Desenvolvimento Social

Estudo do Ipea analisa como os docentes da rede pública avaliam o domínio das tecnologias digitais para a educação

O estado de São Paulo se destaca em relação a formação continuada dos professores

Tânia Rêgo/Agência Brasil

Um estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra disparidades regionais no acesso de docentes da rede pública de educação às tecnologias digitais. Ao serem questionados sobre seu nível de conhecimento no uso de tecnologias em atividades de ensino e aprendizagem, 28,6% dos professores se declararam no nível básico, enquanto 60% se consideraram intermediários e 11,4% afirmaram ter conhecimento avançado. O estado de São Paulo se destaca como o que mais incentiva a formação continuada dos professores, conforme aponta o texto para discussão "Formação Continuada dos Professores e a Política Nacional de Educação Digital". Em contrapartida, estados como Bahia e Amapá apresentam um menor investimento nesse aspecto.

De acordo com o estudo, uma amostra de cerca de 1,6 mil professores indica a presença de um "grupo altamente conectado" no Brasil, onde 97,6% têm acesso e utilizam a internet em suas residências. No que diz respeito à participação em formações continuadas sobre o uso de tecnologias digitais no ensino, o estudo aponta que 64,8% dos professores receberam esse tipo de capacitação. São Paulo se destaca novamente como o estado com a maior proporção de professores participantes (95%), enquanto a Bahia apresenta o menor índice (46,4%).

A pesquisa aponta que 74% dos professores das redes públicas realizaram ao menos uma atividade relacionada à temática digital. Rondônia se sobressai como o estado que mais abordou o uso responsável da internet (88,6%), enquanto Roraima teve o menor índice (44,9%). Destacam-se também os casos de Goiás, que apresenta o segundo maior índice de abordagem desse tema com os estudantes (87,1%), e o Rio de Janeiro, que registra um índice de 62,7%.

No total, 73,8% dos docentes receberam algum tipo de auxílio para realização de aulas e atividades remotas por parte do poder público em 2021. São Paulo foi o estado que concedeu mais auxílios (97%), enquanto o Amapá foi o que menos ofereceu esse tipo de suporte.

Dos 1.263.216 professores que participaram de formações continuadas, 1.051.589 afirmaram que elas foram oferecidas pelo governo, prefeitura ou secretaria de educação, o que representa 83,4% do total. Minas Gerais se destaca como o estado com o maior percentual nessa variável (97,3%), enquanto a Bahia registra o menor (54,8%). De acordo com os autores do estudo, as variações na distribuição dos resultados, refletem não só desigualdades socioeconômicas, regionais, estaduais e municipais como também variações na condução da política de educação.

Diante disso, os autores sugerem a integração da política de educação digital no novo Plano Nacional de Educação (PNE) como uma ou mais metas do próximo período. Eles argumentam que, embora a política de educação digital no Brasil aborde temas presentes em experiências internacionais bem-sucedidas, é necessário que a regulamentação promova uma maior integração entre as políticas educacionais para uma inclusão digital efetiva.

Os dados analisados no estudo têm como foco o período pós-pandemia, com o retorno às atividades presenciais, e utiliza dados da pesquisa TIC Educação 2022, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), instituição dedicada ao monitoramento da adoção de tecnologias da informação e comunicação no Brasil. Com abrangência nacional, a pesquisa entrevistou membros da comunidade escolar (alunos, professores, coordenadores pedagógicos e diretores) para mapear o acesso, uso e apropriação das TICs nas escolas públicas e privadas de educação básica.

Acesse o estudo

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