Brasil se destaca no Fórum de Desenvolvimento Sustentável na América Latina e no Caribe com avanço das Metas de ODS

Pesquisadora do Ipea apresentou objetivos atingidos e reforça importância da recriação da Comissão Nacional dos Objetivos Sustentáveis (CNODS)

"O Relatório Nacional Voluntário 2024 representa um avanço significativo ao buscar uma análise abrangente de todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável", afirmou Enid Rocha, técnica de pesquisa e planejamento da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), durante sua apresentação no encontro 'Compartilhando experiências: sucessos e desafios da América Latina e do Caribe na preparação do Relatório Nacional Voluntário sobre a Agenda 2030', sediado em Santiago, no Chile, realizada em paralelo ao evento do Fórum de Desenvolvimento Sustentável na América Latina e no Caribe. Ao lado de representantes da organização brasileira Gestos, bem como de participantes do México, o Ipea destaca que o Brasil está retomando seus compromissos com a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

"É reconfortante constatar que a sociedade civil brasileira tem mantido sua atuação, mantendo vivo o acompanhamento da Agenda 2030 no país, assim como os governos subnacionais e o setor empresarial", reforçou Enid Rocha. Ela compartilhou no encontro algumas novidades exclusivas: dos 17 objetivos e 169 metas da agenda da ONU, o Brasil alcançou, entre 2016 e 2022, 14 metas, sendo 35 indicadas com evolução positiva.

Em 2017, o Brasil apresentou seu primeiro Relatório Nacional Voluntário, focado na institucionalização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no país. "Embora o relatório tenha despertado um interesse generalizado na abordagem da preparação nacional para a coordenação dos ODS, não forneceu uma avaliação abrangente do progresso nos objetivos e nos ODS", explica Enid.

As principais diretrizes que nortearam a elaboração do RNV no Brasil foram: representar todos os esforços do Estado e da sociedade brasileira; priorizar áreas-chave do país, como o combate à fome, à pobreza, ao racismo e à proteção ambiental, especialmente nos biomas Amazônia e Cerrado; promover a intersetorialidade e a participação social; e transformar o Relatório Nacional em um motor para mobilizar os governos em todos os níveis e a sociedade civil.

Os Relatórios Nacionais Voluntários (RNVs) resumem a situação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, suas metas e indicadores em cada um dos países. Os documentos serão apresentados em uma sessão prevista para julho deste ano no Fórum Político de Alto Nível para o Desenvolvimento Sustentável (HLPF) das Nações Unidas.

Em paralelo, Juliana Cesar, do GT 2030 da organização Gestos - Soropositividade, Comunicação e Gênero, enfatiza a importância do Relatório Luz como caso de sucesso. O informe situa o Brasil no contexto das consequências pós-pandemia da Covid, avalia metas atingidas da agenda da ONU e traz à tona recomendações essenciais, como ampliação da política de cooperação internacional e eficiência do capital público via mecanismos de financiamento para desenvolvimento sustentável.

Ela ressaltou que o informe foi essencial para o registro de dados sobre as violações de direitos e tentativas de cumprimento de metas sustentáveis. "Traçar esse árduo caminho até 2022 foi algo que gerou um grande custo para a sociedade civil. Trabalhamos muito para garantir que este período trágico para o Brasil não ficasse em branco, sem registros, e também para prevenir que a falta de produção de dados pela política do Brasil se tornasse uma autorização para conduzir o país como estava", salienta.

Sergio Godoy, secretário executivo da Comissão Nacional ODS do Brasil e mediador do encontro, ratificou a necessidade de mais ações para a incorporação da sociedade civil nos debates. “Seguimos em diálogo, com muitas ideias em comum, e creio que o Brasil e o México, pela Agenda 2030, podem pensar em fortalecer laços de cooperação, podendo compartilhar ideias com a América Latina e dialogar sobre um processo de cooperação mais forte. E aproveitar para propor à Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) um diálogo sobre a participação social na Agenda 2020. Os stakeholders, o setor privado, todos são importantes, mas creio que podemos falar mais com cidadãos, pensando em espaços, seminários e mais locais para dialogar juntos”, finaliza.

Participaram também do debate, aberto a convidados, Silvia Hernández Sánchez, chefe de gabinete da secretaria executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal); Iraís Barreto, secretária executiva do Conselho Nacional da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável do México; Constanza Bejarano, diretora de Assuntos Econômicos, Sociais e Ambientais do Ministério das Relações Exteriores da Colômbia; e Mareike Eberz, oficial de Assuntos Econômicos e gabinete do secretário executivo, da  Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

A sétima reunião do Fórum dos Países da América Latina e do Caribe sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada entre 15 a 18 de abril na sede da Cepal em Santiago, Chile, reuniu representantes de governos, do Sistema das Nações Unidas, organismos internacionais, setor privado, academia e sociedade civil para analisar os progressos e desafios para o cumprimento da Agenda 2030.

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