A inclusão laboral se configura como um desafio crucial e inadiável para o futuro da América Latina e do Caribe. Segundo o "Panorama Social da América Latina e do Caribe 2023", da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), a região enfrenta uma crise silenciosa que exige medidas para evitar o risco de uma geração perdida. Os dados foram apresentados no Seminário das Quintas promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na última quinta-feira (23).
Embora a inserção no mercado de trabalho seja fundamental, Alberto Arenas, diretor da Divisão de Desenvolvimento Social da Cepal, alerta que essa conquista não garante a verdadeira inclusão laboral. "Das 292 milhões de pessoas ocupadas, uma em cada duas está em situação informal", disse Arenas. "Cerca de um quinto está em situação de pobreza, e quatro em cada 10 possuem rendimentos abaixo do salário mínimo. Além disso, metade da população economicamente ativa (PEA) não contribui para os sistemas de previdência social", comentou Arenas.
Os dados evidenciam a necessidade urgente de políticas públicas que promovam a formalização do emprego e a melhoria das condições de trabalho na região. A implementação de tais medidas é fundamental para garantir uma inclusão laboral verdadeira e duradoura, beneficiando tanto a economia quanto o bem-estar social da América Latina e do Caribe.
Para Arenas, ir além da mera inserção no mercado de trabalho e alcançar uma inclusão laboral abrangente é um passo fundamental para o desenvolvimento social inclusivo. Ele enfatiza que alcançar um desenvolvimento social inclusivo e sustentável exige mais do que simplesmente inserir pessoas no mercado de trabalho. É fundamental que o trabalho seja produtivo, ofereça remuneração justa e acesso à proteção social.
"A inclusão laboral não apenas impulsiona o crescimento econômico e o desenvolvimento produtivo, mas também desempenha um papel crucial na redução das disparidades sociais e no avanço em direção a um desenvolvimento social inclusivo", afirma o diretor.
A visão de Arenas vai além da mera geração de empregos. Ele defende a criação de oportunidades de trabalho decentes que permitam às pessoas não apenas sobreviver, mas também prosperar e contribuir para a sociedade.
Para complementar, Carlos Henrique Leite Corseuil, diretor da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, salienta a importância da inclusão laboral e do emprego decente como eixos fundamentais para impulsionar o desenvolvimento social. "Melhorar o acesso ao emprego pode contribuir significativamente para enfrentar a desigualdade, a pobreza e atender às necessidades de públicos vulneráveis", afirma.
Corseuil ainda enfatiza a necessidade de superar as barreiras ao ingresso no mercado de trabalho e de promover a mobilidade profissional para alcançar posições mais favoráveis. Ele destaca que essas barreiras estão intrinsecamente relacionadas, especialmente para a juventude.
"Aqueles que conseguem superar as barreiras de entrada muitas vezes acabam em empregos precários, dificultando sua trajetória. Assim, a barreira de entrada alimenta a dificuldade de acessar empregos decentes, afetando não apenas os jovens, mas também outros grupos vulneráveis, como imigrantes e mulheres", destaca.
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