Helio Montferre/Ipea
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), publicado nesta sexta-feira (15), aponta um aumento de 4,2% nos rendimentos habituais reais médios do trabalho no Brasil durante o terceiro trimestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado. As estimativas mensalizadas mostram que o rendimento habitual médio real em setembro deste ano, no valor de R$ 3.059, foi 3,8% maior que o observado no mês anterior, de R$ 2.946,00 e 3,4% superior do que o valor registrado em junho do mesmo ano.
Além disso, os dados apresentaram um aumento de 3,7% em relação ao valor de dezembro de 2022, que foi de R$ 2.950. Já a renda efetiva média em setembro, no valor de R$ 3.188,00 (maior valor da série histórica), foi 3,3% maior que o observado no mês anterior, R$ 3.086. No mês de outubro, a estimativa da renda mensal recuou para R$ 3.101,00.
A nota “Retrato dos Rendimentos do Trabalho – Resultados da PNAD Contínua do Terceiro Trimestre de 2023” teve como base os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Rendimento habitual refere-se à remuneração recebida por empregados, empregadores e trabalhadores por conta própria, mensalmente, sem acréscimos extraordinários ou descontos esporádicos, ou seja, sem parcelas que não tenham caráter contínuo.
Os maiores aumentos na renda em comparação ao mesmo período do ano passado foram registrados na região Sudeste, entre os trabalhadores jovens de 14 a 24 anos, com ensino superior. Embora nenhum grupo demográfico de trabalhador tenha apresentado queda na renda, mas o crescimento foi menor para os que habitam no Sul e em regiões não metropolitanas, os maiores de 60 anos, aqueles com ensino fundamental completo e os chefes de família.
Com base nos dados da Pnad Contínua, o estudo também traz análises por corte de gênero. Os rendimentos habituais recebidos pelas mulheres, que vinham apresentando desempenho inferior ao dos homens ao longo de 2023, registraram um crescimento interanual maior nos três primeiros trimestres de 2023, atingindo 4,5%, em comparação com os 4% da renda habitual dos homens.
Na análise por tipo de vínculo, os trabalhadores do setor privado com carteira tiveram o menor crescimento dos rendimentos no terceiro trimestre de 2023, com elevação da renda habitual de 2,3%. Por outro lado, os trabalhadores do setor público tiveram elevação de sua renda em 3,6%. O maior aumento da renda habitual ocorreu para os trabalhadores informais, que apresentaram acréscimo de 7,5% para os trabalhadores por conta própria e de 6,3% para os sem carteira.
No recorte por setor, no terceiro trimestre de 2023, houve uma maior desaceleração do crescimento da renda nos setores de comércio e construção, com aumento interanual da renda habitual de 2,5% e 1,9%, respectivamente. Os trabalhadores da indústria, serviços pessoais e coletivos, assim como aqueles que atuam com alojamento e alimentação, apresentaram um crescimento maior em relação ao trimestre anterior, destacando-se o setor de alojamento e alimentação, que mantém um crescimento robusto da renda há quatro trimestres consecutivos. O destaque negativo foi a queda de 4,6% na renda média interanual no terceiro trimestre de 2023 na agricultura.
Um efeito significativo da pandemia foi o aumento da proporção de domicílios sem renda do trabalho, que subiu de 22,7% no primeiro trimestre de 2020 para 28,7% no segundo. No terceiro trimestre de 2023, a proporção de domicílios nessa situação ficou em 23,2%, mais de um ponto percentual acima do observado no mesmo trimestre do ano anterior.
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