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Transição energética justa está entre as principais recomendações para o G20 e os Brics

Evento reuniu pesquisadores e especialistas de todo o mundo para discutir soluções visando mitigar as mudanças climáticas

Helio Montferre/Ipea

Com o objetivo de promover a troca de conhecimentos entre o Brasil e a África do Sul sobre a agenda climática e a transição energética justa, no contexto do G20, Brics e da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais (SAIIA), realizou nos dias 08 e 09/04 o seminário “Fortalecendo a Agenda Climática do Sul Global: Recomendações para o G20 e Brics”. O evento contou com a participação de especialistas que vêm estudando as consequências das mudanças climáticas registradas nos últimos anos.

Na abertura do evento, Claudio Roberto Amitrano, presidente substituto do Ipea lembrou que a crise climática é um grande desafio global. “Por isso estamos discutindo com o governo sobre vários assuntos, estudos e políticas sobre adaptação climática. Hoje temos nossos parceiros da África do Sul, Índia e outros países do Sul Global que desenvolveram ações neste sentido e existem também algumas propostas de países do Norte, estou feliz com essas contribuições e troca”, destacou.

Em 2021, a África do Sul se tornou o primeiro país a celebrar parceria para a chamada transição enérgica justa. Este modelo se estendeu para outros países do Sul global, incluindo a Indonésia, o Vietnã e o Senegal, e cada vez mais este conceito de transição ganha força e vem sendo avaliado e implementado em outras regiões. O conceito reconhece que o abandono dos combustíveis fósseis deve ser conduzido de forma que amenize os impactos negativos sobre os mais vulneráveis.

"A África do Sul, como todos sabemos, foi o primeiro país a estabelecer esse tipo de programa de transição energética e está uma excelente oportunidade para nós discutirmos esta questão em parceria, pois “as prioridades brasileiras de engajamento junto ao G20 são: o combate à fome, à pobreza, à desigualdade; o desenvolvimento sustentável em três pilares (econômico, social e ambiental), além da reforma da arquitetura financeira internacional", disse técnica de planejamento e pesquisa do Ipea, Sandra Paulsen, a respeito da importância do Brasil apresentar seus planos referentes à transição energética neste instante de negociações internacionais.

O coordenador no South African Institute of International Affairs (SAIIA), Alex Benkenstein, ressaltou que o governo brasileiro anunciou uma discussão para um engajamento sobre como “navegar” essa transição. “Temos oportunidade para refletir sobre isso, para trazer insights não só para o público brasileiro, mas também para o público global. Acho que criticamente também reconhecer que o diálogo e o engajamento precisam acontecer e emergir para um engajamento internacional profundo, pensando sobre o Brasil e a África do Sul como atores internacionais formando o sistema global, dentro da Agenda G20”.

Juliana Luiz, gerente de projetos do Instituto Escolhas, explicou que a transição energética justa faz parte de uma das seis forças tarefas incluídas no T20, que é um Grupo de Engajamento do G20 que discute as prioridades brasileiras, entre outros temas. “Pensamos em como fazer a transição de uma economia que tem uma energia insustentável para uma energia sustentável, renovável, que seja não só sustentável, mas que seja justa para as pessoas, para o planeta e especialmente para as pessoas mais vulneráveis. Sabemos que essa transição costuma afetar as pessoas e as localidades mais vulneráveis, então isso significa pensar projetos e estratégias para que essa transição garanta a capacitação dessas pessoas, de modo que se movam para empregos sustentáveis, e que essa mudança tenha uma rede de proteção, para garantir que essa transição seja resiliente, seja justa”, explanou.

Luanda Mpungose, gerente de divulgação e parcerias no Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais (SAIIA), falou sobre a importância seu país participar das discussões. “Na Agenda do G20, o Brasil é o atual presidente e a presidência será da África do Sul em dezembro. Então é importante que possamos coordenar suficientemente com diferentes setores da comunidade nas áreas em que há interesse de compartilhamento”, enfatizou.

Também representante da SAIIA, Nerissa Muthayan, destacou a troca de conhecimento no debate. “Acho que o Brasil tem uma matriz de energia renovável incrivelmente forte que pode ser usada como um modelo de desenvolvimento para muitos países. O Brasil fez um trabalho incrível em crescimento da capacidade de geração de energia solar e eólica, em tempo relativamente curto. Além disso, na presidência atual, o G20 está fazendo um ótimo trabalho de integrar as políticas de mudança climática nas políticas nacionais, abrindo espaço de discussões entre a mudança climática e o interesse ambiental, estou muito animada de voltar para a África do Sul e usar os conhecimentos que recebi para enriquecer nossa política”, disse.

O subsecretário das Finanças Ministério das Finanças, Ivan Oliveira, sugeriu a busca por recursos para contribuir com a transição energética: “Nós precisamos pesquisar em torno das questões da COP, pensar sobre instrumentos e mecanismos que possam ajudar a conectar com o dinheiro público. É importante a união de todos os países desenvolvidos para financiar a transição em outros países, e assim por diante”, disse.

Este ano, o Brasil assumiu a presidência do G20, dando prioridade a abordagens inovadoras que tratem sobre a pobreza, desigualdade e a fome no mundo. Em 2025, a África do Sul assumirá a presidência do G20, enquanto o Brasil sediará a COP30. “É um momento oportuno para apoiar o fortalecimento das vozes do Sul no debate global sobre a transição justa e promover um envolvimento mais profundo entre as partes brasileiras e sul-africanas interessadas neste tema”, finalizou Amitrano.

O evento contribui para a implementação de dois projetos atualmente em andamento pela SAIIA: "Brics Moldando a Cooperação Econômica para o Crescimento Verde, o Desenvolvimento e a Transição Justa: Parceria entre o Brasil e a África do Sul", apoiado pelo Think Tank Sul-Africano do Brics, e a "Rede Climática do Sul Global", apoiada pela Fundação Africana para o Clima.

Fortalecendo a Agenda Climática do Sul Global: Recomendações para o G20 e Brics – primeiro dia

Fortalecendo a Agenda Climática do Sul Global: Recomendações para o G20 e Brics – segundo dia

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