem como os rumos a serem seguidos. “Em busca de maior articulação, coordenação, de maior união e de um propósito comum, que é o de buscar aquele ideal de país instituído na Constituição de 1988 e aí essa convergência de propósitos e de forças. Hoje temos diretriz clara para a criação de um novo ODS, que materializa o compromisso do país, com a construção de uma sociedade justa, inclusiva, diversa e mais equitativa”, ponderou.
Enid Rocha, técnica de planejamento e pesquisa do Ipea e coordenadora do Comitê dos ODS no Ipea, apresentou com detalhes a metodologia de desenvolvimento dos Cadernos ODS, a situação do Brasil em relação ao alcance das metas dos ODS e as sugestões de acompanhamento e diálogo para o cumprimento das metas da Agenda 2030. “Os resultados das análises dos Cadernos mostraram que cerca de 30% das metas evoluíram positivamente. No entanto, outros 30% das metas estagnaram ou apresentaram evolução negativa. Além disso, temos 40% das metas que não puderam ser avaliadas com base nos indicadores globais acordados no âmbito da ONU, pois o Brasil ainda não produz regularmente os dados necessários ou a metodologia está em construção pelo IBGE”, disse Enid.
“Precisamos trabalhar na construção de indicadores nacionais, utilizando os dados disponíveis. O importante é mostrar e avaliar a situação de cada meta. A revisão das metas nacionais é fundamental, considerando o novo contexto político e socioeconômico. Como prioridade, devemos focar na estruturação do ODS 18, definindo seus objetivos e metas, bem como nos indicadores de acompanhamento”, completou Enid Rocha.
Parcerias
Gabriel Moreira Antonaccio, superintendente estadual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Distrito Federal, ressaltou que o trabalho conjunto entre o Ipea e o IBGE foi fundamental para assegurar que as políticas sejam baseadas em dados precisos e atualizados, refletindo a realidade do país.
“Este esforço coletivo abrange desde a definição do objetivo da construção do indicador, planejamento da metodologia de pesquisa e coleta de dados de campo, contribui para o desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes e inclusivas, capazes de transformar a realidade brasileira”, disse.
Sobre o trabalho em conjunto, Lavito Bacarissa, secretário-executivo da Comissão Nacional dos ODS, destacou a integração dos esforços. “Temos uma representação nacional com 42 representações de governo e 42 representações qualificadas na sociedade civil. Nos trabalhos que temos realizado, assessorados pelo Ipea, IBGE e Fiocruz, fizemos entregas importantes. Uma delas foi o Relatório Nacional Voluntário, apresentado no Fórum de Alto Nível dos ODS, realizado em julho na ONU”.
Paulo Gadelha, coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 destacou que o Brasil está no caminho certo ao valorizar tais metas. “É impressionante quantas vezes vemos sendo tratada e até valorizada a ideia de desenvolvimento sustentável, da inclusão, a questão da pobreza, de combater a discriminação racial, étnica e não se nomina a Agenda 2030. É preciso nominar, porque ela carrega não só seus componentes, mas o roteiro de atuação e de trabalho. Nosso desafio é fazer com que a Agenda 2030 seja sentida, percebida, interiorizada e realizada concretamente”.
Para finalizar, Rafaela Junqueira, porta-voz do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, elogiou o Ipea pela publicação dos Cadernos ODS. “É uma contribuição de suma relevância para a difusão junto à sociedade brasileira da Agenda 2030 e para a compreensão do real estado de seu cumprimento no país. A publicação constitui uma base imprescindível para a exitosa construção do Segundo Relatório Nacional Voluntário do Brasil, apresentado na esfera internacional no Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável, realizado na sede da ONU, em Nova York. O resultado apresentado se destacou pelo inovador método participativo de elaboração, envolvendo a mobilização e o engajamento do governo federal, governos locais e sociedade civil”, referenciou.
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