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Ipea mantém projeções de 4,0% e 3,8% para o IPCA e o INPC em 2024

Mesmo com o aumento da previsão para o grupo de alimentos, a alta inflacionária foi anulada pelos reajustes mais amenos dos serviços de educação

José Paulo Lacerda/CNI

 

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta quinta-feira (28) as projeções atualizadas para a inflação brasileira em 2024. A análise manteve as previsões para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) para 2024, cujas projeções foram em 4,0% e 3,8%, respectivamente, conforme as tabelas abaixo:

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A análise do Grupo de Conjuntura do Ipea indica que, mesmo com uma alta mais acentuada da inflação dos alimentos, o processo de desinflação da economia brasileira vem se consolidando. Em fevereiro, a inflação acumulada em 12 meses medida pelo IPCA recuou pelo quinto mês consecutivo, atingindo a taxa de 4,5%. Essa taxa não apenas está 1,1 ponto percentual abaixo da registrada no mesmo período de 2023, mas também já se encontra no intervalo de tolerância da meta de 3,0% estipulada para 2024.

Os dados agregados revelam que, embora o principal foco da inflação corrente tenha origem no comportamento dos preços administrados, esse grupo vem apresentando uma trajetória mais benevolente. No acumulado de 12 meses, a taxa de variação de preços desse segmento recuou de 10,2%, em setembro, para 8,6%, em fevereiro. Houve também melhora no desempenho dos bens industriais e serviços livres.

Os bens industriais registraram, no acumulado em 12 meses até fevereiro, uma alta inflacionária de apenas 0,9%, com destaque para a deflação de 0,7% dos bens de consumo duráveis. Já em relação aos serviços livres, o segmento também vem contribuindo para o processo de desinflação. Nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro, a alta de 5,3% é a menor já registrada nos últimos dois anos.

Apesar das projeções de inflação para o INPC e para o IPCA para 2024 terem sido mantidas, houve uma mudança de composição. Mesmo diante de uma piora nas estimativas da inflação de alimentos, este incremento inflacionário foi anulado pela alta menos intensa observada nos serviços de educação ocorridos em fevereiro, que gerou um recuo das previsões para o total dos serviços livres neste ano.

No caso do IPCA, enquanto a projeção para a inflação de alimentos avançou de 3,9% para 4,1%, impactada pelos aumentos acima dos previstos no primeiro bimestre do ano, a estimativa para os serviços livres recuou de 5,0% para 4,8%, refletindo um reajuste mais ameno dos serviços de educação (6,3%), antes o projetado anteriormente (7,5%). As estimativas dos outros segmentos foram mantidas em 4,4% para os preços administrados e em 2,1% para os bens industriais.

Em relação ao INPC, enquanto a previsão de inflação dos alimentos saltou de 4,1% para 4,4% em 2024, a alta projetada para os serviços livres recuou de 4,7% para 4,6%, dado a melhora no desempenho dos serviços de educação, cuja variação estimada passou de 7,0% para 6,1%. Por último, as projeções para os administrados e os bens industriais se mantiveram em 4,2% e 1,9%, respectivamente.

Os pesquisadores do Ipea, no entanto, não descartam o surgimento de fatores que podem intensificar ou atenuar o processo de descompressão inflacionário, como uma desaceleração global mais intensa. Isso traria não só um alívio adicional sobre as cotações das commodities no mercado internacional, mas também permitiria a adoção de uma política monetária externa menos restritiva, reduzindo o nosso diferencial de juros e possibilitando uma apreciação cambial.

Por outro lado, uma expansão mais forte da demanda internacional, assim como o acirramento dos conflitos internacionais pode gerar efeitos altistas sobre as commodities, impactando os custos de produção e, por conseguinte, o nível de preços. No âmbito doméstico, o crescimento mais robusto da atividade econômica em 2024também pode acarretar pressões inflacionárias adicionais, principalmente sobre o setor de serviços.

Leia a íntegra do estudo

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