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Presidenta do Ipea reitera políticas públicas para população negra no lançamento do Relatório Anual Socioeconômico da Mulher

Documento, extinto durante quatro ano, compila dados sobre mercado de trabalho, enfrentamento da violência, gênero no esporte e na política, entre outros

Fotos: Agência Brasil

Luciana Mendes Santos Servo, presidenta do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), participou da cerimônia de lançamento do Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (Raseam) nesta quarta-feira (24), realizada pelo Ministério das Mulheres após quatro anos sem publicação. O primeiro indicador aponta que as mulheres são maioria no Brasil, totalizando 104,5 milhões em uma população de 203,1 milhões de pessoas, segundo dados do Censo 2022. No entanto, o público ainda é minoria quando se trata de postos de trabalho e políticas públicas de alto escalão.

Em sua fala, a presidenta abordou indicadores e os recortes raciais na pesquisa. “Quando você traz esses indicadores preocupando-se com o que parece um recorte, mas na verdade é uma decisão de como olhar o Estado brasileiro e sua população, faz toda diferença. Como mulher negra na presidência do Ipea, mas também como pesquisadora que entende que a questão racial e a questão das mulheres negras é central na política nacional de desenvolvimento. Ter esse recorte e colocar isso como uma dimensão estratégica é fundamental, principalmente quando a maioria da população é negra e quando a maioria das pessoas que estão na parte mais precária são mulheres negras”, destacou Luciana.

No caso do mercado de trabalho, item explorado no relatório e de suma importância para o desenvolvimento do país, a participação é desigual até mesmo entre as mulheres, quando se comparam as que se declaram brancas com aquelas que se declaram pretas ou pardas. Enquanto 53,9% das mulheres brancas participavam do mercado de trabalho em 2022, como ocupadas ou desocupadas, entre as mulheres pretas ou pardas a taxa era um pouco menor, 51,3%. Mulheres brancas da Região Sul tinham a maior taxa de participação na força de trabalho (57,2%), e mulheres pretas ou pardas do Nordeste, a menor (44,1%).

“Uma das proposições centrais do Ipea é trabalhar na avaliação e monitoramento de políticas públicas, e o Raseam sempre foi uma referência. A construção de um relatório que visa colocar no mesmo espaço uma série de informações tem poder e potência de comunicação, não só para política pública, mas para a sociedade civil, que às vezes não tem dimensão. Retomar o trabalho é fundamental, dando oportunidade para que as pessoas vejam num lugar só um compilado de indicadores que estão dispersos, mas também diferenciados”, frisou a presidenta do Ipea.

A titular do Ministério das Mulheres, a ministra Cida Gonçalves, ressaltou que a decisão de reconstruir o Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, responsável pelo relatório, foi uma das medidas mais importantes tomadas pela atual gestão. “Sabemos que precisamos de mais dados sobre a questão das mulheres, e que também faltam informações. Durante séculos e séculos as mulheres foram invisibilizadas. Em todo o processo histórico, elas foram inviabilizadas. Portanto, para nós, do Ministério das Mulheres, dar visibilidade a esses dados e a essas pesquisas é de grande importância”, disse.

Na cerimônia de divulgação, estiveram presentes também o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marcio Pochmann, a coordenadora-geral do Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, Camila Firmino, e a deputada federal Luiza Erundina, que foi homenageada durante o evento.

Para a elaboração do relatório, foram coletadas informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e demais ministérios. As informações foram compiladas pelo Observatório Brasil da Igualdade de Gênero (OBIG). Esta publicação reúne dados relativos às edições de 2021, 2022, 2023 e 2024 do Relatório.

Acesse o Raseam 2024 na íntegra

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