Helio Montferre/Ipea
Nos dias 10 e 11, especialistas e autoridades de diversos países se reuniram para debater estratégias de transição climática em um contexto de baixo crescimento econômico durante o evento intitulado "Navegando na Transição Climática Justa em um Contexto Macroeconômico de Baixo Crescimento: o papel dos ministérios da Fazenda", organizado pelo Banco Mundial, pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e pela Coalizão de Ministros de Fazenda para Capacidade de Ação Climática (C3A). O objetivo central foi discutir como combinar investimentos públicos, políticas de tributação, gestão da dívida e ferramentas de financiamento climático para enfrentar os desafios e oportunidades da transição para uma economia de baixo carbono.
A presidenta do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Luciana Mendes Santos Servo, e o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas, Claudio Roberto Amitrano, marcaram presença no evento, que buscou explorar o papel crucial na promoção de economias voltadas para o clima.
Durante sua participação no painel “Modelagem de Mudanças Estruturais e Macrofinanças Políticas na Transição”, ocorrido no primeiro dia, Amitrano enfatizou a modelagem macroambiental no contexto do Plano de Transformação Ecológica do Ministério da Fazenda. A modelagem macroambiental refere-se à utilização de modelos dinâmicos, de equilíbrio geral computável, consistência entre fluxos e modelos ecológicos de crescimento endógeno para avaliar o impacto das políticas macroeconômicas e de mudança estrutural no clima e biodiversidade. Esses modelos ajudam a entender como diferentes políticas e mudanças estruturais podem influenciar a trajetória de desenvolvimento econômico e ambiental do país.
Amitrano explicou que o Plano de Transformação Ecológica visa uma transição justa e sustentável, com foco na transformação produtiva para melhores empregos, criação de oportunidades de negócios rentáveis, aumento da renda per capita e melhor distribuição de renda. "Este desafio envolve dilemas contemporâneos sobre a transição ecológica, mas acreditamos que uma abordagem integrada é possível”, disse ele.
O plano se estrutura em seis eixos: finanças sustentáveis, aumento da densidade tecnológica, bioeconomia, sistemas agroalimentares, transição energética, economia circular e políticas de adaptação e infraestrutura. Os instrumentos de ação incluem o sistema financeiro, tributação, regulação e monitoramento. "Nossa estratégia de modelagem aborda questões estruturais e comportamentais, como uso da terra, impacto da estrutura produtiva atual nas emissões de gases de efeito estufa e a trajetória de investimento na economia brasileira", detalhou o diretor do Ipea.
Amitrano ainda enfatizou a importância de soluções sustentáveis para o crescimento econômico, evidenciando a complexidade e a necessidade de integração entre políticas macroeconômicas e ambientais para enfrentar os desafios atuais e futuros.
No segundo dia do evento, a presidenta Luciana Mendes Santos Servo enfatizou a importância dessa transição, destacando, também, a necessidade de uma abordagem integrada para enfrentar os desafios contemporâneos. "A dependência do Brasil em commodities torna esses desafios ainda mais complexos. Precisamos envolver atores empresariais, o Congresso e a sociedade para compreender e enfrentar esses desafios, pois as mudanças já estão ocorrendo e precisamos enfrentá-las", destacou.
Luciana ainda ressaltou o compromisso institucional com a busca por soluções sustentáveis para o crescimento econômico. A importância da visão integrada entre políticas macroeconômicas, ambientais e sociais foi mencionada por ela que ressaltou a complexidade desses desafios e a necessidade da coordenação dessas agendas para garantir um futuro mais sustentável. Ela também destacou a necessidade de políticas focadas no uso da terra para mitigar as emissões de CO2. Enfatizou, também, a importância de se pensar essas política nos territórios, considerando a heterogeneidade populacional e os desafios da inclusão.
O evento também abordou a necessidade de novas ferramentas analíticas para apoiar a tomada de decisão, avaliando propostas de políticas econômicas e climáticas em termos de eficácia, eficiência e impactos socioeconômicos, sem comprometer a estabilidade macrofinanceira.
No discurso de abertura do evento, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, citou a destruição provocada pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul e destacou a urgência de se fortalecer as estratégias de previsão das consequências das mudanças climáticas. “A tragédia do Rio Grande do Sul nos leva a refletir sobre a necessidade urgente de fortalecer os nossos mecanismos de planejamento, os nossos mecanismos de prognósticos sobre os efeitos da mudança climática", afirmou.
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