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Soluções para a saúde global e recomendações aos países do G20 foram temas discutidos durante o debate entre a presidenta do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Luciana Mendes Santos Servo, que faz parte do Comitê Organizador do Think 20 Brasil (T20 Brasil), e com representantes do G20 e do S20 durante os Seminários Avançados em Saúde Global e Diplomacia da Saúde, promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta quarta-feira (15), com o tema "Saúde no G20". A presidenta do Ipea apresentou o progresso do trabalho das seis forças-tarefa do think tank e reforçou o compromisso com os diálogos e a necessidade de avançar em discussões e propostas para implementação das recomendações que serão entregues pelo T20.
Luciana, que participou virtualmente do evento, comentou sobre a importância da governança dos recursos financeiros mundiais.“O foco do G20 durante a presidência brasileira é o fortalecimento em resiliência dos sistemas de saúde. Dentro desse fortalecimento, é preciso ter transferência de tecnologia adequada antes dos eventos acontecerem e como fazer ação coletiva eficiente”, disse ela.
Até o momento, o T20 conta cerca de 80 think tanks nacionais. Esses estão vinculados aos conselhos consultivos nacional e internacional e às seis forças tarefas: combate à fome, pobreza e desigualdade, ação climática sustentável e transição energética justa, reforma da arquitetura financeira internacional, comércio e investimento para sustentabilidade e crescimento inclusivo, transformação digital inclusiva e fortalecendo multilateralismo e a governança global.
"Um dos objetivos colocados nos fóruns internacionais e com os quais estamos lutando para acelerar e alcançar são os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Nesse caso, essa força-tarefa já está claramente vinculada ao objetivo de desenvolvimento do milênio de acesso à saúde. A outra força-tarefa que está tratando com o subtópico da área da saúde é a de fortalecimento do multilateralismo e governança global, com o subtópico da saúde global e a abordagem da one health (Saúde Única)", ponderou a presidenta Luciana.
Pedro Burger, coordenador do Centro de Relações Internacionais em Saúde (CRIS/Fiocruz), destacou que o momento do seminário promovido pela Fiocruz ocorre após os primeiros grandes passos da presidência brasileira do G20. "Trata-se de um grupo com grande representação no mundo, apesar do número reduzido de países. Representa uma grande maioria da população, sua economia, e segue regionalmente muito bem representada. Além disso, é um grupo onde dialogam com as potências de espectros geopolíticos diferentes, e conseguem negociações entre diferentes grupos em busca de consensos", afirmou.
Apresentando trilhas de atuação, o embaixador Alexandre Ghisleni, coordenador do Grupo de Trabalho (GT) Saúde no G20 do Ministério da Saúde, ressaltou que os últimos seis meses foram de vitória. "Conseguimos colocar questões importantes e navegar em águas turbulentas, com temas da atualidade e de interesse do mundo em desenvolvimento, e mobilizar a comunidade para apoiar o avanço de temas de interesse multilateral", disse. A força de trabalho em saúde, com ênfase na mobilidade, resistência antimicrobiana (RAM), saúde digital e telessaúde, IA em saúde e a implementação da iniciativa global de saúde digital são eixos prioritários do grupo de trabalho.
"Todas as discussões apontam para uma coisa, que é a resiliência dos sistemas nacionais de saúde a partir de vários ângulos. O que quisemos fazer foi iniciar uma conversa a nível internacional para fortalecer de forma organizada essa resiliência, começando pelo G20, de maneira que possa ser encapada também por membros fora", completou o embaixador.
Tatiana Rosito, coordenadora da trilha de Finanças do G20 e secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, apresentou quatro dos grupos de trabalho principais: Arquitetura Financeira Internacional (rede de proteção financeira global, FMI, bancos multilaterais de desenvolvimento); Finanças Sustentáveis (orientações gerais sobre transição, mobilização de capital privado em complemento ao capital público, reforma dos fundos verdes, transição justa em soluções justas baseadas na natureza); Infraestrutura (Brasil co-preside junto com Austrália, infraestrutura resiliente, mitigação de riscos cambiais) e a Economia Global (emprego, inflação, crescimento, preços de alimentos, energia).
"Uma das grandes missões da trilha de finanças é buscar, com representantes das maiores economias do mundo, a responsabilidade de enfrentar desafios na área de saúde e mobilizar recursos maciços para tal. Isso inclui novas emergências, como a climática, e outros desafios internacionais que também se acentuaram no pós-pandemia, como fome e pobreza. Sabemos que é preciso mobilizar recursos domésticos e ampliar a mobilização externa de recursos, especialmente para países de baixa renda, através de esforços oficiais de capitais públicos e buscar promover cooperação internacional e mecanismos financeiros inovadores", declarou Tatiana durante o debate.
No grupo de ciências do G20, o S20, a representante Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências, também sinalizou a importância da informação e da ajuda aos países em desenvolvimento. “Temos que abordar a desigualdade global em saúde em termos de recursos e tecnologias compartilhadas para combater crises. Isso não é trivial, nem simples. O Brasil tem um sistema de saúde robusto, e os demais países, inclusive os quais nos espelhamos para o modelo SUS, têm dificuldades com o modelo de sistema de saúde. Temos que ter estratégias de comunicação eficazes com a sociedade para acabar com desinformações, como por exemplo o que aconteceu com a vacina (no Brasil). É um foco que a ciências deve ter: como combater a pseudociência?”, questionou. Ela destacou, também, a importância de se ter recomendações para a área de saúde mental para serem consideradas pelo G20.
Segundo a presidenta do Ipea, o segundo semestre dos trabalhos do T20 Brasil será focado em instrumentos de implementação das recomendações feitas. "Começamos a pensar no que efetivamente pode avançar no diálogo entre os think tanks. Vários desses think tanks também reportam aos seus governos", disse ela. A partir desse diálogo é possível avançar na construção de instrumentos de implementação. Ainda referente ao T20, a Conferência de Meio-termo ocorrerá no Rio de Janeiro de 01 a 03 de julho, antecedendo a conferência da Trilha Sherpa. Em 04 de julho, os grupos de engajamento apresentarão suas recomendações para esta trilha governamental.
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