Especialistas debatem Rota Quadrante Rondon e o futuro da relação bilateral entre Brasil e Bolívia
Rotas de Integração Sul-Americana visa promover o desenvolvimento regional e internacional
Publicado em 09/07/2024 - Última modificação em 09/07/2024 às 15h41
Helio Montferre/Ipea
Especialistas discutiram as relações entre Bolívia e Brasil e a Rota Quadrante Rondon, uma das cinco rotas de Integração Sul-Americana desenvolvidas pelo Subcomitê de Integração e Desenvolvimento Sul-Americano do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), atendendo a uma demanda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O seminário intitulado "Quadrante Rondon e as Relações entre Bolívia e Brasil", realizado na sede do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na última sexta-feira (5), abordou a rota que visa promover e fortalecer o comércio bilateral entre ambos os países.
A Rota Quadrante Rondon é uma das cinco rotas de Integração Sul-Americana, conectando os estados do Acre, Rondônia, a porção oeste de Mato Grosso (MT), o noroeste do Mato Grosso do Sul com a Bolívia e o Peru. Esta rota tem o objetivo de fortalecer os laços do Brasil com os países da América Latina e facilitar o comércio através do Pacífico, abrindo novas oportunidades de negócios e promovendo o desenvolvimento econômico, além de melhorar a qualidade de vida da população local. A implementação da Rota Quadrante Rondon e outras iniciativas de integração posicionam ambos os países para explorar novas fronteiras de desenvolvimento regional, aproveitando suas vantagens geográficas e econômicas de maneira mutuamente benéfica e regional.
O ministro Daniel Falcon Lins, chefe da divisão de Bolívia, Equador, Paraguai e Peru do Ministério das Relações Exteriores (MRE), destacou a importância da Bolívia na política externa brasileira. "A Bolívia tem um papel especial na política externa brasileira para a América do Sul no atual governo. Além de ser nossa maior fronteira terrestre, fazendo fronteira com quatro estados brasileiros, a Bolívia está instalada no coração da América do Sul. Há uma grande comunidade de bolivianos vivendo no Brasil e muitos brasileiros vivendo e estudando na Bolívia", afirmou Lins.
Segundo Pedro Silva Barros, técnico de planejamento e pesquisa e coordenador do projeto de Integração Regional do Ipea, a região tem registrado um crescimento econômico superior à média nacional, com uma parcela significativa da produção voltada para o mercado do Pacífico. "O Quadrante Rondon é conformado por uma área que sempre foi vista como fim logístico do Brasil, mas agora tem um potencial articulador, estando mais próxima ao Pacífico do que aos portos do Atlântico. Essa área tem tido um crescimento econômico acima da média nacional e a maior parte dos produtos exportados dessa faixa se dirigem ao Pacífico, o que é uma novidade e traz uma série de oportunidades e desafios", explicou Barros.
Corival Alves do Carmo, professor da Universidade Federal de Sergipe, ressaltou a complexa relação entre os dois países no século XIX, marcada por dificuldades logísticas e diplomáticas. Segundo ele, o século XIX foi crucial para a definição de limites e para o estabelecimento das bases das relações bilaterais.
O embaixador Horacio Villegas Pardo, representante do Estado Plurinacional da Bolívia no Brasil, destacou o gás natural como um pilar central das relações bilaterais nas últimas três décadas. A infraestrutura de gasodutos existente entre os países, com capacidade de exportação de 30 milhões de metros cúbicos, sublinha a importância desse setor para a economia e o desenvolvimento de ambos. "O gás tem sido determinante nas últimas três décadas das relações entre Bolívia e Brasil", afirmou o embaixador.
Além disso, Horacio ressaltou que o desenvolvimento agropecuário no Brasil desempenha um papel crucial na nova fase das relações bilaterais. “Com uma demanda significativa por fertilizantes como ureia, cloreto de potássio e fosfatos de fósforo, a Bolívia se posiciona como um potencial fornecedor, aproveitando suas capacidades de produção e as vastas terras disponíveis. Esses elementos não apenas fortalecem a cooperação econômica, mas também destacam os desafios ambientais e políticos que influenciam os futuros projetos entre os dois países”, reforçou.
Alexandre Pupo, da Assessoria Especial do Presidente da República, destacou potenciais econômicos e políticos das relações entre Brasil e Bolívia. "A entrada da Bolívia traz ao bloco uma nova fronteira agrícola, permitindo o ampliando mercados, especialmente de fertilizantes", disse. Apontou ainda que Brasil, Chile, Colômbia e Bolívia formam um eixo de fundamental para um novo desenho da agenda de integração em um momento que nosso principal parceiro regional, a Argentina, caminha em um sentido de esvaziar as iniciativas históricas.
O evento abordou os desafios históricos e as perspectivas futuras das relações entre Brasil e Bolívia. Além disso, os palestrantes apresentaram uma análise profunda das dinâmicas atuais das relações Brasil-Bolívia, mas também delineou um caminho promissor para o fortalecimento da cooperação econômica e infraestrutural na região.
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